terça-feira, 31 de julho de 2018

INFLUENCIA DIGITAL

A EPIDEMIA DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS
João Joaquim 

Eu fico a imaginar qual teria sido o resultado da 2ª  guerra mundial, nos seus horrores, se naquele tempo já existisse a internet com sua ubíqua conectividade, com suas ubíquas redes sociais. Será que os resultados de perversidades, o catastrofismo seriam os mesmos?
Impossível de se ver e de se imaginar. Algumas indagações simples seriam: todos aqueles soldados e os oficiais participantes e cúmplices tinham algum distúrbio psíquico e psicopático ou foram coagidos e induzidos a participar das cenas do holocausto?
Como lembrete, holocausto (de holo, completo, inteiro; e causto, queima, incineração). Esse era um processo de morte coletiva de grupos e minorias pelo nazismo de Adolf Hitler . Lamentavelmente, em alguns pontos do planeta, são cometidas atrocidades semelhantes. Talvez  não com gases tóxicos, mas com outros meios igualmente cruéis e sanguinários. A guerra na Síria, tem sido um desses macabros e hediondos exemplos mundo afora.
A violência de pessoas desumanas contra outras de seu grupo (o homem como lobo do homem, conforme teorizou Thomas Hobbes em o Leviatã)) permeia todas as sociedades, em todos os grupos étnicos, contra todas as classes minoritárias, contra todos os estilos de vida e opções sociais e de comportamento. Não precisa nem estar  na Síria ,  em Cuba, no Afeganistão ou Coréia do Norte.
Tal mais prolixa introdução foi apenas um modo de dar vazão a outra questão, de natureza igualmente em profusão, que é a influência digital. A era da internet e redes sociais propiciaram a que tivéssemos então a época ou a vez dos influenciadores digitais. Eles ganharam corpo e voz e pululam pelo espaço virtual como bactérias em provetas  de leveduras e outros meios de cultura. Alguns surgem para o bem, pena que são minoritários, porque divulgam cultura, entretenimento de bom gosto e cultura. Mas, em profusão, e aos borbotões têm-se os mercadores de futilidades, inutilidades e toda sorte de platitudes e mediocridades.
E eles, em se tratando de Brasil ganham fama, visibilidade e sobrevivência. E pela singela razão de que vivemos um contínuo processo de idiotização e imbecilização. Somados os absolutos e funcionais somos quase 100 milhões de analfabetos. E referidos influenciadores digitais nem precisariam desse rebanho de cegos escolares ou pessoas na rota da contracultura.
Na vigência e existência dos formadores de opinião, de estilo de vida, de opção cultural, do que comer e vestir, dos gurus, dos profissionais de autoajuda,  entra em ação um fenômeno que passou a ser estudado após a 2ª  guerra mundial. Esse período belicoso, motivou, entre outros estudos, este de grande relevância no entendimento do cérebro, da mente e do comportamento das pessoas. Foi-lhe dado o nome de CONFORMIDADE SOCIAL , porque passou a ser estudado e debatido pela psicologia social. Mas , afinal o que vem a ser o processo de conformidade social? trata-se de um fenômeno psíquico em que o indivíduo reage como a água em um recipiente. Em outros termos, a água adquire o formato do receptáculo que a contem. A mesma tendência tem o indivíduo com o mundo e meio social que o cerca , que o contem .
O meio social ou grupo social que o cerca em primeiro plano é a própria família, a célula mater da sociedade. O indivíduo que é pouco ou nada assertivo vai, frequentemente , seguir, ser obediente, se tornar sectário e conformado (ter o mesmo formato) de pessoas  do seu entorno; ou até mesmo de  uma única pessoa com o poder e efeito de influenciá-lo.
O fenômeno da conformidade (social) tem comprovação não só empírica como em vários ensaios e estudos científicos. Como referido, basta que surja apenas um líder com ares messiânicos  , um caudilho, um cabeça de alguma ideologia, de uma revolução. Ele tem todos os ingredientes para exercer o poder da chamada conformidade social e fazer os seguidores, os sectários, os súditos, os sequazes de todos os estratos sociais, independentemente do nível escolar, ou formação técnica desses submissos , desses cordões humanos, desses rebanhos de pessoas.
O processo tem os mesmos mecanismos psíquicos e neurais do efeito-manada. Os agora tão prevalentes e salientes influenciadores digitais são os mais novos empresários e profissionais a se beneficiar dos efeitos da conformidade social.
Do lado do cidadão. Tendo-se à mão qualquer aparelho de mídia, como um tablet ou smartphone, encontraremos os tão famosos e esfaimados influenciadores digitais. Têm-se nas páginas e links que nos chegam, de forma invasiva e graciosa, desde os variados personals até aqueles que nos vendem de tudo. Sexo, terapias alternativas, auto ajuda, dietas da moda, academias virtuais,  até como ganhar dinheiro sem trabalhar.  E nós, os idiotas e imbecis consumidores,  somos os mantenedores desses tais que crescem como bactérias nos caldos de cultura ou larvas varejeiras. É o rebaixamento do indivíduo em todos os escores de cidadania, de valores éticos e cultura. Julho/2018.


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