segunda-feira, 28 de março de 2011

NA PRÁTICA A TEORIA NAO ....

NA PRÁTICA A TEORIA NÃO PODE SER OUTRA
João Joaquim de Oliveira


É bem conhecido aquele adágio popular “ façam o que eu digo não façam o que eu faço”. Além do engenho espirituoso , os ditados e provérbios trazem sempre um senso, um quê de verdade e realismo. Há um outro de muitos conhecido que traz o mesmo sentido: “ na prática a teoria é outra “. A menção desses dois axiomas populares objetiva realçar o comportamento de muitos profissionais em geral, mas aqui falo mais estritamente da seara médica, onde eu milito.
Tenho observado um dúbio ou duplo comportamento de muitos profissionais, sobretudo aqueles ligados ao ensino, pesquisas e conferencistas que expõem os resultados de seus “ trabalhos científicos” ou compilações de dados da literatura em congressos ou sessões clinicas. Reiteradamente, constato um grande descompasso entre o que muitos palestrantes ou docentes apresentam em suas exposições nesses encontros de reciclagem e “atualização” e o que eles na prática, em suas clinicas privadas recomendam ou prescrevem para sua clientela. Ou seja; se esses profissionais e pesquisadores fazem ou participam de uma pesquisa clinica; se chegam a uma conclusão convincente e consistente de bons resultados; e mais, se essa conclusão encontra eco e respaldo de outros trabalhos pelo mundo afora, então estes benefícios deveriam ser oferecidos aos pacientes, aos clientes que buscam atendimento desses profissionais. Parodiando o ditado: na prática a pesquisa não pode ser outra.
Ainda dentro deste mesmo comportamento, constatamos o quanto muitos médicos e profissionais afins, são aliciados e persuadidos a adotarem estes ou aqueles medicamentos, insumos e equipamentos sem uma comprovada grande eficácia ou vantagem a justificar o seu alto custo frente a outros de mesmo emprego , mais baratos e já conhecidos no mercado.
Exemplos desses disparates, são as drogas para os convalescentes de infartos ou derrames cerebrais . A maioria desses fármacos custam 300 a 500 vezes o preço da aspirina e sucedâneos de eficácia idêntica e menos efeitos colaterais.
As grandes marcas para tratamento de colesterol, largamente prescritas, custam 10 a 20 vezes mais do que as estatinas e genéricos, de efeitos semelhantes , conforme atestam pesquisas clinicas bem conduzidas e confiáveis.
Para rebater esta realidade encontradiça nas condutas e prescrições de profissionais recém-formados ou mesmo por alguns já rodados na vida, não custa lembrar e asseverar que o compromisso maior de qualquer profissional de saúde deve ser com o ser humano. Muitas vezes, o médico, em que pese exibir atualização e estar bem antenado com a modernidade, atende muito mais aos apelos das propagandas de laboratórios e vieses de trabalhos patrocinados por esses mesmos laboratórios do que condutas e prescrições em prol dos doentes. Um paciente , a depender do poder aquisitivo, com uma receita de anti-hipertensivo ou anti-colesterol que custe R$ 100,00 ou R$ 200,00 , provavelmente jogará a prescrição no lixo e buscará uma alternativa compatível com o seu poder de compra.
Eu concluiria estas singelas criticas proclamando que frente aos lançamentos tão vantajosos mostrados por representantes da indústria farmacêutica, não seja você profissional de saúde que tem por alvo o bem-estar e a virtude para o seu cliente , o primeiro a receitar uma novidade, nem o último a abandonar um produto mais antigo e tradicional, cuja relação risco/beneficio, seja largamente conhecida e aceita por todos.
A Ética e a saúde do paciente agradecem.

João Joaquim de Oliveira médico joaomedicina.ufg@gmail.com

Um comentário:

Cardiologista disse...

Qualquer pessoa, de qualquer idade ou lugar, necessita dos serviços do médico Cardiologista independente do seu estilo de vida.

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