NIILISMO GENÉRICO
DA INUTILIDADE E NULIVALIA DAS COISAS
João Joaquim
De esferográfica em punho deu-me
vontade de escrever sobre a inutilidade das coisas. Não, não leram errado. É
exatamente isso! O quanto de inútil que há em coisas inúteis. Para minha
segurança e meu apoio eu tenho a meu favor duas figuras emblemáticas do pensamento
e das artes. Trata-se de ninguém menos do que Aristóteles(384- 322 a.C) e o
poeta e artista Oscar Wilde(1954-1900). O grande filósofo grego falou por
exemplo sobre a inutilidade da felicidade. Pasmosa tal afirmação, mas ele
afirmou que a felicidade não tem nenhuma, zero utilidade. Já o escritor e
dramaturgo wilde disse que a arte é inútil. Simplesmente não serve para nada.
Pronto, ancorado então apenas nessas
duas lendárias figuras, uma do antes, outra do depois de Cristo eu vou
discorrer sobre a não serventia, a nulidade ou o niilismo, conforme já o cravou
Nietzsche, de um milhão de coisas que nos oferecem.
Para ser sincero, este próprio texto.
Qualquer leitor que por desventura o ler poderá tirar essa singela conclusão.
Que afirmação inútil e tola. Ela não me acrescentará nada porque como diria
Leandro Karnal ou Marcelo Tass eu estou careca de saber.
Ok. Mas, para fins mais utilitaristas
bom é que se dê( eu por agora) alguns exemplos práticos do cotidiano. E em se
falando nesse ciclo dos dias pegue-se o caso do uso do horóscopo para análise
do signo das pessoas. Eu desconheço coisa mais inútil do que astrologia. Se
fosse científica, todos os astronautas iriam para o paraíso e nenhum deles tem
essa garantia. Esse resto de afirmação, como se vê, não tem nenhuma, bulhufas
de utilidade, mas fica o dito por feito e pronto.
Previsões da meteorologia para uma
vastidão de pessoas. Em que acrescentam alguma coisa à vida do povão? Em nada.
Cotação do dólar e do euro para quem pouco real tem no bolso. Pura inutilidade.
Mesmo para quem tem alguns minguados trocados na poupança. O poupador não vai
sair às carreiras e fazer câmbio de seus caraminguás. E todos os canais e
periódicos de comunicação têm esse tipo de informação. Com que razão?
Ah! Tá bom, são exemplos inúteis?
Aqui vão outros de não somenos importância. Podem ser alguns useiros e vezeiros
na vida das pessoas. Cirurgias plásticas com fins cosméticos e estéticos. Mesmo
obedecendo a todos os princípios éticos. Todas, rigorosamente todas, não tem
nenhuma finalidade. Zero fim!
Ah, não, mas a estética traz um certo
bem estar psíquico, traz felicidade! Olha o Aristóteles com sua tese. Para que
serve a felicidade?
Olha esta aqui ,de estarrecer! Ter
filhos. Que finalidade subsiste e persiste nesse prevalente expediente de gerar
filhos. O sujeito que não teve um bom pai, que de igual modo, à moda do
pai, se tornou um mau filho , e agora quer por filho nesse mundo
cheio de maldades e incertezas. Filho, bem entendido, supõe provisão de
educação, de família e do Estado. E pelo estado das coisas no Brasil, a coisa
desanda para lá de feio.
Agora esta. Tatoo,
tatuagem. Que finalidade alguém vê nesse expediente, o sujeito
(homem ou mulher) em trocar a sua pele natural, biológica que se renova
diuturnamente, por pinturas, gravuras, desenhos os mais psicodélicos? Tanto inútil que com o enjoo da coisa, assim
que o sujeito tem tédio com a marmota, tem que se buscar a
utilidade de uma profissão útil, a cirurgia plástica reparadora , com o fim de
reparo daquela inutilidade impensada. E olha que roubada, porque agora com
muitos ônus.
Porque nem todas as plásticas
retornam o tônus do tecido cutâneo anterior. O freguês pode estar
predestinado a uma tatuagem cicatricial pelo resto da vida. Se bem pensado, tem
até uma certa finalidade nessa última inutilidade. A pessoa adquire marcas corporais,
que podem ajudar, no caso de cometimento de faltas criminais. Torna-se fácil a
identidade do farsante.
Uma inutilidade contemporânea. Na
verdade muitas inutilidades modernas. Os tais objetos de
mídia como celular, smartphone e redes sociais. Aqui entra até um novo conceito. Porque além de inútil, se torna
de uma entranhada nocividade. Quantos não sãos os transtornos
sociais, emocionais, até sexuais, advindos desses perendengues digitais ? sem-número .
Muitos são os relatos de até sexo
virtual com este e outro gestual, e tudo sensual sem o mínimo de cerimonial e
respeito moral no emprego dos tais apetrechos digitais e outras futilidades
tais. Muitos filhos, sequer dão ouvidos ao que dizem os seus pais.
Uso de drogas licitas ou ilícitas.
Todas de absoluta inutilidade. Qualquer um desses aditivos, além de
levar à tal da adicção traz para a pessoa muita danação. Porque além das
avarias físicas e mentais surgirão como
nocividade o rebaixamento da emoção. Assim é com toda e absoluta razão que se a
pessoa for de bom juízo e sentir com o coração evitará a todo custo
tamanha profanação.
E por fim, para não ficar de fora,
tem até muita gente que entra de roldão nesse clube das inutilidades por
absoluta inação. Para tanto, eu concito a cada um de per si,
que tenha muita atenção , que olhe aqui e acolá, que seja
longe ou ao seu redor. Tem gente tão resoluta em viver no bem-bom que se quer
consegue enxergar sua pequenez ou frivolidade ante mesmo até o pai ou a mãe,
que na verdade ,foram quem o assim fez.
Tem gente de
tamanha inutilidade, que se fizer um censo, elas(as gentes) encerram
uma infinda inutilidade. E nesse rol tem-se gente de qualquer idade. Arre
! será que não estou sendo inútil, depois de tanta urdidura
ou estar esbordando em algo tão
inconsútil? Julho/2018.