SEM ÉTICA E SEM LEI
E SE NÃO HOUVESSE CÓDIGOS DE ÉTICA E LEIS
João Joaquim
Eu fico a imaginar se na convivência humana, nas relações
sociais e civis não existissem regras, leis, códigos, normas de conduta; enfim
as convenções e cláusulas daquilo que pode e não pode. E foi a partir do
conflito do que se deve, pode e deseja fazer cada pessoa, cada grupo e cada
civilização que surgiram as organizações político-administrativas chamadas
Estados, que foram se aprimorando de acordo com as exigências de cada povo,
sociedade e cultura. E não podem parar nunca essas evoluções porque tudo tem
que ser revisto; os valores e a cultura de cada época.
É admirável (no mau sentido) e surpreendente como o bicho
homem tem a propensão e iniciativa praticante em quebrar regras, leis e códigos
de conduta e postura. E referida inclinação não está restrita a uma classe ou
estrato social menos esclarecido, de menor poder aquisitivo ou menos escolado.
Aliás, parece que muito ao contrário. Temos visto e assistido a tais
comportamentos justamente advindos das categorias de cima. De todos aqueles(as)
da classe A (A1,A2,A3---). E assim por efeito manada ou dominó se contaminam
todos os cidadãos (ãs) dos estratos sociais classe B, C, D..etc.
Assim posto, é natural que cada pessoa que tenha uma conduta
honesta faça a oportuna pergunta: e se não houvesse constituição, códigos civil
e penal? Como seria a convivência entre as pessoas entre si, com o mundo, com a
natureza e os espaços do meio ambiente e urbanos. E é assim mesmo que deve ser
dito com letras em caixas-altas, de forma destacada. Parece que a honestidade,
a “ ética do bem” passaram a ser exceções na conduta, no comportamento das
pessoas.
Valem a pena e o reprise: existem pessoas que a despeito de
convenções, regras e normas de conduta têm sempre uma vida, uma conduta de
convivência as mais retas, puras e probas. Algumas , de vez em quando são condecoradas
por achar algum pacote de dinheiro e entregar `a Polícia, ou devolver uma
carteira com dinheiro e documentos. São exemplos de genuína honestidade que
destoam de todo o rebanho.
Esta constatação traz uma ponta de otimismo e convicção de
que todos nascemos destinados ao bem, com vocação para o que é honesto e
virtuoso. Talvez o meio social, a família, os inimigos das relações são os
fatores que levam o indivíduo para a banda podre e corruptível da sociedade. É
bom deixar enfático que a boa ética, a virtude, a generosidade não são inatas
da pessoa, elas devem ser ensinadas à criança e estimuladas em todas as etapas
da educação .
Como referido nos parágrafos acima as atitudes e ações
desonestas e ilegais não guardam relação com essa ou aquela classe social. E
esse fato tem se verificado aqui no Brasil justamente numa casta de homens
públicos que deveriam ser modelos e padrões para a sociedade que eles
representam. A bola da vez são os nossos parlamentares que entre outras medidas
querem legalizar a prática do caixa 2 no financiamento de campanhas
eleitoreiras. Eles estão pouco preocupados com a saúde pública, com a educação
brasileira ou desemprego! Eles querem normalizar e legalizar uma prática
criminosa corporativista, que beneficia e inocenta apenas eles, da classe
política. Quanta insensatez!
E nesse diapasão da violação das convenções, das leis e dos
códigos de conduta vai grande parte das pessoas e da sociedade. São
atitudes e práticas as mais repetitivas e comezinhas, nas quais existe uma
sistemática quebra das normas de boa postura e de uma convivência saudável,
generosa e solidária.
Muitas vezes começam nos próprios condomínios. Nos elevadores
e garagens poucos coabitantes esperam o vizinho e se cumprimentam. O
trânsito mais parece pistas de competição de automóveis. As placas de trânsito
e urbanas são letras mortas e sem significado algum. As vagas de estacionamento
ou vez preferencial para idosos e deficientes físicos são constantemente
ignoradas pelos infratores, que ainda zombam se inquiridos da atitude. Enfim,
daí a provocação e pasmo inicial, e se não houvesse leis, regras e códigos de
postura e de ética profissional, o que seria da convivência das pessoas entre
si, com o meio ambiente e com os órgãos públicos.
Agora o que é instigante e melancólico: imaginar que os
péssimos exemplos e tipos vêm de cima, lá de Brasília, do parlamento. São
presidentes de casas legislativas buscando mais imunidade e impunidade, são
manobras com projetos de leis no sentido de intimidar investigações de Polícia
Federal e Ministério Público de malfeitos de si próprios e de pares da
Política. Enfim, são eles os representantes do povo, que de povo mesmo querem
distância. Que horrível! Dezembro/2016.