VIOLÊNCIA DE ESTADO...
A VIOLÊNCIA
ESTATAL PELO MUNDO E O PAPEL AMERICANO.
João Joaquim de Oliveira
É difícil para as pessoas de bem, fraternas e
solidárias compreender tantas injustiças, humilhações, violação de direitos e
perda de dignidade pelas quais milhões de pessoas ainda passam neste planeta,
em pleno século XXI.
Todos temos visto e assistido ao longo da
História uma forma de violência que parece sem data de validade, sem fim. Falo
da violência do Estado contra os seus cidadãos. Vamos começar por alguns países
de regimes totalitários e tirânicos como a Síria, Cuba e Coréia do Norte. No
continente africano são vários as nações com regimes extremamente tirânicos,
cujos chefes de Estado se perpetuam no poder por 30 a 50 anos.
O Sudão é um caso emblemático desses regimes de
exceção com ditadores que se julgam proprietários da nação. Os cerca de 400.000
mortos de Darfur e 2.500,00 de refugiados, têm sido um dos mais bárbaros
genocídios ( ou limpeza étnica ) cometidos pelo aparelho estatal contra
um povo já oprimido pela miséria e fome , próprias de muitas nações da África.
Omar Al-Bashir tomou o poder em um golpe em 1989. Acabou com a oposição e é o
responsável por essa tragédia sem precedentes . O país é tomado pela guerra
civil. Milícias tribais e grupos apoiados pelo governo lutam contra o Movimento
pela Libertação do Povo Sudanês (MLPS). A Human Rights Watch classificou as
condições dos direitos humanos no Sudão como imensuráveis. ONGs acusam o país
de continuar com o tráfico de negros como escravos sudaneses.
Em 2003,
Al-Bashir começou uma campanha de perseguição étnica e religiosa com o objetivo de dominação total e
reinar de forma absoluta. Ele já foi condenado à prisão e julgamento por
crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, mas a ordem se
torna difícil de ser cumprida pela cooptação da própria corte de justiça
sudanesa .
Na África tem sido assim. São países que por
serem pobres, sem petróleo e outras riquezas de interesse dos EUA são
completamente esquecidos pelas nações mais ricas do ocidente. Ali são milhares
de mortos por fome, doenças endêmicas, AIDS; mas, sobretudo por violência,
guerra civil e abandono do próprio Estado. Uma calamidade e mortandade que
supera em muito a 2º guerra mundial, se contar o próprio período pós-guerra.
Já o povo
sírio – no Oriente Médio- tem sido a bola da vez desse cenário de
violência e opressão do próprio Estado. São mais de 100.000 mortos, a maioria
civis, inclusive crianças, e mais de dois milhões de refugiados vivendo em
condições degradantes e subumanas. São humilhações e sofrimentos sem
precedentes iguais.
Cuba e Coréia do Norte não têm conflito há muitos
anos. Nesses países parece que o povo sofreu uma espécie de lavagem cerebral,
torpor ou imunização contra qualquer protesto ou reclamação contra o Estado.
Todos parecem dopados com a domesticação e submissão impostas pelo sistema
estatal. Fico a pensar: a que ponto de horrores chegamos em plena era digital,
da comunicação globalizada instantânea e em tempo real!
Tomar conhecimento de fatos e feitos perpetrados
pelos tiranos e déspotas desses regimes, nos força a indagar: será até aonde
vai a maldade do homem, do opressor contra o oprimido? Ver cenas e vídeos do
terror de Estado dessas nações parece delírio ou vinhetas de filmes de horror.
Será que não há limites para tanta barbárie? O que tem feito a ONU? As
convenções do pós-guerra? E a declaração universal dos direitos humanos de
1948? Será que todos estes órgãos e acordos de paz e respeito à dignidade
da pessoa humana estão adormecidos e sem eficácia?
O interessante e curioso é que os EUA se mostram
muito preocupados e dispostos a intervenção em países em conflitos, quando por
exemplo está em jogo interesses econômicos a exemplo de jazidas de petróleo. A
intervenção e guerra contra o Iraque foi uma dessas intervenções desastradas. Por
que nunca sabemos da preocupação americana com os massacres cometidos por
ditadores da África? Seria uma bela demonstração de intervenção em função da
democracia, da dignidade e direitos humanos ,com sentido estritamente a favor
dos excluídos e pobres.
Será que podemos ver um dia esta preocupação e
investimento de governantes da nação ianque com os povos humilhados e oprimidos
e mortos de nações mais pobres a exemplo de um Sudão e Zimbabwe? Vamos esperar
bem sentadinhos porque trata-se de uma possibilidade bem longínqua.
João Joaquim de Oliveira
médico- cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com