domingo, 31 de julho de 2016

HOMENS QUE MATAM.. POR...

NAMORA-SE POR AMOR E MATA-SE POR AMOR
Só a Besta Humana Mesmo!


João Joaquim

Lenda ou alegoria, o certo é que a concepção divina do homem é alguma coisa sublime. A narrativa simbólica do Éden está na consciência coletiva das pessoas. Pouco importa a religião e o Deus professado. O mais significativo e simbólico é aceitar que um ser onisciente e onipotente deu início a tudo, transformando o caos primitivo em toda essa obra prodigiosa que é o nosso universo. É bom lembrar que podem existir outros universos. Seriam então os multiversos. Em se tratando de Deus tudo é possível.
Como se deduz logo, a relação do homem com a mulher é uma verdade ontológica, filogenética, criacionista e evolucionista. Qualquer que seja a teoria, esse vínculo , esse liame dos dois sexos sempre existirá. A questão maior aqui abordada volta-se para a perturbação, os conflitos dessa aliança, que deveria ser de puro afeto, amor, carinho, zelo de um pelo outro; mas não é assim dantes, agora e sempre.
Diz então a narração da criação (Gênesis) que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. E viu então que essa criação resultou bela e perfeita. Mas, faltava alguma coisa, a mulher, aquela companhia e oposta sexual do Adão. O diabo é que a Eva, meio displicente e muito curiosa se deixou ser ludibriada pela sagaz serpente e sabemos o resultado do enredo, ela não resistiu e mordiscou a fruto proibido, fazendo irromper a ira do senhor.
Enfim são questões alegóricas e religiosas apenas para lembrar as relações conjugais daqueles e de nossos tempos.
Revendo e assistindo às relações humanas de nossos tempos ficamos a pensar, como o espírito de satanás continua a permear e martirizar os laços conjugais das pessoas. A história shakespeariana de Romeu e Julieta, e algumas outras de amor eterno, de juras e cumprimento de amor único , do começo ao fim, soa hoje, algo utópico e puro delírio ou ilusão, tais são as desavenças e conflitos dos casais.
A banalização e violência na vida dos casais de hoje atingiram características e níveis inauditos. Primeiro a questão da banalização. O que seria o ideal e excelência numa relação a dois? Que esse contato e interesse pelo outro fossem regidos pelo respeito, pela generosidade, cuidado e proteção. Pouco desses atributos e virtudes é praticado pelo homem e pela mulher. Todo namoro e casamento ou a chamada união estável dos casais( homem /mulher) deveriam ser cultivados por esses princípios iniciais e durar o quanto fosse bom, agradável e produtivo para os dois. Se chegou a um ponto, não deu certo, não queira torturar, maldizer ou matar o outro. Cada um tem o direito de uma 2ª chance à felicidade a dois.
É intrigante e curioso constatar o quanto esses valores de humanização nas relações têm perdido o seu sentido nessa era da internet e das tão massivas redes sociais. Cada vez mais nossos jovens vêm perdendo os vínculos afetivos, a prática do amor, da generosidade e cuidado de seu cônjuge. Cada dia mais se vê a perda de identidade nas “relações amorosas”. A regra vigente e da moda é o “ficar”, os encontros fortuitos, sem compromisso afetivo sério.
Uma segunda questão seriíssima que tem dominado as cenas de nossa sociedade e das manchetes de jornais refere-se a violência contra a mulher nas relações. O adjetivo conjugal aqui se revela até como força de expressão, dada a superficialidade das relações . “Contra a mulher” também encerra uma expressão emblemática por ser ela (mulher) a principal vítima. O homem, minoritariamente, também é vítima nas relações a dois. Se o feminicídio prepondera, de vez em quando vimos ocorrer também o “ hominicído”.
Uma das explicações do agressor ser o homem é o senso coletivo e ancestral do machismo, do domínio do mais forte sobre o mais frágil (mulher) e uma certa cultura de menos-valia, servilismo e submissão da mulher em relação ao homem. Sensação algo retrógrada e inaceitável nos dias de hoje, no estágio de cultura e desenvolvimento no qual nos encontramos.
Quando visitamos detidamente a história e as relações do homem com a mulher, temos a oportunidade de constatar que a violência, a agressão, a exploração da mulher sempre existiram. Tal violência aqui diz respeito ao foco na mulher como objeto de satisfação carnal, em uso sexual e exploração nos mais variados níveis de desejos e instintos.
O que se presencia hoje perpassa muito os limites da razoabilidade, do sensato e do afeto nas relações a dois. Assistimos, diariamente, aos referidos crimes passionais e casos em que diante de um término de um namoro ou separação o sujeito( o homem em geral ) inicia uma perseguição, ameaças, agressão moral e física e assassinatos. E não são poucas as vítimas desses sociopatas e predadores. E o que tem sido pior, a justiça e a lei Maria da Penha pouco têm feito para proteger as vítimas desses diabólicos agressores.   julho/2015

A VAIDADE E AS PLÁSTICAS

 VAIDADE DAS VAIDADES E AS MORTES  EM LIPOS E CIRURGIAS PLÁSTICAS
 
"Vanitas vanitatum et omnia Vanitas" (Vaidade das vaidades, tudo é vaidade) Eclesiastes
Na mitologia grega, foi dessa justificativa que se valeu o soberano do Olimpo, Zeus, imbuído de convencer seu irmão, Hades, a aceitar presidir o reino dos mortos: “Governarás sobre um reino no qual, a todo instante, não cessará de chegar novos súditos”.

 João Joaquim  
 
Têm sido muito recorrentes nos noticiários os casos de morte de pessoas que se submetem a alguma cirurgia, notadamente cirurgias plásticas, estéticas e lipoaspiração. Neste ensejo, julguei por bem,  esclarecer algumas questões nessa matéria de mortes no curso de qualquer cirurgia.
Temos em medicina dois tipos de  intervenções , a chamada cirurgia eletiva e a de urgência. A eletiva é aquela em que se pode programar o seu procedimento. Uma hérnia inguinal ou plástica por exemplo. Uma apendicite ou muitos traumas (fraturas ósseas por exemplo) são exemplos de cirurgias de urgências; quando feito o diagnóstico o procedimento se impõe de imediato pelo risco de agravamento e  morte.
Além dessa classificação de natureza temporal, eletiva ( a que pode   ser adiada) e de urgência (tratamento imediato) ,ainda se classificam as intervenções pelo tamanho e complexidade do procedimento; levando-se em consideração nesses casos, a anatomia, a nobreza do órgão e as condições de saúde do paciente. Nesta presente tipificação existe, grosso modo, as cirurgias de porte I a IV (tamanho do procedimento).
Como exemplos desses portes: uma cirurgia de pele ou catarata quase sempre é porte I, pelo seu baixo risco, mesmo que a pessoa tenha por exemplo uma diabetes, hipertensão ou cardiopatia. Já uma cirurgia de aneurisma cerebral, embora a aneurisma em si seja uma estrutura de 5 mm, máximo 10 mm, o risco é alto pela sua localização intracraniana e intracerebral. Neste procedimento neurovascular com um eventual ou mais agravantes: ele pode se dar em caráter de urgência, se houve uma ruptura e derrame cerebral. Uma cirurgia de tórax ou ponte de safena no infarto são exemplos de cirurgias porte IV( grande cirurgia).
 Uma estratégia ou planejamento fundamental em qualquer cirurgia se chama risco cirúrgico. Também chamado pré-operatório. Nada mais é do que uma avaliação sistêmica do indivíduo a ser submetido a uma cirurgia ou mesmo outro procedimento invasivo.  A primeira etapa nesse cuidado é feita pelo próprio cirurgião. Afinal, todo cirurgião  antes de tudo é  “ um médico”, com uma compreensão básica global do corpo humano. Diante de uma consulta e exame físico e poucos exames o profissional assistente( cirurgião ) terá  uma boa análise das condições de saúde e grau de risco do paciente a ser operado.
 Um segundo especialista indispensável na segurança e avaliação em qualquer cirurgia é o cardiologista. A maioria das mortes e complicações no curso de todo procedimento invasivo (exames, endoscopias, terapêuticas, cirurgias, lipoaspiração) tem como causas as complicações cardiovasculares. Entre essas, as crises hipertensivas ou hipotensivas, as arritmias, o infarto do miocárdio, as anóxias e parada cardiorrespiratória. Uma temível intercorrência em cirurgias é a infecção hospitalar. Ela é de natureza muito grave pela resistência antibiótica  das bactérias desse ambiente. O indivíduo pode internar para retirada de um cisto sebáceo e morrer de pneumonia hospitalar. 
A avaliação pré-operatória com o cardiologista encerra muito mais do que uma simples consulta e eletrocardiograma. Essa quantificação e classificação de risco envolvem algumas dúvidas : que outros exames são necessários? Quais medicamentos podem ou não ser mantidos no dia da cirurgia ? E  outras recomendações no sentido de eliminar ou minimizar as ocorrências no ato anestésico-cirúrgico. Conforme o paciente tenha ou não outras doenças de tratamento contínuo, se fazem necessários outros pareceres de risco cirúrgico . Como exemplos na diabetes(endocrinologia)  na asma brônquica(pneumologia), nas doenças renais(nefrologia).
Como de fácil conclusão as cirurgias de maior risco de complicações são as em caráter de urgência. As razões, por óbvio, são porque a gravidade das lesões não permite que se façam os exames pré-operatórios; e a natureza da doença ou traumas que ensejam a intervenção. Basta imaginar uma obstrução intestinal, uma hemorragia interna por trauma, uma ruptura de qualquer  víscera, etc. Muitas vezes o indivíduo é operado por exemplo com estômago cheio, e sem nenhum outro exame de suas condições de risco para uma cirurgia. Aqui, rapidez de atendimento e tempo são determinantes em salvaguardar a vida da pessoa. 
Por fim retorno a ideia inicial. Como reduzir as chances (riscos) de complicações e mortes em cirurgias eletivas? A primeira chave desta segurança está na dupla cirurgião e anestesista. Eles são os anjos da guarda e de branco do paciente. Na condição de bem qualificados em  ética  -este é um dado significativo-  e nas técnicas operatórias ,  eles adotarão todas as medidas para o melhor resultado da saúde e vida do paciente. Faz-se útil lembrar que nem  o tamanho do hospital, nem a fama da cirurgião são garantias de ótimos resultados em qualquer  cirurgia. O mais importante se tornam o zelo, a qualificação ética e formação do profissional responsável pelo paciente, que por seu turno buscará os integrantes mais qualificados e  a mais acreditável instituição onde se dará o procedimento. 
Dois outros quesitos são fundamentais , e daí reiterados,  em uma cirurgia: a colaboração do cardiologista na avaliação do grau de risco e o hospital onde vai ocorrer a cirurgia. No quesito hospital , são indispensáveis os seguintes recursos:  UTI, suporte para o correto atendimento de uma complicação cardíaca como arritmia ou infarto, parada cardiorrespiratória; e comissão de infecção hospitalar.
Por fim, como em toda relação profissional, é sempre de bom alvitre informar sobre o profissional cirurgião. Para tanto existem os conselhos de medicina em cada Estado e as sociedades de especialidades;  onde se pode buscar  o cabedal de formação do profissional e seu registro na especialidade praticada.  Qualquer procedimento invasivo, mesmo de pequeno porte , que seja apenas com anestesia local, traz uma risco considerável, levando-se em consideração muitas variáveis atinentes ao paciente e à equipe médica e hospital.    Julho/2016

EDUCAR EM SAÚDE - Dever do Médico

O MÉDICO COMO BOM OU MAU EDUCADOR EM SAÚDE
João Joaquim  


É de senso individual e coletivo que tudo aquilo que fazemos, que praticamos vem de nossa educação. O que é educação? É todo conhecimento que adquirimos com outrem. Isto é uma questão unânime, pacificada e ponto final. Alguém poderia lembrar do autodidatismo, do expediente de se aprender por si só. Mas, aqui entra aquele argumento de que uma primeira pessoa e antecessor registrou aquele conhecimento, aquele princípio ou regra etc.
Uma outra mente poderia ainda contra-argumentar: e quando se trata de um descoberta ou grande invenção? Vamos tomar o caso de alguns teoremas, leis da física, lei da relatividade de Einstein? A última explicação seria: todas as leis da matemática, da física ou da química não foram criadas pelo engenho humano. Todas são preexistentes em relação à inteligência humana. Todas as leis e relações do universo fazem parte de sua dinâmica, de sua harmonia, de uma inteligência sobrenatural, que para os que creem, nos quais eu me incluo, se chama Deus. Nós humanos, de forma interativa, e em cooperação uns com os outros (mestres, aprendizes e iniciados cientistas) é que chegamos a essas inter-relações das coisas, e dos seres químicos e físicos entre si, de todas as coisas existentes, do planeta terra e do cosmo. Ninguém inventou o princípio da inércia, a velocidade da luz, a lei da gravidade. Elas sempre existiram . São imanentes , eternas e imodificáveis. 
Deixo essa ideia inicial assim expressa e  não pretendo desta maneira me referir aos regulamentos do  cosmo, da terra, das águas, da flora ou  da fauna. Seria dissertar sobre coisas de que eu ignoro; e Sócrates já advertia: “ ajuizado serás não supondo que que sabes o que ignoras”.
 Por estranho que pareça quero tratar de outra forma de educação de nossa humanidade, de nossa sociedade e das pessoas;  deu-me em mente de versar e reversar sobre educação em saúde.
Tudo aquilo que fazemos e praticamos em saúde (pessoas comuns e profissionais ) é feito e praticado com que tipo de educação? Quais são as influências recebidas de toda prática, de todas as atitudes das pessoas nas questões de saúde? Para dar mais foro de clareza em matéria tão importante na vida das pessoas, vamos tomar o exemplo da automedicação. De onde vem tais ensinamentos? Vamos ao que dizem a historiografia, estudos e pesquisas sobre o tema.
Toda educação e práticas no tocante à saúde advêm de nossos antepassados. Isto se dá pelas crenças, pelos mitos, pelas experiências, pelos resultados empíricos repassados de geração a geração. Outro fator determinante na educação em saúde de nossa sociedade se refere à influência  dos estágios ainda precários  das ciências e da medicina até meados do século XIX, inicio do XX. Nesse período pré-científico( comparado ao que temos hoje em ciências médicas ) predominavam então o charlatanismo, o curandeirismo e a crença das pessoas em inúmeras afirmações e promessas de eficácia e cura de um sem-número de insumos e práticas terapêuticas. Práticas e terapias essas que persistem até os dias de hoje. Charlatões, videntes, falsos profetas, sacerdotes e curandeiros continuam a fazer sucesso até hoje. Em muitos rincões do Brasil e do mundo ainda se usam muitos linimentos, emplastros, unguentos, sanguessugas, benzeções , descarregos etc. 
Por fim, há um agente, um profissional que tem papel decisivo na educação sanitária de nossa sociedade e das pessoas. Referimos então ao próprio médico. Não há nenhuma dúvida ou dissenso de que o médico é o grande educador em saúde. Muito do que as pessoas praticam de errado ou de certo com sua própria saúde resulta de uma informação distorcida, equivocada e antiética do próprio médico. E aqui entra o fator pessoal e o fator institucional da formação profissional. No âmbito pessoal temos desde o indivíduo que pratica as profissões de forma ilícita( falsidade ideológica ) até aqueles que deliberadamente, por questão de caráter , são maus profissionais. Grande parte dos charlatões têm diploma, e esses são os mais perigosos porque têm a chancela de alguma faculdade.  Tal prática se dá desde o vendedor de remédio em alguma farmácia, à pirataria de muitas terapias fajutas , nas esquinas das cidades e agora pela Internet. Procure qualquer remédio nas redes sociais, existem para todo gosto, desde os para impotência sexual até pílula do câncer .
O papel de profissionais de saúde . Para tanto basta pontuar algumas situações nas quais o médico se torna o responsável. Nas questões de diagnóstico. Quantas pessoas não têm uma percepção e informação errada ou falseada de causa deste e outros sintomas ou doença? Nunca foi o paciente que se autodiagnosticou, o médico é que lhe incutiu tal rótulo de doença. Por que a  prática de muitos clientes saudáveis  ou com sintomas vagos e banais  em submeter a tantos exames? Culpa dos médicos que os  solicitam sem critérios na sua prescrição .
 Muitos procedimentos são feitos sem  os itens  clínicos de uma boa consulta e exame físico meticuloso. O bom médico é aquele que ouve bem, vê bem,  e toca o paciente. Desse expediente surgem os diagnósticos mais acertados.  Todo médico antes de colocar o estetoscópio no doente deveria praticar a chama escutatória ( ouvir as queixas do paciente). Depois, sim, viriam as perguntas, o exame físico e por fim algum exame complementar. O nome já é bastante sugestivo, complementar ao ato da consulta.
 Hoje, existe uma tendência inversa. O cliente sai da consultório com uma listagem de exames. Fazem-se desde dosagens de arsênico, de sódio, de potássio, de inúmeros elementos que o próprio médico desconhece qual função no organismo humano . Além dos exames de imagens tipo  doppleres , ultrassons, tomografias, até impedanciometria corporal.
 São baterias de exames, que às vezes resultam todos normais. Muitas vezes faltou ouvir melhor e tocar o paciente. Nas questões psicossomáticas por exemplo, quantas queixas se podem curar com uma simples e boa relação médico-paciente! As tão populares papoterapia, escutoterapia, orientoterapia.  Muitos médicos ainda têm uma certa aura da infalibilidade( lembra o papa de antigamente), de achar um deus, um sabe-tudo . Sejam humildes, e entendam suas limitações. Nada feio,  nada desairoso ou desqualificante. Todo conhecimento tem limite. Para isso têm aqueles que sabem mais e podem nos socorrer. Qual tal ?
Por último, a tão difundida automedicação, desde analgésicos, antibióticos aos já tão populares calmantes e antidepressivos. Como as pessoas praticam essas automedicações? Obvio, com as receitas controladas feitas pelos médicos “bonzinhos e amigos” dos usuários. Também pela Internet, através dos  charlatões, e tantas farmácias de cada esquina. O que existe hoje de pessoas usuárias de um rivotril, de lexotan, de paroxetina, de fluoxetina, de citalopran;  virou paronoia e uma rotina.
Ou seja, quem deveria dar a melhor educação em saúde, se torna o pior educador para as pessoas, o próprio médico, que ironia. Quão triste!  julho/2016.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

BICHOS E GENTE

A ANIMALIZAÇÃO DOS HUMANOS
Joao joaquim

Eu escrevo este artigo com a cabeça em uma revolução. Engana quem pensou na revolução de março de 1964 das forças armadas brasileiras, na revolução cubana de 1959 de Fidel Castro, na revolta constitucionalista de 1932 contra Getúlio Vargas, na revolução dos cravos vermelhos (Portugal 1974), na revolução da terra (eterna revolução). Os que pensaram nessas e diferentes  revoluções erraram todos.
Acertaram quem pensou em uma revolução menor. A dos bichos de George Orwel. Menor em seu enredo, em seus personagens, mas atemporal, quando a questão é a relação do bicho homem com os outros bichos. Sabe daquelas obras que têm a fortuna da vida eterna, essa de Orwel é uma delas. E veremos por quê!
Eu começo e termino com este axioma: “ a humanização dos animais se tornou uma tendência irreversível”.
Tal frase foi dita por um empresário de pet shopping na Band News São Paulo. E ele há de me perdoar por não lembrar o seu nome. Admirou-me uma explicação desse empreendedor de negócios ligados a “animais de estimação”. Disse o explorador desse filão de clientes: ”cachorros (animais de estimação) antes eram criados da porta da cozinha para fora. Agora é o contrário, eles são criados da cozinha para dentro da casa. Eles sentam na tapete, na mesa, nos sofás e dormem com os donos”. Segundo pesquisas, o Brasil tem mais de 130 milhões de animais de estimação ( cães e gatos ). O mercado especializado faturou mais de 18 bilhões de reais em 2014, não há crise no setor.
É muito compreensível a entusiasmada fala de tal empresário e gestor de tão milionário negócio em que se tornou o mercado de ração, produtos farmacêuticos, de higiene, de beleza, de  íntimos e outras quinquilharias que atendam aos desejos e vaidades dos que estão na posse dos melhores amigos do homem, os canídeos em especial.
Eu recomendo aos que detêm a guarda de qualquer animal de estimação, que leiam essa simbólica criação alegórica de George Orwel, A Revolução dos Bichos. Ele é o mesmo autor do livro Big Brother, que originalmente se chamava 1948, tornou-se 1984 mais tarde e depois virou Big Brother. Grande irmão era o sonho de um déspota que queria vigiar e dominar todos os seus súditos.
 Obra esta que inspirou o programa global, big brother , de mesmo nome aqui e alhures. Embora de gosto duvidoso e polêmico, a ele ( o BBB) têm milhões que assistem e fazem de suas baixarias e vilezas um entretenimento em suas horas de ócio noturno ou mesmo diurno (24 horas/dia).
 Assistindo ao que é hoje as relações dos humanos com aqueles bichos-personagens( revolução do bichos) do título fico a pensar o quanto ela é atual. No enredo, só como pistas, os bichos fundam a sua sociedade, sua república e passam a uma posição de ascensão sobre os homens que tanto os exploraram e os escravizaram. Os bichos são representados principalmente por porcos. Bem, falando em porcos, esse bicho não sei por que tem o estigma de lambão, de sujismundo, de imundo. Vamos comparar por exemplo um banheiro ou mictório de rodoviária ou logradouros públicos, do bicho homem ,  a uma pocilga. Qual local se mostra mais putrefato e pestilento?
É aquele princípio e aposta do quanto algumas criações literárias podem ganhar relevo, simbolismo e duração perpétua. Uma pena que  num país de poucos e minguados leitores como o Brasil o livro não seja mais lido e mais conhecido. A alegoria de “ A Revolução dos Bichos” é semelhante ao mito (lenda) da caverna, de Platão. Onde uma legião de pessoas( ignorantes e explorados) permanece nas trevas e na obscuridade, sendo explorada por outros que tem acesso à luz solar (sabedoria).
Torno-me ao tema relação das pessoas com animais. Quando vemos nos dias atuais animais enjaulados e engaiolados nos zoológicos, confinados em apertados apartamentos, tolhidos e contidos em suas coleiras pelas vias públicas; etc; não têm como não captar os seus pensamentos, desejos e instintos em querer mudar de lado e fazer de seus donos, os seus animais de estimação. Seria a vingança dos animais.
Já imaginou o sujeito, um jovem, uma bela jovem, uma elegante madame ter restrição na liberdade de ir e vir, ter um cardápio monótono e insosso e ser de vez em quando contida numa coleira. Assim  é a vida dos chamados bichos de estimação .
Seria a vingança dos bichos. Um alfa desses animais começaria então sua entrevista talvez “ não  com a minha frase inicial, mas com essa: “ A animalização dos humanos se tornou uma tendência irreversível”. Que o diga os ursos e onças enjaulados em zoos, os pássaros canoros presos em gaiolas, os cães que têm míseras meias horas por dia para passear em coleiras e subjugados com outros dispositivos dessas indústrias do ramo. Já pensou muitos bichos levar um vida de cachorro em nome dos mimos, dos folguedos, da satisfação e gozo  dos próprios donos!

João Joaquim - médico - articulista DM face/ joao joaquim de oliveira

GENTE OU PORCOS..

 PORCOS, BESTAS-FERAS E  IRRACIONAIS
João Joaquim  


Eu estou pressuroso, afanado, esbaforido em saber quem classificou o homem (gênero humano) de animal racional. Não, pessoal, isto não tem condições de prevalecer nos dias de hoje, século XXI, era digital e da informática , da informação e da deformação humana em condutas as mais diversas.
Não me venham com aquele papo e argumento que a coisa teve início com a história de Adão e Eva lá no Éden. Como refere a narrativa ,a razão de Eva mordiscar e degustar o fruto proibido foi a serpente. E daí começa a dúvida, quem foi mais irracional? A mulher ou o ensinamento do ardiloso ofídio?
Não me venham também com justificativas de taxonomistas da estatura de um Aristóteles (384-322 a.C ) nem de um Linné (1707-1778).
O que eu quero é que tal nomenclatura ou taxonomia seja revista. Ou que ao menos seja revisitada e haja uma nova sistematização. Assevero neste ponto porque não tem  a mínima condição de em pleno século XXI , a era da chamada hipermodernidade, todos, homens e mulheres indistintamente sejam tachados de animais racionais. Proponho por exemplo uma subclassificação. Assim: super-racional, racional, sub-racional, medianamente racional, levemente racional , de racionalidade indefinida e irracional.
Assim, inicialmente delineado, vamos aos fundamentos. O que é ser racional? Pensar e agir conforme a razão. Ponto final. Para mais clareza, o que vem a ser razão? Algumas noções simples de serem cristalizadas em nossa memória : é a capacidade de um animal (o homem é um animal ) de compreender, julgar uma ideia, um objeto, um feito qualquer. É o mesmo que juízo, prudência, bom senso. É a faculdade que eu e você temos de avaliar o que é o bem e o mal, o que é certo e errado; de considerar em cada atitude o que seja benéfico para mim e para o outro, o que é bom para o que vem depois de mim em um assento público, em uma mesa de restaurante, em um bebedouro, em um quanto de hotel, em um banheiro público etc.
Eu vou resumir dois fatos de que sou testemunha do quanto existe de gente irracional entre algumas pessoas racionais e outras poucas muito racionais.
O primeiro fato muito corriqueiro de que todos no Brasil puderam um dia  ter dele sido vítimas. Eu estava caminhando pelo Lago das Rosas(que aliás não tem mais rosas), um dos cartões postais de Goiânia. Precisei de um pit stop para um alívio vesical, a popular retirada d’água do joelho. Para isso avistei um banheiro no interior do parque e busquei-o para tal necessidade. Esse, que deveria ser um toalete , não tinha as mínimas condições de uso. Imaginem a fetidez e exalação putrefata de fezes humanas e outros excrementos de dois, três dias. Além da pestilência do ar e do ambiente, pululavam moscas e mosquitos num cenário o mais macabro e virulento em termos de imundície e insalubridade. Todo esse cenário de absoluta degradação de higiene, e de incivilidade, não precisa dizer, se deu   por gestos, atos e atitudes de quem? De humanos. Humanos que  se aliviam de suas necessidades fisiológicas e deixam seus excrementos à vista no mais alto grau de repugnância , contaminação por coliformes fecais e outros microrganismos nesses excrementos em avançado estado de podridão e proliferação de agentes patogênicos para todos os desgostos e para desgraçar a saúde de quem precisa desses bens públicos.
Nesse virulento e macabro banheiro público que deveria servir a todos duas observações; uma, a de quem deixa tal ambiente em tal estado; a outra, a da Prefeitura de Goiânia , que não fiscaliza e deixa um bem público em tal estado de repugnância e risco às pessoas, mesmo sem  usar tais sanitários. Todos os entes públicos de governos são muito eficientes para cobrar tarifas e impostos do cidadão , mas para o bem social de todos, pouco, muito pouco mesmo é feito de reciprocidade.
O segundo fato bem público ao Brasil e ao mundo foi o estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, maio de 2016. Uma horda de energúmenos e vagabundos, sedam e dopam uma jovem de 16 anos e a violentam, seviciam, estupram por horas a fio. Mais que isso, eles gravam as cenas com termos ignominiosos, chulos e obscenos relativos à vítima e postam nas redes sociais. E atenção! A polícia ainda hesitou se deveria prender ou não tais criminosos! Houve quem levantou  a possibilidade de ser a vítima a culpada de tudo. Lembrei-me de Raul Seixas que disse certa vez: “ pare o mundo que eu quero descer”
É com base nesses dois e muitos outros fatos que eu faço reverberar pelos quatro cantos do planeta essa minha queixa. Precisamos de uma nova taxonomia do bicho humano. Isto porque perante o que se pratica, nem todas as pessoas podem ser classificadas como racionais. Imaginem se alguns irracionais pensassem diante do que fazem alguns humanos. Imaginem! O quanto de urros e zurros ouviríamos como queixas porque chamamos tais bestas e feras de irracionais.
Esses dois tipos de gente , os porcos dos banheiros públicos e os sacripantas estupradores de menores, não merecem o título de racionalidade.  Junho/2016.  


João Joaquim - médico - articulista DM 

PESSOAS E CONSTRUÇÃO

A CONSTRUÇÃO DA PESSOA HUMANA
João Joaquim  


Pode parecer uma analogia ou comparação simples, mas faz sentido para melhor entendimento do que é o animal humano . Podemos imaginar a concepção, nascimento, criação e formação do indivíduo ao projeto e construção de um imóvel. Vamos imaginar uma casa qualquer. Primeiro passo, como preceituava Platão, o proprietário idealizaria esse imóvel. Como defendia o grande filósofo a realidade original e autêntica, primeiro, se faz na mente. Tudo o mais são cópias próximas àquelas imaginadas (princípio dos arquétipos).
No caso do imóvel, tem-se então o desejo, contratam-se engenheiros e arquitetos que vão elaborar o projeto, a planta, os cálculos, as dimensões e as estimativas do quantum monetário e quando aquela construção estará pronta. Complexo tal feito? Sim , mas que ao final, a obra supere até as expectativas de seu dono e as demais pessoas beneficiárias  da casa. Ou ao revés, sair uma obra que não satisfaça aos sonhos e expectativas de quem encomendou a obra; uma construção  malsucedida.
No respeitante ao ser humano o processo se dá, ou deveria sê-lo da mesma forma. O que seria a excelência ou perfeição na criação( ideia)  e construção  do indivíduo? Que, primeiro, ele tivesse a sua concepção no campo dos desejos, mente e coração dos pais. Nessa circunstância, na comunhão das ideias e desejos de um homem e uma mulher. Talvez aqui estejamos na teoria do encontro e existência das almas gêmeas, no conceito do próprio Platão.
Vá lá que seja rara essa possibilidade, a coincidência das classificadas almas gêmeas. Mas, pode-se buscar a confluência de sentimentos e desejo os mais  próximos disto. Nas palavras de Max Weber “ o homem não teria alcançado o possível se tantas vezes não tivesse tentado o impossível ”.
Vamos imaginar então um casal que idealize a concepção de um filho. A exemplo de uma casa, tudo pode ser devidamente planejado, que se inicia na fecundação, gestação com acompanhamento médico pré-natal, nascimento, criação biológica e todo o processo educacional. E façamos aqui uma distinção entre criação pura e simples e educação. Criação se faz no campo biológico como de qualquer animal. Educação envolve um processo de longo prazo, onde os pais (como engenheiro e arquiteto) têm um papel vital. A escola fará um suporte suplementar de educação ,  cultura e formação técnico-científica. Toda a aptidão moral, ética e cívica quem o faz, boa ou má, é a família, são os pais desse indivíduo( como se engenheiros e arquitetos de uma obra física).
 Por isso a comparação muito pertinente e paralela entre a criação e construção da pessoa humana( fertilização até a vida adulta) com uma obra de engenheira desde a sua fundação (fecundação da obra) até o seu arremate na parte arquitetônica, de estética e funcionalidade.
O indivíduo como sujeito ativo, participante do mundo, da sociedade à sua volta, da família que o concebeu, o  criou e o educou terá em definitivo as marcas e atributos do seu projeto de criação. Na pessoa se aplicam os mesmos princípios e cálculos da fundação e estrutura interna e exterior de um prédio.
A construção de cada um de nós começa na nossa fecundação. Tudo o mais que se espera de uma pessoa tem esta estreita conexão. Nossa integridade física, nosso bem estar orgânico e emocional, nossa felicidade, nossa integridade moral e de caráter, nosso papel como um animal ativo, inteligente e produtivo. Todos esses atributos serão fruto de todo o projeto construtivo de nossos genitores (pais). Basta que nesse sentido e planejamento, eles (pais) tenham agido como bom engenheiro e bom arquiteto.
Assim pensando e refletindo fica a pergunta: será que os casais de hoje;  nas questões de paternidade  e maternidade , na concepção e geração de filhos; andam construindo casas, prédios ou  castelos em areias movediças ou  em rocha firme?  Pelo que vimos e ao que assistimos em nossa sociedade brasileira, fica fácil a resposta. junho/2016.

 João Joaquim - médico - articulista DM - www.drjoaojoaquim.com  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

AEIOU...

AÉCIOU OU.....


João Joaquim


Aécio ou...Quem lê esse início de frase pensa que vou falar de política. Longe disto, pelo menos neste texto. Não disseste logo, ninguém adivinharia do que vou tratar. Tente sem ler o resto do texto e veja se acertará. Aécio ou?
Quero falar um pouco de linguagem. Não no sentido de comunicação, de retórica. Também longe disto. Quero simplesmente fazer homenagem, nominalmente, a essas cinco letrinhas, aeiou. O c entrou só para eufonia  e virou aeciou .  Pode ser que no futuro surja o verbo aeciar . Aí sim vai depender dos rumos da nossa Política que anda de ponta-cabeça e nosso senador e futuro candidato Aécio Neves. Falo então de nossas maltratadas vogais.
 Quão importantes são, apenas 5, e tão pouco homenageadas. Vejam o quanto elas representam em qualquer idioma. Tanto o são que vogal significa o quê? Voz, vocálico, que está em voga.
Na verdade, as vogais são de tal importância que uma palavra, uma expressão não existiria sem a sua participação. Elas são como que as escoras da alma do idioma. Falar delas aqui significa apenas dissertar  o seu lado estético, sua configuração e um pouco do que elas passam como símbolo, com o desenho peculiar de cada uma. E tal significado já existia em suas origens. 0 a por exemplo em fenício, que chamavam de aleph significava boi, o que nada tem a ver com o bicho como grafada em português. Os gregos a herdaram como alfa. Os romanos e outros povos a denominaram então como á. E assim se transmutou para o Latim e Português.
Uma questão que levanto aqui de imediato se refere ao espírito das vogais e de todas as letras como um todo. Seria no sentido parecido com o chamado Espírito da leis( vide obra de Montesquieu) , lei maior e lei menor; para as vogais adotaram a mesma filosofia. Por que o tal formato minúscula e maiúsculo?  Pura discriminação e mania de grandeza. Temos por exemplo o a. Ele mais parece uma chaleirinha bojuda com um rabicó, ou um anãozinho com obesidade abdominal.
Já o A, não. Ele pode até ter aquela megalomania das maiúsculas. Mas há quem diga que ele é um V decaído. É como se ele num pugilato tivesse levado um cruzado e pluft plaft  , virou de ponta-cabeça , perdendo o sentido de vitória.
Sobre o é, duas considerações a fazer. O minúsculo lembra uma elipse mal resolvida. Parece que se rompeu em um ponto e por vaidade se grudou fora da outra extremidade. O maiúsculo (E) é outro cheio das manias de superioridade. Tanto que basta um giro de 180º e torna-se  três. Três vezes valorizado (3  ).
Agora se tem uma vogalzinha desprestigiada, estamos a falar do i. Ela sempre se mostra aquele palitinho desmilinguido e desprestigiado;  com um detalhe, têm muitos que o desenham sem aquela bolinha na cabeça. Na verdade, imaginária, porque nem isso preocupou ao seu criador. O bom é que na maioridade ele perde o direito à bolinha, isto é, ao pingo no i. Ele tem um mérito , de compor aquele adágio: por os pingos nos ii. Ou seja, as coisas no devido lugar.
Em se falando de superioridade e vaidade não houve dessas com a vogal ó. Tanto no maxi como no mini ela mantem o mesmo “design”. O que me admira nessa vogal é aquele seu ar clássico, filosófico e circunspecto. Não é à toa que  a vogal  ó simboliza o  olho humano. Também uma bola, o sol, uma roda e outros objetos e corpos circulares.
E para avacalhar geral vamos à letra ú. O que fica de sugestão é que havia duas hastes de um metal flexível. Cortou-se um segmento e fez-se o u menor. Do restante, dobrou-se e surgiu o u em formato maiúsculo. E para finalizar o que fazem de confusão com o tal de acento no ú. Parece ser vingança com a pobre vogal porque ela mais espeta do que assenta alguém em suas duas extremidades superiores. É um tal de acentos trocados que é uma grandeza. Bem, imaginem essas palavras : bambu, Iapu, grajau, genipabu, urubu, angu, tatu , bau   . Afinal, quais têm e não têm acento? E falando em acento, deixe  eu me  levantar de meu assento e cuidar de assentar outras coisas mais sérias. Até . Junho.2016

João Joaquim de Oliveira  Médico Cronista do DM Goiânia Go  facebook/ João Joaquim de Oliveira   

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