terça-feira, 31 de julho de 2018

RACISMO

O RACISMO E PRECONCEITO TÊM A IDADE DO PRÓPRIO HOMEM


João Joaquim 

 A copa mundial de futebol, a copa FIFA Rússia 2018, se engajou na campanha contra o racismo. Em vários jogos da competição, no telão dos estádios e faixas exibidas antes das partidas lia-se o slogan “Say No To Racism”. Em tradução livre: “Diga Não ao Racismo”. E com isso eu faço o presente artigo.
Na historicidade do problema do racismo poder-se-ia buscar as suas origens na teoria do criacionismo ou da evolução do gênero humano. Mas, por questão mais abrangente e mais universal, tomemos a questão na abrangência do evolucionismo. Teoria do cientista britânico Charles Darwin.
Para tal reportamos ao homem nos seus idos tempos de vida nas cavernas. Era então o homem primitivo, de vida livre, nativo que para sobreviver se valia do extrativismo natural, frutas, peixes e caças de animais igualmente a ele, selvagens. Assim duríssima era a sobrevivência desses ancestrais humanos. Além de extrativista natural, tinha que ser exímio caçador com instrumentos naturais, pau, pedra, rede de pescar, arco e flecha e as próprias mãos.  Essa homem original viveu há cerca de 40 mil anos atrás .
O sujeito era ora caçador, ora caça. Nessa etapa evolutiva o homem tinha como rivais ou emuladores muitos outros animais selvagens, os grandes predadores da natureza. Basta relembrar, havia as feras vegetarianas ou herbívoras e os carnívoros estritos. Como exemplos dos grandes herbívoros citam-se os macacos de grande porte. Entre os carnívoros estritos tinham-se os grandes felinos, onças, tigres etc. Ou    seja, só com esses dois grupos de predadores, fica patente como era difícil, competitiva e de alto risco a vida nesses primitivos tempos da evolução e adaptação humana em habitar o planeta.
Nesse cenário evolutivo, predatório e competitivo, não eram as feras e predadores selvagens os maiores inimigos e rivais do homem primitivo. Iniciam-se a formação de grupos humanos. Têm-se a formação de tribos, a diversidade étnica e racial. Tem-se ali a atividade competitiva,  rivalista, a emulação dentro da própria população hominídea. Há uma busca acirrada, exploratória e bélica, nos moldes primitivos, por espaço, território, comida, extrativismo natural, caça e abrigo, cavernas, a melhor caverna e proteção para as famílias. Desses primitivos humanos.
É nesse ambiente original que nasce o racismo. A primeira manifestação e comportamento racista. É o homem primitivo expressando o seu primeiro expediente, a sua primeira verbalização de oprimir o outro homem, representante da mesma espécie. É o olhar sobre o outro como se esse outro e ao mesmo tempo o da mesma espécie como diferente, desigual; e aqui vem o nó  desse sentimento, uma reação de inferiorização de um integrante e membro da mesma tribo global, a tribo dos humanos, representantes do homo sapiens sapiens. Esse indivíduo deixa provas consistentes de sua existência, conforme o atestam os estudos de arqueologia, paleontologia e antropologia e exame macro e necroscópico.
Enfim, o racismo tem suas raízes, sua gênese na primitiva rivalidade do próprio homem contra outros humanos. Dando um salto na trajetória evolutiva da espécie humana. Analisemos então o homem já civilizado. Homem esse já munido de ferramentas, capaz da  exploração da terra, o cultivo do solo, a agricultura, a produção de bens para a subsistência, o extrativismo mineral, o acúmulo e comércio de bens agrícolas.
Para tanto o que fez o homem contra o próprio homem? O escravizou. Quem majoritariamente foram escravizados? Os povos do continente  africano. A África foi a bola primeira e da vez por ser um continente atrasado, pobre e primitivo no processo evolucionista e civilizatório. A questão poderia ter se dado ao contrário, se uma Ásia, uma América, uma Europa tivessem a infelicidade e destino do atraso, subdesenvolvimento.
E  pior que isto: a escravidão e racismo ali já eram praticadas primitivamente por chefes tribais. Um fenômeno e um sistema que informalmente ocorrem até hoje com a displicência, conivência e participação  de muitos chefes de Estado. Para tanto basta revisitar a História recente e atual de muitas nações africanas.
Na verdade o racismo, a discriminação, o preconceito contra o negro ou afrodescendente nascem dentro da própria evolução e civilização humana, na sua intestina e instintiva reação de rivalidade em emulação com os mesmos integrantes da mesma espécie. Nessa natureza e corrente de reação, de comportamento há uma obra muito pertinente e atemporal, a magnifica obra de Thomas Hobbes, O Leviatã, que fala justamente da luta de classes, do homem como lobo do próprio homem.
Daí, afirma Hobbes, a necessidade da criação do  Estado para impor regras, limites, leis e punição aos infratores das normas e legislação do Estado. Faz muito, faz todo sentido o código penal cominar a injúria racial, o racismo como crime inafiançável. Como de resto a toda injúria e preconceito contra a opção sexual, ao indígena, ao estrangeiro, ao pobre, ao deficiente físico, ao analfabeto, ao obeso e qualquer pessoa fora dos padrões considerados como bons ou melhores  pela sociedade . Sociedade esta instigada, movida pelo sistema capitalista, consumista irracional e exploradora do outro.
O mais intrigante e esdrúxulo é observar, constatar que a questão do racismo ocorre dentro dos próprios grupos étnicos . Quantos não sãos os indivíduos afrodescendentes ,  ditos famosos, ricos, bem sucedidos, midiáticos( jogadores bem pagos , artistas de cinema, etc) que raramente se casam com mulheres negras ? Basta ler a biografia e comportamento desses tais.  Ou seria mera coincidência ? Fica essa primeira impressão de preconceito ou rejeição da própria cor da pele.
O que  se pode registrar e consignar é que o racismo, a discriminação , o preconceito , nos dias de hoje, se tornaram um comportamento abominável, intolerável, inaceitável . Quem assim o procede está expressando nada mais do que sua idiotia e imbecilidade . Neste sentido faz muito bem e oportuno cada nação classificar o racismo ou intolerância étnica como um crime  repudiável e inafiançável .   Julho/2018   


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