Visibilidade...
SOBRE OS
PORTADORES DE VISIBILIDADE OU INVISIBILIDADE
João
Joaquim
Uma das
palavras muito elegantes e largamente empregada pelos homens de estado, adivinhem
quem for capaz. Esta mesmo. Visibilidade. Significa aquela condição ou
qualificação que torna a pessoa, o objeto, empresa ou feito conhecido (visível)
pela sociedade, pelos meios de comunicação, sejam os tradicionais ou modernos a
exemplo da internet e suas ubíquas redes sociais.
Existe
uma classificação para a visibilidade. Quanto à duração, ela pode ser fugaz,
temporária ou permanente. Exemplos, um figurante big brother ou de outro
reality show, essa mediocridade da modernidade de tanta audiência, de nossos
tenebrosos tempos. Esse ator pode ter
visibilidade fugaz ou temporária.
As
missões do homem à lua, com Yuri Gagarim e cia, visibilidade permanente. A
atuação de Nelson Mandela para o fim do apartheid na África do Sul. Eternamente
será lembrando pelos sul-africanos e pelo mundo. Pelo fim daquela ignominiosa
discriminação étnicorracial e pelo grande estadista que foi Mandela.
Quanto à
organização, a visibilidade pode ser pública ou privada. A Ford por exemplo é
uma empresa privada de visibilidade eterna. Já a nossa querida Petrobras se
tornou uma organização pública de visibilidade permanente. Com os nossos
lamentos de que para o bem e para o mal. Para o bem porque foi, ainda o é a
nossa maior produtora de petróleo e derivados.
Para o mal e eu explico. Não que nossa estatal
petroleira seja predestinada ao mal. Ao contrário, pessoas, gestores dela
mesma, executivos, políticos de mau caráter, dilapidaram-na, saquearam-na, assaltaram-na
em bilhões de reais, e quase levaram-na à ruína, à bancarrota. Passado o
esquema de corrupção cognominado petróleo, a justiça, na operação Lava-Jato,
vem, paulatinamente, salvando-a dessa triste e permanente visibilidade. Oxalá
que seja temporária. Mas, que está difícil, está.
Disse no
pórtico do artigo do gosto de muitos estadistas pela palavra da moda,
visibilidade. Há poucos dias ouvi de um governador e aspirante a presidente.
Numa entrevista de cerca de 3 minutos ele repetiu a palavra 6 vezes. A cada 30 segundos,
visibilidade. Ele fala da construção de uma ponte, em um “rio natural”. Segundo
esse governante a inauguração daquela obra era no sentido de dar mais
visibilidade aos fatos e feitos de sua administração. No mínimo ele teve uma
visibilidade fugaz. Talvez temporária.
Ao
contrário de sua antônima, pouco apreço ou distinção tem o verbete
invisibilidade. Que à semelhança de sua antagonista pode ser fugaz, temporária,
permanente, pública ou privada.
Conceitualmente,
invisibilidade é a condição ou estado no qual uma pessoa, fato, feito ou
empreendimento passa despercebido (invisível) do conhecimento da sociedade, dos
meios de comunicação e do mundo.
Estendendo
melhor os signos e significantes da invisibilidade vamos delinear no estrito
sentido da natureza humana. Para mais clareza e consistência falemos primeiro
das pessoas de visibilidade. Nesse quesito pode-se separá-las em apenas
famosas, famosas e importantes. Muitas são algumas de fama fugaz ou até
permanente. Vale caracterizar que muitos famosos não têm nenhuma importância. Como
exemplos um ator global da Rede Globo ou de cinema, o maior craque de futebol do Brasil, um vencedor de big brother , etc.
Nesse
grupo estão aqueles que nada fazem para além de sua cicatriz umbilical. Muitos
são esses tais que ganham fama, têm visibilidade, mas nada trazem de bem estar
ou construtivo para além dos muros de seus bens, seu patrimônio e visibilidade.
No outro
extremo temos um grupo de abnegados, filantrópicos, voluntários que, embora sem
acúmulo de riqueza e fortuna têm grande importância. São importantes não
famosos e sem visibilidade, mas com
enorme utilidade moral.
Assim é
o gênero humano, assim são as ambições humanas. Assim se poderia escrever
laudas, tomos, ensaios e livros sobre esses dois estados, um tão em voga, outro anônimo, recôndito, a invisibilidade
humana.
Por
outro lado a visibilidade pessoal pode
repimpar e revitalizar o ego, a estima
pessoal. A perda da liberdade de locomoção, talvez seja superada pelo aparato e
logística de segurança oferecida ao indivíduo de alta visibilidade. São muitos
estadistas.
Nesse
sentido e como exemplo Imagine o ex presidente Lula, Donald Trump, Vladimir Putim.
Eles que são populares e impopulares nos rincões do Brasil, nos cantões da
Suiça e outros cantos do planeta. Eles não sabem o sabor e o regalo de ir a uma
praça (do povo), a uma cachoeira ou
recanto natural sem a costumeira guarda pessoal armada. Qual o sentido dessa visibilidade sem liberdade de ir e vir ?
Grande
são as fileiras, as legiões e classes de homens e trabalhadores invisíveis. São
os operários e proletários que compõem os órgãos e corporações deste Brasil e
do mundo. Sejam elas públicas ou privadas. Entre centenas desses representantes
temos os serviçais de condomínios de residências,
ou de serviços públicos e privados, os jardineiros, copeiros, porteiros,
guardas de trânsito, os garis. Todos, literalmente todos, nunca são referidos,
anunciados ou chamados pelo nomes, quando muito pelo trabalho, obra ou ofício
que prestam. Esses constituem a maior população das pessoas ou homens
invisíveis. O porteiro, o garçom, o jardineiro, o vigia, o policial, o gari
entre outros que em meio à multidão se tornam invisíveis. São os portadores de
invisibilidade permanente. JUNHO / 2108