quarta-feira, 7 de junho de 2017

Vendilhões dos feriados

O MERCADO DOS FERIADOS CIVIS E RELIGIOSOS 
João Joaquim  

A  páscoa se passou mas falo dela nesse artigo. Há passagens e datas tão solenes, tão magnificentes que são atemporais. Assim penso para o Natal, para o 7 de setembro, para o dia do Índio, para  o 15 de novembro da Proclamação da República, etc.  A Páscoa.  Trata-se de mais uma ocasião quando podemos observar, constatar e analisar o comportamento, as atitudes, as tendências das pessoas, do gênero e bicho homem e do sistema mercadológico que nos engana, alicia e nos  escraviza. Há um cartel capitalista, comercial e de marketing que se tornou escravagista e escravocrata dos consumidores.
Estamos vivendo tempos políticos tão sombrios e tenebrosos que relembrar o símbolo da Páscoa faz bem à alma , aos corações. Oxalá pudéssemos viver o espirito de Natal e Pascal ,eternamente.
Antes de adentrar à questão central, vale a pena relembrar o que vem a significar a palavra. Páscoa vem do hebraico, pesach, com o significado de passagem, ou também de renascimento, renovação. Ao que parece, pela história geral e ensinamentos bíblicos, a origem remonta aos tempos pré-mosaicos.  Ela era a festa de primavera dos pastores nômades, quando se davam os dias  festivos com muita alegria e júbilo pela renovação (flores) da natureza. Ela se refere também ao Êxodo, a fuga dos hebreus do Egito. Se transformou em símbolo e memorial desse magno acontecimento.
No âmbito do cristianismo (muito celebrada pelos católicos) a páscoa simboliza a ressurreição de Cristo. E aqui dou ênfase a esse simbolismo. Páscoa, passagem (pesach). Nada mais nos traz à lembrança do que  a vitória de Cristo sobre a morte, com a sua ressurreição. Ou seja, Ele deixa a dimensão humana e torna à condição de Deus-Filho, para o convívio com o Deus-Pai. E assim acreditamos todos nós cristãos e religiosos (religados) com o salvador e com Deus. “ Eu sou o caminho, a verdade e a vida, quem crê em mim ainda que esteja  morto viverá”, Jesus Cristo.
Retomo o tema central então e reitero que a Páscoa é mais uma daquelas datas que é contaminada com o desvio de significado e de finalidade. Nos mesmos fins que tomou o Natal e ano novo. A figura do papai Noel por exemplo foi uma criação da capitalista e multinacional coca-cola. Basta verificar o biotipo do barbudo e bom velhinho e os frascos e garrafões da bebida, comprada e ingerida por todos os terráqueos.
Papai Noel e garrafas de coca são muito parecidos. As indústrias do chocolate, de trigo, do açúcar e do leite tiveram os mesmos “insights” da coca-cola. Pode parecer estranho mas, muitos “chocolates” industrializados e vendidos, têm menos cacau do que estes citados ingredientes(açúcar , leite) muito mais baratos e de baixo poder nutritivo. Além de outras substâncias aromáticas e sabor muito agradável. Numa clara estratégia de se tornar uma isca e aliciar as pessoas ao consumo exagerado. As crianças, como em muitas armadilhas de marketing, são os principais alvos. Os produtos (chocolates) são consumidos pela maioria das pessoas, sem uma consulta aos rótulos da composição e percentual dos ingredientes. Muitas vezes o que menos contem é o anunciado nos rótulos e propagandas( os “ chocolates” são exemplos padrão ).
Os preços oferecidos ao consumidor constituem uma outra página digna de reflexão. Grosso modo, conforme uma pesquisa de alguns Procons e associação de donas de casa, a variação chega a 120%. Ou seja, conforme a embalagem, o plástico, as cores e formato do invólucro, o quilo varia de R$ 22,00 a R$ 250,00. Considerando que se come a mesma composição, dá a impressão que a embalagem é foleada a ouro. E na verdade não é porque todas têm o mesmo destino, o lixo.
Enfim e ao cabo das coisas, dos seres e dos víveres e  viveres, feitas tais e quais considerações, tiveram elas as simples e puras análises do quanto somos produtos e pessoas resultantes do meio, da cultura e das imposições dos sistemas que nos rodeiam. Sofremos sempre dos efeitos das ondas contra ou a nosso favor. Somos diuturnamente influenciados pelo chamado efeito-manada.
Assim ocorre com a cultura do saber e dos sabor, do lazer e do entretenimento. Assim se dá com a relação de consumo, com as tendências da moda. Até  nas ideologias. Somos eternamente os(as) maria-vai-com-as-outras.
Que tal se criássemos nas datas de 21 de abril ( Inconfidência Mineira, Tiradentes), 7 de setembro (emancipação do Brasil) e 15 de novembro (Proclamação da República) produtos, livros e objetos históricos relativos aos heróis desses feitos épicos de nossa Pátria . Ainda que se vendesse pouco em comparação com os chocolates e presentes de Natal e da Páscoa  , já seria um bom começo para melhor instruir e formar nossas crianças e juventude de nossa História.       Maio/2017.  

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