quarta-feira, 30 de março de 2016

AMIGOS E Transas na Rede

NAMOROS , AMIZADES  E EDUCAÇÃO COLORIDAS

João Joaquim  

  
Nesses tempos digitais se tem uma palavra que sofreu os efeitos da semântica se chama amigo ou a sua mãe e cognata, a amizade.

Essa mudança, para pior, do sentido de amigo e amizade de deve muito ao advento da internet,  de mídias e redes sociais. As plataformas virtuais com todas as maneiras de comunicação trouxeram outros significados a esse sentimento de afeição, estima e afinidade, e  até a muitos outros valores como o namoro, as confidências , o  casamento e outras interações conjugais, e  mesmo à educação de filhos .

O que se tem de certo é que todos esses sentimentos aqui lembrados como a amizade, namoro e casamento nos parecem  que foram banalizados e subestimados . A mim fica a sensação de que os recursos digitais da internet provocaram uma certa embriaguez nas pessoas. Pessoas essas que ganharam novos nomes, às vezes, sem maior sentido e significado. Na grande rede nós somos o que? Usuários, contatos, “amigos” (virtuais), internautas. Parecemos todos náufragos em um oceano; sem barcos, sem âncoras, sem bússola ou GPS.
 Poder-se-ia  iniciar essa discussão com algumas provocações aos grandes inventores da internet, das mídias e aplicativos virtuais e das tão massificadas redes sociais. Como chamar de amigo alguém com quem nunca tivemos um contato físico, de olho no olho, de um aperto de mão, de uma troca de sorriso, de conquista de confiança mútua, de forma  paulatina e duradoura ?

O que fica então de conclusão é que os conceitos desses sentimentos, amizade, namoro e casamento sofreram um rebaixamento de signos e significados. Numa frase e lugar-comum, não se faz mais amigo , namoro e casamento como antigamente.
Dizer ou opinar que as tecnologias da informação trouxeram mais malefícios do que benefícios seria pura toleima de quem nasceu antes desses avanços, como esse articulista. A questão central e diferencial está no uso de que se faz dessas ferramentas. A diferença está nas pessoas , ou nos usuários desses recursos.

Cada recurso digital, a começar do próprio telefone celular foi concebido com o desígnio e a concepção de facilitar a comunicação utilitária entre pessoas e empresas. Hoje, esse objetivo (original) se tornou obsoleto. Todos empregam o seu utensílio móvel, o smartphone e iphone e tablet para tudo, menos como recurso telefônico ou intercâmbio de conhecimentos . O uso massivo desses objetos se dá com as redes sociais. Há uma ansiedade de seus “usuários” pela permanente conexão. Existe um permanente alerta( bips, apelos, chamados eletrônicos )  pela conectividade, pelo estado “online” dos contatos (amigos). Todos parecemos meros imbecis que não podemos deixar nossas mídias sequer para uma almoço fraternal em família, para assistir uma reunião, para uma missa ou culto religioso ou para um passeio ou caminhada de atividade física. Vivemos uma autêntica neurose digital

Quando olhamos para os adolescentes de antes e os pós internet percebemos uma grande diferença. Diferenças no que eram os sonhos, os projetos e o idealismo da juventude que não conheciam o celular. Os jovens se falavam, se associavam, se politizavam. Eram pessoas na efervescência hormonal e de ideias. Todos tinham sonhos e utopias. O mundo  virtual parece ter entorpecido as crianças e jovens de pensar, criar, e projetar o futuro.
 Todos parecem realizados, satisfeitos e confortáveis em suas mídias. As crianças e adolescentes vem trocando os encontros lúdicos, as brincadeiras de socialização pela reclusão da Internet. O que pode trazer sérias consequências até na maturação como cidadão e interações sociais as mais diversas. 
 Mas, sendo essas as consequências predominantes da internet com suas tão apelativas e alienantes mídias e redes sociais, o que cabe aos pais, famílias, cuidadores e escolas para com as crianças, adolescentes e jovens, nesses tempos de tantas transformações ? A palavra mágica é educação, no seu sentido o mais original e abrangente.
 Basta lembrar que a educação se faz por etapas, onde cada ensinamento recurso e tecnologia se dá conforme a idade certa. Como exemplo, devemos ter como coerente e lógico ensinar primeiro os fundamentos de leitura, matemática, desenho, interpretação de um texto. E como se dá esses passos da educação? Folheando livros, rabiscando papeis, aprendendo álgebra de cabeça. Os recursos de informática terão seu lugar e sentido em ciclos mais avançados. Então fica patente que o uso abusivo, desvirtuado, massivo, de forma fútil e viciosa se dá sobretudo por uma questão de educação e maus exemplos dos próprios pais  e cuidadores;  e mesmo de escolas que oferecem os coloridos e encantadores utensílios de informática em idades muito precoces.
 Educar se dá por etapas. Há famílias e educadores que andam distraídos em apenas agradar e dar coloridas e apelativas telas mágicas aos filhos e alunos. São recursos que mais deformam do que formam a nossa juventude. Já há estudos mostrando que quando uma criança de 5 ou 6 anos vai para a escola , esta criança já tenho assistido centenas de horas de vídeos, filmes  de tudo; dos games a outros atrativos coloridos em mídias digitais e de TV . O que é pior e desalentador , sem nenhum cunho ou sentido pedagógico ou de alfabetização.
Uma pergunta que esse modesto escriba faz a pais, escolas e pedagogos. Essa criança chega na escola, será que  ela vai querer pegar em lápis, papel ou folhear livros ou desenhos escritos? Essas primícias do ato de educar exigem um pouco de trabalho, de pensar, do uso da mente , das mãos e músculos.  Em casa ela não foi educada para esse inicio de educação. Objetos de mídias, celulares, tablets exigem apenas o olhar, toques digitais, tudo mágico. Imaginem se os pequeninos querem essa troca ! Eu duvido                        Março/2016.


João Joaquim - médico - articulista DM - www.drjoaojoaquim.com     joaojoaquim@drjoaojoaquim.com


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