CACHORRADA, ÁI É MUITA..
AÍ É MUITA CACHORRADA
A OMS, órgão da ONU destinada à
saúde, calcula que para cada terráqueo humano existe um cachorro. Eu acho
subestimado este número. Mas, sendo esta a estatística, já é um impacto de
arrepiar. Imagina 7 bilhões de animais domésticos e urbanos dividindo espaço
com as pessoas. E não se trata apenas de
dividir espaço, mas a sujeira e reflexos na saúde ambiental, de seus donos; e o
que é sofrível e lamentável, na saúde de quem não são os donos dos bichos.
Isto tem que ser expresso desta forma porque o
direito que assiste os cinófilos
de ter quantos cães lhes aprouver, tem também os cinófobos de não
conviver com seus excrementos e outras ameaças. Todos temos direitos de ruas
limpas, praças e pistas de caminhadas sem os dejetos deixados pelos bichos, que
os donos devem achar prático, afinal está na rua, no espaço público, que são de
todos , então para que preocupar.
Cães são propensos a muitas “ cachorradas”
porque não pensam, mas os donos e donas são gente e racionais , responsáveis
pela higiene desses animais. Quem aqui escreve e fala nesse tom pode até
parecer um cinocida ( exterminador de cães). Longe disto. Sou incapaz de matar
uma lagarta-come-folhas. Estou mais para São Francisco de Assis do que para o
rei dos hunos (Átila).
A questão da superpopulação de
canídeos no mundo é muito mais complexa do que concebe a maioria dos
aficionados às companhias dessas amigáveis criaturas. Há um impacto na saúde da
natureza e humana e o ônus no correto manuseio e criação da bicharada. Ao levar
um cão para o convívio doméstico as pessoas deveriam pensar no binômio
risco/benefício. Imagina um cão no convívio de uma família que mora em
apartamento. Além dos riscos à saúde de adultos e crianças, existem os danos
gerados de seus pelos e excrementos, a dificuldade na higienização; além do
desconforto que podem advir para visitas e vizinhos do prédio. Situação diversa
se os donos moram em uma casa. Aqui há espaço mais adequado e amplo, e o animal
tem até função utilitária na guarda e sinalizador da residência. Neste
contexto, a posse de um cão traz mais benefícios do que risco. Simples, não?
Nos contatos e passeios que
fazemos podemos constatar o quão zelosas são muitas pessoas na posse e trato com seus “pets”. Donos e donas há que,
mesmo num apartamento, têm um espaço
próprio para o animal. Nos passeios por ruas e praças muitos recolhem os
“torpedos” dos bichos. Há aqueles mais exigentes na higienização que vestem até
fraldas nos bichinhos. Isto revela respeito aos outros e ao meio ambiente. No
outro extremo há aquelas donas e donos que parecem sair com seus cães, no
sentido apenas de vê-los emporcalharem os cantos das ruas, gramas e plantas das
praças públicas.
Na verdade, as pessoas no trato pessoal e
doméstico, se revelam higiênicas ou porcalhonas , até mesmo na educação que
dispensam aos seus animais de “estimação”. Aliás, nós nos revelamos quem somos
até mesmo no destino do lixo que produzimos. Nós nos expressamos em tudo que
produzimos, inclusive como eu acondiciono meu lixo pessoal e doméstico.
O curioso e excêntrico é que há pessoas, e não
são poucas, que são capazes de criar 3 ou mais animais de estimação em casa ou apartamento e não cuidam
adequadamente de um parente carente, de um doente , de um filho ou pai idoso. Aí
sem trocadilho, acho que é muita cachorrada, alguém trocar cuidados a quem
carece por um ou mais cachorros. Portanto tem razão a OMS na preocupação com a
superpopulação de cães no Brasil e no mundo.
Digno de lembrança é que até
mesmo o nosso IBGE, incluirá no próximo censo o contagem dos animais domésticos.
Existe um segmento muito interessado neste censo animal que é a Indústria de Produtos para Animais de
Estimação. Muito do que esta indústria divulga é obviamente muito tendencioso
no sentido de mais e mais lucro. O lobby é tanto que chegou até à ONU, que
então vem se mostrando interessada em atender aos apelos de marketing deste
setor explorador , um grande negócio
envolvendo o mundo animal.
João Joaquim de Oliveira
médico- cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com