MALAS
OS CATEDRÁTICOS
DA MALANDRAGEM E DO CRIME
João Joaquim
Para a grande maioria das pessoas
a honestidade é um comportamento assimilado e aprendido com os pais, com a
família, nas escolas e do meio social. Porque como já preconizava
Aristóteles, a ética e a virtude são atitudes que devem ser ensinadas e exercitadas.
Agora, há certos indivíduos que , ao que sugerem seus expedientes e atos de
vida, fica a sensação de que sua desonestidade está entranhada em seu
DNA, em sua personalidade. Tal constatação se faz naqueles indivíduos que têm
plena consciência das ilegalidades e ilicitudes praticadas mas, continuam nas
mesmas práticas contrárias à ética e às leis.
E é com esses fundamentos e
justificações que os juízes expedem mandatos de prisão provisória ou preventiva
e encarceram muitos acusados e réus no curso de inquéritos e processos penais.
Isto se faz necessário porque o réu solto criará embaraços na apuração de seus
delitos, como também continua na prática criminosa. É ao que o Brasil e o mundo
estão assistindo com a prisão, antes da condenação, de muitos políticos e
empresários nas diligências e operações da lava-jato. São criminosos tão
recalcitrantes e refratários que podem prendê-los e condená-los mil vezes, e
mil vezes serão flagrados em novos delitos.
Então deduz-se desses
agentes da desonestidade e do mal que eles padecem de uma deformação genética
de caráter. Que no caso aqui suposto, têm indicativos e indícios de
hereditariedade. De encontro a essa afirmação temos a teoria do bom
selvagem, do sociólogo Rousseau: “todo homem nasce bom, a sociedade é que o
corrompe”. Entra nesse contesto – pessoas incuráveis nas condutas criminosas -
a interação (fica a impressão) de uma deformação da índole mais o reforço
dos laços familiares e meio social.
Uma criança jamais nasce com
as informações sensoriais (sentidos) do que é honesto e desonesto, salvo os
casos psicopatológicos, as personalidades antissociais e psicopáticas, são
exceções em que o sujeito não consegue distinguir o ético do antiético, o
honesto do desonesto.
Nascidas normais como é a
estatística da imensa maioria das pessoas elas devem ser treinadas, instruídas
e educadas ao exercício e repetição do bem, da virtude e da honestidade. Se
assim fosse feito no processo educacional das crianças, dificilmente
encontraríamos indivíduos tão afeitos e recorrentes a uma vida de crimes e
ilícitos. Se buscarmos as biografias de muitos corruptos e corruptores de nosso
Brasil, veremos que alguns deles tiveram uma família de maus exemplos, de
pessoas mau caráter .
A propósito do jeito e maneiras
nada lícitas e antiéticas de se viver eu conto uma historieta de
uma família de minha convivência. O anonimato tem razões óbvias. Frequentávamos
a mesma igreja e alguns encontros sociais, festejos, aniversários. Às vezes, no
mesmo dia, saídos da igreja, encontrávamos nessas reuniões sociais. Era então ,
nessas descontrações e animações que esses membros familiares revelavam o seu
outro lado de vida( o lado profano), quando então em tom de vantagem eles
falavam das trapaças e trambiques em seus negócios e de como faziam suas
vítimas. Muitos fatos e realizações eram narrados em caráter de deboche e
desdém de quem tinha sido enganado e malsucedido. Agora, analise bem que duplo
caráter tem esse tipo de gente. Em um só dia o sujeito comete as mais baixas
vilanias e delas se vangloria, tendo participado de um ritual religioso, ouvido
os sermões , as pregações da “ boa moral”, do bem, da convivência ética entre
as pessoas e até participado de uma hóstia sagrada.
Assim são as centenas de outros
corruptos e corruptíveis de nosso Brasil. Sejam pessoas na vida pública ou
privada. Daí a suposição de que alguns casos, como os aqui narrados, têm
esse “modus delinquendis” no DNA e na alma. Sem cura. Como imaginar a
recuperação de um tipo de gente dessas que leva uma vida de hipocrisia, de
falsidades e sem noção do que se deseja, quer, pode e deve ser feito.
Dezembro/2016.