COMIDA ENGORDA E...
COMIDA
DEMAIS ENGORDA
E MATA
João
Joaquim de Oliveira
Todos os profissionais de saúde dão seus
pitacos sobre como perder peso. Sendo assim eu também vou dar os meus palpites.
Palpite aqui no sentido de opinião pessoal, dicas empíricas pela vivência do
problema e mesmo interesse como médico pelo tema.
Na verdade uma especialidade que tem muito a ver
com obesidade é a psiquiatria. A psicologia também. Afinal a obesidade muitas
vezes resulta do hábito ou comportamento indisciplinado de se alimentar. Uma
minoria de pessoas obesas tem uma doença orgânica de base que cause o
sobrepeso. É o velho jargão, chistoso mas verdadeiro, a gente deve comer para
viver e não viver para comer .
Muito sintomático e convincente de uma causa psíquica e comportamental na
gênese da obesidade é que os médicos em geral vêm com, muita freqüência,
incluindo na prescrição para obesidade medicamentos antidepressivos ou para
transtornos de ansiedade. Muitos laboratórios farmacêuticos de olho nesse filão
do mercado já vêm direcionando e propagando alguns produtos psicotrópicos como
adjuvantes na terapia reducionista de peso.
Mas, centrando então na questão obesidade, em
prefiro a expressão como não ganhar peso ao termo perder peso. Como tudo em
saúde e medicina, a prevenção ou profilaxia é mais simples, mais eficaz e
sempre com um custo/benefício mais eficaz e positivo para o usuário. A prevenção
da doença obesidade tem um relevância muito grande na infância e adolescência.
Nesta fase da vida os pais têm um papel decisivo. Em geral filhos
de obesos, obesos serão pelo resto da vida. Ora! Trata-se de um raciocínio
simplista. As crianças comem tudo aquilo que os pais comem, o que se põe na
mesa do café, almoço e jantar. Isto é uma regra universal. Como prescrever uma
dieta hipocalórica e saudável para uma criança cujos pais não seguem o mesmo
cardápio? Além de impossível é desumano. O mesmo princípio deve ser aplicado em
escolas. Educação alimentar se começa do berço e espera seja cumprida na
merenda escolar. São três personagens decisivas na prevenção da obesidade
pediátrica e adulta: os pais, a babá e o professor(a).
Ainda no enfoque profilaxia da obesidade há uma
faixa etária onde o sobrepeso assume um significado prognóstico capital.
Falamos aqui dos adolescentes de 12 a 16 anos. Trabalhos e ensaios científicos
mostram que indivíduos obesos nesse período de vida, se não tratados, estão condenados
a serem adultos obesos de difícil controle. Eles terão a chamada obesidade
hiperplásica. Trata-se de um transtorno onde o número de células adiposas
(adipócitos) é muito maior do que o indivíduo que se torna obeso depois de
adulto (obesidade hipertrófica).
Considerada hoje uma pandemia de alta prevalência,
sobretudo em países desenvolvidos e emergentes como o Brasil, cada vez mais a
sociedade precisa se engajar no combate e prevenção do excesso de peso. Não se
trata apenas de questão estética, mas de uma doença com amplas conseqüências
mórbidas e elevada taxa de morbidade e mortalidade.
Como dicas e recomendações que sempre dou e deixo
para meus pacientes e leitores repito: o melhor é atuar preventivamente.
Crianças e jovens devem ser conscientizados pelos pais com exemplos de um
cardápio diário equilibrado. O açúcar puro ou contido em muitos alimentos , guloseimas e refrigerante constitui um grande vilão em
ganho de peso. A frutose( açúcar de fruta e vegetais) é o açúcar mais saudável da
natureza. Quem ingere frutas e outros vegetais e grãos não precisa adoçar os
alimentos, café e sucos com açúcar (sacarose). Isto constitui uma aberração em
termos nutricionais. Para crianças e adultos obesos a melhor sobremesa são
frutas e não os apetitosos e nocivos doces açucarados ao extremo. Os adoçantes
artificiais podem ser consumidos por todos.
Todos devemos ter em mente que a glutonaria, a
gula, a ingestão excessiva de alimentos fazia sentido em épocas pré-históricas
, quando havia escassez de comida. Sempre que nossos ancestrais tinham acesso
ao alimento eles tinham que se empanturrar porque não se tinha certeza de
comida no dia seguinte. Era questão de sobrevivência. Isto se verifica em
muitas espécies animais . Basta lembrar o ritual de muitos predadores como os
leões africanos. A cada abate de uma presa eles comem como se fosse o último
dia para se alimentar. Então fica esta pergunta para nós humanos: Tendo fartura
e a certeza de alimentos onde e a hora que a pessoa quer, ele precisa a cada
acesso à comida comer como não houvesse alimento no dia seguinte? Tal
comportamento analisado friamente parece uma insanidade mental.
Uma rotina que vê e condenável é o hábito da
ingestão excessiva de alimentos com bebidas, sobretudo alcoólicas como cerveja.
São estimulantes a mais do apetite, uma mistura anti-fisiológica, acúmulo
calórico , risco de intoxicação e ressaca mais severa. Jamais devemos ter no
alimento uma fonte exclusiva de prazer e lenitivo para nossas angústias e
depressões. Alimento é uma coisa,
divertimento é outra. Este também encerra outro grande erro das pessoas obesas.
Orgia de comida e libações alcoólicas não combina com um estilo de boa saúde.
Uma atitude preventiva e mantenedora do peso
corporal ideal são atividades físicas, que devem preceder de uma consulta
cardiológica e adaptadas à aptidão e condições físicas da pessoa. Portanto,
meus caros pacientes e leitores, para finalizar deixo uma frase; alimento
demais engorda e mata. Beba de menos(álcool), alimente-se normal, mexa-se
demais e viva mais e melhor.
João Joaquim de Oliveira médico- cronista
DM joaomedicina.ufg@gmail.com