NATAL SEM CARNE
QUE TAL UM NATAL MENOS CARNAL ?
João Joaquim
Esse dezembro de 2016 bem que poderia ser uma ocasião para,
entre tantas reflexões, uma de grande significado e valor espiritual na vida
das pessoas. Significado e valores não materiais, embora advindos justamente de
dinheiro, luxo, pompa, exibição de riqueza e poder. Basta colocar em relevo que
estamos passando pela pior crise econômica e financeira de nossa história.
Igual ou pior do que essa talvez só o pós guerra do Paraguai(1865-1870), aquele
conflito em que houve um autêntico genocídio com o povo daquela nação
guarani, onde 70% da população masculina foi dizimada pela tríplice aliança:
Argentina, Brasil e Uruguai. E não sem motivo vindo do lado de lá( do
tirano Solano Lopez) mas, que foi um extermínio foi! Matéria para dezenas
de outras crônicas, ensaios e novas histórias.
Mas então, luxo, pompa e riqueza na pior recessão
vivida pelos brasileiros. O escabroso e plangente é todos saberem que a
angústia e depressão por que passam nossa economia e crescimento advêm de
outra crise imaterial e muito mais grave que é a crise ética. A que também
poderíamos nominá-la de moral, dos costumes, das leis, de governança, de
política ; entre outros nomes pejorativos e indignos. Por isso, concito a
todos, indignai-vos ante tanta infâmia , tanta depravação e devassidão que nos
tornam todos vítimas e pagadores de contas que não contraímos . A recessão e
aniquilamento da economia atingem os setores mais nobres e vitais da vida
brasileira: saúde, educação e trabalho. Todos, indistintamente somos vítimas
desses detratores da nação.
Na história recente e atual já está lá registrado o
nascedouro da crise ética e dos costumes que hoje se tornou mista: ética e
econômica. Primeiro, conforme assentado pela Justiça, inaugurou-se o
projeto criminoso do mensalão(2005), engendrado pelo partido dos trabalhadores
(PT), sob os auspícios e referendo do governo do ex presidente Lula da
Silva, prosseguiu no governo da ex Dilma Rousseff( defenestrada do cargo pelo
impeachment , agosto/2016), e tudo parece continuar nas vigas mestras do
congresso nacional e governo do atual presidente, Michel Temer. E a
continuidade do mensalão (iniciado em 2005) na atual gestão do sr. Temer, não
sugere ser apenas respingos. Pelo teor das delações dos executivos da
Odebrecht( falam em 800 depoimentos de mais de 77 delatores), as torneiras e
dutos da corrupção continuaram até 2014, ou talvez até hoje, dezembro 2016,
a jorrar dinheiro sujo aos churros e borbotões. Não se trata de milhares,
mas de milhões de reais e euros aos partidos e governantes dos Estados e da
União. São vários partidos, PMDB, PSDB, PT e coligações. Os pilares e colunas
da república estão ameaçados de implosão. Rupturas verticais e concêntricas!
Estes são os grandes riscos do Brasil. Quem há de nos salvar?
Perguntam todos e com razão . Eu vejo com assombro e terrificado tudo que está
acontecendo neste país.
Dezembro de cada fim de ano bem que poderia ser uma repetida
ocasião das festas da alma e do coração. Mas que os espíritos de fraternidade e
humildade durassem ao menos até meados de cada ano. Mas, não são tais
tendências que observamos ano após ano. Findas as festas de Natal e Ano Novo, todos
começam a se preparar em espíritos, cores e fantasias para o carnaval. A origem
já diz tudo, os festejos da carne, da devassidão, das transformações, do
faz-de-conta, do bota-para-fora as fantasias e desejos. Enfim as folias do
álcool, da maconha, das orgias de toda ordem, da esbórnia e da luxúria.
Quem sabe nesse Natal e Ano Novo de 2016/2017, das
crises ética e moral , da pior crise econômica em que vivemos, nós não possamos
encarnar e ser atacados pelo espírito da generosidade e amor ao próximo?
Quem sabe doar um pouco que seja de nosso tempo, de nossa amizade, de algum
alimento, frugal que seja, tipo arroz e feijão, um agasalho, um medicamento, um
amparo a um idoso ou criança carente?
Com gestos tão simples, de pouco luxo o baixo
custo, sem pompa e sem muita exibição, é possível, sim, tornar nossas
crises menos nefastas para muitos irmãos, crianças e carentes; esses
brasileiros que não deram causa e sofrem com os desvarios e insensatezes
de muitos intitulados “homens públicos”, mas no íntimo e de espírito
malfeitores da humanidade. A assepsia deve continuar em todos os redutos
corruptos e corruptíveis. Resta-nos essa esperança. Dezembro/2016