quinta-feira, 30 de abril de 2015

PROPAGANDA E....

PROPAGANDA E PUDICIDADE

 
João Joaquim

 Hoje vivemos uma época em que nunca se viu tanto destaque como a publicidade. O mundo industrial tem muita publicidade, o comércio idem, as artes idem, o esporte idem, a cultura idem. As pessoas mais ainda . O que são as pessoas hoje que não um conjunto de propaganda e publicidade? Para robustecer minhas proposições iniciais, a internet, as redes sociais, as plataformas digitais estão aí para reforço dessa tendência que parece não ter volta. Cada vez mais o ser humano gosta de se exibir, de se mostrar, de se pavonear, de estar em evidência.
Lembra-me aqui a origem da publicidade ou propaganda, são termos equânimes e de mesmo significado. Conta-se, seja lenda ou realidade, mas faz todo o sentido e com nexo lógico, que esta arte de se mostrar, de se exibir começou com o estudo de um veterinário ornitólogo. Shizitu Viguti, um indiano de Nova Deli , nos primórdios do século VIII a.C, dedicava-se ao estudo dos pavões. Todos sabemos que são aves galináceas de grande porte. O macho tem plumagem brilhante azul ou verde e imensas penas caudais que se abrem formando ocelos iridescentes;  fazendo um conjunto muito harmonioso de grande beleza visual. Ao cortejar a fêmea o pavão exibe todos esses adereços. Quanto mais bela e colorida for essa exibição mais chance de ser aceito e acasalar com a povoa à sua volta.
O que estudou o ornitólogo o professor Viguti ? Ele fez um estudo observacional e estatístico. As aves machos que tinham melhor exibição, mais bela plumagem e mais visibilidade eram as que mais se acasalavam e deixavam portanto mais descendentes. O  resultado dessa bela exibição , de toda essa estratégia de se apresentar às fêmeas era a garantia da perpetuação dos genes e da espécie .    Pronto, nasceu daí a publicidade, a propaganda e estamos no estágio em que nos encontramos. Estamos na era da visibilidade, da publicidade, da comunicação rápida e instantânea. Tudo é exibição .
Aliás, justiça ainda seja feita à contribuição do pavão nos princípios  da arte de se mostrar, de se vender (publicidade). Da participação histórica e milenar dessa belíssima e exótica ave,  surgiram as palavras derivadas: pavonáceo, pavonada, pavonesco. O verbo pavonear, caminhar ou desfilar com galantaria e soberba. Mostrar, exibir, ostentar, enfeitar-se, ataviar-se à maneira dos pavões .
Hoje podemos dividir a publicidade em dois ramos principais, aquele voltado para o mundo empresarial ou pessoa jurídica, e outro aplicado à pessoa física. Assim fica fácil o seu entendimento. A publicidade pessoa jurídica pode ser pública ou privada. Pode-se ver que todo governo tem um órgão ou ministério das comunicações ou propaganda. Aqui haja dinheiro. Nessa empreitada  tem aquela exorbitância monetária que o governo faz como obrigação de quem está no poder e deveria ficar só nisso. Mas, tem  os gastos com a chamada propaganda enganosa, maniqueísta e mentirosa. Nesse imbróglio tem ainda a cota para a corrupção, que no caso particular do Brasil é enorme!
A publicidade privada envolve a indústria e o comércio. Aqui leva vantagem quem melhor se maquiar, quem melhor se exibir, quem melhor impressionar os sonhos e desejos de gasto do consumidor. É a mesma estratégia e habilidade do pavão em atrair a pavoa.
 No campo da publicidade pessoal se torna impossível, nos dias de hoje, dissociá-la da internet e das redes sociais. Nesses tempos virtuais, com tantos recursos digitais e de mídia houve uma mudança radical nos conceitos de intimidade, privacidade e sigilo pessoal. Na verdade as pessoas se comportam(na  internet e telefone celular) como se tivessem perdido o senso de pudor, recato e decência. Os (as) internautas da grande rede perderam a vergonha de se exibirem ou mostrar seus atributos físicos e pessoais. Ninguém mais se cora ou se vexa em mostrar os seus atributos físicos e a  anatomia íntima seja em fotos ou vídeos. Parece que os glúteos, coxas, bumbuns e seios turbinados a silicone valem mais do que os dotes intelectuais e culturais. É o predomínio dos atributos do mundo da beleza e da estética.
Se na origem e nos objetivos principais a propaganda se destina a valorizar o que se mostra, na internet as pessoas têm se mostrado o contrário desses desígnios. Há como que uma perversão e degradação dos valores morais, da ética e da intimidade daqueles que andam embriagados e entretidos com a exibição e exposição no mundo virtual. Não contando ainda que os dados civis, identidade, informações pessoais ficam à mercê para quem os queira usar de forma criminosa.
Parece, enfim, que as pessoas se encontram perdidas, e em que pese estar fazendo uma publicidade pessoal, estão na verdade vulgarizando seu nome, o respeito da família e jogando a própria honra e a sua própria dignidade na vala comum dos indignos e no lixo. Olha quanto perigo estamos vivendo hoje com a empolgação e embriaguez dos encantos e armadilhas do mundo virtual e da Internet!
           
João Joaquim  médico e articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com

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