domingo, 31 de maio de 2015

MORTE DAS ARTES PLÁSTICAS

A MORTE DAS ARTES PLÁSTICAS

João Joaquim


 Hoje deu-me no coco (desculpe-me a gíria) de falar sobre criação. Aliás, conforme defendia o filósofo e teólogo Huberto Rhodden, este termo deveria ser grafado creação e não criação. Segundo ele, criação deveria ser aplicada à geração e produção de animais. Criação de boi, de cavalos, de mosquitos da dengue, de corruptos no  meio politico  etc. Creação, vem do latim “creatione”. Trata-se daquela habilidade ou dom na produção de qualquer arte no sentido concreto e abstrato .
Sabe-se que eu não sou dotado de confissões íntimas. Mas, esta eu vou expressá-la. Trata-se da inveja. Não aquela inveja vil, mesquinha, da felicidade ou posses e bens  do outro. Eu exalto aqui aquela inveja saudável e construtiva de se ter o mesmo ou semelhante talento desse ou aquele artista. Eu nem vou buscar exemplos tão longínquos como um Shakespeare ou Oscar Wilde. Quando eu leio por exemplos livros e crônicas do Bariani Ortêncio,  de Miguel Jorge ou Antenor Nascentes. Como que as palavras saem da pena desses notáveis escribas de forma tão fácil. Quando não são poesias puras se tornam textos  prosopoéticos, tal a beleza na concatenação das palavras. Desse talento nato e cultivado  eu tenho uma enorme inveja.
Quando lemos com interesse e silêncio um texto de Shakespeare ou uma poesia de Walt Whitman. Aqueles artistas quando fizeram aquelas creações só podiam estar atacados de algumas coisas sobrenaturais. E estas coisas sobrenaturais só poderiam ser chispas ou centelhas divinas. Segundo convicções de grandes pensadores a creação artística na acepção de beleza, harmonia e encantamento tem uma contribuição da mão de Deus. Vamos a um exemplo bem aqui do nosso Brasil, as obras barrocas de Aleijadinho( Antonio Francisco Lisboa). Quando contemplamos as esculturas disse admirável artista temos a sensação de que elas são cópias fieis dos personagens que representam, como os Profetas, o anjo Gabriel etc.
Esses personagem em escultura  só faltam falar. Então imagina se isto não nos convence de um toque paralelo da mão do criador divino. Pensar que esse genial artista chegou a essa proeza em artes plásticas ou sacras, numa época de poucos recursos técnicos e material e tendo muitas limitações físicas por uma doença que na época não tinha cura, a hanseníase. Como se sabe essa doença( antiga lepra ou morfeia) deixava sequelas mutilantes, porque à época não tinha tratamento, não existia antibióticos. O indivíduo ia perdendo os dedos das mãos . Além do que havia uma grande discriminação contra os  seus portadores, era muito estigmatizante.
 Uma face interessante quando falamos em arte é lembrar daquela dualidade desde a creação do universo, do embate bem versus mal .  Dizem as lendas que o demônio sempre tentou imitar as creações de Deus. E pensando bem, essas teses nos convencem, porque tem gente que está muito mais para uma criatura demoníaca do que de Deus. Imagina por exemplo um Hitler do nazifascismo, um Pol Pot do  khmer vervelho-Camboja, um Bin Laden da Al Qaeda , um terrorista do Isis . Não parecem criaturas de Deus. Tem todos a face do mal.
 No princípio era tudo um caos, uma escuridão, veio a luz. Deus fez a virtude, o diabo o vício. Fez-se o belo, surgiu o feio. Enfim se trava a eterna luta entre o bem e o mal. Entre a beleza e a feiúra.  Esse conflito só se resolverá no juízo final através do Armagedon conforme refere o apocalipse 16:14-16.
Referem as lendas culturais e religiosas que Lúcifer, o anjo decaído ou demônio, sempre tentou imitar a Deus em suas obras da natureza e da humanidade. Na área do esporte por exemplo. Os jogos olímpicos de atletismo, de corridas e tantos outros de demonstração de habilidade e inteligência seriam de inspiração divina. E então eis que o diabo tomado de inveja resolveu exibir a sua arte. Assim surgiram as chamadas artes marciais (vem de marte deus da guerra ou do fogo). Dentre essas temos hoje, em moda, o MMA e as modalidades de boxe (pugilismo). Pensando bem não pode mesmo ser uma creação de Deus. Dois brigões entram num octógono e trocam socos e sopapos. O tempo todo se esmurrando . É sempre hematomas e  ferimentos para todo lado. As consequências são muito  graves, lesões neurológicas, demência precoce, mal de Parkinson ou doença de Alzheimer, quando não há  coma aguda e morte. Ou seja são obras muito mais diabólicas do que divinas.
Torno ao tema central que é creação ou arte no sentido de beleza, harmonia e estética. Eu confesso que ando cético e pessimista com muitas formas de expressões artísticas com o surgimento da internet. Eu penso que dificilmente surgirão outros Di Cavalcantis, Portinaris, Picasso e Salvadores Dali. Eles estão condenados à extinção, se continuar a tendência de abolir o uso do papel e da caneta. O livro se tornou e-book, caderno, notebook, caneta será trocada por toques digitais no ipad ou tablet.
As crianças antes de irem para a escola já estão recebendo e aprendendo a manusear os coloridos e mágicos instrumentos virtuais. Tudo prontinho e atrativo ao simples toque dos dedinhos. Os pequenos estão sendo adestrados a não pensarem. E para quê. Dá trabalho. A internet já traz tudo pensado e criado, ainda que quase tudo fútil e deseducativo.  As gerações virtuais, crianças e adolescentes de hoje, já estão tendo alguns  distúrbios graves em leitura e na escrita. Em neurologia e psicologia é o que se chama agrafismo ou disgrafismo, e dislexia. Ou seja dificuldade na arte de escrita e de se expressar.
Nas artes plásticas por exemplo onde a pessoa cria elementos visuais e táteis, com linhas e cores, sensação de profundidade e percepção tridimensional. Como se constrói uma obra de arte desta natureza? Na base de tinta, de uma tela, de um cinzel, de um pincel. Enfim pintando e escrevendo. Pergunta simples e capital:  como que a criança vai manifestar tais habilidades inatas e vocação natural  na tela de um Ipad ou tablet?  Impossível. E eu estou encabulado.  Será que os artistas plásticos estão condenados à extinção ?  Pode ser a morte das artes plásticas,  quão triste essa tendência !

maio/2015

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