DENGUE É FALTA DE HIGIENE
João Joaquim
Eu começo esta crônica com um
diálogo que tive com um alemão que mora no Brasil há 4 anos. Ele é casado com
uma brasileira e fala razoavelmente o português. Como se sabe a Alemanha é o
país mais desenvolvido da União Europeia.
Perguntei então para esse
imigrante germânico como ele, nesses 4 anos de Brasil, estava se sentindo por
aqui. Sua resposta foi positivista. Como me senti desconfiado da resposta como
agrado e cortesia insisti para que ele de forma sincera me apontasse dois
costumes nossos que lhe trouxeram algum impacto ou constrangimento . Foi quando então notei firmeza e sinceridade
em sua confissão: Duas coisas para esse alemão destoavam da cultura e costume
de seu país de origem: higiene e burocracia. Eu pedi então ao nosso entrevistado
que fizesse alguns paralelos nesses dois exemplos, como funcionam lá e por
aqui. Na abertura de uma empresa por exemplo. No Brasil pode durar até 6 meses
a via crucis no registro de uma firma. Na Alemanha com 2 semanas está tudo pronto.
No quesito higiene foi citado o destino que as pessoas dão ao lixo que
produzem. Lá não se joga sequer um palito ou cotonete na rua, aqui o cidadão na
maior caradura é capaz se jogar até em nossa cabeça e em vias públicas o lixo de cada dia, não importa o tamanho e
natureza ecológica desse lixo.
Uma relação que estabeleço aqui é
entre higiene e saúde. Aliás, justifico mais, que a palavra guarda relação com
a deusa Hygeia, divindade da saúde. A
Higiene pode ser considerada um ramo importante da medicina, voltada para a
saúde ambiental. Daí temos os seus cognatos hígido e higidez, integridade
física e mental.
Em termos de patologia temos
exemplos em profusão de doenças provocadas por ausência de higiene. É o caso
das verminoses e tantas outras doenças parasitárias. Através de uma atitude
simples as pessoas poderiam evitar um sem-número de doenças
infecto-contagiosas, muitas graves e fatais. Eu falo da conduta ou prática de
se lavar as mãos com frequencia. Água e sabão ainda são os melhores, os mais
simples e poderosos anti-sépticos e antimicrobianos. Quando se tem um ferimento
por exemplo, a primeira conduta é lavar a lesão com água e sabão. Isto evita
até o ainda temível tétano . Outros exemplos de doenças infecto-contagiosas por
absoluta falta de cuidados higiênicos básicos são; a toxoplasmose, hepatite A,
neurocistircercose( que causa epilepsia e desmaios) etc. Isto para ficar nessas
citações, porque são dezenas de outras doenças que poderiam ser evitadas com um
gesto simples e barato, lavagem frequente das mãos, sobretudo antes de tocar em
qualquer alimento.
E já para dar termo a esta
matéria, simples, mas de utilidade pública em trago à baila uma doença
infecto-contagiosa, epidêmica, e que vem
atormentando milhares de brasileiros. Refiro-me à dengue. O que é a dengue? É uma doença causada por um
vírus, transmitida por um mosquito(aedes aegypti), por falta de higiene.
Rigorosamente por falta de higiene. Ninguém estando doente com dengue passa
dengue para outra pessoa. Eu posso beijar, abraçar, ter um contado íntimo com o
paciente que eu não vou me tornar dengoso; agora o doente passa o vírus para o mosquito
que vai picar e passar para outras pessoas.
Alguém mais afoito ou
desentendido poderia me questionar. Mas, como se adquire dengue por
questões de higiene? E é só por isso e nada mais. O que é uma não correta
destinação do lixo que produzimos senão uma flagrante ausência de higiene?
Ou seja, a trágica e tormentosa
epidemia de dengue que sofremos hoje no Brasil é um indicador melancólico de
nosso subdesenvolvimento em educação, em cidadania, em disciplina e ordem, mas
sobretudo nosso atraso com nossa própria saúde, com nossos lixos e sucatas que
produzimos. Nós, os brasileiros, somos vítimas de nosso próprio desleixo, de
nossa precária higiene. O mosquito da dengue, somos nós mesmos que o
criamos, o engordamos, dentro ou no entorno de nossas próprias casas. Nessas
questões de higiene, o governo tem pouca culpa. Cada pessoa e cada família têm
a responsabilidade e a culpa por essa e tantas outras doenças facilmente evitáveis
com um padrão normal de higiene. Isto se faz com os cuidados e zelos os mais
comezinhos e simples do dia-a-dia. Entrou no banheiro, usou ou não o vaso sanitário
lave as mãos . Chegou em casa , antes de cumprimentar as pessoas lave as mãos .
Antes de tocar qualquer talher, copo ou xicara laves as mãos . Produziu algum
lixo , sobrou algum recipiente descartável ou sucata imprestável dê-lhe um
destino correto e não o transforme numa maternidade de doenças. Assim estamos
mostrando que somos civilizados , organizados, preventivos e higiênicos .
Simples , barato e não dói.