CANABIDIOL
OS PERIGOS DA LIBERAÇÃO DE DERIVADOS DA MACONHA
João Joaquim
A imprensa
científica (médica) e leiga noticiaram sem muito alarde a liberação do
canabidiol (derivado da maconha) pela ANVISA . Esta substância conforme
depoimentos de vários neurologistas e outros profissionais de saúde é
eficaz no controle (não cura) de alguns tipos de epilepsia. São formas raras de
doença neurológica refratárias a todos os anticonvulsivantes disponíveis no
mercado. O principio ativo ainda parece ser eficaz em casos de doença de Parkinson,
dor neuropática , esquizofrenia, formas graves de ansiedade e autismo.
A esse
propósito em faço dois comentários. Primeiramente aos usuários da cannabis
sativa (nome científica da maconha). Aqui considerados aqueles fumantes
eventuais (ritualísticos) ou mesmo já adictos da droga. A esses eu já me
antecipo, não me venham agora com mais um argumento de inocuidade e
inofensividade da maldita verdinha. Ela sempre foi, é e não deixará de ser uma
“droga” no sentido nocivo e tóxico do termo. Ainda que não agressiva e
devastadora para a saúde humana como a cocaína e crack, a maconha por si só
traz grande impacto no comportamento, saúde mental e físico do indivíduo , como
também representa um chamariz para drogas mais pesadas.
Vale lembrar,
ao que parece, que o canabidiol, um dos
vários princípios ativos da planta, não gera dependência e pode de fato trazer
eficácia, bem-estar e controle de algumas formas graves de doença
neurológica que cursam com crises convulsivas, conforme depoimentos abalizados
de profissionais médicos. A segunda questão que trago à baila se refere à
segurança na fabricação, comercialização e receita da droga. Eu não entraria
nem na questão da pirataria e compra clandestina do medicamento, visto que dada
a natureza corrupta e antiética do ser humano ele está propenso a vender a
própria alma e comprar até o indulto dos pecados junto a algumas igrejas de
falsos profetas. Para essas condutas antiéticas e desonestas não há leis ou
fiscalização que dêem jeito.
Eu refiro-me
estritamente ao rigoroso controle na dispensação da substância pelos conselhos
de farmácia e criteriosas exigências dos conselhos de medicina relativas às
prescrições médicas. Qual será a cor da tarja do produto, preta , vermelha ou
roxa ?
A esse
respeito e para ilustrar minhas preocupações para a saúde humana eu rememoro o
lançamento dos compostos diazepínicos (sintetizados na década de 1950). De
muitos sabidos, são medicamentos sedativos, ansiolíticos, soníferos com amplo
emprego na Medicina por várias especialidades. Todavia, mercê de normas
frágeis dos conselhos de Farmácia e de Medicina, hoje são drogas populares,
receitadas até por amigos e vizinhos. Quem por exemplo não usa, ou não conhece
o popular lexoton, diazepan, rivotril etc. No Brasil temos muito mais pessoas
dependentes e adictas dos diazepínicos do que usuários de maconha ou cocaína.
Este consumo se refere àqueles indivíduos que usam esses sedativos e
tranqüilizantes sem critério ou indicação médica. Eles o fazem por indicação de
outras pessoas ou como automedicação. O que constitui outra prática condenável
do brasileiro, uma vez que no Brasil é fácil comprar qualquer droga, inclusive
remédios . Tornou-se um problema de saúde pública.
Como se
sabe a regulamentação e liberação do uso restrito do canabidiol foram
decorrentes do clamor de populares, sociedades médicas e grupos de familiares
de pacientes portadores de formas graves de epilepsia. Com toda a
colaboração também de muitos veículos da mídia televisiva e impressa.
O que
esperamos é que este potente e eficaz canabidiol traga de fato melhora na
qualidade de vida para muitos doentes e seus familiares. Mas, que os órgãos
fiscalizadores como ANVISA e conselhos de Farmácia e Medicina, não afrouxem no
controle de fabricação , comercialização e prescrição do produto.
Com este expediente evita-se o uso abusivo e indiscriminado desse
psicotrópico extraído da maconha , como são hoje os compostos á base de
rivotril, lexotam, diazepan e muitos outros psicotrópicos já conhecidos e
usados pelas pessoas de forma perigosa com um alto grau de dependência
psíquica e orgânica.
João
Joaquim- médico- articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com WWW.jjoaquim.blogspot.com