domingo, 29 de maio de 2016

PESADOS E SADIOS...

AS PESSOAS PODEM SER OBESAS , SAUDÁVEIS E FELIZES
João Joaquim  


 Eu já disse e reitero nesse texto, a alimentação na saúde e na vida das pessoas é tão significativa que deveria ser prescrita por (sempre) nutricionistas, médicos e psicólogos. Porque rigidamente tudo aquilo  que bebemos e comemos tem de fato a ver com nutrição, saúde “lato sensu” e equilíbrio psicoemocional.
Trata-se de afirmação sujeita a dissidência, mas vale a pena ser lembrada: a maior causa da obesidade é a ânsia e busca do alimento não como fonte de saúde, nutrição e qualidade de vida, mas como objeto de prazer e pura satisfação do sentido do paladar. As pessoas dos tempos modernos têm nos alimentos uma fonte de alegria, prazer e “felicidade”.
Cada vez mais os diversos ramos das ciências médicas têm se dedicado aos impulsos, aos instintos e  às compulsões por alimentos como causas de muitas formas  de sobrepeso. As causas, na verdade, são multifatoriais, tendo entre elas fatores genéticos, culturais  e comportamentais. Um dado curioso e plausível de compreensão é que muitas pessoas , permanentemente, com peso acima do normal criam uma dependência alimentar muito similar ao fenômeno de adição química à nicotina, álcool e outras drogas.
O fenômeno da dependência alimentar é uma explicação para a alta taxa de abandono das medidas prescritas pelos profissionais que mais trabalham com esses grupos de pessoas, os nutricionistas ,  médicos nutrólogos e endocrinologistas por exemplo. Os intitulados adictos (dependentes) alimentares, em graus moderados e pré-mórbidos são os de maior risco de insucesso (recidivas).
Para os obesos classificados como mórbidos existem as chamadas cirurgias para obesidade. São procedimentos complexos, que conforme a técnica empregada, traz um grande risco no período trans e pós-operatório. Não é sem razão que tais pacientes passam por uma rígida avaliação antes dos procedimentos ( pouco ou muito invasivos) com uma equipe multiprofissional; e  para tanto é exigido um extenso consentimento informado de todo candidato a tais tratamentos.    
Em nome de esclarecimento e informação transparente para a sociedade é bom que se registre. O índice de fracasso das chamadas cirurgias da obesidade é muito alto quando se considera um acompanhamento de longo prazo, de pelo menos 5 anos. Hoje, com a popularização dos procedimentos, se tornou fácil fazer essa estatística em um período mais alongado. Os índices de insucesso a partir de 2 anos são muito altos. E esse fracasso na perda de peso se explica pela própria natureza de uma doença de causa multifatorial. Tratar qualquer enfermidade que envolve adição (semelhante ao vício de dependência do álcool ou fumo)mais  ansiedade e comportamento de origem familiar representa um desafio para toda especialidade médica.
Em que pese ter toda forma de obesidade alguma marca genética a educação alimentar tem uma influência marcante. Essa educação terá mais chance de sucesso quando feita e iniciada na primeira infância. Tal tarefa cabe aos pais e aos cuidadores (babás, avós e responsáveis) pela criança. Para tanto basta lembrar que a criança nasce com o gosto ou sentido do paladar como uma tábula rasa ou lousa em branco. Ela aprende a ter prazer com o salgado ou o adocicado, se a ela for oferecido tais aditivos em qualquer alimento. É inadmissível e gesto de insanidade dar a uma criança abaixo de 5 anos toda forma de suco natural (da fruta, não industrializado) com açúcar ou mel e outras guloseimas contendo sal como biscoitos, bolachas, e salgadinhos.
Tais práticas, de alimentos com aditivos de açúcar ou sal em crianças de baixa idade,  constituem atitude condenável  de pais, babás, responsáveis , creches e escolas .  Uma criança e adolescente oriundos de uma família com estilos de alimentação errônea, hipercalórica e desbalanceada se tornam fortes candidatos a obesos crônicos e intratáveis; os tão encontradiços obesos mórbidos.
A obesidade constitui hoje uma pandemia de difícil controle. Trata-se de uma doença que não se encerra em apenas um biótipo de muita restrição e discriminação psicossocial e rejeição  do acesso ao mercado de trabalho;  mas em uma entidade mórbida com um amplo espectro de comorbidades( hipertensão, colesterol alto, diabetes) de permanentes impactos na qualidade e expectativa de vida de seus portadores. 
Como mensagem final, eu , como médico cardiologista, diria aos obesos de difícil controle. Cada um pode ser um obeso(a) saudável e feliz. Dieta não significa passar fome. Pode-se alimentar bem e estar sempre saciado com alimentos de baixa caloria, pouca gordura e manter todos os indicadores de boa saúde normais; como as taxas de colesterol, de açúcar(glicose) e pressão normal;  tendo inclusive a prática regular de atividade física. Quantas pessoas crescem e vivem de bem com a saúde e com a vida, sempre acima do peso? Quantos idosos obesos de 80, 90 , 100 anos não temos à nossa volta. Sempre foram obesos assumidos e normais. Essas pessoas provam que cuidando-se bem ,  fazendo consultas e revisões médicas regulares, etc, o excesso de peso  se torna um mero detalhe da silhueta corporal.   Maio/2016.

OS X, Y, Z

OS CLASSIFICADOS E OS SEM CLASSE
João Joaquim


Uma das ocupações permanentes da humanidade é a classificação das coisas. Porque de fato esse expediente dos humanos facilita a comunicação, o entendimento e compreensão de nossa própria existência. Aliás, tal maneira da relação entre os seres e animais iniciou lá no Éden , quando Deus deu nome aos bichos. Os mamíferos, os anfíbios, as aves, os irracionais, os répteis e assim em frente.
 Nós homens e mulheres fomos classificados de racionais. Darwin e seus seguidores adotaram os termos aptos, e mais aptos, os mutantes e não mutantes, adaptados e desadaptados  e assim até o fim do mundo.
Por falar em seguidor, olha aqui uma classificação dantes , de sempre e que  agora  ganhou energia e corpo na era da hipermodernidade. Desde a antiguidade tínhamos os seguidores de Abraão , de Moisés, de Confúcio, de Buda. Nasceu o salvador e passamos a ter os seguidores de Jesus Cristo. Já em tempos da era industrial tivemos os seguidores de Stalim, de Mussolini, de Hitler etc. Temos aqui no Brasil os seguidores de um Edir Macedo, de Lula, de um Prestes, de um Ustra, de um Bolsonaro.
Na época da hiperconectividade, voltamos aos tempos dos seguidores. São aqueles que de forma ininterrupta( todos on-line e grudados nas mídias) acompanham os classificados ídolos, heróis, expoentes desse e outro segmento social, profissional e díspares  setores desse mundão de meu Deus e de todos os humanos. E aqui à guisa de alguns desses filões de ídolos e heróis podemos lembrar os ídolos e heróis, que  por  alguns dias ou  meses se passam como tais , de algum  BBB da Rede Globo,  e reality shows de outras emissoras; de algum galã da novela das 21:00 horas; de algum craque milionário do futebol; de um cantor sertanejo ou funk etc. Ou seja; o que não faltam são os seguidos e seguidores. Os “amigos” e usuários das redes sociais sabem muito bem o que seja ser seguidor dessas e outras personalidades.
Por falar em classificação, da mania dos segmentos da sociedade civil em classificar as coisas e pessoas, eu não posso omitir-me numa nominação   de gente. Ela surgiu na hipermodernidade. Todos já ouviram falar na chamada geração X; tal classe X refere-se àquelas pessoas nascidas antes de 1980. Mais especificamente antes da internet. Eu por exemplo. Nasci nessa leva de pessoas. Em meus tempos de colégio, telegrafia e datilografia eram aquisições de luxo. Telefone fixo era recurso da burguesia e indicador de status socioeconômico. Respeitar os pais e mais velhos era educação vinda do berço.
Quanta diferença dos classificados de última geração (de que falo já). Hoje telefone celular é objeto descartável. O jovem moderno pode ter quantos números, de quais operadoras desejar. De cada número se compra um chip no camelódromo. Não há nenhum controle de qualquer órgão governamental. O número de celulares ultrapassou em muito o de habitantes. O IBGE já desistiu de contar. Virou pirataria nacional. Com a internet veio a classe da geração Y. São os nascidos entre 1980 e 1990. Iniciou-se a turma ou galera dos conectados. No começo era a sociedade dos internautas, dos chats, dos amigos do Orkut e dos  e-mails. Os jovens Y, ainda o são, 25 anos a 35 anos, ainda liam ou digitavam mensagens, trocavam ideias por conferências e chats on-line etc.
Com a eclosão das redes sociais, a partir dos anos 2000, surgiu uma nova classe de pessoas, a geração Z. Se alguém lembrar de zero não está de todo errado. Z também de zoar, de azarar, de zoeira .  Muitos jovens da geração Y migraram para Z; haja azaração.
As tão massificadas redes sociais; facebook,  whatsApp,  twitter e instagram; são as que deram azo e asa à geração Z. Se a geração y foi a responsável pelo chamado internetês, a Z enterrou esse dialeto. Toda a comunicação agora é audiovisual. Ninguém mais digita, tecla ou lê.
Tudo se resume a um toque. Só áudios e imagens para tudo. Será que virão outras gerações. O pior é que acabaram as letras do alfabeto. Bom! Pode-se recomeçar Z1, Z2.....
O que remanesce de certo e merencório é que os atributos dos jovens X se tornaram algo careta e motivo de mofa e desprezo para a garotada e jovens classe  Y e Z. Vivemos tempos onde filhos mandam e escarnecem dos pais e professores, quando não os agridem moral e fisicamente, se julgam no desplante de ter privilégios, de ter os melhores pertences da moda como tênis, comidas das melhores e roupas de grife. Civilidade , cidadania, estudo e trabalho  passam longe de seus ideais.   Parecem mesmo um zero à maneira comunista.    Maio/2016.

CO(RRUP)RAÇÃO...

COM MUITA CORRUPÇÃO MORRE-SE MAIS DO CORAÇÃO
João Joaquim 


 Uma curiosidade que invade minha consciência e imaginação nesses conflagrados dias do impeachment de nossa primeira mulher presidente, foi a seguinte: qual a relação que existe entre corrupção e coração? Como do país inteiro sabido, o dia 12 de maio 2016 ficará para a história como o começo do fim, do fim  do  governo da presidente Dilma Rousseff. Em nome da fidelidades dos fatos ; que as futuras gerações saibam, ela não está sendo impedida de gerir o Brasil por ser mulher. Longe disto! Sua despedida se dá por outras razões assim delineadas.
Sua exoneração do cargo, aliás muita penosa e traumática, se dá motivada por muitas pedaladas. E não por pedalar todos os dias em sua bike, nas cercanias do palácio da  alvorada, mas pura e simplesmente  por pedaladas fiscais. Fiscal no sentido fazendário, ou de milhões, bilhões de reais gastos sem autorização do congresso nacional. Segundo acusam-na o TCU( tribunal de contas da união ) câmara e senado, tais montanhas de dinheiro  foram gastos à semelhança de um “cheque especial”. Naquele velho lema : gasto agora e depois vejo se dá para acertar.
Mas, em tese, corrupção e coração. É o mote da presente crônica .  Tudo tem a ver uma coisa com a outra. E de todas essas coisas, sairá algum resultado que magoará o nosso tão místico, tão simbólico e vigoroso órgão de muitos sentimentos, do amor e da vida, O Coração.
 Na primeira consideração devemos ter em conta, o ponto de vista dos corruptíveis não participantes da corrupção em voga (mensalão, petrolão como exemplos). À luz da chamada medicina baseada em evidências, e mesmo da medicina psicossomática, se sabe que a inveja e a cobiça maltratam o coração, fazem aumentar a adrenalina (hormônio do estresse). Assim, todo brasileiro corruptível, não contemplado com os frutos e furtos da corrupção, por somatização, passará por situações de dor precordial, cefaleias, dores no peito, opressão torácica; todo um conjunto de sintomas semelhantes a uma cardiopatia. E de fato, conforme estudos de casos-controle, esses indivíduos têm maior risco de angina, arterioesclerose( que também envelhece a pessoa) e infarto do miocárdio. Somados a outros fatores mórbidos como cigarro, alcoolismo, sedentarismo e colesterol, então, é que o quadro pode antecipar e desandar, e o potencial corrupto sofrer infarto e outros eventos vasculares de alta gravidade.
 E sob a ótica e ética  do brasileiro honesto e probo, o que pode haver de nexo causal entre corrupção e coração ? Se aplicam as mesmas evidências( da Medicina Baseada em Evidência e da Psicossomática ) . Sabe-se que a indignação é causa de doença cardíaca e morte prematura. A frustração, a angústia e a desesperança da pessoa honesta colocam-na em maior risco de sofrer do coração. Se o amor, a alegria e a felicidade são energéticos e vitamínicos  para o nosso coração, o ódio e a revolta representam toxinas e venenos que o aniquilam, estrangulam e matam-no lenta ou subitamente. Aqui então é que se dão aqueles princípios morrer de medo, morrer de raiva. Quantas pessoas morrem subitamente do coração sem nenhum aviso ou sintoma prévio?
Por último, um fator que não se pode perder de análise entre corrupção e maus tratos ao coração refere-se ao dinheiro roubado e não investido em saúde. Basta lembrar o quanto de pessoas desassistidas temos visto por esse Brasilzão a fora. Sem marcapassos, sem stents, sem cateterismo, sem válvulas cardíacas, sem uma simples aspirina ou sinvastatina. Ou seja, não precisa nem um tantinho para deixar tanto coração em completo desatino. Como já sentenciou um meditabundo caboclo, em se tratando de material, medicamentos e outros recursos no SUS há uma “fartura” em tudo. “Fartam” desde leitos hospitalares até vergonha na cara dos governantes por promessas não cumpridas.
O que se espera é que de ora avante, todo homem público aja com o máximo da razão e coloquemos um ponto final em tanto mal como a  corrupção que tanto estrago  faz ao  coração, a brasileiros honestos  e a toda uma nação. Maio/2016. 

OS MAIS =S

OS SUPREMOS PRIVILEGIADOS E MAIS IGUAIS DESTE BRASIL 

JOAO JOAQUIM


Embora por formação e confissão seja eu leigo em Política e Direito, gosto muito de ler e de me informar sobre determinados assuntos. Em todas as fontes buscadas e consultadas não encontro explicações convincentes e razoáveis para minhas dúvidas, que acredito ser também a de muitas outras pessoas. Leio por exemplo a Constituição atual (editada e promulgado em 1988), código penal (muito antigo) e civil (2002). Por exemplo, alguma dúvida eternizada: por que da tal imunidade parlamentar?
 Explicações de especialistas: ah essa prerrogativa foi criada para o parlamentar ter direito a expor suas ideias e opinião. Tal justificativa hoje não faz sentido, considerando que não há censura de opinião e expressão. Por que do tal foro (tribunal) especial? A explicação é idêntica à da imunidade e também  sem sentido em nossa democracia vigente. Porque a liberdade de opinião e expressão  também não pode ser absoluta e irrestrita. Imagine, como modelo, um parlamentar que defendesse a prática de pedofilia ou atos e pregação do nazifascismo? Isto seria intolerável aos olhos da sociedade e ao crivo do Judiciário, nosso defensor e guardião das leis e da Constituição.
Outra dúvida que não me sai da cabeça: por que para processar e condenar um político é tão moroso e quase sempre os processos não resultam em nada? Até mesmo ex políticos, poucos estão na cadeia. Mais uma: por que para banqueiros, grandes traficantes, próceres e poderosos tem sempre um juiz ou ministro do supremo tribunal federal  de plantão para garantia de habeas corpus ou liminar a favor do acusado ?
Uma das justificativas  dessas pessoas não  serem condenadas é o julgamento tardio e prescrição das penas. O grande Ruy Barbosa , dizia que justiça tardia não é justiça. Agora imagine então a prescrição de penas por falta de julgamento em tempo hábil . Mais uma dúvida no meio político: por que em muitas investigações e processos, os investigados são apenas destituídos dos cargos (cassados), e voltam para a vida privada incólumes de qualquer reparação pelo que roubaram , por  improbidade administrativa, peculatos e outros  delitos?
No mundo dos endinheirados e ricos é notório que muita impunidade se vê pelo poder pecuário que detêm muitos dos criminosos e o tráfico de influência que exerce o dinheiro e a cooptação que esses agentes têm com políticos e autoridades.
Uma outra razão de impunidade é a prática corporativa de muitas categorias profissionais. São os casos por exemplo de um delegado, de um oficial militar ou integrantes de ministério público e judiciário. Quando surge um delinquente nessas classes profissionais, como é difícil  um justo julgamento e uma justa condenação. Alguns recebem como pena uma aposentadoria compulsória. Parece que esta modalidade punitiva só existe no Brasil. O sujeito comete um crime, é destituído do cargo e ainda aposentado, com aquele salarinho que todos sabemos.
O que se tem de esperançoso e promissor é que a sociedade cada vez mais vem se tornando mais e mais participativa, mais informada, mais cobradora e tudo vem mudando para melhor. Todos sonhamos com um mundo melhor.
Como    exemplo desse relevante papel das pessoas e sociedade  eu citaria dois exemplos bem contundentes e atuais. Um, o impeachment em curso da presidente Dilma Rousseff. Outro, a prisão do senador Delcídio do Amaral, já com mandato cassado.
Uma outra grande dúvida, ou melhor enorme estranheza que me causa é a operação lava-jato. Trata-se de  enorme investigação da Policia  Federal e Justiça Federal, sediada em Curitiba PR, onde se investiga corrupção de empreiteiras, Petrobras e partidos políticos. Por que até agora nenhum político foi preso, só empresários? Ou seja, os mentores e chefões dos carteis e quadrilhas estão livres, leves e soltos. Alguns nos comandos do legislativo e do executivo. Algum ex político preso representa caso pontual . Mas , são raros.  Há muito blábláblá e pouco punição .
Enfim, voltando à Constituição, o que parece é que o seu artigo 5º  não tem sido aplicado a alguns cidadãos desse país. Muitos, entre tantos, como autoridades, ex isso, ex aquilo, políticos, parlamentares, coronéis e caciques de Estado se mostram bem mais privilegiados, com direito a foro e julgamento especial e no fundo e ao cabo mais iguais do que os outros brasileiros. Só no Brasil mesmo! Foi daqui do Brasil que surgiu o refrão , políticos e autoridades constituem uma classe de pessoas mais iguais do que os outros iguais perante a lei. Maio/2016.  

BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA...

A SATISFAÇÃO E ORGASMO  PELA  VINGANÇA E VIOLÊNCIA 

Chegamos a um estágio de tanto culto, gosto e banalização da violência, que o agressor é capaz de cometer atrocidades as mais hediondas, de comprazer junto aos amigos, rir de seus atos e ainda postar tais atrocidades em redes sócias. Estamos todos perdidos, perdemos pelo visto nossa humanidade e capacidade de condoer com a dor do outro.
João Joaquim  


Alguns ramos das neurociências tratam e explicam bem os sentimentos humanos como o amor, o ódio, os sentimentos de vingança, a generosidade, a solidariedade entre muitos outros. Enfim, essas especialidades de saúde como a psicanálise e psicologia até tratam e explicam muito esses atributos neuropsíquicos  de nossas relações com os nossos semelhantes, com a flora e fauna e a natureza como um todo. Todavia, ficam algumas perguntas  não respondidas   quanto a por exemplo esses dois sentimentos: o primeiro, a vingança. Por que há indivíduos que frente a uma ofensa, por pequena que seja, têm uma sede insaciável da desforra e do desagravo, chegando muita vez à eliminação do outro?
A melhor opção que defendo a uma ofensa ou injúria, sem um pedido sincero de desculpa do ofensor, é um compromisso tácito e íntimo ou mesmo expresso de não vingança, embora essa lembrança não se possa ser apagada da memória. Pessoalmente , frente à alguma crítica infundada e acrimoniosa à minha pessoa e honra, algum ato não me devido ou qualquer gesto reprochável por simples fofoca ou inveja ou outra razão que o valha; eu como resposta sempre  procurei fazer dele uma troça, um chiste e  mesmo me inspirar e  criar até uma crônica de humor. Sempre foi a melhor revindita que achei. Ninguém é consenso no mundo dos néscios e amesquinhados. Nunca iremos ser unanimidade ante os intentos éticos ou patológicos de todos.
O segundo sentimento que tento saber seus mecanismos é o gosto ou atração do ser humano pela violência. Quando se fala em violência devemos entendê-la em todo o seu espectro. Assim podemos descrevê-la tanto em seu estado micro como macrodimensional (permitam-me o neologismo). No seu estágio maior podemos ter como exemplo a violência do Estado contra o cidadão. E como tal ela não ocorre somente nos regimes tirânicos de exceção. O Estado comete violência em toda forma de omissão, seja na saúde, na educação, na segurança e infraestrutura qualquer. Imaginemos como modelo as rodovias mal conservadas do Brasil, as vias urbanas esburacadas, hospital caindo aos pedaços! As condutas dos homens públicos, em se falando das tiranias, representam o suprassumo dessas pessoas em questão do gosto ou prazer (mórbido) pela violência. Basta rememorar as perseguições políticas,  o cerceamento à liberdade de expressão e opinião, as execuções de adversários .
Em seus estágios menores quantos gestos são praticados no dia a dia de violência? Eles são repetitivos no cotidiano de todos. Sejam esses atos contra a natureza, contra os animais domesticados ou selvagens, contra o meio ambiente. São às centenas, milhares por dia. O que ocorre nesses casos é um processo de analgesia ou anestesia das pessoas. Pela repetição, nós humanos vamos perdendo a capacidade de espanto e de indignação com tudo fora da norma, da ética , do legal, do humano, do que se convencionou  como cartilha básica de convivência.  Para melhor contextualizar o gosto, o mórbido prazer das pessoas pela violência vamos buscar a aplicação de uma responsabilização civil, penal ou política de um culpado(a) por esses “delitos”. O que preconiza o código penal no caso de um furto? Que o réu cumpra uma pena de reclusão. Essa vingança imposta pelo Estado como legal  é o que expressa a lei de forma enfática e cristalina. É o que se chama em Direito de dosimetria da pena , que não pode ser nem de mais nem de menos. Justiça é isso  ,é atribuir a cada um o que lhe é  de dever e de direito.
Fica aqui a pergunta: quantas pessoas, especialmente se forem as vítimas, não gostariam de além dessa pena imposta, ver o condenado sendo injuriado, torturado ou até executado pelos agentes de Estado (policiais)? Quando não o fazem com as próprias mãos.  Um outro exemplo bem em voga. No impeachment da presidente Dilma Rousseff. O que diz a constituição no referente à sua responsabilização e punição? Está lá de forma irretocável e indiscutível: cassação do mandato e dos direitos políticos por oito anos. Ao que assistimos? Dos mesmos parlamentares que redigem e aprovam as leis ouvimos ofensas e injúrias nos mais variados graus de menosprezo, vilipêndio e agravo à pessoa da presidente. Tudo ao vivo e a cores para o Brasil e para o mundo.
Por fim um genuíno exemplo da morbidez atrativa e gosto pela violência eu citaria o absurdo que chamam de esporte, as lutas de UFC. A última de que tenho notícia no UFC 198(maio de 2016), contou com mais de 45000 pessoas presentes e cerca de 50 milhões de telespectadores pelo mundo. O combate durou dois minutos e meio. É o tempo que o vencedor com socos, coices e cruzados levou o vencido à lona; desmaiado, e com o rosto cheio de hematomas e outras injúrias internas, que em geral de forma silenciosa levam o lutador a sequelas neurológicas, doença de Parkinson e viver uma vida vegetativa futura. É muito triste.
Tudo isso, ou só isso, diriam  os apreciadores de violência, com ingressos caros , sob apupos e  demorados aplausos. Os organizadores e empresários do ramo de lutas marciais, pugilismo etc,  chamam toda essa selvageria de esporte e entretenimento. Imaginem, se não fosse hein!          Maio/2016

sábado, 30 de abril de 2016

QUE DEPRÊ..

 NÃO CAIA NA FOSSA E NA DEPRÊ 

João Joaquim

Pensava eu com meus cadarços e botões  em como somos conectados com o passado, com todos os fatos, notadamente os ruins que sucederam em nossas vidas;  e também “pré-ocupados”( ocupação antecipada) , angustiados com o futuro. Que bom seria viver apenas o presente.
Se fizéssemos um paralelo, uma analogia de nossa mente, nossa memória com um gravador ou o disco rígido de um computador, como seria melhor para controlarmos aqueles acontecimentos, vivências e  reminiscências que nos causam pesar, dor e sensações negativas. Fosse assim nosso cérebro , bastaria evocarmos essa ou aquela lembrança dolorosa e deletá-la permanentemente de nossos arquivos mentais. Mas , por razões que a nossa própria razão ( de racional ) desconhece, quis nosso criador-mor, Deus, que não fôssemos como máquinas inventadas pelo criador-minor, o homem. Temos que guardar tudo, todos os entulhos e lixos psicológicos e emocionais que nos ocorrem. Por isso haja neuroses, depressões, recalques, sentimentos de ódio, vingança e outros desejos do mesmo naipe.
 Diante de uma ofensa, grave injúria, difamação ;  siga este conselho: perdoe o ofensor. Não significa esquecer o caráter , a indignidade, a baixeza do  autor da ofensa. Perdoar significa no mínimo não ter uma atitude de retaliação, de vingança, de desforra. Esqueça pelo menos o ofensor.
Não sem motivos temos a medicina, a psicologia, a psiquiatria, a psicanálise; justamente para auxiliar o ser humano em suas doenças psíquicas, em sua dor existencial, nos seus mais variados conflitos sociais decorrentes das relações interpessoais. Numa análise simplista assim de plano, são três as grandes causas dos sofrimentos existenciais e emocionais das pessoas. Primeira  , as decorrentes de conflitos na relação pais/ filhos. Segunda  , da relação interprofissional. Terceira , da relação conjugal .
 Conflito de gerações . Pelo choque ideológico entre pais/filhos, estribada ainda por  uma educação frouxa e frágil dos ditos tempos modernos decorrem os inúmeros conflitos nas relações humanas, na vivência diária de cada pessoa . Trata-se de um esgarçamento do convívio humano que frente às futilidades mundanas tende a piorar. As famílias e Escolas andam embevecidas com a modernidade e distraídas com os valores éticos e cívicos que moldam o caráter humano. Educar uma criança tem se tornado uma tarefa complexa nesses tempos digitais.
Na área profissional - Surgem os atritos porque no trabalho as pessoas não têm um natural senso ético de respeitar o outro, e das diferenças surgem os confrontos. No ambiente produtivo e profissional têm sido recorrentes  dois tipos de assédio;  o moral, onde o chefe ou supervisor de um funcionário se acha melhor e superior a ele e usa de gestos ou termos de menosprezo ou mesmo graves ofensas a esse colega subalterno. Parece mesmo um ranço, um resquício do senhorio feudal ou dos escravagistas. Os chefes e gerentes de hoje tratam  o empregado ou auxiliar como um escravo, como um sujeito de dignidade inferior. É como se dignidade e honra tivessem uma classificação , uma escala, inferior, média e alta. Uma autêntica estultice ou idiotice de quem assim pensa e age.  
 O outro assédio , e de igual modo muito ignominioso e degradante,  o sexual, onde alguém hierarquicamente acima daquele(a) colega tenta algum favor sexual.  Felizmente , ante essas duas ofensas ,as leis trabalhistas têm se pronunciado a favor das vítimas desses predadores.
No namoro ou casamento por uma escolha desastrada, inesperada ou enganosa do par conjugal por exemplo. E nesta seara como as pessoas sofrem por não se soltarem das armadilhas e amarras de um casamento mal sucedido! Penso, embora na prática também sofro  por não me desvencilhar do meu próprio  passado, que o bom seria ser como os filósofos epicuristas ( exaltação do prazer ); do princípio de  viver essencialmente o dia de hoje, o agora;  o que passou, passou!  O que importa é o dia presente ou como recomendava o poeta Horácio “ carpe diem “, colha o dia de hoje, aproveite o seu presente porque o  futuro a Deus pertence e passado é coisa de museu  . Mas quem há  de buscar esta opção  ! Tente  e seja  muito mais feliz!- abr/16


João Joaquim - médico - articulista DM www.drjoaojoaquim.com                  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

PÍLULA DO CÂNCER

OS PERIGOS DE USAR  FOSFOETANOLAMIA COMO ANTICÂNCER

João Joaquim  

Estamos vivendo tempos tão absurdos e abstrusos no Brasil que há algumas façanhas  não menos estapafúrdias que passam até ao largo do conhecimento da imprensa e das pessoas comuns. E o fazem com razão. Num Brasil com tantos escândalos políticos e de corrupção, há fatos que vão se tornando menos atrativos e pouco interessantes. Principalmente para as redes de televisão e mídias digitais.
Dentro dessas considerações vamos dissertar sobre um fato. Apenas esse meio esquecido, que é a liberação da fosfoetanolamina para tratamento de câncer. Tal liberação está sustentada na suposição, repiso o termo, suposição de que tal substância tenha efeitos anticancerígenos. Chegamos ao contrassenso de algum parlamentar encampar a ideia da eficácia da já popular substância e apresentar tal argumento para a câmara dos deputados. Um projeto de lei nesse sentido está correndo nas duas casas do congresso nacional.  
Trata-se de uma idiotice, estultice ou aberração   no que se refere à decisão das duas casas legislativas no referido projeto de lei. Usar tal droga por conta própria, ou  ser ela prescrita por qualquer profissional constituem atitudes de charlatanismo e de risco à saúde. Para tanto vamos às razões.
O emprego de qualquer medicamento em humanos se dá com os resultados da chamada medicina baseada em evidências. Expliquemos melhor o termo em nome do bom entendimento. Evidência significa verdade real, certeza de que aquele insumo farmacêutico tem tais e tais efeitos terapêuticos, tais e tais efeitos colaterais e o percentual de eficácia quando empregado em conformidade com os resultados de todos os estudos científicos e ensaios clínicos; primeiro em cobaias e depois em seres humanos. Referidos estudos e ensaios envolvem várias etapas. Pode-se chegar, o grupo de estudo,  a conclusões claras em 5 anos, mas pode-se prolongar por uma década a plena certeza da eficácia e segurança daquela droga em investigação, ou a absoluta ineficácia e contraindicação para o fim proposto. E assim procedido, não se precisam nem de tantas fases de estudos, se no início já se tem resultados negativos.
Recomendar a fosfoetanolamina como quimioterápico anticâncer é no mínimo antiético e ato de grande irresponsabilidade do médico que assim o faz, ou mesmo do próprio paciente numa atitude de automedicação.
Vamos, a título de ilustração, pegar dois casos públicos, que fizeram tratamento anticâncer.
O ex-presidente Lula fez tratamento de câncer de faringe (ligado ao fumo). Suponhamos que ele confiasse na fosfoetanolamina e desistisse do tratamento padrão. Ele se tratou dentro dos padrões  éticos e científicos . A chance de sucesso se o tratamento fosse com a droga em questão( fosfoetanolamina) era como se ele se lançasse  de  um vazio, com algumas almofadas em embaixo  e esperar esse ou aquele resultado de se salvar ou de se espatifar. O mesmo raciocínio poderíamos fazer com a quase ex-presidente Dilma Rousseff que se  tratou de linfoma. Ela também seguiu as diretrizes corretas em seu tratamento.  Ou seja, usar uma droga para uma doença séria e grave, sem comprovada eficácia é por demais temerário. Seria como uma pessoa pular do 5º andar de um prédio, em cima de uma rede que não foi previamente testada quanto a segurança e resistência para tamanho impacto.
No caso da rede não testada são três os resultados possíveis: a pessoa manter sua integridade e sair incólume  (eficácia ) se machucar levemente (eficácia parcial), ou se matar (ineficácia total). É o mesmo resultado que se espera de estágios de estudos científicos e ensaios clínicos com qualquer  procedimento terapêutico ou diagnóstico . Essas pesquisas são as evidências da eficácia ou não de qualquer medicamento.
Portanto, dirijo-me à presidenta da República, a quem cabe a palavra final de referendar o comentado projeto de lei ou vetá-lo na sua inteireza.
Exma presidenta Dilma Rousseff; vossa Excia que já fora  vítima de uma forma grave de câncer;  que se tratou e continua em monitoramento;  e certamente curada graças a Deus ,  aos médicos e ao  tratamento correto.  Atenha-se , sobretudo ,  ao risco do nocivo, intempestivo e esdrúxulo projeto de lei da aprovação de um medicamento, que nada de concreto se sabe sobre ele. Vete tal iniciativa de nosso congresso  e mostre sensatez e ética com a saúde dos compatrícios que porventura tenham algum tipo de câncer,  e queiram,  ao livre-arbítrio,  ou por indicação de algum médico fazer tratamento com  tal medicamento.  Abril /2026.

Atenciosamente.


João Joaquim - médico - articulista DM www.drjoaojoaquim.com  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

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