ALGUMÉM PODE ME INDICAR UM BOM MÉDICO ?
João
Joaquim
Uma das recomendações a
mais importante em qualquer profissão chama-se atualização ou reciclagem de
conhecimento. Trata-se de um expediente que deveria ser até obrigatório pelos conselhos
ou associação de cada carreira. Deveria ser uma regra seguida por todos. Mas,
no Brasil não é bem assim. Muitos advogados, odontólogos e médicos se formam,
fazem alguma especialização e pronto. Ás vezes, passam dez anos sem buscar
novos cursos de extensão ou de atualização profissional.
Quero discorrer um pouco sobre a
medicina, área onde eu milito há três décadas e detenho alguma experiência do
que falo. Puxando a brasa para minha sardinha, eu penso que o médico é aquele
profissional de quem se espera estar sempre em dia com os avanços dos
conhecimentos em saúde. Afinal ser consultor e vender saúde se revela uma
missão a de maior responsabilidade e de alta nobreza.
A difusão de conhecimento se
tornou tamanha que em cinco anos algumas técnicas e práticas se tronam, ás
vezes, obsoletas e até anti -éticas de serem adotadas no atendimento ao
paciente. Qualquer profissional de saúde (médico, dentista psicólogo) necessita
ter esta clareza do quanto é importante para ele e seu cliente o estar em
dia com os avanços técnico-científicos da sua área de atuação.
Para dar mais corpo ao tema aqui
provocado eu quero me penitenciar e citar algumas gafes (ou micos) que já
paguei algumas vezes nesse sentido. Refiro-me em algumas ocasiões
pontuais de ter prescrito um medicamento. O cliente foi à farmácia para
aviar a receita e teve a resposta do farmacêutico de que aquele medicamento
estava fora de circulação. O que pensou o paciente? Que sou um médico
desatualizado com a ponta mais importante da minha profissão que é a
terapêutica.
Hoje em plena era digital e da
informática o médico tem plenas condições de estar conectado com boas aulas,
seminários, congressos e toda a atualidade em sua área de atuação. Isto se faz
de forma até graciosa, até mesmo em cidades do interior. Se ele vive próximo a
uma capital então não tem como se desculpar por não estar antenado com o que se
tem de novo, de melhor, de eficaz e mais ético e seguro para o seu doente.
Para o médico não importa a
especialidade; seja na homeopatia, na acumpuntura ; a cada ano, têm
sempre boas novas a serem expendidas em prol do consumidor. Imagina por exemplo
um cirurgião que se negasse a se reestudar novas técnicas e ao manuseio de
novos instrumentos! Pense em submeter a uma retirada de vesícula biliar com aquela
incisão (corte) tradicional! São riscos de infecção hospitalar, dez dias de
internação e outros transtornos no pós-operatório. Com a videolaparoscopia são
apenas dois dias no hospital. Com 4 dias pode-se trabalhar normalmente. Quanto
avanço em um procedimento que há 10 anos era muito invasivo e mutilante.
Uma consulta médica padrão-ouro
engloba 4 etapas. A entrevista (anamnese), onde o paciente deve ter a plena
liberdade de expressar com suas palavras o que sente. Nesta etapa o médico deve
ser “paciente” em ouvir o que sente o seu paciente. Rubem Alves dizia que o
profissional médico tem que ser expert na arte da escutatória. A 2º etapa
de igual importância é o exame físico global e minucioso. É inimaginável um
médico que faz uma consulta sem colocar as mãos no doente. Por fim as duas
últimas etapas são a prescrição de exames complementares ( se necessários ) e a
terapêutica. Nestas últimas fases sim, o médico vai revelar a sua qualificação
ética e técnica-profissional. Na indicação de exames e prescrição terapêutica o
profissional de saúde, não importa a área, vai mostrar até o seu caráter e
honestidade. Mas, estará resumido sobretudo a sua competência e formação
profissional. Em outras palavras: aquele médico que lhe entrega uma lista de
exames e exige que procure tal laboratório se revela um desonesto, com uma
ética de malandragem. Ou ele é sócio do laboratório ou recebe propina por
exames encaminhados. Da mesma forma, se há uma lista de 20 ou 30 exames,
deve-se duvidar da qualificação do médico. De duas uma, ou o médico
recebe comissão do laboratório ou ele é incapaz de um bom raciocínio clinico na
elaboração diagnóstica. O termo já diz exame são complementares! Um complemento
a quê? Á(s) hipótese(s) diagnósticos levantadas durante a consulta.
Por fim a receita. Nesta também
estará estampado o padrão ético e técnico-científico do profissional. Aqui
pode-se ler sua competência,sua atualização com o que tem de melhor no mercado
farmacêutico e seu zelo e compromisso com o doente.
Ah, em tempo, para mim médico que
não dispõe de telefones de contato, não serve para ser meu médico. Se eu
precisar dele como faço?