quarta-feira, 21 de setembro de 2016

De Belos e Feios Rio 2016

LEGADOS E RENEGADOS DA OLIMPÍADA RIO 2016
João Joaquim

Enfim as olimpíadas Rio 2016 vieram nos mostrar as chamadas laranjas podres numa árvore humana em que se podem colher e admirar muitas outras; viçosas, apetitosas e capazes de saciar nossa fome de virtudes , de  honestidade e de  belezas humanas e tecnológicas .
A primeira grande laranja podre já estava prevista antes da chegada das delegações com os atletas. Refiro-me ao caso de doping dos atletas russos com a participação de órgãos do próprio governo soviético. Segundo vem noticiando a imprensa mundial  o uso de drogas ilícitas e proibidas, nas federações esportivas, pelos atletas do país era camuflado e ocultado com orientação do próprio ministério de esportes. Uma atitude altamente condenável e reprovável ao crivo da comissão antidopagem do comitê olímpico internacional (COI). Os competidores lá são vitaminados com anabolizantes.
Órgãos de imprensa acusam o próprio presidente Vladimir Putin, por omissão e conivência em episódio tão lamentável. Prática ilegal e abominável essa já ocorrida nos jogos de inverno, organizada pela própria Rússia em Sochi, em 2014.
São dignas de louvor, admiração e registro essa sempre rígida conduta e impecável  disciplina do COI no tratamento e condução das olimpíadas. Nunca se soube de qualquer ingerência, suborno ou corrupção desse órgão gestor de esportes amadores em 120 anos de sua existência. Ao contrário de outras laranjas podres como CBF e FIFA. Entidades estas mergulhadas recentemente em vários escândalos de suborno e corrupção no futebol; mais especificamente nas copas do mundo, organizadas pela Fifa,  a cada quatro anos. Com contribuição criminosa de cartolas brasileiros.
No caso concreto da Rússia, a olimpíada Rio de Janeiro 2016, será lembrada pela exclusão da equipe de atletismo. Ao todo 67 membros atletas. O alemão Thomas Bach, presidente do COI, foi objetivo, durante uma assembleia-geral, ocorrida no Rio. “ A chamada opção nuclear significa morte e destruição”. Bem entendido que “morte de uma parte da graça da olimpíada( atletas russos)  e destruição de resultados”( rendimento obtido com doping).
Atletas de outras modalidades da Rússia participaram das competições na Rio 2016. Mas, sempre com olhares de suspeição e desprezo de outros atletas, de outros países.
 Enfim, um expediente tão espúrio e desonesto do todo poderoso Vladimir Putin e seu ministro de esportes Vitaly Mutko bem justifica a punição recebida do COI. Que essa reprimenda e a exclusão do atletismo sirvam de exemplos para outras federações de outros países, inclusive para o futebol brasileiro, que através de ingerências de cartolas da CBF se beneficiou de subornos, corrupção, compra de resultados e outras traficâncias nada éticas na obtenção de vitórias e títulos de campeão em torneios nacional e pelo mundo (copas América e do mundo por exemplo).
Além da enorme laranja podre que foi o doping soviético foram-se colhendo outras laranjas também putrescentes e putrescíveis de nossa grande laranjeira que foi a olimpíada 2016, organizada pelo  Brasil, administração do Estado e Prefeitura do Rio de Janeiro. Foi uma boa oportunidade de mostrar ao mundo por exemplo nossa competência organizacional. A abertura por exemplo foi repleta de cores, tecnologia, e o mais significativo: um resumo de nossa História, desde a descoberta em 1500, nossa evolução e nosso estágio civilizatório.
Assim, podemos pinçar alguns fatos e ocorrências de nosso estado de civilidade, convivência e educação nas relações humanas. Quando se fala em esportes, não há circunstância mais propícia a demonstrar o grau e intensidade de educação  e de  gentileza de um povo. Nesse quesito por exemplo os torcedores brasileiros foram banidos de qualquer condecoração. Em muitas competições onde se exigiam silêncio e respeito à concentração dos atletas se ouviam vaias, xingamentos, termos chulos e de baixo calão. Gestos próprios de gente casca-grossa, toupeiras e trogloditas. Nesse quesito, parece que regredimos aos idos anos de 1500, primórdios de nossa civilização. Talvez nossos primeiros silvícolas e indígenas não fossem tão mal educados.
 E para fecho de mais algumas laranjas podres das olimpíadas organizadas pelo Brasil, podem ser citadas algumas nas áreas administrativas e políticas, no âmbito  em quesitos de transparências e honestidades dos gestores públicos. Ninguém se pasmará e se espantará, passada a olimpíada, se houver entre os legados, desvio de dinheiro público, malversação de verbas, registro de propinas e outras negociatas dos governantes, em fases pré, na vigência e pós-olimpíadas. No Brasil tais descobertas já não escandalizam as pessoas. Podem ser fichinhas perto de nosso Petrolão e Mensalão. Aliás, até nossa lei da ficha limpa já foi criticada pelo presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes. Ele referiu que tal lei pode ter sido criada por parlamentares ébrios. Agora quem julga prefeito ficha suja será a câmara de vereadores e não o tcu. Assim decidiu o nosso colendo STF.
E nas questões de segurança pública? Todo o Brasil reviu e o mundo todo viu o que significa o chamado estado bandido encravado dentro do Estado oficial. Fala-se aqui do chamado crime organizado. Comando vermelho, PCC e outras facções do gênero. Alguns  assaltos aos atletas e não atletas  foram registrados, o que não constitui nenhuma novidade na Capital carioca.
O registro mais dantesco e tenebroso foi um carro da força nacional que entrou numa vila sob o governo e administração de criminosos e traficantes. O carro foi metralhado, com a morte de um policial dessa guarnição que fazia a segurança das olimpíadas.
Agora escandaloso e pastelão foi o caso dos americanos Ryan Lochte e James Feigen. Eles, vindo de uma balada e bebedeira,  depredaram um posto de gasolina e fizeram  uma comunicação falsa de que foram assaltados. Ainda bem que nossa eficiente policia civil carioca, logo deslindou tudo. Que papelão! esses merecem a medalha ignóbel da olimpíada. Essa foi a maior micada da Rio 2016.
 Agora pensam os amantes de olimpíadas que nada no    COI é laranja podre? Relato duas. Primeira: O mundo e o COI tomaram conhecimento do doping russo, porque houve dois delatores. Yuliya Stepanova , velocista de 800 metros , e o marido, também atleta, denunciaram o esquema. Isto em 2014, jogos de inverno de Sochi.  Perseguidos por Putin, eles se refugiaram na Alemanha . O que fez o COI? Não permitiram que eles participassem das Olimpíadas 2016 . Uma injustiça . Deveriam receber medalha de diamante só pela denúncia que fizerem, e foram corajosos.
Segunda laranja podre do COI: a exemplo da FIFA, existem os milhares de voluntários que trabalham nas olimpíadas; sem nada receberem. Numa frase: Legal ? Sim, mas imoral e desumano. Deveriam tais trabalhadores , ainda que voluntários,  receber ao menos uma bolsa no período. E o pior , não podem ver os jogos , estão trabalhando o tempo todo. Os governantes de cada país das olimpíadas toleram tais imoralidades e injustiça . Foram descobertos também vários operários de empreiteiras de obras das olimpíadas, trabalhando em condições desumanas e sem registro em carteira. Inquéritos foram abertos para apuração de tais crimes trabalhistas.

Em conclusão, essa tão globalizada e bela olimpíada Rio 2016 serviu para mostrar as belezas do esporte limpo, respeitoso e solidário. Assim pensam todos em uníssono. Mostrou também nossa categoria em muitos coisas: incivilidade, desrespeito ao próximo, falta de  higiene, deseducação nas relações humanas e outros itens algo bastante  vexatórios. Que , faz bem se registrar, não é exclusividade do Brasil.  Foi assim nossa Rio 2016.   Agosto/2016.    

Pedagogia das olimpíadas..

MORAL DA HISTÓRIA DAS OLIMPÍADAS
Joao Joaquim

Entre algumas conclusões que me passaram as olimpíadas Rio 2016, uma eu destaco e é de grande relevo. Ela se encerra, pode-se dizer, em uma moral de uma história, que são  as próprias olimpíadas, desde o seu nascedouro. Tal moral tem um  cunho pedagógico.
Pedagogia de que eu prefiro, uma sumaríssima descrição para melhor compreensão. A etimologia é grega. Vem de paidos(criança) e agogos(condutor). Na verdade, antiga Grécia,  era um escravo ou servo que conduzia as crianças até ao professor ou mestre, no seu processo educacional. Por uma questão semântica, o termo ganhou o sentido de ciência e teoria de educação e ensino. A pedagogia hoje se subdivide em vários ramos. Um e outro cientista ou educador  defende a sua tese. Só para lembrar dois nomes: Jean Piaget, da França;  e Paulo Freire do Brasil. O desejável dessas correntes é que todas levassem à formação e educação plena do indivíduo, a partir do nascimento.
O maior legado que se pode deixar a um indivíduo é o seu processo educacional. E neste termo não quero incluir títulos de doutores ou mestres.  Se tais graus, de fato e de conhecimentos, forem alcançados tanto melhor. Educação, “lato sensu” deve ser entendida diferente de escolarização. Muitas vezes esbarramos com “doutores e mestres”, mas sem educação (leiam, ética, cidadania, moralidade). Antes ainda de chegarmos às olimpíadas, um pouco mais de educação. Eu sempre fui muito interessado e entusiasta do tema educação. De como, por exemplo,  andam nossas políticas em tão relevantes questões para a sociedade.
 Meu interesse maior . As escolas públicas na sua parte de estrutura predial, o seu aparelhamento, bibliotecas, laboratório; e talvez o item mais importante a figura do professor. E quanto mais lemos e nos informamos, mais céticos e descrentes nos tornamos com os governos de todos os níveis e os gestores públicos das referidas pastas. Quer um exemplo desse menosprezo e menos-valia para os nossos políticos? A figura do próprio  professor(a). Dele se exige muito, é mal remunerado e pouco ou zero incentivo em termos de aprimoramento na sua função docente.
Um registro que não se pode deixar de fazer: tal descaso e baixa valorização do professor (a) não se dão somente de parte das políticas públicas, vêm também da sociedade, nas pessoas dos próprios alunos e seus pais que têm o senso coletivo de que educação e escolarização são tarefas deles (professores) e das escolas. São questões anacrônicas e crônicas da idade do Brasil.
Um dia desses palestrava com uma jovem professora de ensino fundamental. Jovem, mas já com bom perímetro na profissão. Relatava-me ela que o nível de deseducação das famílias no Brasil está num grau tão alto  que os pais têm como que delegado os cuidados e ensinamentos mais elementares às escolas. São crianças de 8 anos, 10 anos que sequer sabem as atitudes e práticas básicas de higiene e alimentação.
Por que uma olimpíada encerra uma conclusão moral de que a melhor educação começa no berço? É simples, é de dedução acaciana e de clareza meridiana. Todos os competidores desses certames tiveram uma longa jornada, que se iniciou em baixa idade. Todos tiveram a pedagogia de um pai, da mãe, de um cuidador, de um bom professor, de um mestre. Todos, independentemente de medalhas chegaram à perfeição graças a um processo educacional precoce. Processo esse que exigiu dedicação primordial e decisiva da família. Foram e são anos de treinamento, perseverança e treinamento. São cidadãos e competidores que foram levados desde cedo aos mestres, ao treinamento, ao ensino das habilidades físicas e esportivas. Pura Pedagogia ( lembram ? paidos a agogôs, Pedagogia).

Vamos imaginar aqui algumas modalidades dessas competições. Um nado sincronizado, uma ginástica artística, um tênis de mesa, um salto em distância. Quantas repetições, quantos anos na mesma rotina para o alcance da excelência? Foram uma infância, uma adolescência, uma juventude inteira para se atingir o melhor, o arremate final e ponto máximo naquela busca  física e esportiva. A formação do indivíduo guarda esse paralelo com uma olimpíada. Ela começa na criação (crescimento físico e biológico), na alfabetização e educação (família e escola) e no constante treinamento e aprimoramento da pessoa. O certo é que ninguém nasce pronto e nem morre acabado. Todos temos um potencial para aprender mais e tornarmos melhores, qualquer que seja a idade de cada um.  Agosto/2016.     

Corrupção e Lixo..

A CORRUPÇÃO COMEÇA EM CASA E NA CALÇADA
João Joaquim  

Eu começo esta crônica por um fortuito encontro. Ele foi inopinado mas bem ilustrativo do tema proposto. Vinha eu de minha corrida matinal e deparei um porteiro, que fazia a varrição de um condomínio. A cena se deu ali na calçada mesmo. Cumprimentei-o com um bom dia e emendei: você está limpando a corrupção? Ao que ele retorquiu, não, estou juntando o lixo das folhas e das pessoas. E assim, em tom de pilhéria e de humor amarelo, complementei, esta é uma forma de corrupção!
No ato da pessoa deixar um papel, um resto de alimento, um copo descartável em sua calçada, passarela de todos, ela está, enfim e ao cabo,  cometendo a mais rotineira forma de corrupção. E finalizei o breve diálogo daquele encontro: estas suas vassouradas tinham que começar lá de cima, lá de Brasília de onde deveriam vir as melhores leis e os melhores exemplos. Com o mútuo sorriso de assentimento nos despedimos, eu dei seguimento à minha caminhada, o porteiro continuou  na sua faxina diária dos lixos deixados ao relento pelas pessoas.
A palavra corrupção, na sua origem latina, “corruptio” significa deterioração, decomposição física ou orgânica de alguma coisa, substância química, ou qualquer cadáver. No sentido figurado traz o sentido de degradação de valores morais, hábitos ou costumes. Traz também o sentido de subornar alguém (em função pública ou privada) em causa própria ou alheia. É o que se dá por exemplo com um gestor de serviços do governo. Ele pode se valer de informações confidenciais e numa atitude de inconfidente utilizar desses dados em proveito (lucro) próprio ou grupo de pessoas a ele ligado, num sistema de cartel ou quadrilha. São pedaladas para se apoderar do alheio.
De acordo com a transparência internacional, o Brasil figura entre os 30 países  mais corruptos. De 100 nações analisados, ele ocupa a 70º posição. Os recursos e dinheiro desviados são cifras estarrecedoras. Segundo a FIESP( federação das indústrias de SP) o erário perde por ano cerca de 100 bilhões de reais para a corrupção. Em termos práticos tais valores representam o dobro em leitos hospitalares, 18 milhões de novas vagas nas escolas e 1,6 milhão de casas populares ao ano.
Quando estudamos sobre a corrupção, sua origem e história ,ela segue aquele eterno e incessante  princípio do bem versus mal, da luz versus trevas, da virtude versus o vício( corrupção). Lá no Gênesis 8-21 E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.
No Gênesis 6, temos sob o título a corrupção geral de gênero humano. Pecado, suborno e corrupção são dos tempos bíblicos .  No Gênesis  (6-6), então arrependeu-se o senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. No 7, disse o senhor: destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei e outros animais, porque me arrependo de os haver criado. Nos diálogos de Santo Agostinho com são Jerônimo, ano de 416, temos que corrupção vem de cor (coração) rompido(ruptus), e Kant em suas reflexões disse que” somos um lenho torto do qual não se podem tirar tábuas retas”.
No Brasil a gênese da corrupção se funda em três vertentes, a histórica, a política e a cultural. A história começa com a era colonial e escravocrata; ambas muito violentas e injustas com as pessoas. É daí que nascem o suborno, o peculato, o nepotismo e a antecipação da lei de Gerson, de se levar vantagem em tudo.
Depois vem a política do patrimonialismo, do fisiologismo, das trocas de favores e votos; do governante tratar as coisas públicas como privadas, em seu benefício, da família e de apaniguados( do toma lá dá cá).
O senso cultural é aquele do governante que rouba mas faz. Os corruptos são vistos não como larápios e gatunos do dinheiro público, mas como pessoas inteligentes e bons administradores. Lord Acton (1843-1902) dizia: “o poder tem tendência a se corromper e o absoluto poder corrompe absolutamente”. Paulo Maluf, conhecido por acusações de milionárias corrupções disse em recente juízo no Supremo Tribunal Federal, isto a uma pergunta do juiz inquiridor: o senhor  foi preso em um antigo processo de desvio de dinheiro público e caixa 2 em 2010? Ao que ele respondeu com boa verve, não! eu nunca fui preso , eu sempre foi solto. Isto mostra o mais afrontoso acinte dos que têm o mote - rouba mas faz-  Só mesmo no Brasil.

É isso aí, a corrupção é como um pecado original, ela vai sempre duelar com a honestidade, com a generosidade e com a ética. Como combate-la? Mais transparência, leis mais rígidas, revogação da antipática imunidade parlamentar, corrupção tipificada como crime hediondo, mais juízes Sérgio Moro e operação lava-jato permanente. Se não o fim, ao menos um meio-termo e bom final do permanente combate a esse cancro social que é  a corrupção no Brasil. Agosto/2016.  

COMUNICAR...

QUEM NÃO SE COMUNICA...
João Joaquim


Uma aptidão fundamental na vida profissional é a arte de comunicação com as pessoas, com os clientes. Para determinadas atividades mais do que comunicação, temos ainda de mais refinado  a arte da retórica, de falar em público. Se o indivíduo é por exemplo um assessor de imprensa, um porta-voz de outro profissional, de uma empresa , o quanto é significativo e edificante o seu domínio do idioma nativo, sua fluência e riqueza vocabular e até, conforme a pessoa ou empresa que representa, saber outros idiomas; o Inglês e Espanhol por exemplo.
No âmbito mais privativo, numa palestra ou diálogo mais restrito do profissional com o cliente é muito construtiva esta relação quando se observa o princípio de se fazer entender bem as ideias, as informações que se vendem por exemplo. Noutros termos, o profissional tem que  atentar para quem está falando e empregar termos, palavras e frases conforme o grau de entendimento e escolarização do(s) ouvinte(s).
Vamos, a título ilustrativo, suscitar alguns colóquios de algumas profissões, onde, em que pese ser a Língua  Portuguesa  o idioma empregado,  fica a impressão de que o profissional se expressa em aramaico ou Russo. Após o veredicto do júri sobre a sentença do réu. O juiz se dirige ao agora absolvido e lhe diz:” nenhum comentário objurgatório tenho a fazer a vossa senhoria, minha decisão a seu respeito é absolutória”. Conforme o grau de instrução desse réu ele não saberá se volta para o xilindró ou para as ruas.
De melhor entendimento teria dito o erudito julgador: nenhuma repreensão tenho a fazer, o senhor está livre. E assim são outros termos no mundo jurídico que para a grande maioria das pessoas soam como grego ou latim. Idioma morto esse que contribui com muitas palavras e axiomas justamente no mundo jurídico e entre os seus praticantes. E “fumus bonis iuris” (na fumaça do bom direito), o ideal em termos de mais clareza é que os operadores do direito, usassem termos mais populares quando em contato e falas com o público e pessoas de outras áreas ou menos instruídas .
Uma outra profissão de que se cobra de seus praticantes clareza e simplicidade de termos é a medicina. Imagine por exemplo um paciente com uma taquicardia paroxística supraventricular. Simplifique, dize apenas que ela está com uma arritmia atrial benigna, ou simplesmente uma taquicardia transitória. Fica simples e até mais tranquilizador ao doente e familiares. Uma pielonefrite aguda, eu traduzo-a como uma infecção renal.

Uma recomendação e conselho que sempre faço a qualquer profissional, notadamente aos noviços e iniciantes é que mantenham o gosto e cultura da língua nativa; em nosso caso o riquíssimo e belo Português. Nesse sentido saberemos o zelo e esmero do profissional apenas pela  leitura de suas receitas, laudo ou relatórios; isto em se tratando de profissionais de saúde: médicos, veterinários, agrônomos ou biólogos. Basta lembrar do adagio que expressa: “ As palavras voam, os escritos ficam”. Afinal já dizia  Abelardo Barbosa, o Chacrinha: “Quem não se comunica, se trumbica”. Não é sem razão que muitas empresas criam até o seu manual de comunicação, de redação. Esta iniciativa é muita saudável porque além de reciclar o profissional nas regras básicas de sintaxe e gramática, também  traz-lhe um melhor cabedal vocabular em sua linguagem diária e comunicação com os clientes e usuários dos serviços ou produtos da empresa ou órgão que ele representa.  Agosto/2016.  

domingo, 31 de julho de 2016

Piadas Rio 2016

PIADAS RIO BRASIL 2016  - NOSSA OLIMPÍADA E A PEDAGOGIA DAS COISAS
João Joaquim  

Sabe aquele princípio de interpretação das coisas?  Nasce um fato.  Aí as pessoas interpretam errado e enxergam outra coisa em vez da primeira coisa. Trata-se nessa questão específica da intenção e objetivo dos acontecimentos. Vamos a alguns  fatos para mais clareza de interpretação.
Com efeito foi noticiado recentemente que uma empresa de softwares, de nome Consist, à prova  de fraude, foi contratada pelo ministério do planejamento para gerenciar a folha de pagamento de funcionários federais. E a notícia é de que ela fraudava as operações de empréstimos consignados dos servidores. Vejam quanta maldade da imprensa e da opinião pública.
A coisa para não embaralhar muito mais as coisas funcionava assim: essa empresa contratada ---relembrando, à prova de fraude---descontava nos empréstimos consignados de funcionários públicos  uma taxa de cada servidor, em valor bem acima do que fosse justo. A soma dessas cobranças fraudulentas era desviada para o partido dos trabalhadores (PT), conforme declara o Ministério Público, sob o comando do ex ministro(Planejamento) Paulo Bernardo, aliado de Lula e Dilma.
Ora bolas! E por que é maldade da imprensa e da opinião nacional? Trata-se de questão de interpretação. Qual foi a finalidade ou função da Consist? Seu papel consistia( com trocadilho mesmo) em evitar fraudes ou desvio de dinheiro. É aqui que entra a chamada pedagogia das coisas. O que fazia a contratada, anos a fio? Cobrava as taxas superfaturadas das consignações e desviava o montante fraudado para o partido das trabalhadores (PT), em tempo: assim o declara os procuradores federais.
Como era a única firma empreitada pelo ministério do planejamento para tal missão, ela pura e ilustrativamente ensinou o que é uma fraude oficial e como se desviava recursos para o partido do governo, ou seja, pura maldade, má interpretação e veiculação aleivosa da imprensa.
 A fraude foi descoberta pela operação custo Brasil e pela polícia federal, no mês de junho de 2016. Segundo o ministério público, os desvios chegam a R$ 100 milhões. O fecho e desfecho da bombástica operação se deram com a prisão de Paulo Bernardo, ex ministro do planejamento. Mas, ele foi solto logo em seguida se dizendo não saber de nada, a exemplo de outros ex mandatários da nação. Mas isto não  é novidade. Explicam os defensores dos acusados que a coisa não é bem assim nem bem assado. 
Agora corre a olimpíada Rio 2016 e mais interpretações enviesadas, mais interpretações equivocadas de fatos ali ocorridos mesmo antes dos jogos e das contendas. Aproveito e mando meu abraço ao povo de Olímpia (Grécia) e a zeus e seus deuses do olimpo. Agora não se pode é apagar o fogo da pira cedida por Prometeu.
As agências de notícias de olho aqui, ali e alhures dão conta de que vários apartamentos e prédios da vila olímpica (RJ) foram entregues inacabados. Eram problemas hidráulicos, de vazamento de água, de higiene, de tomadas elétricas, de cozinhas sem ter como e o que cozinhar, de lixo jogado a céu aberto, de teias de aranhas; enfim  minudências de somenos importância. Mas, não faltaram discursos e argumentos. O prefeito Eduardo Paes prometeu até cangurus à delegação Australiana. Entre as minudências de menor valor foram noticiados também um incêndio em um lixão de um prédio da vila hospedeira dos atletas  e uma casa de prostituição fronteiriça às janelas dos apês dos  olímpicos competidores .
Em suma, resumido e franco: trata-se em pura questão de interpretação e da pedagogia das coisas. No caso da Consist, a empresa contratada pelo governo, à prova de fraude e corrupção. Ela fez a sua pedagogia, ao corromper-se para o PT, ela apenas mostrou como se faz desvio de dinheiro de forma oficial e profissional. Imagine-se que um sujeito tenha um relógio à prova d’água , o que ele faz para a demonstração dessa segurança?  Usar algum artifício que faz a água danificar o relógio, pura pedagogia das coisas.
No que foi registrado e divulgado sobre as obras da vila olímpica. A insegurança nas instalações dos apês, a falta de descargas nos banheiros, a inadequação das tomadas elétricas, o incêndio do lixão, o bordel com participação de menores; são fatos e coisas naturais de nosso Brasil. São ocorrências da tolerância( lembra-me casa de tolerância)  de nossos governos de todas as esferas:  municipais, estaduais e federal .
Em resumo, o que estão fazendo é a pedagogia das coisas e mostrando fielmente quem somos, em cultura, em disciplina, em organização, em política de toda ordem; apenas isto.
Eduardo Paes em recente entrevista disse ao jornal inglês The Guardian, “sim, nós perdemos. Esta [Olimpíada] é uma oportunidade perdida para o Brasil. Não estamos nos apresentando bem” . Também não disse nada de novo. Sempre foi, é , e o será com os gestores da República( res publica), das coisas públicas, que se tornam privadas para os políticos, gestores da nação e toda sua claque .
Lars Grael, medalhista olímpico de velas  nas Olimpíadas de Seul e de Atlanta, disse que será “uma competição de vela com obstáculos”. Isto considerando que a Baia de Guanabara, um local das competições tem desde garrafas pets , coliforme fecais, plásticos de toda ordem, até sofás, ferros velhos e geladeira, quando não algum cadáver humano. Enfim , o Brasil está dando um banho de pedagogia das coisas, quem somos, de onde viemos e o que fazem nossos homens públicos com o dinheiro roubado das estatais. Da petrobras,  eletrobras, da hemobras, e outras cias bras.

 Fico imaginando o Prometeu que roubou o fogo aos deuses do olimpo e nos repassou heroicamente. Cada basbaque que carregou e até caiu com a pira . Meu zeus!  Ah! aquele legado das Olimpíadas chamado corrupção, virá depois. A operação Lava-Jato está aí  para isto. Esperemos com calma. 
  Agosto /2016.

CRIAR E EDUCAR...

O QUE TÊM FEITO OS PAIS ? CRIADO FILHOS OU ANIMAIZINHOS IRRACIONAIS ?
João Joaquim 

Uma questão socio-familiar que me deixa pensativo e muito inseguro quanto ao futuro da humanidade  se refere à falta de critérios e disciplina com que os pais têm criado os seus filhos. Faltam critérios e disciplina; primeiro, no planejamento da prole, segundo, na criação e educação dessas crianças.
Quando nos deparamos com pais e filhos e observamos a relação deles, ficamos, às vezes, estarrecidos com a falta de ensinamentos a esses pequenos. Faltam  as normas básicas de vida  e os fundamentos no seu desenvolvimento, na sua educação lato sensu, como futuros cidadãos. Fica para nós a sensação de que estamos lidando com animaizinhos( irracionais, bem entendido), tamanha a falta de limites que deveriam ser dados às crianças desde a fase do berço e da chupeta. Tal indisciplina nos causa espanto e desencanto quanto ao futuro dessas novas gerações.
Que filhos iremos deixar para o mundo de amanhã? Essa pode ser uma das maiores, senão a mais significativa e emblemática das perguntas a ser feita no trato das questões de educação e formação dos filhos nesses tão propalados tempos digitais, nessa chamada hipermodernidade, quando  tudo pode, é proibido proibir.
Como modesto articulista de blogs, de  portais e de  jornais, me sinto incomodado e espantado com muitos pais, cuidadores e educadores de nossos tempos. Não sou formado em nenhuma matéria de pedagogia ou área de  educação formal. O que sei resulta apenas de dedução empírica, leituras de autores de boa referência e opinião de especialistas com os quais penso em uníssono.
A propósito então de minhas conclusões de vida e lições  empíricas eu as relato e as divido com aqueles que possam ir a favor  ou de encontro ao que penso.
Na condição de médico, não sou elitista nem seletivo. Atendo a Chicos e Franciscos, Zés, Jõoes, Josés, Marias e Joanas.  Isto porque trabalho em hospital público e serviços privados. Embora, as doenças sejam discriminatórias,  o médico não deve sê-lo. O interesse maior e primeiro de qualquer profissional de saúde, seja física ou mental  deve ser o paciente e o  ser humano e não o seu status socio-econômico.  Faço esse adendo, porque gosto de ouvir as pessoas e observar o mundo, a toada e marcha da humanidade. Até porque a Medicina é uma profissão humanista em suas largas dimensões. Educação e civilidade fazem parte da saúde global do indivíduo.
Sucede então de ir ao meu ambulatório ou consultório um pai ou mãe com os filhos menores, de idades variadas, 3 anos, 8 anos, 10 anos. Eles vão em companhia dos pais.  Muitas vezes ocorre de nessas consultas eu cometer algum despropósito ou “perder as estribeiras” ,  me dirigindo ao pai ou mãe objeto da  consulta: ou nós consultamos ou vamos conter e corrigir sua criança porque assim ela vai me estragar algum móvel ou bem do consultório. Isso ocorre com tanta frequência, que hoje tenho uma norma de não ter criança em minha sala de consulta como acompanhante de pais ou avós. E quero antecipar que tenho uma profunda admiração pelas crianças,  às quais devemos dar a melhor educação e com as quais devemos sempre aprender.
Ou seja, com essa breve explanação se tira o que vem a ser o tipo de educação, imposição de limites e noções mínimas de relações que são oferecidas a esses filhos, mal-educados e “malcriados”, por culpa, é bom dizer, dos pais e responsáveis.
Na contramão desses pequenos mal-educados, por culpa dos pais,  temos também belas e muito cordatas crianças;  dóceis, obedientes  aos comandos de isso pode, isso não pode etc. Tal registro, o gesto de se comportar como civilizados ou como pequenos irracionais,  é uma prova consistente e convincente de que a principal educação é tarefa dos pais e da família. Às escolas cabe a tarefa do ensino formal. Uma segunda experiência que gosto de compartilhar é minha relação com meus  dois filhos, ambos universitários(Andressa – Medicina UFMG, Gustavo – Medicina Veterinária UFG).
Entre os direitos que lhes concedi, desde pequenos, foi o de acesso aos recursos e mídias da modernidade; com uma orientação e condição, o uso racional e utilitário desses instrumentos, tanto no sentido recreativo como educativo. Meus filhos tiveram celular acima de 10 anos de idade e sempre com muito diálogo.
 Um dos ensinamentos que lhes estimulei desde cedo foi o gosto pela leitura, desde tio patinho, gibis,  aos clássicos da literatura. Outros itens não menos importantes sempre foram a honestidade irrestrita, ética no trato com as pessoas, com os professores,  com a natureza e meio ambiente  , respeito aos mais velhos e exemplos para os mais novos.
Ficam então aos pais mais jovens, pais da chamada geração Z ou toda digital, algumas reflexões com os quais quero compartilhar. Ficam estas provocações: vocês estão apenas criando ou formando filhos para o futuro mundo? É bom relembrar:  criar um filho , um cachorrinho ou cavalinho, um asninho ou muarzinho ,   tem o mesmo significado  e mesmo trabalho. Formar e educar um indivíduo é coisa muito mais difícil e complexa.   O mundo futuro, melhor ou pior, dessas crianças de hoje, vai depender da boa ou má educação dada pelos pais a esses pequenos gênios( ainda em botão)  de hoje.

João Joaquim de Oliveira -  julho 2016.

SER GENTIL...

                             PROCURAM-SE GENTILEZA E HONESTIDADE

João Joaquim  


Existem algumas virtudes, qualidades e atributos muito característicos do gênero humano que andam em escassez. Eu digo inerentes ao homem porque somos considerados um ser superior. Somos até classificados de racionais, dotados de razão, consciência, inteligência e capacidade discricionária. Em outros termos sabemos discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, o que é bom para mim e para o coletivo.
Com todos esses atributos e faculdades, nós, animais humanos, temos negligenciado, amesquinhado e pervertido muitas dessas condições que nos distinguem dos classificados animais irracionais. Vamos a título ilustrativo enumerar algumas virtudes, exclusiva dos humanos, ou que deveria sê-lo , mas  cultivadas por poucas pessoas.
A gentileza, por exemplo. Que nada mais é do que aquela reação espontânea- este é um dado importante- de nos comprazer em ser bom e agradável ao outro. Tal manifestação natural, não fingida ou não  artificial, se inicia quando eu me avisto e encontro com outra pessoa, que pode se processar com um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um beijo. Na continuidade no ato de gentileza eu posso de forma pura e sincera inquirir desse meu interlocutor, dessa pessoa,  como está sua vida, sua saúde, seu bem-estar. E  nessa comunicação inicial  posso até manifestar e materializar outra virtudes humanizadoras, como veremos.
Suponhamos que nessa transição do encontro  com outra pessoa  possa ela  estar num momento de angústia, de dor física ou moral, carente de algo social ou material. E então entram outras virtudes de nossa humanidade.
A generosidade. Trata-se de outro sentimento pouco cultivado nesses tempos de tanto culto ao materialismo e ao status social. Generosidade  é aquela virtude do contentamento ou satisfação no ato de doação. E falar em doação não significa dar alguma coisa material, valor pecuniário, moedas, gorjetas  ou espórtulas.
Mais que isto, é ver a si próprio no outro. Ver-se no outro e ver o outro em nós constituem a maior marca de nosso humanismo. Esse sentimento de que todos formamos uma unidade humana se encerra na maior e único desígnio de nossa existência. Nós não fomos idealizados e concebidos para o egoísmo e para o isolamento. A vida nesse planeta sem a presença, participação e comunhão com o meu semelhante e irmão é impossível de se concretizar. Já dizia o grande filósofo Aristóteles, o homem é um animal social. Tem gente que tem o nariz tão empinado, o orgulho tão exaltado que vive como se não dependesse de outra pessoa.
Assim podemos descrever outras qualidades e condições muito peculiares ao nosso sentimento de  humanidade. A cooperação ou solidariedade entre as pessoas. Elas são tão marcantes de nossa racionalidade e inteligência que se tornaram inspiradoras e fundamentos das relações trabalhistas e sociais de muitas nações, de muitas sociedades. Surgiram assim as associações de classes, as sociedades anônimas e limitadas e as tão populares cooperativas de trabalho (em prol de  todos) para o bem comum de seus filiados.
Para não ficar em tantos outros sentimentos, atributos, consciência e ética das relações humanas, uma qualidade ou virtude merece citação para fecho desta crônica. Honestidade. O comportamento ou estilo desonesto nas relações humanas se tornou tão rotineiro que falam que a desonestidade foi institucionalizada pelos órgãos de governo; por aqueles homens públicos que fazem nossas leis, nossa constituição, nossas emendas constitucionais, enfim de quem se esperava os melhores exemplos, as melhores práticas, a melhor ética.  E não falam sem razão, tanto as pessoas comuns como os órgãos de imprensa têm essa convicção: a desonestidade chegou a um grau tão repugnante que ela parece ter sido institucionalizada. A desfaçatez, o caradurismo, a hipocrisia e o acinte têm cingido e aureolado a cabeça e cenho de muitas figuras públicas de nossos dias.
Tal convicção da sociedade e de veículos de comunicação se faz pela corrupção generalizada que se pratica em todos os níveis de governo.
Honestidade comporta muitas chaves de definições. Seria por exemplo aquele sentimento ou contentamento de se viver bem e feliz com aquilo que nos pertence, com apena bens e recursos adquiridos com meu labor e mérito. Sem ser uma pessoa parasita, predatória ou comensal de outra pessoa ou de órgãos do Estado como tem sido a tônica e as crônicas da vida brasileira.
Enfim, podem faltar muitas coisas e recursos às pessoas, mas se elas tiverem e praticar a gentileza, a generosidade e honestidade, por si sós, já valem um grande tesouro na humanização e racionalidade de seus praticantes     jul/2016

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Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...