quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Relógio Bio...

NOSSO  RELÓGIO BIOLÓGICO  VALEU UM NOBEL DE MEDICINA

Joao Joaquim

Os vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2017 são os americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young, por suas descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam os chamados ritmos circadianos - uma espécie de relógio biológico interno que regula o metabolismo dos seres vivos. As descobertas feitas pelo trio explicam como as plantas, animais e humanos adaptam seus ritmos biológicos de maneira a sincronizá-los com a rotação da Terra.
O mérito dos vencedores começou em 1984, quando Hale e Posbash isolaram a proteína PER, codificada pelo gene período. Essa substância se acumula durante a noite e se degrada durante o dia, num ritmo de 24 horas (ritmo circadiano, vem de circan dien, cerca de um dia). Para chegar ao núcleo a proteína PER se liga a outra proteína de nome TIM, produzida pelo gene timeless (seu tempo), onde vão bloquear o gene período, inibindo mais produção da própria PER.
O relógio biológico está envolvido em diversos mecanismos fisiológicos dos seres vivos, incluindo os humanos e plantas. Vários genes são controlados por esse sistema. Os cientistas empregaram como modelos de estudo as moscas de fruta, por ter um curto período de vida.
A saúde, a qualidade de vida e bem estar das pessoas são afetados quando há um descompasso entre o ambiente externo e o nosso relógio biológico. Um bom exemplo é o fenômeno do “jet lag”, o mal estar causado nas grandes viagens, com vários fusos horários. Já há  estudos que mostram também o surgimento de várias doenças quando se combinam inversão do relógio biológico com um estilo de vida não saudável, com a aquisição dos chamados fatores de risco, a exemplo do sedentarismo, dos vícios, da obesidade e doenças como hipertensão arterial e diabetes.
Assim se explicam muitos de nossos fenômenos fisiológicos. Nossa hora de alimentar, de dormir, de acordar, de uma urgência fisiológica digestiva, intestinal, urinária. Até mesmo os momentos de um aconchego conjugal, de nosso amor e boas relações sociais. Quantas e quantas atividades nós fazemos de  dia ou de noite, porque se ajustam melhor ao nosso ritmo interno, ao nosso relógio natural.
Na era pós industrial o homem moderno teve que se submeter ao chamado tempo social, em detrimento do tempo da natureza ,regulado pela noite e dia, pelo sol e pela lua. O descompasso entre esse tempo biológico interno e o tempo social pode gerar sérios danos à saúde, inclusive o câncer, conforme o demonstram estudos pertinentes.
As primeiras evidencias dos ritmos circadianos vieram com o astrônomo francês Jean Jacques D’ortous de Mairan. Ele estudou as plantas do gênero mimosa ou dormideira, cujas folhas se fecham à noite e se abrem ao amanhecer. Mesmo quando isoladas no escuro por vários dias, elas continuam o mesmo ciclo, murcham durante o período noturno e abrem com o dia. Com isto fica demonstrado um controle genético interno como nos animais( biorritmo).
Outro cientista que também contribuiu para a compreensão do biorritmo foi o americano Seymor Benzer(1921-2007) . Ele estudou o gene período na mosca drosófila. Este cientista só não conseguiu desvendar os mecanismos intrínsecos , agora desvendados pelos cientistas agraciados com o Nobel de Medicina 2017.
Muito se tira e se conclui de bom e de útil da compreensão dos mecanismos de nosso relógio biológico (biorritmo, ritmo circadiano). A cronobiologia, ramo da biologia que estuda esses fenômenos poderá contribuir sobremaneira no estudo dos ciclos sono e vigília, na variabilidade desses ritmos entre as espécies e mesmo as diferenças individuais dos humanos.
Quantas não são as pessoas por exemplo que adormecem mais cedo e levantam mais cedo, ou vice-versa?  Quantos indivíduos produzem melhor em determinado período do dia?  São  os chamados matutinos, vespertinos e até noturnos!
Tal conscientização caberia então às empresas, aos órgãos de Estado, às politicas de Educação e cultura, e ao próprio  ministério da educação, no sentido de seguir mais o ritmo da natureza, com inicio e términos de aulas seguindo os ditames e regras gerais do organismo humano, da natureza. 
Dentro dessas diretrizes, abolir em definitivo o estéril, nocivo e imbecil horário de verão, que se provou sem nenhum utilidade para economia. E ainda que o fosse, continuaria uma imbecilidade por tantos danos e riscos que  traz à saúde e segurança das pessoas.
Ao que parece, pelas comunicações recentes,  o governo, finalmente, depois de três décadas dessa imposição, colocará um  final no malsinado e nocivo horário a partir de 2019. Tudo volta como dantes, seguindo os ditames e ciclos da natureza, do agora desvendado, em detalhes,  relógio biológico interno ou biorritmo. Ainda bem, antes tarde do que nunca. Viva a Ciência! Viva a Fisiologia ! Novembro/2017 

País e terra sem Leis...

DESCONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
João Joaquim  

Nos estertores do século XX, bem me lembram aqueles tempos, ninguém imaginava passar o que estamos passando no início do XXI . E tal atmosfera a considerar que ainda estamos nos albores da era digital. O certo é que padecemos de várias crises pelo mundo afora  e o Brasil está a integrar esse contexto.
Quando fazemos um retrospecto da história, constatamos que a humanidade sofreu as mais diversas crises. Foram dramas e tragédias de doenças, de guerra, de conflitos geopolíticos, naturais e sísmicas como terremotos e maremotos; torturas e massacres nas mãos de ditadores e déspotas, o sofrimento de negros como escravos; etc.
Quando se lembra dos regimes tirânicos, o bom seria que todos eles fossem apenas registros históricos. Como o foi nosso regime militar de 1964-1985. Lamentavelmente, em pleno século XXI ainda sobrevivem algumas formas de governo tirânico, caso de Cuba, Coréia do Norte e alguns países da Ásia e da África. Mais melancólico ainda é haver em nossa época o ressurgimento de um governo de exceção (ditatorial) como a Venezuela. Referido governante (Nicolás Maduro) obtem o penhor e aval de alguns países latinos que ainda são regimes tirânicos e outros com fachada de democracia, mas que na prática e em termos de liberdades individuais comportam em mesmo grau ou pior do que o tal do bolivarianismo ( injustiça com Simon Bolívar),   do falecido Hugo Chaves.
Quando o partido dos trabalhadores(PT) assumiu a presidência do Brasil em 2002, independentemente de simpatia ou filiação partidária, todos almejavam que o país tivesse o salto de prosperidade em todas as searas sociais. Afinal, o dirigente-mor da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, já era homem calejado na vida, como ex metalúrgico e ex perseguido da ditadura militar.
Nos seus primeiros quatro anos de mandato, houve de fato progresso, muitos programas beneficentes e avanços sociais. Mas, foram só essas conquistas. Um governante não governa sozinho. E do tal fisiologismo e balcão de negócios nenhum bom ou mau político escapa. Foi então nos termos e cláusulas dessa política suja e podre que surgiu o maior esquema de corrupção, subornos e desvios de dinheiro dos cofres das estatais. Estamos a falar do Mensalão e outros mensalinhos da corrupção.  Era assim que funcionava o congresso. Ou melhor , é assim que funciona. Muitos  de seus membros se tornam venais, corruptos e corruptores.
O resultado é que o país foi jogado na pior crise de sua história. De sorte que no estágio em que nos encontramos ninguém dos poderes se salva de algum “benefício” ou participação no maior esquema criminoso do mundo. Assim o afirmam todas as autoridades integrantes da polícia federal, do ministério público e do judiciário. A quadrilha do maior esquema de corrupção do Brasil e do mundo iniciou no governo do presidente Lula em 2005. Mesmo com vários condenados,  a roubalheira, suborno e fraudes se perpetuaram por anos a fio. Mais que isso, todos os próceres e lideres do PT fizeram escola e um vasto discipulado porque depois vieram outras camarilhas e cartéis que dilapidaram muitas estatais como a Petrobras e suas subsidiárias de fabricação e comércio de petróleo e combustíveis. Até a Eletrobras e DNDES entraram nesse imbróglio.
A par da crise econômica e de recessão em que o país foi jogado vieram outras de igual gravidade. Citam-se aqui as crises política e de credibilidade. Tem sido de aceite consensual que nossa nação nunca esteve em tão alto descrédito com o que se tem de momento. Com tal cenário que se perpetua por anos é natural que outras crises surjam como no turismo, no investimento de capital estrangeiro etc; e o país mergulhando cada vez mais nesse lodaçal de governabilidade , de descrédito interno e externo a perder de vista. 
Não esquecendo que internamente temos crises na saúde, na educação, na segurança, nos sistemas de transporte, entre outros. E o que torna mais gravosas referidas crises é imaginar que até as instituições públicas estão ameaçadas de crises. Basta refletir a seguinte situação. Os poderes Executivo e Legislativo já estão espandongados e em frangalhos de tantas traficâncias e descrédito.
Agora se até  Judiciário e ministério público perdem crédito e o seu múnus público, aqui neste estágio estamos todos perdidos. Nos resta então mudarmos para a lua, porque para os “States” do Trump, de tanta trapalhada internacional,  é que não vou!. Ele já pensou em uma muralha separando o México. E o que ele mais quer, com ou sem razão, é barrar a entrada de outros imigrantes. Marte, Marte, será que daria para morar nesse longínquo planeta. Não, não , lá faltam agua potável e oxigênio. Mesmo esfumaçada e com efeito estufa , a Terra ainda continua redonda e boa para morar.

CriminoCracia

O BRASIL REFÉM DA CRIMINOCRACIA

João Joaquim  
  
Viver! Eu sei que a alma chora/ E a vida é só dor ingrata! Pranto, que a não alivia/ Olhos, que a estão a verter/Sofra o coração, embora!/ Sofra! Mas viva! Mas bata/ Cheio, ao menos, da alegria / De viver, de viver-“(Raimundo Correia, poesias).  


Verte desconfiança toda a sociedade, como de resto o fazem todas as pessoas no significado do que seja justiça no Brasil. E assim o expressa cada segmento da sociedade civil organizada, ordeira e sensata; com base no que se repete em nosso país, com as instituições que criam as leis e com outras instituições que deveriam guardá-las, e aplicá-las de forma justa e equânime a todos os cidadãos dessa pátria amada. Organismos que  deveriam reverenciar o seu lábaro, que deveriam manter flamejante a sua simbólica flâmula.
Basta pensar no que é hoje o Estamento (estado, organização política e administrativa) chamado  República Federativa do Brasil, composto de 26 estados mais o Distrito Federal. Essa disciplina se faz às expensas de três poderes;  a saber  o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Diz a nossa constituição cidadã e democrática (assim a intitulou o falecido Ulisses Guimarães, um patrimônio ético e moral que se foi); definiu então a constituição  que o sistema político é representativo. Significa que cada poder representa o povo com suas necessidades, anseios e reivindicações.
Vamos por partes para entender como muita coisa não sai como deveria ser. Os representantes do Executivo e Legislativo são eleitos pelo povo. Ponto final. Está de acordo com nossa suprema Carta, a Constituição . De acordo com o espírito constitucional democrático. 
Ministros de Estado, integrantes do Judiciário são escolhidos pelo presidente da República. Portanto, em desacordo com o espírito cidadão da carta magna. E assim ocorrem  decisões em outros tribunais país afora e ministério público nas funções de promotores e procuradores. 
Com os conselheiros e integrantes dos tribunais de conta dos Estados (TCE) têm-se as mesmas práticas, cuja indicação fica a critério dos governadores. Só que esse critério é subjetivo do chefe do Executivo local, e nunca nos critérios dos anseios da justiça e do povo. Olha a discordância com o espírito democrático. Cada governante indicará quem lhe vai favorecer em questões e questiúnculas pessoais. Não importa o tamanho da demanda.
No funcionamento político-administrativo tudo vai operando de forma canhestra e tortuosa. Cada poder acha que pode tudo, mas nunca em prol do povo, mas sim de seus integrantes. É a situação do chefe de Estado aqui no Brasil. Qual deveria ser o seu lema de ordem? “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. No caso concreto brasileiro há uma inversão desse postulado constitucional, com essa alocução: todo poder emana de mim mesmo e em meu nome será exercido.
Nesse espírito valem os expedientes e meios os mais daninhos e inescrupulosos  possíveis. Nesse cardápio têm-se por exemplo decretos, medidas provisórias, verbas orçamentárias para aliados e apaniguados, privilégios, imunidade e tantas outras amenidades para os integrantes paladinos. Que poder é esse exercido em nome do povo, se tanta gente passa por privações e muitos desatinos??  Muitos morrem à mingua de saneamento básico, de cuidados médicos básicos, de alimentação e moradias básicas. Enfim os básicos dos básicos sequer são atendidos a contento.
A situação simbólica da vez é o Estado do Rio de Janeiro. Bem o expressou o ministro da justiça Torquato Jardim. Há poucos dias ele afirmou em alto e bom som que as máximas autoridades daquele Estado têm  conexões com o crime organizado. Houve algumas trocas retóricas e nada mais. Os dois lados silenciaram. Quem cala consente!
Veja se não soou arrazoado o veredito do ministro Torquato. O ex governador Sérgio Cabral encontra-se preso pelos crimes cometidos, se houver justiça ele ficará trancafiado até o fim da vida ou do mundo, o que acontecer primeiro. O atual governador  Luiz Fernando Pezão (ele calça 48) anda chafurdado em denúncias conforme oitivas de ex aliados. Os ex governadores Garotinho e Rosinha Garotinho estão presos; a ex primeira dama Adriana Ancelmo ( mulher de Sérgio Cabral)idem.
Todos os integrantes do TCE do Estado fluminense são suspeitos e acusados pelo Ministério Público Federal de envolvimento com o crime organizado ( olha que título, e o Estado desarrumado). Parece que se salvou um membro feminino. Viva a mulher!  Quase todos ,então, foram afastados do órgão sob acusações de corrupção. Imagine a que condição melancólica se desaguou um tribunal que deveria fiscalizar o executivo e o legislativo. De guardião da leis ele se tornou fiscalizado da lei e da polícia federal.
O presidente da assembleia legislativa, deputado Jorge Picciani e aliados próximos, Paulo Melo e Edson Albertassi ( deputados  do PMDB do RJ) estão sendo acusados e processados por corrupção e lavagem de dinheiro. Se não formaram uma quadrilha, sejamos justo, fizeram um trio, ou  trião, porque são três, os cabeças do esquema.  Chegaram a ser presos durante um dia por ordem da justiça federal. Foram soltos em seguida  por ordem dos próprios colegas deputados que assim deliberaram em sessão extra para tal finalidade. É o que estampam e relatam as manchetes de todos os jornais locais e nacionais. O Estado do Rio de Janeiro, que de geografia continua lindo, agora está em condição falimentar e deplorável. Em tempo, o trio da assembleia (Alerj) foi novamente preso por ordem do Tribunal Regional Federal - TRF2 do Rio de Janeiro, justiça se refez. Até quando ? Veremos .
Assim como alegações finais, tem razão a sociedade, tem razão cada cidadão em não acreditar nas instituições, sobretudo aquelas que fiscalizam, guardam e aplicam as leis. Em especial o código penal que parece funcionar muito bem  para os mais pobres e o civil em proteger os ricos e poderosos, em garantir-lhe os patrimônios roubados do Erário, dos saques aos  cofres públicos;  dinheiro do país, de todos, do povo. Bem o disse a procuradora geral da República, Raquel Dodge,  que o Rio de Janeiro se tornou uma terra sem lei. Pelo andar do andor , o Brasil corre o mesmo risco.   Novembro/2017.

parentes repelentes

O QUE HÁ DE PARENTES E REPELENTES PARASITAS ATÉ DEUS DUVIDA

João Joaquim  


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Anti-Medicina...

 A ROBOTIZAÇÃO E  DESUMANIZAÇÃO DA MEDICINA.
João Joaquim 

A diferença em qualificação tecnocientífica entre um médico que se forma hoje e aquele que se formou há 50 anos é enorme. E abaixo vem as razões. Há 50 anos não se dispunha da sofisticação de exames que temos atualmente. Nos idos de 1950 e 1960 o arsenal de exames imunobiológicos, hematológicos e de imagens era muito restrito.
Essa carência tecnológica de exames complementares em décadas passadas exigia do profissional de saúde uma formação mais aguçada como clínico; qualquer que fosse a sua especialidade. Especialidades médicas que aliás eram poucas. Na falta de muitos exames laboratoriais o médico se via na obrigação de ter um apurado raciocínio semiológico . Para tanto duas disciplinas na formação médica eram capitais: semiologia e fisiologia( fisiopatologia).
Uma semiologia padrão se inicia através de uma minuciosa anamnese (entrevista). É o  momento   em que deve-se dar liberdade à livre expressão do paciente. Oportunidade em que o médico escutará (escutatória) atentamente cada queixa, sentimento, sintoma e relato do doente. Trata-se de uma fase significativa da consulta médica na qual o profissional já inicia uma análise, um juízo, uma presunção diagnóstica da pessoa.
Terminada a anamnese vem a segunda etapa igualmente importante que é o exame físico. E neste expediente da consulta eu me detenho e exalto a sua importância. Ele representa um item lapidar na consulta de qualquer especialidade.  Com  um exame físico ético, isento e altamente técnico o médico tem a oportunidade de avaliar a natureza do quadro clínico, a intensidade da doença, o diagnóstico anatômico e até a causa (agente etiológico) da afecção motivadora da consulta.
Com os avanços e aprimoramento nas técnicas diagnósticas tem havido, na mesma proporção , um declínio na formação, na aptidão e na capacitação clínica do profissional. O que representa uma perda na formação ou vocação humanística do médico. O que é lamentável. Pelo que assistimos hoje, o estudante de medicina já inicia o curso visando uma especialidade.
O recém formado sai da faculdade certo de que terá ao seu dispor um cardápio enorme de exames. Muitas vezes esse egresso do curso de graduação pouco ou nada conhece dos métodos diagnósticos no mercado médico. O que representa uma distorção em sua formação. Como eu solicito uma tomografia sem contraste, se eu não tenho conhecimento dessa técnica diagnóstica? O que ela vai me revelar? Quais suas limitações, contraindicações e riscos de agravo à saúde? Parece uma insanidade profissional, indicar um exame sem o domínio de sua técnica, e o que pode acrescentar numa boa consulta.
Cada exame complementar se torna significativo e de boa relação custo/benefício, na medida em que haja uma boa correlação clínica na sua prescrição. Nesses tempos da digitalização em tudo, tenho visto um despreparo e imprudência generalizada no emprego de exames complementares. Há profissional de saúde que tem o desplante de frente a uma pessoa hígida, saudável em tudo; solicitar uma lista de 30 ou 40 exames de sangue, sem nenhum critério, sem nenhum dado clínico( sintomas) que os justifique. Charlatanismo puro. Imagine esse cenário, muito encontradiço: paciente jovem, sem nenhuma doença ou queixa submeter a dosagens de vitaminas , minerais, exames de tireóide, enzimas hepáticas, imunoensaios para vírus hiv, hepatites, sífilis , doenças inflamatórias; considerando que este cliente não tem nenhum dado semiológico ou epidemiológico , nenhum comportamento ou fator de risco para realizar esses exames. São situações frequentes nos laboratórios.
Sem mais delongas três conselhos eu deixo para os colegas de profissão, sobretudo aos noviços e iniciados.
Primeiro: humildade, consciência e aceitação de que ninguém, nenhum médico sabe tudo que deveria saber. Na dúvida peça ajuda a quem sabe mais. Médico não é magico e nem é Deus; alguns consideram infalíveis. Vaidade pura.
Segundo: clareza na comunicação ao doente e familiar, sobre a impressão diagnóstica na primeira consulta.
Terceiro: moderação e muito critério na solicitação de exames e na  prescrição de medicamentos e/ou  qualquer outra terapia.
O que temos visto hoje são médicos com precária formação clínica, conhecimento insuficiente em semiologia médica, pouca escuta e exame físico superficial do  paciente. Enfim, relação médico/paciente desumanizada e artificial. São profissionais que escutam pouco e mal põem a mão no doente. E para se chegar ao diagnóstico há uma exagerada e inapropriada solicitação de exames.
O expediente de muito exame se torna em uma Medicina fria, maniqueísta, robotizada e desumana, o que  empobrece a relação com o doente e encarece o tratamento. São efeitos colaterais na saúde e no orçamento. O que  desmerece ainda mais a profissão  praticada nos tempos das tecnologias de ponta e digital. Dessa forma são médicos que parecem despachantes de saúde, tal a falta de habilidade e pobreza no raciocínio clínico das queixas e achados alterados num exame físico bem feito.  Outubro  /2017.  

Reumanização...

A URGENTE  REUMANIZAÇÃO DA PESSOA HUMANA
João Joaquim  
Com as escusas daqueles que pensam ao contrário. Mas, esta é uma de minhas prerrogativas na presente época, dizer o que penso para que outros de igual forma passam pensar o que eu digo. Existe uma urgente necessidade de reumanização das pessoas. Algum parlamentar ou governante do executivo poderia ter tal “insight” e fazer uma proposta de emenda constitucional (PEC) com a seguinte dicção- A reumanização da pessoa humana.
O que se tem de feito e de fato e de concreto é que estamos passando por tempos, por acontecimentos e cultura muito estranhos. Tempos e condutas de muita insensatez e disseminada mediocridade. Nada tem escapado a esses imperativos, a esses costumes medíocres  e modas vulgares  em vigor.
Não soa exagerado afirmar que o ser humano tem perdido a sua humanidade. Aquele conjunto de atributos, qualificativos, virtudes e racionalidade inerentes e pertencentes unicamente ao gênero humano. Muitos são os setores e ramos de atividade nos quais o homem pode ou deveria mostrar a que veio. E assim tem sido justamente em muitos de tais e quais segmentos que vemos as manifestações de imbecilidade e de idiotização das pessoas. Como modelo consideremos a gastronomia; a cultura e entretenimento; os meios de transporte; a política  e administração pública entre tantos ramos de atividade.
No tocante à gastronomia, qual é a sua relevância na saúde e na  vida humana? Seria empreender os conhecimentos e técnicas alusivas ao que de bom e saudável existe nos alimentos. Mas, não é o que se presencia no preparo das refeições como de resto em todos os acepipes e produtos comestíveis. Numa consideração rasa e direta, fica a sensação de que a arte e a ciência no preparo dos alimentos se tornaram uma armadilha e engodo para adoecer o indivíduo. Assim podemos afirmar que soa descabido ter a um só tempo um nutriente que nutre, que dá prazer, mas também se torna a gênese de muitas doenças incapacitantes e letais. São os casos dos excessos de gorduras saturadas de carbono cujas consequências são a aterosclerose, as placas de colesterol no interior das artérias, os acidentes vasculares cerebrais ou infartos com sequelas e mortes em profusão ocorrentes em todo o planeta.
Nesses esquisitos tempos digitais as pessoas chegaram a tal  grau de imbecilidade de depositar e investir no hábito de comer em toda  intensidade de prazer e felicidade. Nesse expediente e atitude não bastam só nutrir e suprir a fome. Há que se refestelar e esborniar à mesa. Uma manifestação típica das neuroses e obsessões pela prazer da comida se dá na seguinte invenção: criaram a tal cirurgia da obesidade, ou técnica bariátrica. Tem esta a seguinte finalidade: primeiro na vida,  coma tudo e o quanto puder, do bom, apetitoso e melhor. Deixe instalar a obesidade como sobrepeso ou mórbida. Ao final, quando não mais conseguir engordar opte pela bariátrica. Para tanto necessário se faz passar por uma reeducação alimentar. Do contrário ganhará todos os quilos perdidos. Talvez até mais do que antes e então resta se refestelar de comida e mais comida, e morrerá pelas consequências de tanta gordura acumulada por dentro e fora das artérias. Quer esquisitice maior do que essa?
E na cultura e entretenimento? Música entende-se  como poesia e melodia. O que se vê nos diversos estilos musicais são obscenidades, baixaria, e até apologia a crimes e ao consumo de drogas. No mais é barulheira a perder de vista e de ouvidos.
A invenção do automóvel como meio de alta eficiência para o transporte de bens materiais e de pessoas. Tudo bem pensado  por Henri Ford e outros inventores. As velocidades das máquinas foram aumentando. A imprudência e insensatez na mesma proporção. De tal sorte que os carros hoje, em se tratando de Brasil, se tornaram uma das armas mais mortíferas e letais. Os números de mortos e mutilados se equiparam ao de guerra. As estatísticas se equiparam às do conflito na Síria, cerca de 60.000 mortos/ano. O que é pior, o sujei mata um, dois ou três e saindo livre, leve e de carro para carro. É um nonsense completo das leis.
Na política e na arte de governar, considerando o Brasil, atingimos os paroxismos do absurdo de termos vários governantes corruptos, delatados e denunciados por diversos crimes. Eles compõem uma camarilha, uma choldra ou quadrilha do mal. E o que é pior e melancólico, muitos continuam no comando da nação. Enfim, se Deus não ajudar  de novo nossa brasilidade, estamos prestes e iminentes ao naufrágio no pior mar de lamas de nossa história. Por isso se reitera  torna-se urgente a reumanização da pessoa humana.   Outubro /2017

Jabuticabas e....

JABUTICABAS E TARTARUGAS

João Joaquim  


Há coisas, fatos, atos, feitos e hábitos que parecem exclusivos do Brasil. São as chamadas jabuticabas. Pequi também. Ao que parecem, tais frutas e plantas (jabuticabeira e pequizeiro), de forma nativa, só vingam e dão bons frutos aqui no Brasil. Na verdade elas entram como metáforas, simbólicas de muitos outros eventos e ocorrências tão arraigadas e aderentes em nossos costumes e cultura. Singularidades brasileiras.  Outra comparação pertinente de coisas estranhas em nossa Pindorama é que até jabuti ou tartaruga sobe em árvore, dada a excentricidade dos acontecimentos.
Vamos começar pela atual crise de segurança que reina no Rio de Janeiro. Essa bela capital fluminense vive em permanente estado beligerante. Há ali uma diuturna guerra entre o intitulado crime organizado e as forças do Estado Legal.
Que desvario absurdo que se tem no Brasil. Existe um estado bandido e criminoso ,organizado, como o chamam nossas autoridades, encravado dentro do Estado Oficial. Estado que, por consequência, se mostra desorganizado, frágil, ineficiente em combater tantas facções criminosas. Facções que se sustentam do tráfico de drogas, de assaltos e saques de cargas de transportadoras, de assaltos a bancos, residências e pessoas.
O Rio de Janeiro é o mais emblemático desse tipo de coisa criminosa que se repete em outras capitais. Em São Paulo tem por exemplo o primeiro comando da capital-PCC, que tem ramificação até no Paraguai. O comando central , ou QG ( quartel General) fica na capital Paulista, comandado por Marcola.
No momento, cerca de mil homens do exército tentam prender e conter as quadrilhas que infernizam as pessoas nos morros e favelas do Rio. O curioso é que os bandidos têm uma guerra entre si pelo domínio do tráfico na Favela da Rocinha. Mas também pudera! Um estado (RJ) em que um ex governador, Sérgio Cabral, está preso com seus principais assessores (leia ex asseclas e corruptos), não se podia esperar coisas melhores do submundo do crime que manda e desmanda nos morros das favelas cariocas. Essa jabuticaba parece não existir em nenhum outro país. E tem outras jabuticabas e jabutis. O ex presidente do COB, Carlos Nuzman acabou de ser preso. Eles, Cabral e asseclas compraram votos para que o Rio fosse sede das Olimpiadas 2016. Uma vergonha internacional.
E nossa reforma política? Nossos congressistas criaram até um nome curioso para um modelo de eleições. O distritão. Seriam regras, em que os velhos e vitalícios parlamentares se reelegeriam até o fim da vida. É para lamentar mesmo! Nesse processo o mais esdrúxulo seria o financiamento de campanhas eleitorais com dinheiro público. Propuseram um fundo de campanha de três bilhões e seiscentos milhões de reais.
A ideia era tão estapafúrdia que merecia levar todos para um distrito, um distritão da polícia federal e ministério público. Não foram! Ao menos jogaram a proposta no lixo depois de muitos protestos da sociedade, imprensa e grupos políticos contrários à ideia original. Na pseudorreforma que agora passou na câmara, tem um destaque em que o candidato pode pedir ao provedor de Internet, sem ordem judicial,  para tirar algum conteúdo ofensivo ou difamante , à sua pessoa,  das redes sociais.. Ou seja, censura prévia , só isso.   E tem mais jabuticabas, jabutis e tartarugas.
E as brigas ou bate-bocas que têm sido vistos entre nossas autoridades do judiciário e do poder executivo? O caráter de baixaria que tomaram as acusações do ministro Gilmar Mendes contra o ex procurador Rodrigo Janot não tem exemplos na história. Como temos a prerrogativa da liberdade de opinião e expressão, o sujeito fala o que lhe dá na tela. Parece discussão de botequim. As trocas de farpas e acusações entre o atual presidente e Ministério Público é outro exemplo dessas baixarias.  Agora , fica essa pergunta das sociedade: como contestar áudios, malas de dinheiro, 51 milhões de reais ( ou geddéis), diálogos com corruptos e criminosos. Querem  tapar o sol peneira ou plástico translúcido. Não vão conseguir .  
Outros comportamentos não menos bizarros são as disposições de autoridades em ficar dando entrevistas sobre decisões e sentenças. É o comportamento do próprio Gilmar Mendes , ministro do Supremo Tribunal Federal, com suas concessões de habeas corpus e prisão domiciliar a empresários endinheirados e poderosos, mas corruptos e bandidos. E não ficam só nisso as nossas frutas nativas.
Chefões de gangues e quadrilhas que estão presos e dão entrevistas e ordens para seus advogados e camaradas de crimes. E nesse cenário, não apenas os criminosos  e presos do baixo clero. Tal expediente se registra desde um tal de Fernandinho Beira ou Nem( apelido de preso carioca), até ex políticos presos que continuam fazendo suas articulações delitivas. Inclusive como transportar e guardar dinheiro sujo e de propina desviado de empresários e órgãos públicos. Será que teremos que manter tais jabuticabas, depois de tantos inquéritos, processos e condenações. Quem viver verá! Viu!  (“  Tem que manter isso, viu “)  .                Outubro / 2017

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...