Falta assunto
ESCASSEZ OU ABUNDÂNCIA DE ASSUNTO
João Joaquim
Uma questão que traz um certo
travamento no encontro das pessoas é a falta de assunto. Notadamente quando se
avista a pessoa na primeira vez. Se já é da intimidade a conversa flui
com mais facilidade. Não é por exemplo incomum num e noutro contato o sujeito
sem outros recursos do que falar evocar uma situação de momento, um fenômeno
atmosférico, um clima político ou uma manchete impactante de telejornais. São
locuções corriqueiras aquelas de ah! como faz calor, parece que vai chover, o
frio está agradável! Ou as manchetes bombásticas: que horrível foi aquele
crime, e o criminoso não foi preso!
A crise econômica também têm
contribuído um pouco para os carentes de assunto. O feijão por exemplo, como
anda caro, a gasolina continua nos píncaros da carestia. O feijão fica fácil. Acho que vou trocá-lo por fava ou ervilha. Ou
então o furacão Matthew, que passou devastando terras, mares e pessoas pelo
Haiti. Ou por exemplo a morte de Teori Zavascki , no naufrágio do avião, que
caiu no mar de Paraty. Naufrágio de um avião, coisa inopinada. As rebeliões ou
greves nos presídios , com mortos, feridos e muito apreensão . Além da força de
segurança nacional, têm sido mobilizados os políticos e autoridades várias.
Para quem ao menos assiste aos
telejornais por exemplo têm surgido muitos espalhafatos. Quer dizer, não
precisa nem ter muita cultura que as bombas estão lá. Só na operação lava-jato,
toda semana têm uma série de notícias ruidosas. São indiciamentos do
ex-presidente Lula, prisão preventiva ou provisória de ex ministros dos ex Lula
e Dilma, condução coercitiva dessa e outra autoridade de estatais, descobertas
de outros focos de corrupção, falta de tornozeleira eletrônica, entre outras
notícias policiais e de saúde pública. Focos de zika e dengue por exemplo, surtos
de febre amarela, o mandado de prisão de Eike Batista, ruindo o seu mandato
como bilionário.
Então a questão inicial da escassez
de assunto no decorrer do tempo pode relaxar as inibições e desaguar em vários
temas. Uma deixa interessante na míngua do que falar pode ser quando
morre um personagem famoso. Quer dizer, o sujeito não precisa nem ser
importante; são conceitos distintos. O cara muita vez é famoso e sem nenhuma
importância social, política ou ética. Morre por exemplo um ator bem apessoado
de imagem e dotes físicos. Numa palavra, ele era um galã midiático. Nessa
fatalidade da morte dessa figura, as redes de TV numa estratégia de mais ibope
e mais audiência, irão prolongar o funeral do indivíduo. Todas as TVs irão pelo
mesmo caminho. Nesse cenário, por exemplo as pessoas buscam assunto por vários
dias.
- Que triste, não! Você viu? Como ele
ou ela era assim ou assado! Mas, também por que ele foi se envolver com aquela
pessoa, naquele dia e local! É o sujeito( ela ou ela) no lugar e hora errados
com a pessoa(3º sujeito) errada. É muita coisa errada ao mesmo
tempo.
Se o sujeito for um pouco mais lido
não lhe faltará assunto. Nas eleições municipais de outubro 2016. Quantas
notícias fora da normalidade! Houve por exemplo mais de 20 mortes de candidatos.
O episódio mais rumoroso foi o do candidato José Gomes, de Itumbiara-Go. No
tiroteio, ele mais um policial foram assassinados, e o vice de Goiás José
Eliton foi baleado no abdômen. Ele sobreviveu sem sequelas, e continua aí
falante e muito atuante.
Tiveram também as doações para
campanhas, na ordem de milhões, de eleitores que recebem bolsa família e de
eleitores-defuntos. Tudo ainda está sob apuração pelos TRE e TSE. São fatos e
ocorrências de nosso Brasil.
Para quem se afeiçoa a notícias do
mundo jurídico há sempre notícias surpreendentes. É o caso do julgamento do
supremo tribunal federal do réu condenado em segunda instância ir para a
cadeia. Na chicana dos advogados ele pode até recorrer à 3a ou 4a instância,
mas continua preso.
Se os interlocutores forem estudantes
ou professores. Aqui então não faltarão assuntos. Tem por exemplo a
flexibilização (leia-se relaxamento) do currículo do ensino médio, tem a piora
das notas do ENEM, das provas de avaliação em conhecimentos de matemática e
português. Há as fraudes nas provas do ENEM. As quadrilhas estão cada vez mais organizadas. Falta só uma melhor
combinação na recepção das respostas. Aquela de se entendeu dê duas tossidas, pode falhar , como
ocorreu com uma jovem candidata ao curso de Medicina. Porque imagina se o
candidato gripar ou resfriar. Que confusão!
No cenário além mar tem o histriônico
e parlapatão Donald Trump com sua ideia de construir um muro na divisa com o
México. Curioso é que além de estapafúrdio ele quer mandar a conta para o
próprio México.
Agora, se tem uma turma que não está
nem aí para a falta de assunto é a turma dos conectados. Fala-se aqui da trupe
da geração digital. A garotada e juventude 100% virtual não carecem de falta do
que falar. A curtição deles é só na base do internetês, do audiovisual e mais
nada. Quando esses internautas falam alguma coisa o difícil é decodificar o
significado de tanta sigla, gírias e seus idioletos. São tempos
estranhos! Conforme o contexto, pode abundar ou minguar
assunto. Janeiro /2017