CRIMES JOVENS
OS CRIMES INFANTOJUVENIS VEM DA MÁ EDUCAÇÃO FAMILIAR E DAS DOENÇAS
PSIQUIÁTRICAS OMITIDAS PELAS FAMÍLIAS
João Joaquim
Uma questão social e comportamental que tem preocupado as famílias e a
sociedade tem sido o envolvimento de adolescentes e jovens na prática de crimes
contra a vida. São ameaças, lesões corporais e a consumação de muitos desses
delitos. Muito tem se discutido sobre tais questões. O que representa o
bullying nesse contexto? Os jogos eletrônicos de violência; o consumo de
drogas ilícitas; O papel da chamada educação familiar; e as doenças
psiquiátricas.
Na digressão desta temática e para facilitar nosso raciocínio, vamos
dividir tão grave questão em dois módulos, a) as causas socioeducativas e b) as
causas por distúrbios patológicos do comportamento /ou os transtornos
psiquiátricos.
No conceito de educação não custa relembrar que o homem é fruto do
meio social onde nasce e vive, onde é educado, enfim ,onde recebe as primeiras
impressões sensoriais que o marcarão para sempre.
Em matéria tão importante ficam aqui as teses do empirismo de Francis
Bacon( 1561-1626) John Locke(1631-1704) e David Hume(171-1776). Esses três
grandes filósofos contrariam as teorias de Platão e de Renê Descartes para os
quais o indivíduo já nasce com ideias inatas (teoria do inatismo).
Ora, torna-se de fácil entendimento, conforme explica John Locke, que a
criança ao nascer tem o seu cérebro comparado a uma lousa em branco (tabula
rasa). É bem perceptível que o aprendizado mais rudimentar e a linguagem são
dominados de forma repetitiva e paulatina. E assim ocorre com toda percepção
sensorial, com todo o comportamento social e aquisição dos conhecimentos que
são dispensados e propostos a essa pessoa em formação, por isso criança (de
criar, criantia).
Com fundamento nessas premissas da vida cotidiana de cada família, de
cada pessoa, torna-se de fácil e simples aceitação que o indivíduo é fruto
sobretudo de sua educação de berço, dos pais, dos cuidadores, de seus primeiros
referenciais que são esses parentes. Que sejam na maioria das vezes o pai e/ou
a mãe, os avós ou outros cuidadores e responsáveis. Não importa quem educa !
O que se tem de certo e muito robusto é que esses primeiros
responsáveis, criadores e tutores inscreverão, gravarão, plasmarão e
determinarão se essa cria, essa criança trilhará o caminho do bem, do mais ou
menos bem, ou do mal. Cumpridas todas essas diretrizes na educação de uma
criança até a idade adulto, se ela se desviar de uma conduta honesta e cidadã,
provavelmente essa pessoa tem alguma doença social, comportamental ou
psiquiátrica. E as estatísticas e censos são incapazes dessa quantificação por
culpa das próprias famílias que omitem ao máximo tais casos pelo estigma
e preconceito que esses transtornos trazem.
Uma outra tese que temos que admitir é que a criança é uma semente em
potencial para o bem ou para o mal. Ela se inclinará para um ou outro polo a
depender dos estímulos recebidos. Ou seja, do processo educacional iniciado na
fase do berço e da chupeta. As escolas e seus métodos pedagógicos terão um
papel complementar, sobretudo na imposição de disciplina e limites, no ensino
de ética e honestidade.
Quanto à violência e crimes relacionados com bullying. Trata-se de uma
forma de discriminação, de preconceito em enxergar no outro algum detalhe ou
diferença anatômica, um comportamento ou gestual discordante com o “padrão”.
Vale ressaltar que muitas vezes tal reação de rejeição do outro vem de um
comportamento familiar. Nenhuma criança ou adolescente traz esse comportamento
inato, gravado nos seus circuitos cerebrais. Ele é um comportamento aprendido
de casa. Ninguém nasce com a vocação da rejeição.
Quanto aos games e jogos com teor de violência; como exemplo o ainda
praticado jogo da baleia. Trata-se da maior insanidade e demente permissão a um
adolescente ou jovem. Uma bestialidade e insensatez no rosário de besteiras que
oferece o mundo dos games e jogos eletrônicos.
Que diversão demoníaca é essa onde o jovem é desafiado ao suplício, a
automutilação, culminando até ao suicídio? Só mesmo na mente de um criador
psicopata e mentecapto poderia se concretizar tal invenção, deveria se possível
ser segregado do convívio social porque está a serviço do crime, da violência e
deturpação das mentes dos usuários dessa monstruosidade “ lúdica”.
Por fim as questões de violência e crimes tendo como causa as doenças
comportamentais e psiquiátricos. É bem
sabido e certo que toda psicopatia traz um enorme estigma social.
A própria depressão e o transtorno de ansiedade já trazem em si uma
rejeição, uma omissão, uma subnotificação, por culpa dos familiares de seu portador.
São doenças muito prevalentes e que geram um certo preconceito no meio social e
profissional do portador.
Agora, imaginemos as doenças psiquiátricas de maior impacto social e
emocional e de pior prognóstico. São os diagnósticos por exemplo de uma
esquizofrenia, transtorno bipolar, personalidade psicopática. São distúrbios
psiquiátricos que as famílias não aceitam nos seus sintomas iniciais. Muitos
casos só se tornam conhecidos e tratados após algum episódio de grave agressão
física ou assassinato.
Um portador de esquizofrenia ou de conduta antissocial tem o mesmo
potencial pernicioso e de violência que um pedófilo ou estuprador. Será que
alguém em sã consciência tem dúvida da mente patológica desses tipos aqui
referidos. De igual forma com aquele que comente feminicídio motivado por
um ciúme doentio, como assistimos tanto em nossos dias e noticiados nos
jornais, redes sociais e televisão.
A biologia, a psicologia e
a psiquiatria não podem mais duvidar dessa triste realidade que, às vezes, é
subestimada e subnotificada pelas famílias e cuidadores.
Agosto/2017