MINORIAS
A ETERNA LUTA DE CLASSES
João Joaquim
Tem sido uma rotina assistir a notícias de violação aos direitos
humanos. Violação de direitos de pessoas tidas como pertencentes
aos chamados grupos minoritários ou simplesmente minorias. Tal
nominação(minoria) traz-me à memória a ala minoritária do antigo partido
comunista russo, os mencheviques (minimalistas) em oposição aos bolcheviques
(maximalistas) do ditador Lenin( pc russo) .
Essas chamadas lutas dos classificados minoritários pertencem àquele
princípio da eterna luta entre o bem e o mal, da energia e tendência do
moto-contínuo dos diferentes e desiguais. E assim entramos naquele
disse-não-disse, disse-que-disse, enfim no ramerrame enfadonho e interminável
da vida humana, da luta dos estratos sociais.
No que me toca eu vejo tais comparações, conflitos e intrigas iguais a
outros fenômenos, ocorrências da vida de que muitos analistas têm a mesma
percepção, qual seja, de imutabilidade, de irreversibilidade das reações
sociais. Numa analogia mais popular seriam situações de mesma natureza da
corrupção, da feiura, da formiga-saúva e cupim.
Todas as estratégias, expedientes e meios para eliminar a saúva e cupins
foram infrutíferas até aos dia de hoje. Será que haverá uma invenção para
eliminar cupim e formiga-saúva? Trata-se de uma luta eterna e em vão. O mesmo
se dá com a feiura e a corrupção. Alguma coisa muita semelhante ao perpétuo
trabalho de Sísifo( vide mitologia grega). Na mitologia grega Sísifo é um
personagem que leva sua pedra ao cume da montanha, ato contínuo, ela
precipita de novo do penhasco e tudo continua em vão; todo trabalho reinicia infrutífero.
Alguma coisa semelhante ao enxugamento de gelo. Assim são as lutas das classes
sociais, eterna.
Nessa questão ou fenômeno da eternização do comportamento social ,
seja para o bem ou para o mal, vamos pensar por exemplo no eterno impulso
do mais forte em explorar, em dominar, em humilhar e eliminação do mais fraco.
Tal desejo e inclinação está no íntimo da natureza humana. Tal pulsão inata
está no DNA e vem da ancestralidade de gênero humano . O espírito escravocrata
de exploração do outro por exemplo, seja de negro, índio ou branco. Esse
expediente deixou de existir com a denominação de abolição da escravidão
de negros. Mas, na prática e na sua forma de exploração das pessoas menos
qualificadas ela se dá na maioria dos países subdesenvolvidos.
Temos então o que se pode nominar de escravidão humana. Sempre existiu e
sempre haverá. Para tanto basta visitar e constatar os salários pagos a
esses trabalhadores braçais; os benefícios a eles negados e os riscos e agravos
à sua saúde. Subjugar, dominar e aniquilar o outro. É o homem sendo lobo do
próprio homem, o eterno canibalismo social.
Todos aqueles pertencentes aos grupos minoritários devem entender, com o
direito de não aceitar, que uma coisa é a proteção do Estado no que se refere
ao gozo e ao acesso a todos os direitos. Trata-se de um dever oficial, a
garantia de acesso aos serviços na mesma qualidade e disponibilidade a
todos. Isto é o que mencionam as palavras frias e mortas da constituição.
Outra questão ordinária, real e incontornável é o preconceito, a
discriminação latente, que subsiste perpetuamente na mente, no coração e na
atitude das pessoas. Atitudes e sentimentos esses que fazem parte do senso
coletivo dos humanos. Preconceito e discriminação estão no DNA do gênero humano
e de lá nenhuma lei ou decreto os retirará. Ou alguém como os gays, os negros,
índios, os afrodescendentes, os feios, os gordinhos, os albinos, os deficientes
mentais, os analfabetos, os pobres etc, ficarão livres desse carma do
preconceito e rejeição por grande parte da sociedade dominante, os ricos
, os poderosos, os que detêm mais posse e supremacia sobre outros.? Impossível.
Arrogância, prepotência,
egocentrismo, esquizofrenia, personalidades antissociais são componentes da
sociedade que sempre existiram e existirão. Tal realidade é similar ao
fundamentalismo “islâmico” , ao terror do estado islâmico, a perseguição de
cristãos. Alguém acredita no seu fim ?
Independentemente da definição e opção de cada um, em ser moreno,
descendente negro, mesmo não o sendo, isto em se falando de Brasil, o jovem tem
usufruído por exemplo do acesso às universidades através da criação das cotas.
Aliás, esta é uma enorme e inaudita conquista. Eu desconheço outro país com tal
privilégio que é mais do que um direito. Benesse, uma concessão privilegiada a
essas minorias, concedida pelo governo do Brasil. Apenas isso.
O que não se pode é essas minorias reivindicar privilégios e tratamento
diferenciado de outras pessoas. Seria o desejo de ser mais iguais do que os
demais.
Eu, pessoalmente, sempre tive uma certa reserva ou resistência a
qualquer forma de privilégio concedido a quem quer que seja. Aliás, a concessão
de algum bem, de alguma prerrogativa, de algum acesso ou ascensão a uns ou
minorias, não deixa de ser uma discriminação ou preconceito com o carimbo do
Estado. Vamos a título ilustrativo pegar a questão das cotas de ingresso nas
universidades. Tal concessão ou privilégio é feita a negros, afrodescendentes e
indígenas por exemplo. A meu sentir, tal legislação é uma nítida demonstração do
instituto oficial (do Estado) da discriminação e preconceito racial.
Se pelo artigo 5º, somos todos iguais perante a lei, é porque de fato o
somos em tudo, inclusive em aptidão intelectual, em inteligência e na
capacidade de concorrer a uma vaga em ensino superior ou de emprego. Ou as
minorias têm inferioridade aos outros indivíduos não minorias?
Eu , fosse minoria, me recusaria a receber algum mimo ou
privilégio oficial. Não sei por que, mas eu pertenço a um
grupo majoritário, o dos honestos, pobres , que sempre trabalhou duro para
viver e conquistar o que tem de forma justa , com toda probidade nas
relações públicas e privadas. É isto, falei até demais. Janeiro/2017.