LÍNGUA PORTUGESA
CONFUSÃO
ORTOGRÁFICA NA LÍNGUA PORTUGUESA
João
Joaquim
Nossa
língua portuguesa como já a encantou e cantou os grandes escritores e poetas, a
começar por Luiz Vaz de Camões, foi e será sempre bela. E o será
mesmo sendo considerada a última flor do Lácio (latim vulgar e clássico) como a
sonetou nosso parnasiano Olavo Bilac. Agora, cá entre nós, falando à boca
miúda, como nosso idioma é maltratado. E não se trata de um fenômeno dos menos
escolados ou de pouca leitura. Trata-se de um desleixo até de meios acadêmicos,
estudantes universitários, escolas e muitos doutores que aprendem apenas as
matérias técnicas das profissões. Deveria ser uma disciplina obrigatória em
todas as formações técnicas acadêmicas .
Nessas
questões eu falo com certa autorização, por exemplo, no ambiente médico. Muitos
profissionais da área de saúde, até elaboram bem um laudo de exame, de um
atestado, de uma conclusão diagnóstica. Algo mínimo de que lhe é
exigido. Quando esse doutor tem que fazer um ofício, uma carta ou qualquer
relatório dirigido a quem não é do mesmo jargão etc, aí sim, é certo se
constatar os erros e asneiras cometidas no emprego de um Português padrão.
São gafes,
às vezes grosseiras, com emprego verbal impróprio, erros de sintaxe, de
concordância verbo-nominal sem contar os casos de escritas ininteligíveis
e outras graves ofensas ou crimes de lesa-ortografia ou lesa-idioma. Tais
delitos em outros países e culturas, como assentes em respectivas
constituições, têm até uma pena prevista, o de voltar para as salas de
aula, a fazer uma reciclagem , até aprender corretamente o idioma nativo. O bom
de muitos desses doutores médicos é que eles, muita vez, sabem ou dizem saber
até o idioma bretão. Só mesmo com nossas diretrizes educacionais e costumes
no Brasil.
Agora, não
pensem que são os mais incultos ou desleixados com nossa língua os que
maltratam nosso idioma. Aqueles velhinhos de nossa inoperante e
desenxabida Academia Brasileira de Letras (ABL) têm também o seu papel . Alguns
mais afeitos ao que ali, na casa de Machado de Assis, fazem nossos mais
afamados escribas devem lembrar. Isto mesmo! De vez em quando eles sem
inspiração para coisas mais sérias e produtivas inventam de reformar a língua.
Já imaginaram? Reforma ortográfica da língua portuguesa (ROLP), que vira uma
baita confusão . Dizem que em Portugal eles pouco estão lixando para tais
mudanças. Agora imagina para um estrangeiro que aprende o Português e depois
depara com essas reformas . É de pirar qualquer turista. É um aprende e
desaprende a perder de vista.
A última
reforma , eu por exemplo, não gostei nem um pouco. Aboliram o acento
circunflexo (^) de algumas palavras, o agudo de outras (´), cortaram o hífen de
algumas locuções ou compostos (-); e tremei com esta, aboliram o trema (¨) de
tudo quanto é vocábulo. Não, não, eu fiquei amolado e inconformado com a
revogação ou cassação de nosso simpático trema.
Vamos pegar
aqui alguns exemplos de vocábulos que perderam sua elegância sem aquele
chapeuzinho do circunflexo. Voo é um desses casos. Quem assim teve essa
ideia parece que voou na maionese. O vôo sem esse acento seria como um
comandante sem o quepe ou o papa sem o solidéu; não tem a mesma autoridade. Eu
não abençôo e tenho enjôo só de imaginar nessas mutilações de nosso vernáculo .
Quanto ao
agudo. Tomemos a própria palavra idéia. Parece que sem esse sinal
inclinado (´) indicando 45º ela perdeu aquele sentido de saudação, seria como
um braço erguido apontando o horizonte. Ou seja, cada acento é uma espécie de
adereço , um adorno a mais para os vocábulos. Parece que nossos imortais da ABL
ficaram com inveja do idioma inglês , onde não se tem acentos.
Dos
compostos, um exemplo é a expressão dia a dia. Falar agora dia a dia a gente
não sabe se é um dia após o outro ou se é o cotidiano( dia-a-dia), a rotina da
pessoa. Antes com e sem hífen tinha-se uma clareza meridiana do significado da
expressão , agora a expressão única, não composta, se tornou mais obscura.
E o trema? A
lingüiça não tem mais aquele cheiro e sabor da pronúncia. Eu inclusive, me
tornei de uma vontade flácida , desmilinguida , em comer ou
oferecer lingüiça sem trema. Outra que perdeu a firmeza foi liquidação. Sem o
trema parece liquefação, aquela coisa aguada e sem muita consistência .
Enfim,
para não ficar em modorrentas delongas vamos pegar a preposição para e o verbo
para (3º pessoa do indicativo): antes, esse verbo para (parar) tinha o agudo
para diferenciar da preposição homógrafa(para). Olhe que quiproquó fica agora
esta frase: o motorista para o táxi para o ônibus . Quem é verbo?
Quem é preposição?
Todavia,
apesar dessa trapalhada dos sucessores da casa de Machado de Assis( nossa morna
e infrutífera ABL), eu sugiro a todos, sejam doutores ou jornalistas, que
prestem mais atenção ao serviço, seja no falar ou no escrever, porque isto faz
toda a diferença. Agosto /15