ESCRAVIDÃO POR OPÇÃO
ESCRAVIDÃO DIGITAL VOLUNTÁRIA
João Joaquim
Pelo Brasil e por muitos outros
países mundo a fora ainda viceja muita escravidão. E aqui pode-se abrir uma
chave dividindo-a em duas ou mais formas. Há uma escravidão tradicional,
quando o ser humano é explorado à moda da “extinta escravidão negreira” (SIC),
e uma oficial.
Só para lembrar: Na primeira
forma de escravidão o indivíduo trabalha à exaustão e não tem nenhum direito
trabalhista, como uma carteira de trabalho assinada e depósito de um fundo de
garantia por tempo de serviço (FGTS). E muitas vezes em condições degradantes
de saúde e de segurança. Por isso é entristecedor e doído de afirmar que essa
nódoa humana ainda existe por muitas regiões do Brasil e do mundo. Extinta
solenemente por muitas nações, mas na prática ainda praticada com a conivência
e tolerância de muitos governantes. Há ainda uma outra escravidão, agora com a
chancela dos governos. A escravidão oficial.
Os trabalhadores sem qualificação
profissional constituem uma forma de escravidão oficial. São os também
nominados trabalhadores braçais, aqueles que executam trabalhos pesados, necessitando
de muito esforço físico. Como exemplos nesse rol de pessoas têm-se o trabalho
de construção civil, os serviços de limpeza de condomínios e empresas, os garis,
os estivadores, etc. Muitos desses operários trazem outro triste estigma, o do
analfabetismo.
Essa “segunda” classe de
trabalhadores, embora tenham alguns direitos trabalhistas como carteira de
trabalho assinada e férias, quanto têm, enfrentam muitas dificuldades como trabalho
extenuante, baixa remuneração, falta de assistência médica e condições
insalubres e até degradantes na profissão. Como exemplo citam-se falta de
equipamentos de proteção individual, má alimentação, jornadas extenuantes e
falta de assistência médica. Ou seja, temos aqui nessas levas e levas de
operários e serviçais uma forma dissimulada e disfarçada de escravidão, porque
é oficializada e legalizada pelos órgãos de governo, inclusive pelos tribunais
do trabalho e ministério público do trabalho. O que analisado de forma isenta e
cuidadosa revela-se um absurdo tolerável, porque legal, mas muito injusto e
indigno.
Uma última forma de escravidão em
quase nada tem sido debatida porque ela se faz e se dá de forma silenciosa em
todo o planeta. Silenciosa porque é consentida ou voluntária. Ela se dá
linearmente com os avanços tecnológicas da chamada era pós moderna ou
hipermodernidade. No sentido de mais compreensão vou nominá-la de escravidão
digital. O adjetivo digital faz sentido porque o processo escravagista se dá
marcantemente com o emprego dos instrumentos de mídias, internet e redes
sociais. Na verdade a intitulada escravidão consentida sempre prosperou porque
é inerente a todas as formas de governo. Nos regimes tirânicos há a escravidão
por coerção e a consentida. Mas, ela está também presente de forma mais
disseminada nos sistemas de governo democráticos. Como se processa a escravidão consentida?
Os governos democráticos a estabelecem
através de regulamentação e legalização de obrigações, regras e impostos contra
o cidadão. O expediente de explorar o cidadão em caráter escravagista
legalizado se dá em toda forma de tributação. Sejam serviços, atividades
profissionais e circulação de produtos e mercadorias. NO Brasil, o povo paga
quase 38% do que produz, compra e consome em impostos e obrigações aos
governos.
A escravidão consentida também se dá
em âmbito privado. É o sistema capitalista, comercial e consumista impondo suas
regras e diretrizes na relação fornecedor/consumidor.
A escravidão voluntária ou consentida
se faz muito forte e presente com o surgimento da internet. No Brasil tal
fenômeno se massificou a partir dos anos 2000 com o surgimento das redes
sociais e popularização dos grandes provedores (google e provedores de lojas
virtuais). Pelas Internet e redes sociais vendem-se de tudo , de amor e
casamento até drogas de toda ordem.
O sistema capitalista com todos os
seus tentáculos de consumo, marketing e comércio têm na televisão, na internet e redes sociais os seus principais
instrumentos de engodo, aliciamento e controle do cidadão. Todos são bombardeados
o dia todo, com os apelos de consumo.
Há uma cadeia mercadológica,
ideológica que induz, seduz e convence as pessoas a obter toda forma de
serviço, atividade e produto. E aqui vem a razão do sistema se constituir na
mais explícita e genuína escravidão consentida. Todos os dados pessoais,
financeiros, endereço com CEP, gastos e preferências são fornecidos graciosa e
voluntariamente pelo consumidor quando ele acessa a Internet e redes sociais.
Ou seja, tanto os governos (tirânicos
ou democráticos) como de resto as empresas privadas têm acesso e controle dos
dados do cidadão, trabalhador e consumidor. É por isso também chamada de
escravidão digital. Todos se acham embevecidos e anestesiados com os sistemas
que têm no mundo digital suas principais ferramentas e aliados.
Hitler, Stalin, Mussolini não tiveram
acesso ao que têm hoje as indústrias, governos, provedores de internet e todo o
sistema comercial e consumista em termos
de dados e informações sobre os cidadãos. E pelo jeito das tecnologias da informação
, a coisa vai apertar ainda mais. Basta
que os usuários de Internet e Redes Sociais( sociais ?) , continuem distraídos,
encantados e enganados pelo mundo digital. Julho/2018.