CRIANÇA TEM HIPERTENSÃO ARTERIAL
   
Em cerca de 80% das pessoas com hipertensão arterial(HA)  não se sabe a causa da doença .  A teoria de um fator genético é amplamente aceita. A maioria das pessoas com HA tem o início da doença na infância, daí a importância de se aferir a pressão das crianças em consultas médicas. Atenção médicos pediatras! Existe interação do fator genético e história familiar com outras condições como obesidade, alimentação hipercalórica rica em sódio, carboidratos e gorduras, sedentarismo , stress , etc.
A presença destes fatores de risco e outras condições mórbidas em qualquer idade é mais impositiva para mensuração cuidadosa e seriada da pressão em crianças de qualquer idade. Sabe-se que quanto mais precoce o diagnóstico, mais chance de prevenção, tratamento mais eficaz e menos lesões nos órgãos vitais como coração, rins e retina.
Vale registrar que a medida da pressão da criança exige aparelho próprio para a idade.
Os aparelhos mais confiáveis sãos os de coluna de mercúrio . Os mais usados e também muito precisos  são os do tipo aneróide. Os equipamentos portáteis e automáticos , são muito falhos  e passiveis de falsas medidas, em geral com medidas acima da pressão real do individuo, seja para adulto ou criança. 
 O ideal é que esta aferição seja feita por médico(a)  ou enfermeira(o). Existe tabela de normalidade( tabulada em percentis)  conforme a idade da criança e do adolescente.
Atualmente os profissionais médicos estão mais conscientes e zelosos quando em consultas rotineiras de crianças e adolescentes. Tal prática deve ser observada sobretudo por pediatras em fazer  a medida da pressão arterial( PA) de seus pequenos pacientes , onde a relação médico/paciente é sempre mais próxima e de mais confiança. 
O  rigor na aferição destas medidas deve ser dar sobretudo quando a criança além de fatores de risco já mencionados, tiver parentes  hipertensos ou condições mórbidas para doenças cardiovasculares  em geral. Vale reiterar  que em 80% dos hipertensos não se consegue chegar a uma causa orgânica para a doença. Todavia, em crianças, o diagnóstico de HA deve induzir o médico a buscar uma causa secundária. Como exemplos de doenças que podem cursar  com PA elevada temos tumores  renal , cerebral e de supra-renal, nefropatias, baixo crescimento ou nanismo  ( tumor de hipófise), insuficiência cardíaca inexplicada, convulsões, uso de drogas hipertensoras (antinflamatórios, corticóides, antiasmáticos ), drogas ilícitas, etc.
Na avaliação de  uma criança com HA deve-se incluir necessariamente o perfil lipídio sanguíneo, exames de urina, de função renal e tireoidianos, glicemia de jejum e ultrassom renal. As principais causas orgânicas de HA no adulto e crianças são doenças renovasculares ( mal formação de vasos renais venosos ou arteriais).
 
O tratamento da HA na infância deve iniciar com as chamadas medidas higienodietéticas, onde se destaca  o combate a todos os chamados fatores de risco como sedentarismo, obesidade, dieta hipercalórica etc. Deve-se realçar que tais medidas, às vezes, são necessárias também para os pais e cuidadores da criança. Como se pode prescrever uma dieta saudável para o filho, se os pais não adotam este cardápio alimentar? É quase impossível a adesão da criança a esta prescrição, se a família não tem a mesma atitude. Ou seja aqui vale o velho jargão de que para o filho vale o exemplo. Os filhos são os grandes imitadores e seguidores dos pais, babás e tutores.  
Quando necessário o uso de medicamentos, salvo um e outro caso de contra-indicação, todos os anti-hipertensivos de última geração podem ser administrados na infância com segurança.
Qualquer que seja a natureza da HA deixamos como recomendação que é fundamental promover a educação da criança no sentido de ter uma dieta equilibrada e saudável e praticar alguma atividade conforme a aptidão , vocação e limites da idade.  O chamado estilo de vida saudável tornar-se-á um hábito na vida adulta  se ele é incorporado desde os primeiros anos de vida. A glutonaria, as orgias alimentares, a ingestão de alimentos como forma de prazer pode se tornar um vício como o de qualquer outra droga ou álcool. Na verdade segundo o dito popular devemos comer para viver e não viver para comer. Isto pode começar bem e melhor quando ensinamos corretamente os nossos filhos desde pequenos.
J o ã o    J o a q u i m de  Oliveira   – médico – joaomedicina.ufg@gmail.com