segunda-feira, 28 de agosto de 2017

IMBECIS...

TINHA RAZÃO UMBERTO ECO SOBRE AS REDES SOCIAIS

João Joaquim  


Tinha razão o sábio, o semiólogo e magnânimo escritor Umberto Eco (1932-2106) quando disse uma frase lapidar e emblemática sobre a internet com suas redes sociais. "As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis.

De fato, a conquista (invenção) da rede mundial de computadores (World Wide Web=  www) representa esse cenário ao mesmo tempo democrático, libertário, sem barreiras, sem controle de qualidade e também permissivo a quem quer expressar sua criação artística, cultura; indo até àqueles com suas expressões de imbecilidade, futilidades, fuxicos e todo um rosário de abobrinhas, platitudes e asnices. É um ambiente sem limites e que bem mostra e exibe do que são  capazes as mentes, caráteres  e condutas das pessoas, entre elas  os  usuários ou internautas das populares redes sociais.
As tantas frivolidades e sandices que povoam a internet me trazem à memoria as crônicas do saudoso , brilhante escritor e jornalista Sérgio Porto, de heterônimo Stanislaw Ponte Preta (1923-1968). Suas crônicas mais criativas foram publicadas no jornal última hora, no regime militar, entre 1966-1968, em três volumes. O título da obra é febeapá, ou festival de besteira que assola o país. Como denuncia a obra (título), são crônicas de tom crítico e irônico do que ocorria em todas as searas da sociedade da época. Nem os órgãos de governo escaparam ao humor amarelo e hilário do autor Sérgio Porto. E quem governavam eram os carrancudos e severos militares, que não aceitavam críticas e oposição .
Trazendo a criatividade desse autor para esses tempos virtuais fico a imaginar quantos febeapás não  daria para escrever hoje. Com uma enorme vantagem e diferença, sem censura e sem as peias e tesouras daquela época (regime militar 1964-1985). Sérgio Porto é o mesmo autor de samba do crioulo doido. Uma letra que bem expressa as coisas estranhas de nosso tempo.
Atualmente, entre outras, temos essa conquista, a plena liberdade de opinião, expressão e imprensa. Se de um lado temos democracia e livre expressão do pensamento, por outro temos a livre manifestação de um monte de coisas, ideias, ideologias, pensamentos, atitudes e gostos os mais disparatados que se possam imaginar. Em outros termos, se num contexto têm-se plena liberdade de se mostrar quem é e  a que veio, em outro sentido os mais puristas e de gosto mais clássico e refinado têm que, às vezes, aturar e receber esses pacotes ou rosário do que é fútil, vil e de mau gosto, com o trabalho de tudo deletar e jogar no lixo.
  O grande objetivo da internet, já rebarbativo, é a informação instantânea e de fácil acesso a todas as pessoas que têm um instrumento de mídia; smartphone, tablet, notebook. Neste quesito, está  a sua supremacia, a sua grande vantagem ,comparada aos veículos de informação impressos e televisivos.
Na era pré-internet, os jornais impressos representavam a um só tempo os meios mais seguros de informação e notícias como também uma fonte muito rica de entretenimento e cultura. Muitos jornais, até meados do século XX funcionavam como folhetins, onde escritores da época publicavam suas obras, em capítulos diários. Assim ocorreu com as obras de Machado de Assis, José  de Alencar (fim século XIX), entre outros. Hoje, poucos dos jornais impressos têm espaços e páginas dedicadas às criações literárias. Diário da Manhã, o Estadão  São Paulo, Folha São Paulo, são bons exemplos que ainda mantêm editoriais voltadas às criações artísticas e literárias.
Enfim, no frigir das críticas pode-se afirmar que a internet com suas tão badaladas redes sociais (facebook,  linkedIn, whatsApp, Twitter, Instagram), vieram para ficar e permanecerão para o bem e para o mal. Elas em si são ótimas ferramentas para os fins designados. A questão é que as pessoas passaram a utilizar as redes sociais com um claro objetivo de exibicionismo, de mostrar suas fúteis vaidades, suas frivolidades e sandices sem limites. Todas essas mídias mudaram o conceito ou sentimento de pudor, de recato, de privacidade, de intimidade. Todos e todas querem se mostrar, mesmo não tendo muito conteúdo e continente que valham a pena serem exibidos. Liberalidade e libertinagem plenas.
A questão da finalidade para o bem ou para o mal está na cabeça, na intenção e mente de cada usuário. Assim, que cada navegante desse vasto mundo virtual e liberal possa tirar o usufruto ou proveito que melhor lhe convier. Eu, entre outras boas escolhas continuarei baixando e lendo bons artigos de todos os gêneros, ciências, poesia e muitas obras literárias. E para minha felicidade, quase tudo como amostra grátis. Vivam a internet e suas redes sociais com 1001 utilidades. Ao bom ou mau gosto de cada um .  Agosto/2017. 

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