ELEITORES E O BOI-MADRINHA
ELEITORES COMO RESES ATRÁS DO BOI OU VACA-MADRINHA
João Joaquim
Eu fico de cá a refletir com meus cadarços e
botões sobre o mundo em que vivemos, na era digital. O que é pacífico, unânime
e positivo são os avanços que conseguimos em comunicação instantânea quase
grátis, não importa o ponto do planeta em que estivermos ; houve melhora
tecnológica em vastas áreas. Nas ciências também. O salto de qualidade foi
imenso. Entretanto, uma coisa me intriga e me incomoda muito, o nível cultural
das pessoas; cultura aqui num sentido abrangente, isto é, do homem
(gênero humano) como um ser crítico, pensante, participativo, proativo e capaz
de transformar e mudar o seu meio social, preservar e melhorar o meio ambiente,
enfim, tudo à soa volta.
Nós, os brasileiros, estamos atingindo um estágio
de tanto comodismo, de tanta inércia, de tanta passividade que mais parecemos
reses em uma boiada, que seguem o boi ou vaca-madrinha.
Fôssemos pelo menos elefantes a seguir a
aliá-matriarca, estaríamos com um norte mais promissor, porque são paquidermes
dotados de um tirocínio e sentidos muito diferenciados, circunspectos e
inteligentes. Por isso têm uma expectativa de vida igual aos humanos.
Preocupa-me e muito o futuro de nossa juventude.
Longe de estar aqui me inspirando em um saudosismo piegas, contaminado de
nostalgia e espírito romântico. Mas, é oportuno perguntar: o que andam pensando
e planejando os jovens do Brasil? Que futuro eles pensam para eles mesmos, para
suas famílias, para nosso país? Não venham me dizer que todas aquelas
manifestações de junho/2013 foram frutos e ações, práticas de pessoas críticas,
culturais e pensantes em prol de um mundo mais justo, republicano e melhor.
Muito do que vimos naqueles dias foram atos e expedientes de jovens
incendiários e carbonários. Eram na maioria baderneiros e black blocs que
estavam ali como arruaceiros expressando seus instintos animais. São
energúmenos, ignorantes e limitados de razão e de inteligência. Não se viu
nenhuma pauta séria e organizada de reivindicações para um Brasil mais justo,
mais honesto e melhor para todos. Inclusive para eles mesmos. E atenção! Eram
na maioria jovens de classe média, de famílias com bom poder aquisitivo e
universitários. E boa pergunta: que futuro esperam os estudantes das
melhores universidades, como Rio , São Paulo e outras capitais desenvolvidas do
Brasil ?
O que estamos assistindo tem sido a formação de
classes de pessoas ridículas, imbecis e idiotizadas. Todas alienadas, pacíficas
e acomodadas em seu mundinho particular. Assim temos as classes C, D e E ,
aqueles que recebem assistência do governo. São todos aqueles brasileiros(as)
clientes de programas assistencialistas eleitoreiros, de bolsas e abonos
do governo. Nesse rebanhão estão os agraciados com a bolsa fome zero, minha
casa minha vida, de nossa presidente e governanta Dilma Rousseff . Estão todos
satisfeitos com os atuais programas do governo luto-petista. Estes são
eleitores cativos, a maioria integra os milhões de analfabetos. Eles não
criticam nada, não pensam e não querem nenhuma mudança. Para os patrões (ou
petrões) ), os governantes do momento , também está tudo bem. E para que mudar!
São a garantia de perpetuação no poder.
Educação e emprego tornam as pessoas mais
pensantes, mais críticas e mais exigentes. Passeatas, protestos e rebeldia dão
trabalho e derrubam governos. Todo tipo de ajudinha e engambelação vindas do
sistema do governo atual funciona como pão e circo à moda da Roma antiga.
E o que esperar dos jovens das classes A e B? Eu
não consigo antever o seu futuro. Parecem todos contentes. Para muitos desses
moços e moças bastam talvez um carrinho, uma moto, ou nem isso. Alguns dão-se
por satisfeitos e realizados com seus objetos de mídia, seus notebooks e tablets.
Cultura, pensar e criticar para que? Pensando bem nem precisam. As mídias, o
mundo virtual já trazem um monte de coisas prontas, pensadas e coloridas. Tá
certo que são futilarias, mas, já vem acabadinhas, lindas, com designs muito
atrativos e basta um click . Quando estas fontes de prazer se esgotar ,
há outras fontes de satisfação imediata como o álcool , as drogas licitas(
compradas com receitas médicas) ou mesmo aquelas mais fulminantes compradas nas
esquinas como maconha e cocaína .
Somos mesmo como reses em uma boiada.
Seguimos o guizo de qualquer boi. Qualquer líder que se diz o sal da terra,
mesmo cego ou surdo para o que se passa nas cercanias de seu paço ou seu
quintal. O pior cego é aquele cego de visão cultural e de cidadania e por isso
facilmente manipulável por outro guia cego que pouco fez ou faz pela melhoria
da cegueira do outro. Líder ou lideres estes que tentam tirar proveito de toda
forma de atraso, de falta de instrução e qualificação técnica e
profissional de seus súditos e seguidores.
Somos mesmo, cada vez mais bois em uma
manada que marchamos para onde apontar o sistema reinante. Os poderes
dominantes como as redes de televisão , com o apelo ao consumismo idiota
e besta nos guiam e estamos todos indo pelas suas cartilhas e dicas.
Parece que estamos vivendo aquela filosofia que
recomendava o gato Garfield , para quem não sabe o caminho a seguir
qualquer caminho serve. Basta a gente ouvir o som do boi-madrinha com seu guizo
e todos vamos atrás.
João Joaquim médico e cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com