sábado, 24 de outubro de 2020

LGBTS

 EXPLICANDO O GRUPO  LGBTS 


João Joaquim  


Como de hábito, após o café da manhã, saí para o meu jogging diário! Desculpe o pedantismo de linguagem! É que estou na terra do tio Sam (Flórida) e me veio o insight de usar um termo local. Nos States também se usa um outro termo já bem familiar dos brasileiros, cooper. Se deve ao seu idealizador, o fisiologista e médico Dr. Kenneth  Cooper. O risco é ao termino do exercício, se alguém disser já estar com o dever feito. Aí vira um tremendo cacófato. As praias de Miami são muito propícias para a prática de caminhadas e corridas. E o bom é o ambiente ecumênico, se vê gente de todo o planeta.
Aquela manhã de outubro era um chamarisco para os amantes do exercício ao ar livre, céu de um azul anil, sol meio regalado, nuvens esparsas nos horizontes que lembravam gigantescos chumaços de algodão. A roupa com que tinha me vestido (de corrida) não era das muito costumeiras. Passados uns dez minuto, já na minha cadência de treinamento começo a perceber um e outro olhar mais curioso e dirigido a mim. Verifico se todas as minhas peças estão alinhadas, se vesti a camiseta ao avesso, se o calção estava devidamente amarrado etc;  e continuo a minha jornada cooperista. Praias lindas, algumas gaivotas com seus trinados e chilreios estridentes, barcos e lanchas na periferia  do mar em suas idas e vindas. Mas, entre tantos tipos destintos e coloridos um corredor chamou-me a atenção. Ele se vestia igual a mim, foi aí que minha ficha caiu. Estávamos uniformes na indumentária esportiva. Calção vermelho, camisa tijolo e tênis cor-de-rosa. Juntos parecíamos um arco-íris, tão irisado parecia o nosso uniforme naquela manhã de sol. E continuamos nossa marcha, só que em sentido oposto, embora na mesma orla e  direção . De  repetente, entre o marulho  vindo do oceano e o burburinho  de pessoas  ouço bem em bom português a expressão ou melhor o acrônimo Lgbts. Aí foi que a ficha ficou bem caída. E comecei então a repetir comigo de forma escandida, a decompor o pacote Lgbts. Fiz como que uma análise sintética ( de síntese) , de forma subjetiva, a decodificação da sigla.   O L. Buscando uma ajuda da química, porque como sujeito sou também substância. Levógiro ou dextrógiro? Tanto faz; se os raios solares incidem em mim, eles se  reverberam para um ou outro lado. O G. Gato ou lebre? Prefiro ser gato. Sem prepotências, predador tem mais chance de sobrevivência. O B. Bambabã ou berimbau? Prefiro a primeira opção a  só levar pau. O T. Tanto faz como  tanto fez? Eu ainda sou mais o presente, busco ser aquele que age aqui e agora . O S.  Simpatizante a todas as opções? Ainda sou bem definido. Escolho uma opção e sigo a vida em frente.
Eis que a uma certa altura daquela praia avisto um magote de pessoas que miravam em direção ao céu. Aproximo mais e me junto naquela contemplação. Havia razão para toda aquele êxtase, naquela admiração. Havia um chafariz artificial montado com a água do mar. Das gotículas dispersas  pelo ar nascia um lindo arco-íris. A luz do sol não era mais invisível . Ela se irisava e mostrava todo o seu encantamento para aqueles amantes do mar, da praia, do azul do céu, do passeio ao ar livre em terras do tio Sam.

Já de regresso para o hotel e desaquecendo daquela inaudita e distante caminhada, ouço bem limpo um vocativo familiar, Bis! Não dou muita bola ao chamado, por imaginar algum assédio. Mas ainda rumino a decomposição da sigla. De novo escuto mais próximo, bis   ( de Bismarck Gaioso)! me espere! Quando vejo,  era meu amigo e conterrâneo, o carioca  Michell das Rosas, que passava férias naquela cosmopolita e bela Miami . E assim entre cores, sol, areia, arco-íris  e mar ficou registrada em minhas retinas, a caminhada mais pitoresca e picaresca de minha vida pelas terras do tio Obama .   


Nota do desenvolvedor e autor- Esta uma crônica republicada - tida e havida como das mais criativas- Se alguém assim não entender- ficam as nossas escusas. ex corde, ex officio

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

SEMINAL

 filhos e jovens...

 

O projeto intelectual do filósofo teve a finalidade de testar maneiras de pensar que escapassem do caminho da erudição e da aplicação de ideias alheias. Quando se recolheu para escrever os Ensaios, sua decisão era voltar-se para si mesmo e reconstruir a própria história por intermédio de temas escolhidos ao acaso. Em Montaigne, o processo formativo coincide com o conhecimento de si, lançar-se nas experiências e tomar posição perante os acontecimentos da vida, informa Maria Cristina.

Ao mergulhar em assuntos tão díspares quanto a perseverança e os odores, o autor realizou investigações que misturam experiências de vida a conhecimentos adquiridos por todos os meios, dos formais (tratados e clássicos literários) aos informais (conversas, leituras ligeiras, lendas populares). A primeira pergunta é que sei eu?, para começar com uma grande dúvida e não com uma grande certeza – nem mesmo a certeza de não saber nada.

Como cronista, Montaigne invariavelmente se declara ignorante e inculto, embora seus ensaios estejam recheados de citações gregas e latinas - uma das muitas contradições propositais que os tornam tão ricos.

Leitor devoto da tradição filosófica cética, Montaigne foi partidário da ideia de que a razão por si mesma não garante a existência de nada nem sustenta argumento algum. O homem, para ele, não era o centro do universo, como queriam os renascentistas, mas um elemento ínfimo e ignorante de um todo misterioso e muito mais próximo dos animais e das plantas do que de Deus. A escrita amena e ponderada dos Ensaios muitas vezes impede que, numa primeira leitura, se perceba seu potencial demolidor – tanto que a obra só foi proibida pela Igreja mais de80 anos após a morte do autor. Não que ele fosse ateu. Considerava-se cristão, mas não aceitava dogmas nem, sobretudo, a lógica que a religião costuma imputar aos desígnios divinos. Daí que só resta ao homem voltar-se para si porque as únicas certezas que tem de antemão se referem aos limites do corpo e à inevitabilidade da morte. Sobre o mundo exterior, a melhor atitude é comportar-se como um estrangeiro no primeiro dia numa terra estranha - pelo menos evitam-se as ideias preconcebidas e legitimadas pela tradição

Montaigne  em essência 

Não a pura opinião do blogueiro

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Nau a deriva

 

NÁUFRAGO DA EXISTÊNCIA

 

Eu tenho uma admiração enorme por aqueles escritores polímatas, polissêmicos, multiculturais como o foram os nossos representantes do romantismo, do realismo, do parnasianismo, do concretismo e modernismo. Admiro por exemplo o poder que tiveram uma Machado de Assis, um José de Alencar, um Lima Barreto, um Nelson Rodrigues. Dos cronistas são 3, os Rubens; Alves, Braga e Fonseca. Desses aqui, o Braga e o Fonseca então, dá gosto de lê-los. O Rodrigues, teve uma qualidade ímpar, a de dramaturgo. Ele retratava a vida como ela é. Na sua Crueza, agudeza, em toda a sua nudez. Poucos retrataram tão bem o caráter das pessoas como ele. João do Rio também foi outro baluarte da crônica. Ao escrever me inspiro muito neles. E olha que viveram em tempos difíceis, em se versando sobre liberdade de imprensa e opinião.

Fico a imaginar se esses luminares da Literatura vivessem hoje, nesses tempos da aclamada Hipermodernidade, época digital, das redes sociais. Será que eles iam ter, ser usuários das redes antissociais? Não se sabe. Eu não fui dos últimos a entrar, pode ser que integre dos primeiros a sair. Não que elas sejam inúteis. São muito parecidas com caldo de limão e veneno de cascavel. Depende a que fim nós as destinamos.

Há mais de 4 anos eu resolvi criar minhas páginas na Internet. Facebook pessoal, Fonpage, Whatsapp, um site e email tipo corporativo, profissional. O objetivo era incrementar minha clientela, ter mais canais de interação e contato com meus pacientes. Investi em março de 2016, cerca de U$ 3 mil. Na minha fonpage tinha mais de 10 mil contatos (chamam de amigos, seguidores). Será?  Curioso para mim, sem ser messias ou apóstolo. Consegui um aditamento em minha rede de clientes, pacientes. Já tinham me criado um blog, trabalho de desenvolvedor, desde 2007, no qual posto meu artigos, crônicas, textos opinativos, entre outros. Este blog.

Veio a pandemia, com ela a quarentena, passei quase um mês sem acessar minhas páginas do facebook( profissional e pessoal). Pacientes e contatos começaram me perguntar via email, sobre meus posts, a falta de respostas a mensagens e pedidos de consultas. Foi quando então, na retomada de minhas atividades não mais consegui acessar minhas páginas virtuais. Mês de julho/2020. Tinham-nas me roubado. São fenômenos ou epifenômenos da Internet, algum internauta ou náufrago(a) da existência, ardilosamente, inteligentemente apoderou-se delas. Curioso é que procurei uma delegacia de crimes cibernéticas, da possibilidade de recuperação. Never, deixei passar do tempo. Foi essa a resposta. Adeus páginas profissionais. A resposta quando busco tentar recuperar as páginas é essa: O email inserido não corresponde a nenhuma conta. Passou tanto do tempo que o hacker, invasor, conseguiu até trocar o email de acesso. O meu consolo é que o náufrago(a) ladrão, se decepcionou, se achava que ia deparar com alguma ilicitude ou confidências impublicáveis de minha parte.

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

AH! Tartufos e Moliéres

 

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A liberdade de expressão é garantida pela Constituição de 1988, principalmente nos incisos IV e IX do artigo 5º. Enquanto o inciso IV é mais amplo e trata da livre manifestação do pensamento, o inciso IX foca na liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação.

artigo 5o é um dos mais importantes da nossa Constituição e contém os direitos fundamentais, difundidos entre seus 78 incisos, que têm o objetivo de assegurar uma vida digna, livre e igualitária a todos os cidadãos do País.

Neste artigo, o foco está em apenas um deles, o inciso IX, que fala especificamente sobre a liberdade de expressão. Para conhecer todos os outros, confira a página sobre o artigo 5

Se preferir, ouça esse conteúdo em forma de podcast:

O que se lê no inciso IX do artigo 5º é o seguinte:

“IX – É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”

A partir do enunciado, podemos concluir que, no Brasil, todos têm o direito de expressar suas ideias, opiniões e sentimentos das mais variadas formas, sem que essa expressão seja submetida a um controle prévio, por censura ou licença. 

De forma sintética, a censura é um controle prévio que se faz sobre materiais que serão publicados, enquanto a licença é uma autorização dada pelo Estado para a divulgação de conteúdo. A censura foi uma medida muito adotada na época da Ditadura Militar. Entenda como funcionava o controle estatal desse período clicando aqui.

O intuito do inciso IX, portanto, é proteger a expressão da atividade intelectual, artística (por exemplo: músicas, produções audiovisuais, artes plásticas, etc.), científica (por exemplo: artigos científicos, publicações acadêmicas, etc.) e de comunicação (por exemplo: televisão, rádio, jornais, revistas, etc.). 

Vale ressaltar que as expressões “atividade intelectual” e “de comunicação” são bastante amplas, abarcando todo tipo de manifestação de ideias, opiniões ou sentimentos, e ainda a transmissão de informações sobre qualquer tema ou assunto. 

O HISTÓRICO

No Brasil colonial não se cogitava dessa liberdade, devido à opressão e controle exercidos por Portugal. Naquela época, a difusão de novas ideias políticas no Brasil não era desejada. 

A Constituição de 1824 consagrou a liberdade de expressão e de imprensa, vedando a censura. No entanto, no período em que vigorou, a efetividade dessas liberdades deixou bastante a desejar. Lideranças locais exerciam censura para calar principalmente os seus críticos. Houve graves episódios de violação à liberdade de expressão durante o 1º Reinado e o período da Regência, mas no 2º Reinado, o respeito à liberdade de expressão ganhou força.

Em nossa primeira Constituição republicana, de 1891, essas liberdades foram mantidas, vedando-se o anonimato, mas ainda havia diversos casos de censura e de perseguição a adversários políticos. 

Na Constituição de 1934 foi mantida a garantia da liberdade de expressão e a proibição do anonimato, mas eram censurados os “espetáculos e diversões públicas” e proibida a “propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem econômica e social”.

A Constituição de 1937 manteve nominalmente a liberdade de expressão, mas instituiu a censura prévia “da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação”. Nessa época, os críticos do governo foram implacavelmente perseguidos por suas ideias e foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que exerceu ferrenhamente a censura dos meios de comunicação. 

A Constituição de 1946 consagrou mais uma vez a liberdade de expressão e proibiu a censura, “salvo quanto a espetáculos e diversões públicas”. Essa Constituição vedou, ainda, o anonimato e proibiu a “propaganda de guerra, de processos violentos para subverter a ordem política e social, ou de preconceitos de raça ou de classe”.

Em 1964, o golpe militar abalou profundamente o regime constitucional de proteção das liberdades públicas, instaurando a prática de perseguição a quem fosse contrário ao regime. O Ato Institucional nº 2 modificou a redação da Constituição, para restringir a liberdade de expressão das propagandas que “subvertessem a ordem”.

Em 1967 foi elaborada uma nova Constituição, mantendo formalmente a liberdade de expressão, com os mesmos limites impostos pela Constituição de 1946 e pelo Ato Institucional nº 2. Nesse período, houve um recrudescimento do regime militar, que culminou na edição do Ato Institucional nº 5, conferindo poderes praticamente ilimitados ao Presidente da República para cassar e restringir direitos dos seus opositores, inclusive quanto à manifestação política. A essa altura, já se havia generalizado no país a censura prévia dos meios de comunicação.

A censura foi institucionalizada, tornando-se uma das marcas mais fortes da ditadura militar no Brasil. A imprensa inteira estava submetida a ela, assim como artistas, compositores e escritores, por exemplo. Foram criados vários órgãos para fazer o controle prévio das informações que seriam divulgadas, como o Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). A Lei de Imprensa, promulgada em 1967, previa severas punições aos meios de comunicação e jornalistas que não respeitassem as regras estabelecidas pela censura. 

A partir de 1968, com a vigência do AI-5, todos os materiais culturais deveriam ser enviados aos órgãos de censura antes de serem publicados. Muitos livros, discos e filmes foram proibidos. No entanto, apesar da forte vigilância, vários materiais que criticavam o regime passavam pela censura graças à habilidade de composição/criação de seus autores/compositores. 

Um dos exemplos mais famosos é a música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, que se tornou um hino de resistência ao regime militar. Essa música contém várias figuras de linguagem e expressões com duplo sentido, que denunciam a violência e repressão da ditadura militar. A palavra “Cálice” foi escolhida pela semelhança com o imperativo “cale-se”, como uma referência à falta de liberdade de expressão decorrente da censura rigorosa que vigorava naquele período.

Quer saber mais sobre a música? Veja o vídeo de Gilberto Gil, um de seus compositores, explicando a história dessa canção: https://www.youtube.com/watch?v=8CnSiaP-jL4

As informações eram censuradas principalmente quando se tratavam de manifestações contrárias à ditadura, pois impedir a disseminação de pensamentos divergentes era uma forma de garantir a manutenção dos militares no poder, evitando qualquer oposição.

Em 1969, foi editada a Emenda Constitucional nº 1, dando redação inteiramente nova à Constituição de 1967. O novo texto mantinha a liberdade de expressão, sujeita aos mesmos limites antes previstos, e prevendo a proibição de “publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes”. 

No final da década de 1970, durante o lento processo de abertura do país, as restrições à liberdade de expressão foram sendo atenuadas, culminando na eleição indireta de um governo civil em 1985. A partir de então, iniciou-se o processo de redemocratização do país, que culminou na promulgação da Constituição de 1988.

Constituição de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, restabeleceu a liberdade de expressão no país, integrando-a aos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A liberdade de expressão é um direito que pode passar despercebido no nosso cotidiano, mas é facilmente perceptível quando ela é cerceada ou ameaçada.

Para compreender melhor a afirmação anterior, imaginemos dois cenários diferentes, com três personagens fixos: Pedro, Marcela e Bruna. Pedro é músico; Marcela é bióloga e pesquisadora e Bruna é jornalista e divulga em um canal no YouTube notícias sobre os acontecimentos de sua cidade. 

Agora, vamos inseri-los em duas sociedades antagônicas, uma com liberdade de expressão e outra sem. 

Antes, um aviso: Os exemplos foram criados com o intuito de simplificar a compreensão do tema. Sabe-se que as limitações à liberdade de expressão variam muito de país para país e podem ser muito mais complexas do que as situações hipotéticas abaixo.

Hipótese 1 – Sociedade COM liberdade de expressão: 

Pedro é compositor, possui um repertório variado de músicas, e está gravando um novo álbum. As letras de suas músicas são escritas por ele e divulgadas em várias redes sociais e sites. Suas músicas não precisarão passar por uma análise de conteúdo prévia do Estado para que ele possa gravá-las e comercializar seus discos. 

Marcela está pesquisando possíveis tratamentos para uma doença muito comum em sua região. A cada avanço que ela realiza em sua pesquisa, descreve suas descobertas em artigos científicos e os publica na internet. Marcela é livre para divulgar esses resultados sem que o Estado possa censurá-la.

Bruna mora em uma cidade pequena e há várias irregularidades na administração pública do município. Para dar transparência aos atos do poder público, ela acompanha de perto o que a prefeitura faz e sempre divulga seus relatos em um canal do YouTube. Mesmo que o conteúdo dos vídeos seja desfavorável aos agentes públicos do município, ela é livre para criticá-los e publicar essas informações, pois possui a garantia de sua liberdade de expressão. 

Hipótese 2 – Sociedade SEM liberdade de expressão:

Pedro pode compor músicas, porém não pode divulgá-las sem antes receber uma autorização do Governo para isso. Isso significa que, ao enviar a letra da canção para os órgãos de censura, as autoridades podem determinar que ele exclua qualquer trecho que possa, por exemplo, ser interpretado como uma crítica a quem está no poder. 

Marcela, antes de divulgar artigos relatando suas descobertas científicas, precisará enviá-los para os órgãos de controle prévio, que lhe darão ou não autorização para publicar os resultados de suas pesquisas. 

Bruna é uma pessoa extremamente exposta a riscos. Seu trabalho, que é dar visibilidade às atividades da administração pública, principalmente apontando irregularidades, é muito visado pelo Estado, pois, em uma sociedade sem liberdade de expressão, o Estado raramente permite que façam críticas à sua atuação.

EXISTE ALGUM LIMITE?

Com certeza existe! Embora a liberdade de expressão seja um direito garantido, a própria Constituição prevê que a liberdade de um indivíduo não pode ferir a liberdade de outro. O inciso X do artigo 5º, por exemplo, determina que não se pode ferir a intimidade, privacidade, honra e imagem de outra pessoa. Logo, não se pode usar o argumento da liberdade de expressão para ferir outros direitos garantidos. 

Limites à liberdade de expressão

Perguntamos: a liberdade de expressão nos permitiria assediar alguém ou nos expressar de forma racista ou homofóbica? A resposta é negativa!

A liberdade garantida pelo inciso IX do art. 5º da Constituição não é – e nem poderia ser – absoluta. Assim como outros princípios constitucionais, a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação precisa respeitar outros direitos constitucionalmente assegurados, tais como o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem, garantidos no inciso X do mesmo artigo da Constituição. A título de exemplo: uma matéria jornalística que fira a honra de uma pessoa poderia ser posteriormente retirada de circulação e, caso seja veiculada, pode ensejar a responsabilização de quem a propagou.

A discriminação, por qualquer que seja o motivo (raça, cor, gênero, origem, classe social, religião, etc.), fere diversos direitos fundamentais assegurados na Constituição de 1988. A liberdade de expressão, assim como outros direitos fundamentais dos cidadãos, deve, portanto, ser sempre sopesada com os demais direitos constitucionalmente garantidos e nunca utilizada como um direito absoluto e superior a qualquer outro. 

Além de limitar a liberdade de expressão por meio da proteção de outros direitos fundamentais, o Estado também pode, em alguns casos, por meio de leis específicas, limitar – ou até mesmo proibir – a divulgação de algum conteúdo específico. Justamente por isso, o princípio da legalidade, descrito no inciso II do artigo 5º da Constituição, prevê que somos livres em nossas ações desde que respeitemos as leis existentes. 

É o que ocorre, por exemplo, com a propaganda relacionada ao tabaco e bebidas alcoólicas: a Constituição Federal, em seu artigo 220, §  4o, prevê que “a propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais […] e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso”. 

Há leis que regulamentam, por exemplo, as diversões e espetáculos, classificando-os por faixas etárias a que não se recomendem, bem como definindo locais e horários que lhes sejam inadequados. 

Outro limite imposto à liberdade de expressão, por exemplo, é o anonimato. Conforme descreve o inciso IV do artigo 5º, a manifestação do pensamento é livre, mas o anonimato é vedado. Isso quer dizer que, ao manifestar seu pensamento, você deve revelar sua identidade. 

Portanto, como se vê, a liberdade de expressão pode ser limitada por outros direitos fundamentais, além de sofrer algumas restrições específicas, por meio de leis e regulamentações do Estado.

DEMOCRACIA

A proteção da liberdade de expressão é essencial para uma democracia, pois somente quando somos livres para nos expressar é que conseguimos participar efetivamente da vida política do nosso país. Para isso, também é fundamental que tenhamos acesso a todo tipo de informação. 

Além de ser fundamental para a democracia, a liberdade de expressão tem um papel importante no livre desenvolvimento da personalidade e da dignidade das pessoas. A possibilidade de interagir e de compartilhar ideias e sentimentos é vital para a nossa existência.

A liberdade de imprensa

A liberdade de imprensa é um importante aspecto da liberdade de expressão em uma sociedade democrática, pois os meios de comunicação livres incentivam a difusão de diferentes pontos de vista e estimulam o diálogo. Além disso, são ferramentas importantes para a vigilância das atividades do Estado e dão visibilidade às ações dos órgãos públicos que, consequentemente, levarão a população a cobrar seus direitos. 

Quando há censura, não há liberdade de imprensa, pois os governantes controlam todas as informações que chegam à população, autorizando apenas a divulgação das informações que forem convenientes ao Governo para garantir sua perpetuação no poder. Assim, cria-se uma impressão de que tudo funciona bem, enquanto o que acontece na prática é que a população não tem acesso ao que acontece dentro das repartições públicas. 

O que a liberdade de imprensa garante é justamente a divulgação de informações úteis e necessárias a toda a população, evitando que o desconhecimento dos fatos reais torne a sociedade antidemocrática.

Qual o limite da liberdade de imprensa?

Um dos limites impostos à liberdade de imprensa é a verdade. O que se espera é que a mídia tenha cautela ao propagar informações, já que, dado o poder de alcance que os grandes veículos de comunicação têm, informações equivocadas podem resultar em violações de direitos. Esse é um dos motivos pelos quais existe o inciso V do artigo 5º, que garante direito de resposta às pessoas que se sentiram ofendidas por matérias ou publicações veiculadas em meios de comunicação.

As notícias falsas, propagadas principalmente em períodos eleitorais, também podem ter grande peso na escolha dos eleitores por um ou outro candidato, o que acaba por distorcer a opinião pública e fragilizar a democracia.

Além disso, os veículos de comunicação estão sujeitos às mesmas limitações que qualquer indivíduo. Ou seja, a liberdade de imprensa não pode se sobrepor a outros direitos fundamentais. Sendo assim, os veículos de comunicação e mídia não podem propagar o racismo, disseminar o preconceito ou violar a intimidade das pessoas, por exemplo. 

Quer aprender mais sobre a relação entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa? Leia esse texto e saiba mais.

EM SUMA

Neste artigo, explicamos o que é a liberdade de expressão e qual a importância da garantia desse direito em uma sociedade democrática. Expressar-se livremente, no entanto, não significa que podemos dizer tudo o que queremos, pois devemos respeitar os direitos dos outros indivíduos.

Ser livre para expressar seus pensamentos, ideias e opiniões é um direito assegurado pela nossa Constituição e um progresso sem precedentes na história do Brasil. Ao longo dos cerca de 500 anos do Estado brasileiro, houve mais censura e imposição de limites às manifestações do que liberdade de expressão. Contudo, avançamos com a Constituição de 1988, que visa à construção de um Brasil mais justo e igualitário. É por meio do respeito às nossas leis e da cobrança dos nossos representantes, para que busquem tornar os princípios constitucionais cada dia mais concretos, que garantimos a manutenção da democracia e da nossa liberdade de expressão.

Veja o resumo do Inciso VIII do Artigo 5º no vídeo abaixo:

Se preferir, você pode baixar esse conteúdo para ler sempre que quiser!

E você, teve sua liberdade de expressão ferida? Esse foi mais um texto da série sobre o Artigo 5o da Constituição Federal. Para conhecer outras liberdades e direitos, visite a página do projeto Artigo 5o!


Nayara Alves

Talita de Carvalho


fontes:

CF88 – artigo 5º, IX – Liberdade de Expressão

Liberdade de expressão: o limite sobre o que pode ser dito

Jusbrasil – Direito à privacidade: intimidade, vida privada e imagem

Jusbrasil – Os limites da liberdade de Imprensa no Estado Democrático de Direito

Jusbrasil – Liberdade de expressão: o oxigênio da democracia

Safernet – Liberdade de expressão

administrador /desenvolvedor do post/ venha por fim.

Faça este devaneio, essa elucubração , que ainda vige em nossa era das luzes, da digitalização global, décadas depois de DUDH- Mas, existem esses expedientes, esses arroubos. Alguém se açambarca de forma subterrânea, de alguma propriedade intelectual alheia, uma criação artística, e dela faz desvio de função, uma ferramenta com outros vieses de criação.

Ninguém pode expressar ideias, conceitos, considerações, comentários destinados a uma classe de pessoas, categoria,  grupo específico. Com endereço certo, com nominações, endereçamento, com alvo certo e intencional. Assim não pode, mil vezes não pode. TODAVIA, entrementes( mesmo para os des.mentes), a sátira, a crônica como criação artística, o ensaio literário, o mote, o chiste, a chalaça, os remoques, os anexins têm garantia constitucional e racional. Ah, Moliére com o seu incorrigível Tartufo, e a igreja, os clérigos......

 

 

 

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...