João Joaquim
Eu tenho para mim que o futebol é um esporte o mais
popular do mundo, mas também um cenário onde serve de observação, estudo e
experimentação das muitas faces da índole e do comportamento humano.
Assim pode servir de experimento de criminologia, de psicanálise, de
psicologia, de ética, de honestidade; enfim de muitos enfoques das
ciências humanas.
Dentre estes interesses quero aqui comentar alguns que me soam
como obviedades, mas assim o façam por justamente não ser especialista nem
autoridade em questões tão flagrantes. No tocante à identificação e empatia do
torcedor com a marca de um time de futebol. A mim causa muita perplexidade o
vigor e exaltação desse vínculo das pessoas com um clube esportivo. A paixão do
indivíduo chega a extremos de sugerir-nos que envolve um mecanismo
psicopatológico. Algo similar aquela personalidade passional que mata a outra
pessoa por uma crise de ciúme. É o repetido lugar-comum “matei por amor”.
No futebol tem se tornado rebarbativo este extremo de violência e intolerância
à opção de torcida do outro( torcedor rival).
Vamos pegar dois exemplos que nos sugerem um desvio de
normalidade. Primeiro exemplo: um time X sai do Brasil e vai ao outro lado do
planeta para disputar com um time y uma partida de futebol. Torcedores desse
time X são capazes de abandonar emprego, família e se endividar para viajar
e torcer pela sua equipe. Bastaria este fanático torcedor fazer uma reflexão
e lembrar que em todo jogo tem três chances de resultado: ganhar, empatar
ou perder. Se for um jogo final duas possibilidades ganhar ou perder. Então
diante de tanto sacrifício e despesas em corro o risco de uma baita frustração,
ver o meu time perder .
No segundo exemplo de psicoanomalia temos os casos de briga
de torcidas “organizadas” ( melhor seria torcidas amotinadas). Ou seja,
aqui é o supra-sumo, o cúmulo da intolerância ao gosto, à escolha, ao direito
do outro de torcer para quem ele bem quiser e escolher. É o máximo da
discriminação e do desrespeito ao diferente. Cada pessoa tem direitos a
escolhas. Partido político, cor da roupa, sexo etc. Time de futebol também é
uma escolha.
No campo honestidade, moral e ética, os anais de nosso
futebol estão cheios de casos fartamente documentados de toda sorte de
crimes. Neste bojo temos os homicídios e autênticos massacres das gangues das
torcidas organizadas. Crimes estes que, dada sua torpeza e crueza, poucos são
punidos no rigor e severidade de sua gravidade. As leis têm sido muita brandas
e lenientes com esses bárbaros dos estádios.
Um outro comportamento indecoroso, imoral e demasiadamente
feio e antiético envolve jogadores e dirigentes de equipes que se dispõem a
perder um jogo para favorecer esta ou aquela outra equipe. Nessa trama nada
honesta entram muitas vezes a recompensa pecuniária (“mala preta”) ou mesmo um
objetivo de vingança contra um tradicional rival. Trata-se de fatos muito feios
e repulsivos de nosso futebol.
Outra prática vexatória, abominável e de grosso calibre que
se vê com os operadores de nosso “glorioso” esporte são os crimes de
suborno, corrupção e lavagem de dinheiro. Os agentes desses sórdidos
delitos não poderiam ser outros agentes, senão os cartolas, empresários da
bola, dirigentes de clubes e da CBF. Os representantes-mores dessa tribo são
Sr. Ricardo Teixeira (ex-CBF), João Havelange (ex FIFA). E o mais lamentável,
todos impunes. Eles vivem livres, leves e ricos. Às vezes são tratados como
excelências e estadistas. Só mesmo no Brasil!
João Joaquim médico- cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com
Um comentário:
Bem importante esse assunto! O Cardiologista é de muita importância até para que tem uma vida saudável e pratique exercícios frequentemente.
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