LIVRE ARBÍTRIO..
OS CARMAS
E FARDOS DO LIVRE-ARBÍTRIO
João Joaquim
Eu já
abordei, mas quero colocar de novo em baila um tema de que se fala muito dele
nos últimos anos, a liberdade. Eu penso ser uma das faculdades a mais nobre
entre todos os animais. É a capacidade ou aptidão mais almejada do gênero
humano, não importando que idade ou condição tenha essa pessoa. Ela representa
uma das conquistas do indivíduo ainda nos albores da existência. Basta lembrar
da criança quando no ato de engatinhar. E olha quanto trabalho ela exige,
nessa fase, dos pais e babás. Afinal trata-se de uma das maiores habilidades na
primeira infância, a liberdade de locomoção, a capacidade de ir e vir. Talvez a
maior das liberdades ao lado da expressão e opinião. E assim prossegue o homem
em sua jornada. Vem o início da fala. A criança já no domínio das primeiras
palavras nos dá a maior lição de liberdade. Qual seja, a liberdade do
questionamento, do como e do por quê de tudo.
Em tom
espirituoso, mas não menos verdadeiro pode-se afirmar que os filósofos nunca
deixam de ser crianças porque eles são perguntadores por excelência. Esta, sim,
constitui uma das maiores expressão de liberdade. Eu que sou um noviço e
apaixonado por filosofia, não importa que ramo seja; reaprendi a ter o espírito
e a curiosidade das crianças, que não se contentam em simplesmente ver alguma
coisa acontecer. Elas exercem essa sagrada liberdade da interrogação: o
que é isso? Para que serve aquilo? Como funciona tal equipamento ou fenômeno?
como nasce uma pessoa? E atenção pais, cuidadores e educadores! Nunca dos
nuncas reprima uma criança nessa tão legítima e sagrada liberdade da
curiosidade. E jamais falseiem ou mintam para seu filho, seu aluno, ainda que
essa e outra pergunta soa embaraçosa. Sejam francos, inteligíveis e
honestos a qualquer questionamento.
Assim que a
criança vai se desenvolvendo e aumentando o seu campo de conhecimento torna-se
de grande significado e determinante o papel dos pais, cuidadores e educadores
no crescimento “lato sensu” e formação dessa criança. É da natureza e
fisiologia da infância, adolescência e juventude a impulsividade, a
irresponsabilidade e a ausência de limites, a não obediência a regras e normas
de conduta. Nesse percurso da vida torna-se relevante o papel do adulto, da
família, enfim do meio social onde acha inserido de forma interativa esse
adolescente, esse jovem em formação. É desse segmento da vida que se pode tirar
o provérbio “ dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Pode-se cravar
que é dentro dessas diretrizes e princípios que o sujeito pode se tornar uma
pessoa cidadã no amplo sentido do termo.
Em se
tornando um cidadão de direitos e deveres, frise-se os verbetes direitos e
deveres, este sujeito faz jus ao título de cidadania, que encerra civilidade e
civismo . O que é um Cidadão? Indivíduo dotado de dignidade, consciente
de sua condição de convivente de uma sociedade onde devem imperar a ordem, o
respeito às normas do grupo, às leis e convenções estabelecidas pela sociedade e
pelo Estado. Nessa esfera ou trajetória da vida ficam patentes mais do que
nunca o exercício e fruição de toda forma de liberdade, mas com
responsabilidade. Direitos e deveres em equilíbrio .
É útil e
oportuno que se registre que vivemos em uma sociedade onde têm imperado os
excessos de liberdade. Muita libertinagem e devassidão . Seriam toda
forma de comportamento e atitudes sem a absoluta preocupação com a liberdade e
direito do outro de ter também a sua liberdade de escolha, do estilo de viver,
de opinião, de expressão e atos os mais banais do dia a dia.
Uma outra
faculdade ou condição inerente ao gênero humano de que usufruem as pessoas se
refere ao livre-arbítrio ou a também chamada (em filosofia) de liberdade de
indiferença. Trata-se de um atributo que mal exercido traz grandes danos a
terceiros, à família, ao grupo social e mesmo ao Estado. Para exemplificar essa
pseudoliberdade ou livre-arbítrio vamos imaginar um indivíduo drogadito ou um
alcoólatra contumaz. Um e outro estão no livre-arbítrio de ser um usuário de
drogas ou ser alcoólatra por toda a vida. No entanto, dessa “liberdade” de se
autodeterminar para esses nocivos e perniciosos vícios muitos danos poderão
resultar para outras pessoas, muito sofrimento e dor familiar. Vamos explicar
melhor.
Imagine,
como se vê em muitas famílias, um chefe de família (pai, marido) que passa
longos anos no abuso do álcool! Um dia esse organismo vai cobrar a conta. Uma
cirrose hepática, um derrame cerebral com sequelas incapacitantes. Pergunta-se:
que liberdade ou livre-arbítrio foi esse de no futuro, esse drogadito ou
alcoólatra se transformar num pesado fardo e estorvo para a família?
Por
isso deixo esta última mensagem: nem toda liberdade e livre-arbítrio podem ser
absolutos e sem limites porque as consequências podem ser muito danosas, de
tormentas e de grande sofrimento moral, físico e emocional aos
familiares e ao Estado que vão cuidar desse agora incapaz que se entregou aos
prazeres da vida. E eles existem aos milhares por aí em nossas famílias, em nossa
sociedade. Eu tenho esse tipo na família , tu podes ter, nós e muitos
outros poderemos os ter um dia , como um carma, uma cruz eterna e pesada.
Quão triste pensar nesses nossos bebuns e outros dependentes químicos no seu
danoso livre-arbítrio e futuros trambolhos para os parentes que nada tinham a
ver com esses vícios . Agosto/ 15