MUSICOTERAPIA
EFEITOS TERAPÊUTICOS DA MÚSICA
J o ã o J o a q u i m de
Oliveira e Ludmila de Castro Silva
Será que as prazerosas
sensações que a música provoca em nossa mente, em nosso organismo emocional tem
algum efeito terapêutico em nossa saúde? Será que a musicoterapia tem
fundamentos científicos comprovados?
Um pouco da história: a própria
Bíblia refere que Davi tocou sua harpa para mitigar a cólera do rei Saul.
Hipócrates, o pai da medicina concebia a doença como um transtorno ou
desarmonia da natureza humana.
Já no século XVI o médico e
fisiologista Paracelso incluía a música no tratamento de seus doentes. Existem
trabalhos médico-científicos que mostram uma sintonia mãe-feto. Tem sido
demonstrado que o bebê ,ainda intra útero, é capaz de perceber e decodificar os
sons emitidos pela mãe como o cantar de uma melodia e a própria fala da mãe.
Esta sintonia pode se estabelecer também na relação musicoterapeuta/paciente. A
música pode promover a síntese e liberação de substâncias ( endorfinas,
dopamina) que trazem bem-estar e euforia, além de incremento da auto-estima.
A psicanálise também tem
estudado o papel da música na saúde psíquica da pessoa. Através da abstração, a
música é capaz de desviar-se do ego (consciente) e penetrar no inconsciente.
Este processo pode ajudar a entender melhor este compartimento que compõe a
personalidade humana numa sessão de psicanálise tendo a música como terapia
coadjuvante.
Ao chegar ao cérebro
(freqüência das ondas sonoras) a música vai produzir e projetar de forma
consciente imagens, recordações vividas e/ou ouvidas e até outras sensações
táteis, gustativas e olfativas. A interação destas sensações, destes
sentimentos promove bem-estar, euforia, ativação de circuitos neuronais que
resulta em efeitos de gratificação prazer e felicidade.
Há um estudo de 1924 conduzido por I.H Hyde que examinou o efeito da
música sobre o coração, mais seletivamente sobre freqüência cardíaca e pressão
arterial. O estimulo musical promove leve queda da freqüência de pulso e
pressão arterial, por um efeito de relaxamento endoarterial . Há também efeito
analgésico. Isto tem sido demonstrado em pacientes em pós-operatório, onde é
freqüente a incidência de dores pela manipulação cirúrgica. Outros
pesquisadores em trabalhos bem consistentes e criteriosos têm demonstrado o
efeito da música em diminuir a ansiedade, o sofrimento emocional e a dor física
. Os acordes musicais promovem um efeito interativo positivo com os
medicamentos em uso, especialmente portadores de doença coronária e câncer.
No Brasil existem poucas instituições
que oferecem a musicoterapia como um adjuvante no tratamento de doenças
psíquicas e orgânicas como as referidas no texto. As universidades pouco
interesse têm em investir em cursos e estudos sobre os benefícios que a música
traz á saúde emocional e orgânica do ser humano.
Existem cursos relativos a arte
musical, formação em piano, públicos e privados, mas sem este enfoque do
emprego desta arte e criação como auxiliar terapêutico. Bom seria que houvesse
profissionais interessados em se tornar um aliado terapêutico , uma alternativa
de tratamento para tantas doenças que afligem o paciente, seja na esfera
emocional ou orgânica .
O que podemos concluir desta
modesta resenha da relação música/saúde no ser humano é que todos os trabalhos
e experimentos apontam para efeitos que vão muito além do simples
entretenimento e lazer na audição dos sons musicais .
O que por fim deixamos a todos
os que se deleitam e curtem a música é que selecionem aquelas que de fato
encerram uma verdadeira expressão artística, seja como poesia, seja na
qualidade literária , e assim somadas a uma bela melodia podem, por instantes,
mitigar as fadigas , o estresse diário, nossas ansiedades e representar assim
uma terapia para nosso corpo, coração e alma.
O sentido de terapia pela
música tem semelhança com outras formas de agentes terapêuticos, como os
medicamentos. A música, como tratamento, exige portanto aquela composição que
de fato possa promover apenas efeitos benéficos , construtores para nosso
intimo , nosso ser. Que seja o estilo pop, jazz, instrumental ou clássica não
importa . Se mal escolhida, certamente a música de má qualidade, sem poesia,
sem uma bela melodia, sem instrumentos mais refinados poderá evocar memórias
negativas, reforçar sensações depressivas e trazer mais efeitos colaterais e
agravar nossa saúde.
Não importa onde estejamos para
usufruir dos bons e saudáveis efeitos da música, pode ser até mesmo no carro,
enquanto nos trajetos para o trabalho. Seja a sós ou acompanhado. Em casa, a
sugestão é que tenhamos um momento de relaxamento, em um quarto ou sala
propícia, e naquele volume suave, possamos entrar em sintonia com letra e
melodia e deleitarmos das mais salutares e benfazejas evocações que esta
milenar arte pode nos trazer.
- A
Musicoterapia é reconhecida cientificamente e segundo a Federação Mundial de
Musicoterapia ela consiste na:
"utilização
da música e seus elementos por um musicoterapeuta qualificado, num processo
para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização,
expressão, organização, entre outros, no sentido de alcançar as necessidades
físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas do indivíduo."
(Federação Mundial de Musicoterapia, 1996).
- É importante deixar claro que embora a graduação em Musicoterapia não seja muito conhecida, no Brasil, a formação em Musicoterapia data de 1970 como pós-graduação sendo que em 1972 deu-se inicio ao primeiro curso de graduação. Atualmente são oferecidos cursos de graduação e pós-graduação em instituições públicas e privadas, com o reconhecimento do Ministério da Educação. Os cursos de graduação tem duração de quatro anos contando com disciplinas teóricas, práticas e estágios curriculares supervisionados em Musicoterapia. Em geral, a graduação é composta por disciplinas das áreas da Música, da Psicologia, da Medicina e da Musicoterapia.
- É importante deixar claro que embora a graduação em Musicoterapia não seja muito conhecida, no Brasil, a formação em Musicoterapia data de 1970 como pós-graduação sendo que em 1972 deu-se inicio ao primeiro curso de graduação. Atualmente são oferecidos cursos de graduação e pós-graduação em instituições públicas e privadas, com o reconhecimento do Ministério da Educação. Os cursos de graduação tem duração de quatro anos contando com disciplinas teóricas, práticas e estágios curriculares supervisionados em Musicoterapia. Em geral, a graduação é composta por disciplinas das áreas da Música, da Psicologia, da Medicina e da Musicoterapia.
J o ã o J o a q u i m de Oliveira médico – joaomedicina.ufg@gmail.com
Ludmila
de Castro Silva – Musicoterapeuta UFG
Aos que tiverem interesse em ler e saber mais sobre o tema
entrar em contato com os autores . tels do blog ou e-mail.