CRIANÇA NÃO , CACHORRO SIM
TROCA-SE
UMA CRIANÇA OU IDOSO POR UM CACHORRO
João Joaquim
O nosso antes operoso e acreditável IBGE
soltou estes dias um censo zoográfico de cães e gatos. Ou seja uma estatística
sobre a população doméstica desses bichos. Não são poucos animais! Vamos às
críticas observacionais. Em primeiro lugar, os dados são de 2013, por isso
desatualizada. Em segundo lugar, estatística não é matemática, porque é sempre
furada e imprecisa. Em terceiro lugar, os dados compilados se referem a animais
domiciliares. Isto é; não são catalogados os bichos de ruas e mesmo aqueles
arredios e semisselvagens; por essa análise vejam o quanto falhos são esses
números. Mas, infere-se pela prática e convivência com esses pets que são
milhões e milhões de canídeos e felinos a povoar o nosso planeta.
Antes de outros comentários vamos a algumas
informações estatísticas , a pesquisa nacional de saúde-PNS (órgão do IBGE)
revelou que mais de 24% dos animais não tinham sido vacinados nos últimos 12
meses; contra raiva por exemplo, uma doença incurável para os bichos e humanos.
Ou seja, que ironia e bestialidade com os bichos e consigo mesmo, os donos de
animais de estimação ( que estima é esta ?) sequer preocupam com a própria
saúde. Os animais podem contrair doenças e passar aos criadores dos próprios
bichos intitulados de estimação ( imagina se não fosse).
Em 44,38% dos domicílios havia pelo menos um
cão. Gatos, em 17,7% dos lares. Ao todo 28,9 milhões de cachorros e 11,5 milhões
de gatos.
A pesquisa nacional por amostra de domicílios-PNAD
(IBGE) revelou um dado curioso. Há mais bichos do que crianças. Esta supremacia
dos animais não é exclusividade do Brasil. No Japão por exemplo, existe mais
cachorros do que meninos. Lá tem sido fechadas maternidades, creches e escolas;
e inaugurados muitos pet shops. Dá menos despesa e trabalho a criação dos
irracionais. Faz sentido, porque educar um filho nos padrões coreanos ou
nipônicos se torna muito oneroso. No Brasil isto não é muito levado em conta,
porque Educação é coisa secundária . Os dados cachorrais e de crianças no
Brasil ficaram assim: de cada 100 famílias 44(44%) criam cães, enquanto apenas
36(36%) tem crianças (filhos). Isto é; preferem-se mais bichos que filhos.
Vamos buscar os primórdios sociológicos, em
especial no restrito aos cães, sua domesticação e suas relação com os humanos.
De muitos sabido, os nossos cães de hoje têm origem em seus ancestrais
selvagens carnívoros como as raposas, os lobos, os cães-selvagens e muitas
outras subespécies do gênero. No meio selvagem, ele(cão), sempre foi um
exímio predador , caçador audaz e inteligente, talvez superado apenas pelos
felinos.
O interesse original do homem em sua domesticação
foi justamente para explorar essa habilidade animal na caça, pelo
sucesso na perseguição e abate da presa. Um recurso que ainda é muito empregado
até hoje em países e regiões onde a caça é permitida. Há cães que são
treinados especificamente na caça de certos animais. Como exemplos os
cães perdigueiros (perdizes), os paqueiros (paca) e onceiros (onça).
Dada a característica territorial do animal, os
canídeos também são empregados como sentinelas, vigias e guardas das pessoas ,
imóveis e bens. Os animais podem ser treinados também para outras funções
as mais nobres e diferenciadas como guarda pessoal, ação policial na
busca e apreensão de criminosos, farejamento de vítimas soterradas e
identificação de drogas escondidas em bagagens de viagens.
A relação de amizade e fidelidade homem/bicho foi
se estabelecendo de tal forma que surgiram os efeitos colaterais e as
consequências nocivas, inúteis e prejudiciais na vida social e na saúde humana
resultantes dessa convivência muito próxima e íntima com os chamados pets.
Vamos considerar as finalidades da domesticação dos cães: ser um aliado na
caça, um guarda de propriedade, um vigia doméstico, um cão policial.
Perguntamos a todas as pessoas que vivem em condomínios, em apertados
apartamentos, nos caóticos trânsitos urbanos: qual a finalidade de se ter um
animal preso nesses ambientes? Ambientes totalmente contrários à natureza e
liberdade desses animais? A vida de milhares de cães confinados e presos nessas
residências urbanas é mais demonstração da alienação, da neurose e da idiotice
que tomaram conta do agora “homo urbanus”. Quanto melhor se tivéssemos
permanecido sapiens, sapiens!
Aqueles que gostam de bichos dentro de casa, em
gaiolas, presos em cubículos ou coleiras, restritos nos “apertamentos”
podem até me soltar os seus cachorros. Nós humanos ainda temos o direito(julgamos
nessa prerrogativa) de segregá-los e fazê-los presidiários, e eu respeito
a todos com o meu inarredável direito de expressar o que
penso. Mas, finalizo afirmando que há pessoas com atitudes tão promíscuas
e insensatas com os chamados animais de estimação que elas(pessoas
humanas) beijam os bichos, dormem com eles, cheiram a xixi e cocô dos bichos ;e
o que é mais melancólico e insensato: costumam, na posse dos pets,
negligenciar, terceirizar ou renunciar à correta educação dos
filhos ou serem omissas e ausentes no carinho e cuidados com pais e avós,
muitas vezes doentes e debilitados . Que insensato e melancólico -
Junho/15.
João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com -