SUPERAÇÃO DE LIMITES
SUPERAÇÃO DE LIMITES ....
João Joaquim
Deu-me um “insight” (perdoem-me os puristas) de falar
sobre a aptidão, teimosia ou garra que têm algumas pessoas em superar os seus
limites, as suas deficiências físicas. Pode ser também um déficit intelectual, neurológico ou
cognitivo. Quando este distúrbio, esta disfunção é congênita costuma ser muito
mais difícil a sua superação porque afinal a gênese daquela afecção está no
genoma, no cromossoma ou DNA do indivíduo.
Cromossoma e DNA são
estruturas motrizes e determinantes de todos os detalhes do individuo. O que me move a uma digressão sobre esta matéria foi uma cena que
presenciei em um comércio de nossa capital. Eu me aproximei do balcão de um pequeno armarinho (
aviamentos e bugigangas). De pronto, aureolado de muita gentileza e lépido nos
gestos, recebeu-me e atendeu-me um
funcionário, pouco mais alto do que o próprio balcão. Findo o generoso e ágil
atendimento percebi que aquele atendente era biamputado das pernas. Fingi que
não percebi aquele déficit físico do atendente
e fui mais reflexivo e fortalecido de espírito para casa.
A propósito, cantaram-me uma história verossímil que
reconto agora. Um jovem muito vaidoso reclamava muito com o pai porque tinha
apenas um par de tênis da moda e um sapato já meio surrado. O jovem queria um
sapato novo. Convencido a consertar e lustrar o velho sapato, o pai indicou-lhe
a sapataria do bairro. Ao adentrar àquela oficina de pisantes, o que chamava à atenção dos clientes era a
alegria, o rosto de felicidade, a efusão do sapateiro sentado na sua mesa de
trabalho. No que aquele feliz artesão se levantou para atender ao jovem de cara
amarrada e amarga, este teve uma inopinada surpresa, o sapateiro tinha agenesia
(ausência) dos dois pés. Imagine como deve ter ficado a cabeça daquele orgulhoso
e rebelde jovem ao voltar para casa. Será que ele continuou a reclamar por ter
apenas um par de sapatos e um tênis ?
Torna-se mesmo curioso, intrigante e foco até da psicologia
humana os pedagógicos e ilustrativos
casos aqui narrados. O que leva muitas pessoas com essas limitações a não se
entregar a uma vida inútil, de dependência, de lamentações e choro pelos
estigmas, pelos seus revezes ou seqüelas por algum sinistro em suas vidas? Em
nossas vidas , deparamos muito com pessoas que diante de uma seqüela de alguma
doença ou acidente fazem de tudo para se entregar a um estado de absoluta
dependência da família, de previdência social e outros cuidadores. Quando pela
natureza dessas seqüelas poderiam continuar produtivas e independentes.
Bastaria se empenhar um pouco mais em reabilitação e espírito produtivo.
A história e a vida pública têm pessoas que bem
exemplificam essa energia, estes espíritos positivistas e construtivos que
devem servir de exemplos para todos nós. Sejam as pessoas absolutamente normais
fisicamente ou com limitações de coragem e de alma.
Muitos lembram do iatista Lars Grael; ele teve uma perna amputada, ao nível da
coxa(1998). Famoso, rico e indenizado,
ele poderia ter-se aposentado. O que fez o esportista agora com um grave
defeito físico? Ele nunca abandonou o
esporte e continua na mesma atividade, trabalhador e competindo com o mesmo entusiasmo.
Alessandro Zanardi. Ex piloto de fórmula 1, teve as duas
pernas amputadas em um grave acidente do esporte em 2001. Ele não abandonou a
alegria de competir e se tornou campeão paralímpico de ciclismo.
Alguém lembra do que faz Cristina Lopes Afonso? Em 1985,
ela teve 85% do corpo queimado pelo ex-noivo (Curitiba-PR). Hoje ela é
fisioterapeuta e vereadora em Goiânia. Ela se dedica a vítimas de queimados no
PS de queimaduras em nossa capital.
Para fecho de matéria um exemplo para o mundo. Stephen
Hawking é um físico britânico que ombreia com ninguém menos que Einstein em suas teorias e inteligência.
Hawking sofre de uma doença
degenerativa, esclerose lateral amiotrófica desde os 21 anos de idade. Ele se
acha atrofiado em uma cadeira de rodas. Todo paralisado fisicamente. Menos o
cérebro. Aos 72 anos, ele continua pensante e criando. É considerado o maior
cientista vivo da atualidade . janeiro/2014
João Joaquim médico- cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com