quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

TV QUE SEU FILHO VÊ..

CUIDADO COM A TV QUE SEU FILHO VÊ

João Joaquim de Oliveira

As informações transitadas pelos meios de comunicação televisiva têm produzido como efeitos grande perplexidade e apreensão nas pessoas. Fatos e cenários do submundo do crime , o lado anti-social veiculados e reiteradamente apresentados são os mais ignóbeis possíveis. Violência, cenas explicitas e as mais cruentas de toda sorte de delito, comportamentos homicidas e psicopatas são exibidos numa disputa diária entre as emissoras de televisão como uma gincana olímpica por editores, repórteres e apresentadores para ver que ganha o troféu dos atos mais espantosos, bizarros e chocante para os telespectadores.
O noticiário positivo, construtivo, educativo e de cidadania tem sido uma exceção em muitas redes de TV aberta. Tem havido, uma preferência, pode-se dizer quase mórbida, obsessiva, banalizada , na exploração e exibição da dor alheia, dos meios perpetrados por autores de todas as formas de crimes, como se estes fatos, enfim o eterno embate entre o bem e o mal não fizesse parte dos primórdios da humanidade. Tudo é exposto como se toda contravenção , toda ação ilícita e ilegal, fosse um achado, algo inaudito e desconhecido das pessoas e autoridades.
Há um direito inalienável , de a mídia em geral, em divulgar qualquer fato. O que não se concebe é transformar o submundo-cão , as cenas de crime e tantas outras torpezas sociais e morais em um espetáculo teatral, dantesco e circense em detrimento da vida, da sensibilidade humana e tantos outros valores e ditames que devem sinalizar para o engrandecimento de uma sociedade mais ética, justa e humana.
O direito de uma imprensa livre não deve dar aos seus detentores, jornalistas e editores o direito de escandalizar e chocar as pessoas com cenas, confissões e atos cruéis que permeiam e invade o meio social, a sociedade como um todo, constituída majoritariamente por pessoas honradas, trabalhadoras que verdadeiramente constroem este país.
Na busca por altos índices de audiência vale tudo, desde o sensacionalismo vão , inconseqüente , até a deformação dos fatos. Como outro consumidor qualquer o telespectador se sente vilipendiado , desrespeitado e tripudiado em seus direitos.
É necessária e urgente uma reflexão das instituições cívico-sociais, dos organismos jurídicos e meios políticos contra a programação de mau gosto e de baixo nível sócio-cultural que impera em várias redes de televisão . Bom seria que houvesse limites e diretrizes de qualidade no que fosse exibido. Que os horários de programas policiais ao vivo não fossem exibidos em horários tão nobres e vulneráveis como os vespertinos, momentos em que a maioria das crianças e adolescentes estão em casa, recém-chegadas das escolas e colégios e buscam nos canais de TV opções para o lazer e diversão .
Lamentavelmente, com poucas exceções , em pleno horário de almoço e à tarde o que se vê são cenas instantâneas , reais, ao vivo e em cores transmitidas por algumas emissoras de atos cruéis, ações as mais atrozes praticadas nas grandes cidades brasileiras, favelas e aglomerados urbanos.
É um direito e sublime missão da imprensa ser o grande olho da sociedade, a grande lupa, o "big brother" do bem , sobretudo para as autoridades policiais , políticas e jurídicas desse país. O que acredito ser uma desaprovação da maioria das pessoas é o uso teatral, banalizado e sem escrúpulos de fatos, imagens, atos e cenas que ferem o sentimento de altruísmo, amor, comiseração e honestidade de todos.
Em que pese o privilégio de o cidadão estar vivendo uma época de liberdade democrática e sem censura, grande parte das empresas de televisão tem trocado a liberdade de comunicação por liberdade de perversão. Os nãos aos tabus e ao controle de expressão de outras épocas tem dado lugar a exibições de matérias e imagens que causam asco , repulsa e reprovação de pais de famílias e educadores .
O conteúdo fútil e sem graça, a falta de padrão de qualidade de muitos programas de auditório e de entrevistas, a exploração de escândalos sexuais, a exposição de agressores e vítimas em crimes de toda natureza, a confissão de algumas pessoas criminosas no que elas possam perpetrar de mais sórdido e infame tem sido um desrespeito da mídia televisiva ao brasileiro (a) no que ele (a) tem em seus mais elementares princípios de honradez, solidariedade, moral, cultura e cidadania. Neste contexto não escapa nem mesmo a mais modelar rede de televisão do Brasil que tanto investe na seleção e qualificação de seu staff profissional e arsenal tecnológico.
A mais preocupante reflexão que se pode tirar da contra-cultura , do conteúdo vazio, da violência moral e social que se vê em matérias na TV aberta são a influência negativa e modelo de conduta que tudo isto representa para nossas crianças e adolescentes. O que mais almejamos é a recepção de informações e noticias sem estardalhaço, sem dramatizações. A comunicação da verdade pela verdade. O acesso a opções de cultura e entretenimento , seja em dias úteis, sábado ou domingo à noite, todas estas matérias ou reportagens encerrando mensagens com significado e objetivos que de fato melhorem o cidadão na sua formação como partícipes do curso , progresso, ensinamentos para nossas famílias e melhoria de nossa sociedade em geral.
O ser humano, sobretudo na infância e adolescência , precisa acima de tudo de modelos positivos e educativos para sua formação cívico-social. Todos nascemos para o bem. O desvio desse desígnio sofre profundas influências do meio social. A televisão indiscutivelmente faz parte da vida diária das pessoas. O que não se admite é este tão poderoso veículo de comunicação se transformar em modelo diário de selvageria, imoralidade, condutas anti-sociais e criminosas para nossas crianças, adolescentes e jovens, esperança plena de um mundo melhor, mais humano, justo ,digno e fraternal.

Joao Joaquim de Oliveira é médico cardiologista -faculdade medicina UFG


Um comentário:

Cardiologista disse...

A especialidade do médico Cardiologista é tratar de doenças do coração.

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