quinta-feira, 30 de junho de 2016

OS HIPOS..

HIPÓCRATES , OS HIPOCONDRÍACOS E OS HIPÓCRITAS

João Joaquim  



Uma questão de grande relevância no mundo e na relação das pessoas com as coisas é o correto emprego das palavras. Só para rememorar a palavra palavra  vem do grego paróbole, parábola. Fazendo uma tradução livre temos; para, ao lado, paralelo; ballein, atirar, jogar, ou seja: palavra  seria um sentido próximo, paralelo, por comparação.
 É tão interessante o ofício de nomear as coisas que tudo começou lá no Genesis 1-5- E Deus chamou à luz dia; e às trevas noite. No Genesis 1-10: E chamou Deus à porção seca terra e às águas mares.
Ainda no concernente ao poder das palavras temos no livro de São João capítulo 1-1 No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. No 1- versículo 3- Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi se fez.
Ao criar o homem (Adão) e deste a mulher (Eva) Deus permitiu que o homem nomeasse todas as coisas e seres vivos sob o seu domínio. E esse é um mister, um atributo dos humanos em todos os tempos. Nessa função ninguém é tão interessado como as crianças. Basta lembrar das repetitivas perguntas próprias da infância: Por que? como? O que é isso? Essa sedenta curiosidade deveria ser uma permanente energia do ser humano. Muitas vezes nos conformamos em ouvir e  ver as coisas sem nos preocuparmos com a causa e o por que de sua existência. Esse é, aliás,  o propósito maior da Filosofia que procura enxergar  além do óbvio.  
A propósito da curiosidade infantil e juvenil eu conto uma historinha que me ocorreu. Um adolescente de 15 anos, de aguçada curiosidade, ao avistar-se comigo em minha atividade de Esculápio inquiriu-me sobre o parentesco das palavras Hipócrates, hipocondria e hipocrisia. 0lha que não é para menos aos olhos dos que têm interesse na origem das coisas e por que de cada condição, estado ou objeto (coisa) ter tal nome. Qual seria então o nexo existente entre essas três palavras que tem em comum, digamos, essa raiz hipo?  Elas têm algo em comum ou não? Veremos.
Como de muitos sabido Hipócrates foi um filósofo e médico grego (460-377 a.C). De registro na história é considerado o precursor da medicina, sendo por isso alcunhado de o pai da medicina. Sua grande contribuição se fez sobretudo no campo da Bioética. Sua influência se tornou tão marcante que o juramento profissional de todo iniciante na arte de curar é o que ele próprio, Hipócrates, fez naqueles idos séculos antes de Cristo. Além de seus insignes postulados nas relações éticas médico/paciente ele deixou vários outros escritos sobre patologia humana, de muita importância até os dias de hoje. Ele é considerado o primeiro filósofo clínico; hoje uma área  de pouca visibilidade e subvalorizada, mas que existe em alguns centros como especialidade médica.
A palavra hipocondria vem  de hipo=sub ou abaixo e chondro= cartilagem (das costelas por exemplo). Trata-se de um estado depressivo obsessivo, onde, o indivíduo supõe ser portador de alguma doença que escapa ao olhar e exame clínico de muitos médicos consultados. É comum tais doentes perambular por vários profissionais e especialidades na ilusão de serem portadores de alguma doença que tais especialistas e exames não são  capazes de diagnosticar.
E por que da palavra hipocondria para nomear tal estado psicopatológico? Justamente porque o fígado se aloja num espaço chamado hipocôndrio. Um recesso bem abaixo das cartilagens (condrios) das costelas direitas. Assim, esse órgão, como bem protegido e de mais difícil acesso ao exame físico se torna o último reduto do hipocondríaco . Ele sempre supõe  que sua doença está ali oculta da avaliação médica e dos exames de imagem. Quanta injustiça com o fígado, que é o órgão que menos adoece em nosso corpo. A maioria das doenças hepáticas têm origem no alcoolismo e nas hepatites virais.
A palavra hiprocrisia, vem do grego  hypocrités. Eram os atores dos antigos teatros gregos. Como do senso comum, o ator diz, expressa alguma coisa ou representa  alguém que ele próprio (o ator) não é, embora possa existir alguma coincidência. Isto seria o cúmulo na arte teatral, o sujeito representar algo de si próprio. Hiprocrisia é isto, é a dissimulação ou fingimento de uma qualidade, um sentimento, uma ética que o sujeito não tem ou é incapaz de cumprir. Seria aquele conselho mais do que sincero: faça o que digo e não faça o que eu faço. Segundo estatísticas, a cidade de maior incidência de hipócritas é Brasília. Nesse ranking o Brasil desbanca todos os outros países. Primeiríssimo  lugar.
Enfim com esta breve digressão foi possível falar da importância das palavras. O que se pode concluir é que Hipócrates, não foi hipócrita. Mas, ele já naqueles tempos os assistira muito, tendo em vista que o hipocondríaco não passa de um hipócrita  . E certamente assistira a algumas de suas encenações. Não podendo deixar de considerar que o grande filósofo e precursor da medicina descreveu e muito bem essa afecção milenar, a hipocondria, que até os dias de hoje é  motivo de muitas consultas e  exames de imagem sem uma base orgânica que o justifique.
 Hoje já se sabe que temos a hipocondria reversa. Trata-se daquela condição, de alguns profissionais médicos, que por uma deficiência técnica e ético-científica  recomendam um rol de procedimentos diagnósticos e tratamentos , sem base científica;  trata-se do popular charlatanismo. E como eles têm proliferado, nesses tempos de tantas faculdades ruins e deterioração da educação em todos os níveis.   Junho / 2016.

Idio.abestalhados...

SOMOS TOP EM COMUNICAÇÃO , MAS IDIOTAS E ABESTALHADOS  EM EDUCAÇÃO

João Joaquim


Deu-me em mente, e eu o faço nesta sumária digressão, em fazer uma compilação ou avaliação entre o mundo tecnológico e o mundo de formação cultural da sociedade. E busco nesse paralelo mais seletivamente os órgãos de imprensa, jornalismo e mídias virtuais.
Assim estabelecido, em faço aqui uma retrospectiva. Suponhamos que 100 anos atrás, algum visionário, algum demiurgo escrevesse um tratado de como  seria o mundo daí a um século. O quanto teria o mundo , por exemplo o que temos hoje. Isto em se falando em instrumentos e meios de comunicação. Jornais impressos de toda ordem, fresquinhos do prelo, de fácil acessibilidade  a todos, radiofonia, televisão, informática, internet, redes sociais, telefonia móvel. Eu fico imaginando o quanto, primeiro, do espanto, incredulidade e pasmo de muitos dessas profecias. Depois para outros cidadãos e sonhadores com o progresso , tendo tais possibilidades como reais.
E então para todos aqueles afeitos à cultura, para os brasileiros mais pensantes; e sobretudo para educadores, cientistas, jornalistas e escritores. O que pensariam esses grupos de pessoais cerebrais? Certamente esperariam que o nível, o grau, a qualidade, o padrão de cultura e conhecimento estariam na melhor das avaliações e escalas com o nível de progresso e tecnologia conquistados.
Assim posto e com tais provocações iniciais faz-se necessária a irônica interrogação, o nível cultural de nossa sociedade, guardadas as relações e critérios de qualidade, melhorou? A resposta é um contundente e rotúndico não.
É evidente que melhorou substancialmente o nível de alfabetização, o nível e taxa de matriculados em escolas, a taxa de diplomas universitários etc. Mas, quando se fala em cultura, em informação que agregue algum valor de melhora do indivíduo como um ser crítico e pensante, em um indivíduo cidadão responsável e participativo etc; nesses quesitos e valores sociais os avanços do jornalismo e da imprensa, em todas as suas modalidades não acrescentaram quase  nada qualitativo na vida das pessoas.
Para uma clareza meridiana é oportuno que repisemos o termo informação. Numa definição singela é tudo aquilo que chega aos meus sentidos, à minha mente e cérebro. E é quase tudo o que fazem hoje todos os órgãos de comunicação, como a internet e suas rebarbativas, estéreis e enfadonhas redes sociais.
Cultura e formação são outros conceitos muito diversos do que simplesmente as notas, os alardes, as manchetes, os apelos, os marketings, os reality Shows, e tão vastas futilidades que nos são exibidas em todos os veículos de comunicação.
A verdade cristalina e crua é que evoluímos sobejamente em todos os quesitos imagináveis , quando pensamos 100 anos atrás,  em matéria de comunicação era tudo utopia o que temos hoje ao nosso alcance e em nossos dedos. Com uma não menos significativa característica: trata-se de comunicação  a mais humana e a mais social e democrática, qual seja a de ser de baixo custo ou grátis. Basta pegar os exemplos do rádio e da internet com suas tão populares e massivas redes sociais. Esses são avanços tecnológicos e recursos de comunicação antes impensáveis que pudessem ser alcançados pelo engenho humano. Alcançamos como uma realidade sem volta, porque a cada dia temos mais e mais avanços.
Todavia, com tudo isso ao alcance da maioria dos brasileiros não nos ascendemos, não progredimos como era de supor, que fosse há 50 ou 100 anos, nos índices de formação humana, em qualificação em termos de civilidade e ética e em cultura e formação tecno-científica.
Só como argumentos, temos hoje um número maior de celulares do que gente. Celulares que são microcomputadores de bolso. O portador dessas mídias é bombardeado 24 horas/dia com centenas de informações. Muitos desses usuários não sabem redigir corretamente um bilhete, não sabem uma regra de três, nem uma equação de 1º grau.
 Enfim, que diabo de avanços em jornalismo e comunicação foram esses conquistados pelo homem, e que a um só tempo o embrutecem, o desqualificam , o idiotizam; e vem aniquilando a cultura e a formação do indivíduo como uma pessoa cidadã, ética e construtiva? Onde vamos parar com tantas ofertas  de futilidades, de nocividades e superficialidades que nos rodeiam? Ops ,  dê licença , tem um torpedo no meu WhatsApp – Eu volto-   Junho/2016.  


João Joaquim de Oliveira  Médico Cronista do DM Goiânia Go  facebook.com/ joao Joaquim de oliveira

domingo, 29 de maio de 2016

DEMOCRACIA...

DEMOCRACIA É BOM , MAS COMPLICADA EM SUAS RELAÇÕES

“Soldados! Não vos entregueis a esses desalmados. Homens que vos desprezam e escravizam, que controlam as vossas vidas! Que vos ditam o que fazer, pensar e sentir! Que vos condicionam, vos tratam como gado e se servem de vós como carne para canhão! [...]Não sois máquinas! Não sois gado! Homens é que sois! [...]Lutemos pela liberdade!”.Charles Chaplin.

João Joaquim 


Eu sabia que democracia era bom. Eu só não sabia que na forma de presidencialismo era tão complicada. Eu não tinha noção de que a demissão de um(a) presidente da república era tão penoso assim. Penoso, burocrático e tão traumático. Nesse ponto, ao que parece, regredimos . Definitivamente nos tornamos retrôs, de retrógrados. Andamos para trás  mais de 20 anos.
Assim considero porque no impeachment do ex Fernando Collor os trâmites de seu desapoderamento  foram longos e com muito disse-que-não-disse. No da agora quase ex Dilma Rousseff está  também sendo longo, mas o que se gastou de falatório, discursos, papéis, bravatas, insultos, mútuas acusações e outras alocuções  não está escrito e previsto em nenhum inciso  da Constituição daqui e alhures. 
Com tudo isso, sem a contabilização de pizzas, mussarela, salame, cafezinhos, baurus, batata frita, foguetes, fogos de artifícios e outros ingredientes, houve muito consumo de palavras e verbos. Entre algumas estatísticas por exemplo eu gostaria de ver aquela do uso de erudição, do juridiquês e do politiquês. Por exemplo, palavras como procrastinação, postergação, exórdio, preclusão. São termos fora do domínio das pessoas comuns . Haja vernáculo e tanto espetáculo .
Contudo, na sessão do dia 11 de maio 2016, a que acolheu a admissibilidade do impeachment, foi instalado um palavrômetro por alguns órgãos de mídia , mas apenas dos verbetes mais repetidos. Assim tivemos a palavra presidente (a) reverberada 1411 vezes, excelência 717 vezes, pedalada (gastança de dinheiro público) 1352,  fiscal (de pedalada) 913, impeachment 869 vezes.
Enfim eu não imaginava que destituir um presidente (no presidencialismo democrático) era tão complexo e oneroso em gasto de verbas, verbos ,  palavras, e tanto protocolo. E as coisas não param por aqui. Para abertura  do processo do impedimento eram precisos 41 votos, houve 55 a favor.  0 senado tem até 180 dias para instrução, oitivas de defesa e acusação, sessões de comissão julgadora e veredicto final. Ou seja, o que vai haver de chicanas, parlatório e protelação não está escrito em nenhum regimento.
O agora interino presidente Michel Temer fez um discurso exordial (de abertura) que me agradou sobremaneira. Achei-o sóbrio, coerente, conciliador, pacífico. Não falou nada de sectarismo, militância esta ou aquela; nem tão pouco das minorias sem essa ou aquela propriedade ou sem  direitos infraconstitucionais(os fora da Constituição). Exalto aquele seu pensamento de lembrar dos muitos sem emprego, assim dando uma outra semântica aos chamados MST, movimentos dos sem trabalho( desempregados) . Essas mais de 11 milhões de pessoas, são aqueles(as) que querem trabalhar, os chamados desempregados pela crise econômica que se abateu sobre o País. Pena que nesse rol de milhões estão aqueles chamados nem nem . Nem trabalham , nem têm vontade para tal. São os chamados vagabundos por opção. E como os há por aí.
Pontuando um outro gesto do provável definitivo presidente Temer foi sua referência respeitosa à interina ex-presidente Dilma. Isso mostra seu espírito cristão. Ele que tem sido intitulado traidor e golpista pela claque do PT e pela presidente afastada devolve agora em uma moeda de generosidade e civismo. Belo exemplo. 
 Por fim uma frase de relevo do sóbrio e culto presidente foi evocar o termo religião. Religião ( lat religare), religar. Assim ficou exaltado que busquemos ajuda dos céus, de Deus;  e que possamos nos irmanar na mesma energia para fazer do Brasil uma pátria de todos, de paz e harmonia e não uma república de poucos que vivem  à margem das leis , os  privilegiados. Ninguém pode se considerar mais igual do que os outros 200 milhões de brasileiros.
Agora num quesito eu considero que Temer cometeu um equívoco: o de ter auxiliares de 1º escalão( ministros) sendo investigados na operação Lava-Jato. Todos vimos que com 10 dias de interinidade, seu governo já teve uma baixa, o senador Romero Jucá , ex-ministro do desenvolvimento foi afastado por suspeição  de obstruir investigações da Lava-Jato. Contudo, acertou o presidente em exonera-lo até completa apuração da conduta dele( senador Jucá). Devemos lembrar de um principio fundamental de nossos códigos civil e penal de que todos têm direito a ampla defesa e ao contraditório. E como vem reiterando o próprio  ex-ministro investigado, não há nenhum demérito em ser investigado, o demérito é a condenação após o trânsito em julgado.
 Presidente Michel, conte comigo, estou com V. Excia e aberto a críticas positivas! Diferente do paraquedista, morto pela resposta contrária( estou consigo e não abro)  de seu paraquedas , numa única e fatal vez de infidelidade. Que trágico.   Maio/2016.

Manada





EFEITO MANADA    
João Joaquim

Deparou-se-me uma situação comezinha, a que todos um dia poderão ter assistido, mas que me inspirou o tema desta crônica. Não queiram achar-me com laivos de fuga de realidade. Porquanto, um feito, um gesto por mais ínfimo que seja pode dar azo a fatos de maior monta e grande significado.
Com efeito, estava a espiar uma fila de nuvens a se mover no céu de abril. E só não era mais azul pela alvura algodonosa das referidas. Mas, não foram aqueles rituais nubífugos os que tanto me causaram enlevo e incendiaram outros pensamentos. Ao rés do chão, algumas moitas de gramíneas sem flores. Pousada, uma borboleta, relaxada e com ares de adormecida. De repente, ela esvoaçou-se e se foi. Continuei admirado e indaguei: será que causei algum susto, alguma perturbação em tão vaidoso inseto?  Não era! Concluí de fora para mim. Era um vento que se assoprava e o colorido inseto foi-se nesse suave embalo daquela aura vespertina.
No deslizamento do comboio das nuvens no céu e no voo da borboleta pelos ares veio-me outro fenômeno, este agora de maior peso. O chamado efeito manada. É de se pensar também nessa influência universal. Quem nesse mundo um dia não foi movido pela energia do seu grupo, pelos companheiros desse e outros objetivos. Se assim não for, que então se afaste da manada.
Os estudos da efeito  manada têm uma de suas bases na própria natureza, nos animais irracionais. Dessas observações e registros vêm os estudos no comportamento humano. Os dados empíricos, a experiência e deduções de  observações com muitas espécies animais sempre foram os pontos de partida para que os pesquisadores empregassem outros ensaios e pesquisas científicas em tão importantes questões do mesmo comportamento e efeitos na espécie humana.
Nesses termos tornam-se de bom grado e esclarecedores alguns casos bem característicos no meio animal (os irracionais). Numa família de elefantes por exemplo. Quase sempre nos grupos desses bichos há uma fêmea, carinhosamente chamada matriarca, que conduz os demais membros do grupo. Em geral essa matriarca é a mais velha a ser seguida. É a sua maior experiência, melhor percepção sensorial, as razões de ser seguida fielmente pelos outros animais da família.
O mesmo comportamento se verifica com outros animais inferiores. Nos cães por exemplo. Todos tendem a seguir um líder. As mesmas características se verifica nas criaturas humanas.  Nas atitudes, nas iniciativas, nos gestos,  nas mais diferentes ações das pessoas há um comportamento muito repetitivo do efeito manada, à semelhança do encontrado entre os irracionais.
Vamos pontuar alguns expedientes, gestos, mímicas e outros feitos como exemplos do efeito manada entre nós humanos. Na audição de uma música. Se ela tem uma melodia agradável, aos poucos toda a plateia, mesmo se não entende a letra tende a vocalizar as notas e fazer alguma mímica ou movimentos de pés e mãos em harmonia com o vocalista e outros presentes.
 E assim muitos outros cenários dos mais simples  aos maiores expedientes. É uma influência semelhante à cola, à imitação, à repetição dos feitos e atitudes de uma terceira pessoa. Uma experiência já repetida por psicólogos consta do seguinte: um grupo de 10 pessoas é chamado a participar. Isto se dá em via pública. O primeiro participante está caminhando e subitamente para( verbo parar) e olha de forma atenta para uma direção do céu como se estivesse vendo um objeto no espaço. E assim os outros componentes do grupo vão parando admirados, olhando no mesma direção do primeiro membro. O certo é que ao final da experiência, dezenas de pessoas param em busca de ver aquele objeto estranho no céu. Mas, não há nada no céu, que pode estar limpo e azul. Mais que isso, alguns dos primeiros 10 pesquisadores  dizem estar vendo o tal objeto fantasma. Resultado final: vários transeuntes(dezenas) começam a relatar a visão do tal objeto inexistente , por pura sugestão. É o clássico  efeito manada.
O fenômeno ou efeito manada sempre foi e sempre o será uma atitude e ação construtiva e de afirmação em todas as espécies animais.
Entre os humanos ter referencial de gestos e atitudes se torna além de um recurso de sobrevivência em um fator decisivo no cabedal de civilidade e de  educação para a criança e o adolescente. Os primeiros referenciais e modelos para os filhos são os pais. Puro efeito manada. Este comportamento tem uma influência marcante e definitiva , inclusive, na educação como ética e civilidade e até na  personalidade do indivíduo.
As questões negativas e destrutivas do efeito manada entre os homens se dão quando um líder, um guia, um chefe, um governante do grupo opta por incitar e instigar  os outros membros para caminhos e objetivos ímpios, corruptos e criminosos. Nesses efeitos manadas é que muitos seguidores mais manipuláveis e frágeis de caráter se enveredam pelo ilícito, pelo desonesto, pelo antiético e tanta forma de infrações, fraudes e corrupção.
 Muitos grupos no Brasil têm sido tais e agido de forma desonesta exatamente pelo efeito manada. Quão triste!
 Ainda bem que muitos outros brasileiros de bem, puros e éticos seguem outras manadas de honestidade, de civilidade e do bem . Que bom.    Maio /2016.

ANTROPOLOGIA

 ANTROPOLOGIA SOCIAL DA RAÇA BRASILEIRA
João Joaquim  


Hoje deu-me na telha em falar um pouco de Antropologia. A etimologia, de muitos sabida ,vem de anthropos.  Vocábulo grego que significa homem (gênero) e tudo a ele relativo. Curioso como existe um sem-número de palavras que emprega esse radical. Misantropia, filantropia, antropofagia, antropocentrismo entre muitos. Tem até um neologismo, pilantropia , ainda não dicionarizada.
Eu prefiro falar aqui um pouco de Antropologia Social. É um ramo de estudo da humanidade onde se busca caracterizar a espécie humana em suas origens, costumes, religião, organização política, cultura, comportamento etc.
Como o campo de estudo é por demais vasto, o que se pretende nesta rasa resenha são alguns pontos de mais difusão e clara compreensão. Um item que sempre me desperta atenção e aguça até hoje minha curiosidade se refere à classificação racial. E hoje em dia com tantos debates sobre direitos humanos, nos vários segmentos organizados da sociedade, há de se ter até muito cuidado no emprego dos termos. Mas, como não estou me dirigindo a um grupo distinto, vou me deter ora a um e outro termo como equivalentes,  por entende-los de mais clareza. Assim entendo normal dizer raça negra, raça indígena, raça branca. Raça ou Etnia, qual empregar ?
Com efeito têm-se empregado os verbetes raça e etnia como equivalentes. Defendem alguns estudiosos, por exemplo, que raça lembra racial, de discriminação racial e o melhor seria etnia; no que eu discordo porque etnia se refere a um grupo populacional com certa homogeneidade linguística, religiosa, genética e cultura muito apuradas.
Quando se fala em classificação humana, com os estudos atuais, fica evidente que não pode essa tipagem de pessoas se fundamentar naquela mais geral e anterior das três grandes subdivisões. Ainda se fala muito nas três raças principais, a saber a caucasoide ou raça branca, a africana ou raça negra e a mongoloide ou raça amarela.
Em face dos  cruzamentos genéticos e a grande mobilidade e imigração dos povos, essa denominação das três raças já não faz muito sentido. Contudo em que pese as críticas a essas subdivisões temos algumas nações onde existe uma relativa homogeneidade fenotípica e genética das pessoas. São os casos por exemplo da China, do Japão e da Índia. Os habitantes e nativos desses países tem traços faciais e anatomia muito peculiares.
Quando adentramos aos grupos de direitos humanos, às políticas das minorias, percebemos o quanto tais questões de antropologia social ganharam em vieses ideológicos;  em questões meramente de defender os direitos dessa e daquela etnia; ao acesso por exemplo às universidades, a empregos públicos e outros benefícios do Estado. São as políticas das cotas raciais. A mim soam como iniciativas esdrúxulas , porque sugerem um tratamento de atribuir menor aptidão , menos valia e capacidade intelectual inferior a esses contemplados com tais medidas protetivas.
No sentido de abolir  termos discricionários ou com conotação de  discriminação racial  tem até a proposta de eliminar a tal classificação racial. Há uma sugestão de abolir tal nomenclatura e ter-se apenas uma expressão: raça humana. O que não faz sentido. Imagine levar essa proposta para outros gêneros de animais .  A raça canídea , a bovina, a caprina, a asinina por exemplo. Tal expediente se tornaria muito pobre no âmbito de qualquer estudo animal.
Têm sido de conhecimento amplo da sociedade  os debates dos  grupos minoritários e as políticas das cotas universitárias e nos serviços públicos. Cada vez mais vêm surgindo os candidatos às universidades e empregos que se autodenominam de etnia negra. Muitas desses jovens  podem ter até pele e olhos claros, mas se dizem de ascendência negra em nome de um privilégio e vantagem( diferente de direitos)  em relação aos autodeclarados brancos.   São costumes e jeitinhos próprios da cultura  brasileira.
Por falar em Brasil, fala-se muito à boca miúda e em paralelo à nossa História oficial, que hoje já se considera a raça brasileira. Em resumo, assim dizem a historiografia e cultura popular que  ela se deu assim:  primeiramente  veio o séquito de Pedro Álvares Cabral(167-1520), o nosso Pedrão do descobrimento,  Como Pindorama ou a Terra Brasil estava desabitada ,foram de Portugal desterrados vários outros grupos. Então vieram o grupo   dos ladrões, dos salteadores, dos mentirosos, dos defraudadores, dos preguiçosos, dos vadios, dos corruptos , dos sem terra, dos sem vontade de trabalhar, etc. Assim se formou a raça brasileira. Pelo menos é o que dizem, à sorrelfa, e nas rodinhas de bate-papo. O certo é que desde o desembarque dos portugas por aqui sempre foi preciso muita raça para sobreviver neste imenso país. Uma bela nação .               Maio/2016.   

PESADOS E SADIOS...

AS PESSOAS PODEM SER OBESAS , SAUDÁVEIS E FELIZES
João Joaquim  


 Eu já disse e reitero nesse texto, a alimentação na saúde e na vida das pessoas é tão significativa que deveria ser prescrita por (sempre) nutricionistas, médicos e psicólogos. Porque rigidamente tudo aquilo  que bebemos e comemos tem de fato a ver com nutrição, saúde “lato sensu” e equilíbrio psicoemocional.
Trata-se de afirmação sujeita a dissidência, mas vale a pena ser lembrada: a maior causa da obesidade é a ânsia e busca do alimento não como fonte de saúde, nutrição e qualidade de vida, mas como objeto de prazer e pura satisfação do sentido do paladar. As pessoas dos tempos modernos têm nos alimentos uma fonte de alegria, prazer e “felicidade”.
Cada vez mais os diversos ramos das ciências médicas têm se dedicado aos impulsos, aos instintos e  às compulsões por alimentos como causas de muitas formas  de sobrepeso. As causas, na verdade, são multifatoriais, tendo entre elas fatores genéticos, culturais  e comportamentais. Um dado curioso e plausível de compreensão é que muitas pessoas , permanentemente, com peso acima do normal criam uma dependência alimentar muito similar ao fenômeno de adição química à nicotina, álcool e outras drogas.
O fenômeno da dependência alimentar é uma explicação para a alta taxa de abandono das medidas prescritas pelos profissionais que mais trabalham com esses grupos de pessoas, os nutricionistas ,  médicos nutrólogos e endocrinologistas por exemplo. Os intitulados adictos (dependentes) alimentares, em graus moderados e pré-mórbidos são os de maior risco de insucesso (recidivas).
Para os obesos classificados como mórbidos existem as chamadas cirurgias para obesidade. São procedimentos complexos, que conforme a técnica empregada, traz um grande risco no período trans e pós-operatório. Não é sem razão que tais pacientes passam por uma rígida avaliação antes dos procedimentos ( pouco ou muito invasivos) com uma equipe multiprofissional; e  para tanto é exigido um extenso consentimento informado de todo candidato a tais tratamentos.    
Em nome de esclarecimento e informação transparente para a sociedade é bom que se registre. O índice de fracasso das chamadas cirurgias da obesidade é muito alto quando se considera um acompanhamento de longo prazo, de pelo menos 5 anos. Hoje, com a popularização dos procedimentos, se tornou fácil fazer essa estatística em um período mais alongado. Os índices de insucesso a partir de 2 anos são muito altos. E esse fracasso na perda de peso se explica pela própria natureza de uma doença de causa multifatorial. Tratar qualquer enfermidade que envolve adição (semelhante ao vício de dependência do álcool ou fumo)mais  ansiedade e comportamento de origem familiar representa um desafio para toda especialidade médica.
Em que pese ter toda forma de obesidade alguma marca genética a educação alimentar tem uma influência marcante. Essa educação terá mais chance de sucesso quando feita e iniciada na primeira infância. Tal tarefa cabe aos pais e aos cuidadores (babás, avós e responsáveis) pela criança. Para tanto basta lembrar que a criança nasce com o gosto ou sentido do paladar como uma tábula rasa ou lousa em branco. Ela aprende a ter prazer com o salgado ou o adocicado, se a ela for oferecido tais aditivos em qualquer alimento. É inadmissível e gesto de insanidade dar a uma criança abaixo de 5 anos toda forma de suco natural (da fruta, não industrializado) com açúcar ou mel e outras guloseimas contendo sal como biscoitos, bolachas, e salgadinhos.
Tais práticas, de alimentos com aditivos de açúcar ou sal em crianças de baixa idade,  constituem atitude condenável  de pais, babás, responsáveis , creches e escolas .  Uma criança e adolescente oriundos de uma família com estilos de alimentação errônea, hipercalórica e desbalanceada se tornam fortes candidatos a obesos crônicos e intratáveis; os tão encontradiços obesos mórbidos.
A obesidade constitui hoje uma pandemia de difícil controle. Trata-se de uma doença que não se encerra em apenas um biótipo de muita restrição e discriminação psicossocial e rejeição  do acesso ao mercado de trabalho;  mas em uma entidade mórbida com um amplo espectro de comorbidades( hipertensão, colesterol alto, diabetes) de permanentes impactos na qualidade e expectativa de vida de seus portadores. 
Como mensagem final, eu , como médico cardiologista, diria aos obesos de difícil controle. Cada um pode ser um obeso(a) saudável e feliz. Dieta não significa passar fome. Pode-se alimentar bem e estar sempre saciado com alimentos de baixa caloria, pouca gordura e manter todos os indicadores de boa saúde normais; como as taxas de colesterol, de açúcar(glicose) e pressão normal;  tendo inclusive a prática regular de atividade física. Quantas pessoas crescem e vivem de bem com a saúde e com a vida, sempre acima do peso? Quantos idosos obesos de 80, 90 , 100 anos não temos à nossa volta. Sempre foram obesos assumidos e normais. Essas pessoas provam que cuidando-se bem ,  fazendo consultas e revisões médicas regulares, etc, o excesso de peso  se torna um mero detalhe da silhueta corporal.   Maio/2016.

OS X, Y, Z

OS CLASSIFICADOS E OS SEM CLASSE
João Joaquim


Uma das ocupações permanentes da humanidade é a classificação das coisas. Porque de fato esse expediente dos humanos facilita a comunicação, o entendimento e compreensão de nossa própria existência. Aliás, tal maneira da relação entre os seres e animais iniciou lá no Éden , quando Deus deu nome aos bichos. Os mamíferos, os anfíbios, as aves, os irracionais, os répteis e assim em frente.
 Nós homens e mulheres fomos classificados de racionais. Darwin e seus seguidores adotaram os termos aptos, e mais aptos, os mutantes e não mutantes, adaptados e desadaptados  e assim até o fim do mundo.
Por falar em seguidor, olha aqui uma classificação dantes , de sempre e que  agora  ganhou energia e corpo na era da hipermodernidade. Desde a antiguidade tínhamos os seguidores de Abraão , de Moisés, de Confúcio, de Buda. Nasceu o salvador e passamos a ter os seguidores de Jesus Cristo. Já em tempos da era industrial tivemos os seguidores de Stalim, de Mussolini, de Hitler etc. Temos aqui no Brasil os seguidores de um Edir Macedo, de Lula, de um Prestes, de um Ustra, de um Bolsonaro.
Na época da hiperconectividade, voltamos aos tempos dos seguidores. São aqueles que de forma ininterrupta( todos on-line e grudados nas mídias) acompanham os classificados ídolos, heróis, expoentes desse e outro segmento social, profissional e díspares  setores desse mundão de meu Deus e de todos os humanos. E aqui à guisa de alguns desses filões de ídolos e heróis podemos lembrar os ídolos e heróis, que  por  alguns dias ou  meses se passam como tais , de algum  BBB da Rede Globo,  e reality shows de outras emissoras; de algum galã da novela das 21:00 horas; de algum craque milionário do futebol; de um cantor sertanejo ou funk etc. Ou seja; o que não faltam são os seguidos e seguidores. Os “amigos” e usuários das redes sociais sabem muito bem o que seja ser seguidor dessas e outras personalidades.
Por falar em classificação, da mania dos segmentos da sociedade civil em classificar as coisas e pessoas, eu não posso omitir-me numa nominação   de gente. Ela surgiu na hipermodernidade. Todos já ouviram falar na chamada geração X; tal classe X refere-se àquelas pessoas nascidas antes de 1980. Mais especificamente antes da internet. Eu por exemplo. Nasci nessa leva de pessoas. Em meus tempos de colégio, telegrafia e datilografia eram aquisições de luxo. Telefone fixo era recurso da burguesia e indicador de status socioeconômico. Respeitar os pais e mais velhos era educação vinda do berço.
Quanta diferença dos classificados de última geração (de que falo já). Hoje telefone celular é objeto descartável. O jovem moderno pode ter quantos números, de quais operadoras desejar. De cada número se compra um chip no camelódromo. Não há nenhum controle de qualquer órgão governamental. O número de celulares ultrapassou em muito o de habitantes. O IBGE já desistiu de contar. Virou pirataria nacional. Com a internet veio a classe da geração Y. São os nascidos entre 1980 e 1990. Iniciou-se a turma ou galera dos conectados. No começo era a sociedade dos internautas, dos chats, dos amigos do Orkut e dos  e-mails. Os jovens Y, ainda o são, 25 anos a 35 anos, ainda liam ou digitavam mensagens, trocavam ideias por conferências e chats on-line etc.
Com a eclosão das redes sociais, a partir dos anos 2000, surgiu uma nova classe de pessoas, a geração Z. Se alguém lembrar de zero não está de todo errado. Z também de zoar, de azarar, de zoeira .  Muitos jovens da geração Y migraram para Z; haja azaração.
As tão massificadas redes sociais; facebook,  whatsApp,  twitter e instagram; são as que deram azo e asa à geração Z. Se a geração y foi a responsável pelo chamado internetês, a Z enterrou esse dialeto. Toda a comunicação agora é audiovisual. Ninguém mais digita, tecla ou lê.
Tudo se resume a um toque. Só áudios e imagens para tudo. Será que virão outras gerações. O pior é que acabaram as letras do alfabeto. Bom! Pode-se recomeçar Z1, Z2.....
O que remanesce de certo e merencório é que os atributos dos jovens X se tornaram algo careta e motivo de mofa e desprezo para a garotada e jovens classe  Y e Z. Vivemos tempos onde filhos mandam e escarnecem dos pais e professores, quando não os agridem moral e fisicamente, se julgam no desplante de ter privilégios, de ter os melhores pertences da moda como tênis, comidas das melhores e roupas de grife. Civilidade , cidadania, estudo e trabalho  passam longe de seus ideais.   Parecem mesmo um zero à maneira comunista.    Maio/2016.

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...