terça-feira, 31 de julho de 2018

ESCRAVIDÃO POR OPÇÃO

 ESCRAVIDÃO DIGITAL VOLUNTÁRIA
João Joaquim  

Pelo Brasil  e por muitos outros países mundo a fora ainda viceja muita escravidão. E aqui pode-se abrir uma chave dividindo-a em duas ou mais  formas. Há uma escravidão tradicional, quando o ser humano é explorado à moda da “extinta escravidão negreira” (SIC), e uma oficial.
Só para lembrar:  Na primeira forma de escravidão o indivíduo trabalha à exaustão e não tem nenhum direito trabalhista, como uma carteira de trabalho assinada e depósito de um fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS). E muitas vezes em condições degradantes de saúde e de segurança. Por isso é entristecedor e doído de afirmar que essa nódoa humana ainda existe por muitas regiões do Brasil e do mundo. Extinta solenemente por muitas nações, mas na prática ainda praticada com a conivência e tolerância de muitos governantes. Há ainda uma outra escravidão, agora com a chancela dos governos. A escravidão oficial.
Os trabalhadores sem qualificação profissional constituem uma forma de escravidão oficial. São os também nominados trabalhadores braçais, aqueles que executam trabalhos pesados, necessitando de muito esforço físico. Como exemplos nesse rol de pessoas têm-se o trabalho de construção civil, os serviços de limpeza de condomínios e empresas, os garis, os estivadores, etc. Muitos desses operários trazem outro triste estigma, o do analfabetismo.
Essa “segunda” classe de trabalhadores, embora tenham alguns direitos trabalhistas como carteira de trabalho assinada e férias, quanto têm,  enfrentam muitas dificuldades como trabalho extenuante, baixa remuneração, falta de assistência médica e condições insalubres e até degradantes na profissão. Como exemplo citam-se falta de equipamentos de proteção individual, má alimentação, jornadas extenuantes e falta de assistência médica. Ou seja, temos aqui nessas levas e levas de operários e serviçais uma forma dissimulada e disfarçada de escravidão, porque é oficializada e legalizada pelos órgãos de governo, inclusive pelos tribunais do trabalho e ministério público do trabalho. O que analisado de forma isenta e cuidadosa revela-se um absurdo tolerável, porque legal, mas muito injusto e indigno.
Uma última forma de escravidão em quase nada tem sido debatida porque ela se faz e se dá de forma silenciosa em todo o planeta. Silenciosa porque é consentida ou voluntária. Ela se dá linearmente com os avanços tecnológicas da chamada era pós moderna ou hipermodernidade. No sentido de mais compreensão vou nominá-la de escravidão digital. O adjetivo digital faz sentido porque o processo escravagista se dá marcantemente com o emprego dos instrumentos de mídias, internet e redes sociais. Na verdade a intitulada escravidão consentida sempre prosperou porque é inerente a todas as formas de governo. Nos regimes tirânicos há a escravidão por coerção e a consentida. Mas, ela está também presente de forma mais disseminada nos sistemas de governo democráticos.   Como se processa a escravidão consentida?
Os governos democráticos a estabelecem através de regulamentação e legalização de obrigações, regras e impostos contra o cidadão. O expediente de explorar o cidadão em caráter escravagista legalizado se dá em toda forma de tributação. Sejam serviços, atividades profissionais e circulação de produtos e mercadorias. NO Brasil, o povo paga quase 38% do que produz, compra e consome em impostos e obrigações aos governos.
A escravidão consentida também se dá em âmbito privado. É o sistema capitalista, comercial e consumista impondo suas regras e diretrizes na relação fornecedor/consumidor.
A escravidão voluntária ou consentida se faz muito forte e presente com o surgimento da internet. No Brasil tal fenômeno se massificou a partir dos anos 2000 com o surgimento das redes sociais e popularização dos grandes provedores (google e provedores de lojas virtuais). Pelas Internet e redes sociais vendem-se de tudo , de amor e casamento até drogas de toda ordem.
O sistema capitalista com todos os seus tentáculos de consumo, marketing e comércio têm na televisão,  na internet e redes sociais os seus principais instrumentos de engodo, aliciamento e controle do cidadão. Todos são bombardeados o dia todo, com os apelos de consumo.
Há uma cadeia mercadológica, ideológica que induz, seduz e convence as pessoas a obter toda forma de serviço, atividade e produto. E aqui vem a razão do sistema se constituir na mais explícita e genuína escravidão consentida. Todos os dados pessoais, financeiros, endereço com CEP, gastos e preferências são fornecidos graciosa e voluntariamente pelo consumidor quando ele acessa a Internet e redes sociais.
Ou seja, tanto os governos (tirânicos ou democráticos) como de resto as empresas privadas têm acesso e controle dos dados do cidadão, trabalhador e consumidor. É por isso também chamada de escravidão digital. Todos se acham embevecidos e anestesiados com os sistemas que têm no mundo digital suas principais ferramentas e aliados.

Hitler, Stalin, Mussolini não tiveram acesso ao que têm hoje as indústrias, governos, provedores de internet e todo o sistema comercial e consumista  em termos de dados e informações sobre os cidadãos. E pelo jeito das tecnologias da informação , a coisa vai apertar ainda mais.  Basta que os usuários de Internet e Redes Sociais( sociais ?) , continuem distraídos, encantados e enganados pelo mundo digital.  Julho/2018. 

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