UFC CORRUPTOS X...
O UFC DO JUDICIÁRIO CONTRA OS CORRUPTOS DO
PARLAMENTO
João Joaquim
Eu penso como muitas pessoas , nunca dos nuncas, neste
país, houve tanto acirramento de ânimos entre autoridades. A melhor afirmação
aqui seria entre os poderes (executivo, legislativo e judiciário). E
autoridades, bem entendido, são aquelas do judiciário, porque na verdade eu
tenho os titulares e membros do congresso como representantes do povo.
Congressistas exercem funções mais administrativas, em
tomar decisões, executar obras e feitos no sentido do bem público, do bem
comum. Assim, entendo que o poder de autoridade, aquele de guardião das leis,
da constituição e de punição a qualquer delito, esse, sim, é do judiciário,
com todas as instâncias, dos juizados especiais federais (1ª
instância) até ao supremo tribunal federal (STF), nossa última etapa de
Justiça.
Quando se fala em acirramento de ânimos não se trata de força
de expressão. Porque é ao que a sociedade vem assistindo há cerca
de dois anos com a instauração da maior operação de investigação de políticos,
diretores de estatais, e empreiteiros que prestam serviços de infraestrutura
para o governo. Referida operação, como já do domínio público e popular é a tão
temida lava-jato. A denominação Lava-Jato( lava sujeiras e lama) tem
fundamento. O nome se deve ao fato de as primeiras investigações ter tido
início num lava-jato de Brasília. Lá era um dos ambientes e “escurinhos” onde
se davam as tramoias e tratativas delituosas de nossos executivos, políticos e
empreiteiros. Coisas terríveis de se ouvir e relatar, conforme desgravações por
peritos de nossa operosa polícia federal (PF).
O país parece estar de ponta-cabeça com tanta confusão e
conflagração dos poderes. Em 4 meses tivemos impedimento da presidente Dilma
Rousseff, a cassação e prisão do presidente da Câmara , Eduardo Cunha; a prisão
de senadores, de deputados; o afastamento do presidente do Senado Renan
Calheiros, a briga de ministros do governo Temer, o bloqueio de bens do
ministro da ativa, caso do Eliseu Padilha. Ou seja, nunca dos nuncas,
tivemos tantas escaramuças entre nossos governantes. No momento, eles se ocupam
de uma única coisa: a defesa de seus mandatos e patrimônio material, porque o
moral eles nem fazem questão , já se acha perdido há anos.
É bom ser dito sempre, o Ministério Pública e Polícia
Federal, ainda são instituições acreditáveis pela sociedade. A classe médica
também tem tido a credibilidade do povo. Apesar de existirem também as chamadas
máfias de branco. Também pudera, médicos são homens e corrompíveis . Não
deveriam ser , mas há muitos operadores da Medicina, que operam do lado
criminoso.
O interessante e muito esperançoso é que a justiça
brasileira, a exemplo do que é feito nos EEUU e na Itália, criou o instituto da
delação premiada. No mundo ou submundo do crime seria o popular alcaguete ou
dedo-duro. Por definição, delação premiada é aquela redução que o condenado tem
em sua pena por revelar os crimes e participações de outros comparsas. E é
através desse instrumento que a operação lava-jato tem colocado diversos
figurões-empresários, diretores de estatais (Petrobras) e ex políticos na
cadeia, além de bilhões de dólares já devolvidos e repatriados de paraísos
fiscais (Suíça como exemplo).
A maior empresa privada hoje envolvida no pagamento de
propinas a políticos é a Odebrecht. São cerca de 200 denunciados, em negociação
de delação premiada. Alguns donos e executivos já foram condenados e outros em
vias de sê-lo, daí a redução de penas dos ainda indiciados e réus pela
cooperação com a justiça. Há muita esperança de justiça, ainda que tardia ,
mas justiça, para esses malfeitores da humanidade.
Tratando-se então da questão central na chamada desta
matéria, do confronto entre membros do executivo e legislativo versus
ministério público e judiciário. Até onde se sabe trata-se de um embate
inaudito, sem precedentes na história do Brasil e do mundo. Não apenas pelas
cifras bilionárias desviadas e surrupiadas dos cofres públicos e das estatais,
mas de igual impacto do número de agentes públicos, de todos os níveis,
flagrados em desvios de dinheiro público e corrupção.
O curioso e instigante em todos os embates dos homens
públicos versus ministério público, isto é, justiça contra indiciados e réus é
que estes perderam o que o ser humano tem de mais nobre, que são a vergonha e
a honra. Todos os malfeitores e criminosos falam como se o roubo, a
trapaça, as falsidades ideológicas, o peculato já tivessem sido inseridos em
suas normas de conduta ou nos regimentos internos do órgãos e casas que representam.
No caso órgãos públicos e congresso.
Os fatos transcorrem assim : a polícia federal apresenta uma
gravação do parlamentar em franca tratativa delituosa. Inquirido sobre aquele
diálogo, ele com a caradura e de forma cínica tem a acrimônia, a desfaçatez de
dar outra versão e justificar que aquelas palavras e termos foram ditos com
outro significado. Eles têm outro dicionário, o corruptês, um glossário com
novos significados da Língua Portuguesa.
Outros achaques ou defeitos morais de nossos membros do
executivo e legislativo são as tentativas de legalizar o que é ilegal e imoral.
Assim temos os que defendem o caixa 2 como normal; e a corrente daqueles
que tentam aprovar uma emenda constitucional de paralisar os chamados “crimes
por abuso de autoridade”. Enfim e para resumir, com esta última emenda o que
nossos indiciados e réus da lava-jato querem é mais imunidade e um
aniquilamento das investigações contra si próprios.
E assim, com esse reco-reco quem vem se sucedendo desde
a inauguração da Lava-Jato, a sociedade e a imprensa não hão de calar.
Com que finalidade ? Para o mal e a ruina dos criminosos de
colarinho-branco, aqueles bem vestidos e bem endinheirados que confeccionam
mais as leis deles do que as nossas, pelo menos é isto o que todos os nossos
representantes pretendem. Que feio, que vergonha! Dezembro/2016.