quinta-feira, 30 de julho de 2015

CRIANÇA NÃO , CACHORRO SIM

TROCA-SE UMA CRIANÇA OU IDOSO POR UM CACHORRO
João Joaquim


 O nosso antes operoso e acreditável IBGE soltou estes dias um censo zoográfico de cães e gatos. Ou seja uma estatística sobre a população doméstica desses bichos. Não são poucos animais! Vamos às críticas observacionais. Em primeiro lugar, os dados são de 2013, por isso desatualizada. Em segundo lugar, estatística não é matemática, porque é sempre furada e imprecisa. Em terceiro lugar, os dados compilados se referem a animais domiciliares. Isto é; não são catalogados os bichos de ruas e mesmo aqueles arredios e semisselvagens; por essa análise vejam o quanto falhos são esses números. Mas, infere-se pela prática e convivência com esses pets que são milhões e milhões de canídeos e felinos a povoar o nosso planeta.
Antes de outros comentários vamos a algumas informações estatísticas , a pesquisa nacional de saúde-PNS (órgão do IBGE) revelou que mais de 24% dos animais não tinham sido vacinados nos últimos 12 meses; contra raiva por exemplo, uma doença incurável para os bichos e humanos. Ou seja, que ironia e bestialidade com os bichos e consigo mesmo, os donos de animais de estimação ( que estima é esta ?) sequer preocupam com a própria saúde. Os animais podem contrair doenças e passar aos criadores dos próprios bichos intitulados de estimação ( imagina se não fosse).
 Em 44,38% dos domicílios havia pelo menos um cão. Gatos, em 17,7% dos lares. Ao todo 28,9 milhões de cachorros e 11,5 milhões de gatos.
A pesquisa nacional por amostra de domicílios-PNAD (IBGE) revelou um dado curioso. Há mais bichos do que crianças. Esta supremacia dos animais não é exclusividade do Brasil. No Japão por exemplo, existe mais cachorros do que meninos. Lá tem sido fechadas maternidades, creches e escolas; e inaugurados muitos pet shops. Dá menos despesa e trabalho a criação dos irracionais. Faz sentido, porque educar um filho nos padrões coreanos ou nipônicos se torna muito oneroso. No Brasil isto não é muito levado em conta, porque Educação é coisa secundária . Os dados cachorrais e de crianças no Brasil ficaram assim: de cada 100 famílias 44(44%) criam cães, enquanto apenas 36(36%) tem crianças (filhos). Isto é; preferem-se mais bichos que filhos.
Vamos buscar os primórdios sociológicos, em especial no restrito aos cães, sua domesticação e suas relação com os humanos. De muitos sabido, os nossos cães de hoje têm origem em seus ancestrais selvagens carnívoros como as raposas, os lobos, os cães-selvagens e muitas outras subespécies do gênero. No meio selvagem, ele(cão),  sempre foi um exímio predador , caçador audaz e inteligente, talvez superado apenas pelos felinos.
O interesse original do homem em sua domesticação foi justamente para explorar essa  habilidade animal  na caça, pelo sucesso na perseguição e abate da presa. Um recurso que ainda é muito empregado até hoje em países e regiões onde a caça é permitida. Há cães que são  treinados especificamente na caça de certos animais. Como exemplos os cães perdigueiros (perdizes), os paqueiros (paca) e onceiros (onça).
Dada a característica territorial do animal, os canídeos também são empregados como sentinelas, vigias e guardas das pessoas , imóveis e bens. Os animais podem ser treinados também para outras funções  as mais nobres e diferenciadas como guarda pessoal, ação policial na busca e apreensão de criminosos, farejamento de vítimas soterradas e identificação de drogas escondidas em bagagens de viagens.
A relação de amizade e fidelidade homem/bicho foi se estabelecendo de tal forma que surgiram os efeitos colaterais  e as consequências nocivas, inúteis e prejudiciais na vida social e na saúde humana resultantes dessa convivência muito próxima e íntima com os chamados pets. Vamos considerar as finalidades da domesticação dos cães: ser um aliado na caça, um guarda de propriedade, um vigia doméstico, um cão policial. Perguntamos a todas as pessoas que vivem em condomínios, em apertados apartamentos, nos caóticos trânsitos urbanos: qual a finalidade de se ter um animal preso nesses ambientes? Ambientes totalmente contrários à natureza e liberdade desses animais? A vida de milhares de cães confinados e presos nessas residências urbanas é mais demonstração da alienação, da neurose e da idiotice que tomaram conta do agora “homo urbanus”. Quanto melhor se tivéssemos permanecido sapiens, sapiens! 
Aqueles que gostam de bichos dentro de casa, em gaiolas, presos em cubículos ou coleiras, restritos nos “apertamentos”  podem até me soltar os seus cachorros. Nós humanos ainda temos o direito(julgamos nessa prerrogativa) de segregá-los e fazê-los presidiários, e eu respeito  a todos com o meu inarredável  direito de expressar o que penso.  Mas, finalizo afirmando que há pessoas com atitudes tão promíscuas e insensatas com os chamados animais de estimação  que elas(pessoas humanas) beijam os bichos, dormem com eles, cheiram a xixi e cocô dos bichos ;e o que é mais melancólico e insensato: costumam, na posse dos pets,  negligenciar, terceirizar ou renunciar  à correta educação dos filhos ou serem omissas e ausentes no carinho e cuidados com pais e avós, muitas vezes doentes e debilitados . Que insensato e melancólico -  Junho/15.
João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com -

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