ÉBRIOS DO PODER
A EMBRIAGUEZ
CAUSADA PELO PODER DA FUNÇÃO E DO DINHEIRO
João Joaquim
impressiona-nos de forma negativa
constatar e assistir o quanto muitas pessoas se sentem inebriadas pelo poder. O
quanto elas mostram quem são assim que são empossadas numa função de líder, de
chefe, de gerente, de presidente de algum órgão ou mesmo de um país; enfim em
qualquer função que lhes traga a prerrogativa de decisão e de dar ordens a
outros subalternos; ou de empregar dinheiro público.
É de se registrar que muitos homens e
mulheres têm de fato a vocação e a qualificação inata para bem dirigir e
chefiar outras pessoas nas mais diferentes atividades. Sejam essas no âmbito
público ou privado, no cenário profissional ou político e o fazem de forma
muito ética, generosa e humanizada com observância e princípios de respeito aos
direitos humanos e das diferenças individuais e de gênero.
Os exemplos do bem e do mal podem ser
vistos em todos os cenários da sociedade. O que parece distinguir um tipo
perverso de um bom administrar pode estar no própria formação e educação
técnica e moral do indivíduo. A biografia, o passado, a educação e interação
familiar desse líder vão nortear a sua personalidade no respeitante às relações
com os seus subordinados e colaboradores, e com os bens públicos sob sua
responsabilidade.
Quando buscados estudos das relações
humanas na sociologia, na antropologia e mesmo na política podemos observar que
tal questão esteve sempre no foco de pensadores e estudiosos do tema. Na seara
política por exemplo basta revisitar por exemplo o príncipe de Maquiavel e do
Leviatã de Thomas Hobbes. São teses que bem explicam as relações sociais e
políticas. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) na sua obra contrato social fala de forma muito enfática e convincente dessa
relação de dominação de um líder ou governante sobre os governados.
Abstraindo das teorias científicas
dessas relações humanas tomemos exemplos e ciência que temos em nossos dias
desse impulso e expediente de poder e de dominação sobre o outro.
A duração que teve por exemplo a
escravidão oficial é um execrável exemplo do sentimento de posse e poder que
muitos trazem dentro de si. Tal senso e vocação é inerente à natureza humana. O
lamentável na questão escravocrata é que na prática e nos resultados ela
continua. Os graus e intensidade dessa exploração humana vão desde as formas as
mais degradantes até aquelas praticadas de forma legal e com a chancela do Estado.
Quantos e quantos trabalhadores sem qualificação profissional não trabalham em
condições precárias, com poucos direitos e baixa remuneração?
Assim são os casos dos operários da
construção civil, lavradores e muitos outros trabalhadores de empreiteiras que
pagam propinas e mesadas aos políticos.
Um outro cenário onde impera a
sensação de poder na cabeça de chefes, líderes e gestores se dá nas sessões
administrativas públicas ou privadas. Exemplos desses casos são as figuras dos
tipos de assédios, já previstos no código civil. Sãos os classificados assédio
moral ou assédio sexual.
Uma categoria onde ainda vigora o
sentimento de domínio e poder sobre o outro é a militar. É o princípio ou
cartilha da chamada caserna. A disciplina é por demais rígida com exigência de
muita subserviência e absoluta continência e submissão dos soldados rasos e
“inferiores” aos oficiais e “superiores”. É aqui ,nesse cenário, que muitos
maus administradores, os perversos líderes e chefes mostram quem são, que tipo
de personalidades eles são. Há casos e denúncias de absoluta escravidão , maus
tratos, assédio moral do pior nível e degradação.
Uma classe de pessoas onde transborda
o sentimento de poder é a dos políticos em que há muitas funções de tomada de
decisões e governo. Tais exemplos são notórios no Brasil. Eles são
encontradiços nas mais diversas áreas da vida brasileira. São os profissionais
do judiciário, das polícias, dos poderes legislativo e executivo. O sujeito na
posse de sua função sente-se tão empoderado, a embriaguez pelo cargo é tamanha
que muitas vezes comete os mais infames crimes, com a noção de que pode tudo e
que jamais será descoberto nos malfeitos. São os fatos de peculato, corrupção e
falsidade ideológica.
O Brasil está repleto desses tais. Que o digam a operação
lava-jato, e tantas outras da polícia federal e ministério público. Imagine um
ex político, ex parlamentar como o Sr Geddel Vieira Lima, que guardou 51
milhões de reais em um apartamento , julgando jamais ser descoberto nesse execrável
crime de lavagem de dinheiro. Imagine bem! Só mesmo no Brasil. setembro/2017.