MEDÍOCRES
A INVASÃO DA MEDIOCRIDADE
João Joaquim
E assim foi tomando o seu (dela)
lugar a digníssima mediocridade. Ela aproximou-se do erudito, do clássico, do
mérito, da qualidade, do formalismo, do bom gosto e os escorraçou a todos. E
tudo feito de modo insidioso e aderente. Aliás, tem essa senhora constituído
até um sistema de governança, a mediocracia. E quem comanda são alguns próceres
do sistema, os mediocrões e os mediocráticos.
O processo de mediocrização chegou a
tão alta eficiência que ele permeia em todos os setores da vida social. Temo-lo
na culinária ou gastronomia, na religião, nos gostos culturais (ou
contraculturais), no entretenimento e sobretudo na política.
Na verdade a mediocridade não existe
por si só. Alguém a traz bem definida e sustentada em seus hábitos, atitudes,
condutas e comportamento. Ela passou a ser um estilo de vida e de apresentação .
Vamos objetivar e pontuar alguns
modelos bem encontradiços da invasão ou vigência do sistema mediocrático.
Na arte musical por exemplo. O
medíocre do sujeito, do nada se propõe a compor e cantar. Ele se tatua, se
espeta de brincos e piercings, boné ao avesso, violão a tiracolo e começa a
berrar com toda zoeira. As letras de suas músicas são aquele rosário de
abobrinhas, umas frases sem nexos, que falam de drogas e sexo e outros termos
desconexos . Aos poucos tais criações já estão no palco, no AM e FM e recursos
de streaming.
E creiam, fazem sucesso e seguidores.
E acham pouco? Continua a mediocridade. Daqui a pouco, tem empresa de mídia e
televisão tocando o contratando o intitulado (a) artista; e a venda e escores
de tais esquisitices alcançam o topo das paradas de sucesso. Parada indigesta
para o bom gosto é ter que engolir tais criações.
Agora no outro polo de tais famas
estão os consumidores que fomentam tais medíocres. É a inserção, o pertencimento
desses tais e quais ao sistema da mediocracia. Tal funcionalidade só se vinga
pelos seus lídimos e legítimos representantes. Os mediocastros e castrados de
algum valor.
No mundo das artes plásticas, na
cenografia, do teatro e das ciências e letras. A mediocridade tem buscado o seu
assento em todos os cenários da vida . Vida que chamam de modernidade. Ela
parece não ter limites. O autor faz lá algumas compilações, notas biográficas e
assentos e se arvora ao direito de escritor. Para esses tais bem que se podia
criar uma academia brasileira dos imbecis (ABI). É muita presunção para zero de
significação.
E não fica por aqui a influência da
mediocrização. No âmbito profissional superabundam os mais variados tipos.
Nenhum ramo do mercado escapa a tais e quais medíocres. Ainda há pouco eu deparei
com um médico que formado (talvez deformado) numa tal uniesquina( faculdade de
esquina) se propunha a curas nunca
vistas e outras terapias sem embasamento científico. Fez-me tal tipo medíocre
lembrar do Dr Simão Bacamarte, da Vila de Itaguaí, que se encantou com um
recanto da Medicina, o recanto cerebral e psíquico. ( Leiam essa história em O
Alienista de Machado de Assis).
O mais que fiz foi resguardar alguns
clientes do risco de acreditar em tais promessas de curas, só por leituras de
outros charlatões.
E não fica apenas nessa classe de
profissionais na arte da cura. Se a pessoa se
der ao trabalho de procura, na
certa muitos outros magarefes, mequetrefes, biltres e parlapatões hão de
se encontrar pelos cantos e becos das cidades.
Por fim não se pode deixar de menção
que essa assanhada e intrusiva senhora vem dominando a vida política
brasileira. É ali, aliás, onde achou guarida e outras comparsas, entre essas a
tão decantada e repulsiva corrupção. Destarte o que me resta é bradar em alto e
bom som: morra a mediocridade nas cenas do Brasil! Setembro /2017