BLASFÊMIA E IGNOMÍNIA
NO MÍNIMO DE MUITO MAU GOSTO E IGNÓBIL
João Joaquim
Eu tenho certeza de que nenhum fato anterior causou tanto espanto e
estarrecimento nas pessoas do que esses de nosso mundo político do Brasil.
Aliás, fatos político-policiais. São ocorrências dantescas porque interessam a
todas as instâncias de autoridades máximas do país. Entre estas, polícia
federal, ministério público, tribunais superiores e autoridades do Executivo,
Legislativo e Judiciário.
Como constam de denúncias e inquéritos do MPF, o país hoje está
tomado pelas quadrilhas organizadas. São os “quadrilhões” ou cartéis oficiais,
formados por presidente da república, ministros em atividades ,
ex-ministros , ex parlamentares. Os nomes são muitos e constam de
todos os sites de notícias. Omito aqui os atores, e lembra-los me causa asco e
engulho. Já bastam-me outros enjoos e amuos da vida.
O cartel criminoso é tão grande que
deixa à margem outros fatos perversos, que em outros tempos, não seriam
minimizados. Nesse contexto, trago como exemplo um desses tais que causou-me
repulsa e um certo mal estar. Trata-se da exibição de uma peça teatral
denominada “o evangelho segundo Jesus, rainha do céu”. Conforme resumo oficial
da companhia teatral do serviço social do comércio (SESC) de Jundiaí-SP,
a peça é uma adaptação brasileira da autora e dramaturga escocesa, a transexual
JO Clifford.
Nessa dramaturgia a figura de Jesus é
encenada, numa versão moderna, como uma figura transexual feminina; como
se deduz do próprio título (rainha do céu). A atriz transexual Renata
Carvalho é a personagem da versão tupiniquim.
A peça foi suspensa de exibição a
pedido da advogada Virgínia Bossonaro Rampin Paiva, contra o Sesc de Jundiaí .
A 1º vara cível de Jundiaí-SP acatou o pedido e determinou a suspensão da
mostra da peça teatral. Na decisão final, o juiz Luiz Antonio de Campos Júnior
argumenta que “as circunstâncias jurídicas alegadas corroboram o fato de ser a
peça em epigrafe atentatória à dignidade cristã, na qual Jesus Cristo não é uma
imagem e muito menos um objeto de adoração apenas, mas sim o filho de Deus”. A
ofensa se dá no mínimo aos cristãos e mesmo para aqueles que respeitam pessoas
e símbolos sagrados. Além de injúria a esse personagem divino e
histórico.
Continua o magistrado: “não se olvida
a liberdade de expressão”, mas o que não pode ser tolerado é o desrespeito a
uma crença, a uma religião; enfim a uma figura venerada no mundo inteiro”.
“De fato, não se olvida da crença
religiosa em nosso Estado, que tem Jesus Cristo, como o filho de Deus. Em se
permitindo uma peça em que esse homem sagrado seja encenado como um travesti,
com toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem-número de pessoas.
A diretora da peça, Natalia Mallo,
pelas redes sociais ainda tentou justificar. Disse ela: “Afirmar que a
travestilidade da atriz representa em si uma afronta à fé cristã ou concluir
que é um insulto a imagem de Cristo é, do nosso ponto de vista, negar a
diversidade da experiência humana; ” cria-se categorias onde algumas
experiências são válidas e outras não, algumas vidas têm valor outras não”.
No mínimo é tentar justificar o
injustificável. Minha opinião como articulista; Independentemente da
religião do autor que aqui subscreve, tal polêmica aqui levantada poderia no
mínimo ter sido evitada. Têm razão os seguidores direitistas do movimento
Brasil livre (MBL), têm razão os cristãos, têm razão pessoas de qualquer
religião, a até os ateus e agnósticos, com bom senso ético; e mesmo de
convivência e respeito a diversidade cultural, mística e religiosa.
Têm razão também a advogada que
impetrou a ação e a Justiça que proibiu a exibição desse teatro (peça). É no
mínimo uma criação de mau gosto, de mau caráter, desde a peça original da
canadense JO Clifford.
Que direito assiste a qualquer autor,
sendo ele crente em determinada religião , ou sendo ateu, em caricaturar
ou blasfemar um símbolo ou nome sagrado de certa denominação religiosa? Que
direito assiste a qualquer autor, ator, criador em criar tamanha polêmica ,
para determinados setores da sociedade? Como se sentiria um islamista, um
budista ou xintoísta vendo um ícone de sua fé religiosa sendo encenado como uma
personagem, sujeita a preconceito ou intolerância . Intolerância e preconceito
é igual a feiura e diabetes, não têm cura e faz parte do comportamento e
atitude de muitas pessoas, da mente e critica de grande parte de pessoas, de
muitos segmentos sociais e culturais.
Tal iniciativa, dessa campanha
teatral do Sesc de Jundiaí-SP, foi no mínimo, de baixa criatividade intelectual
e artística; e em máximo desrespeito e deselegância com os cristãos e outros
adeptos de outras religiões; e com aqueles que isento de razão religiosa são
cultores de boa ética e respeito aos símbolos sagrados e místicos.
Vamos imaginar como argumento final
para os autores dessa peça em tela. Imagine se alguma companhia teatral
encenasse um drama, representação qualquer, tendo como “ homenagem” a mãe, o
pai, ou os próprios autores de tal peça, no caso a escritora J0 clifford, a
diretora Natalia Mallo. Será que elas iriam aplaudir ou protestar ? Eis a
questão. Ao que sugerem tais criações , de tais companhias e autores e atores,
liberdade de expressão parece muito normal quando envolve a vida alheia, senda
essas vidas de ícones sagrados ou de pessoas fora de seus laços genéticos e
familiares.
Em Porto Alegre, foi fechada uma
mostra do Santander Cultural, de nome
Queermuseu . Foi a
reação da instituição ao movimento de protesto de entidades e pessoas que
avaliaram a exposição como ofensiva, por razões que vão de
"blasfêmia" no uso de símbolos católicos à difusão de
"pedofilia" e "zoofilia" em alguns dos trabalhos expostos.
Ou seja, estão faltando bom senso e boa
criatividade no mundo artístico. No
mínimo . Mas, atenção! - tanto a peça, como o Queermuseu, continuarão a
ser exibidos, não tão ostensivos. Há gente que quer ver, é livre. Setembro//2017.