RACISMO
O RACISMO E PRECONCEITO TÊM A IDADE DO PRÓPRIO HOMEM
João
Joaquim
A copa
mundial de futebol, a copa FIFA Rússia 2018, se engajou na campanha contra o
racismo. Em vários jogos da competição, no telão dos estádios e faixas exibidas
antes das partidas lia-se o slogan “Say No To Racism”. Em tradução livre: “Diga
Não ao Racismo”. E com isso eu faço o presente artigo.
Na historicidade
do problema do racismo poder-se-ia buscar as suas origens na teoria do criacionismo
ou da evolução do gênero humano. Mas, por questão mais abrangente e mais
universal, tomemos a questão na abrangência do evolucionismo. Teoria do
cientista britânico Charles Darwin.
Para tal
reportamos ao homem nos seus idos tempos de vida nas cavernas. Era então o
homem primitivo, de vida livre, nativo que para sobreviver se valia do
extrativismo natural, frutas, peixes e caças de animais igualmente a ele,
selvagens. Assim duríssima era a sobrevivência desses ancestrais humanos. Além
de extrativista natural, tinha que ser exímio caçador com instrumentos
naturais, pau, pedra, rede de pescar, arco e flecha e as próprias mãos. Essa homem original viveu há cerca de 40 mil
anos atrás .
O
sujeito era ora caçador, ora caça. Nessa etapa evolutiva o homem tinha como
rivais ou emuladores muitos outros animais selvagens, os grandes predadores da
natureza. Basta relembrar, havia as feras vegetarianas ou herbívoras e os
carnívoros estritos. Como exemplos dos grandes herbívoros citam-se os macacos
de grande porte. Entre os carnívoros estritos tinham-se os grandes felinos,
onças, tigres etc. Ou seja, só com esses dois grupos de predadores,
fica patente como era difícil, competitiva e de alto risco a vida nesses
primitivos tempos da evolução e adaptação humana em habitar o planeta.
Nesse
cenário evolutivo, predatório e competitivo, não eram as feras e predadores
selvagens os maiores inimigos e rivais do homem primitivo. Iniciam-se a
formação de grupos humanos. Têm-se a formação de tribos, a diversidade étnica e
racial. Tem-se ali a atividade competitiva, rivalista, a emulação dentro da própria
população hominídea. Há uma busca acirrada, exploratória e bélica, nos moldes
primitivos, por espaço, território, comida, extrativismo natural, caça e
abrigo, cavernas, a melhor caverna e proteção para as famílias. Desses
primitivos humanos.
É nesse
ambiente original que nasce o racismo. A primeira manifestação e comportamento
racista. É o homem primitivo expressando o seu primeiro expediente, a sua
primeira verbalização de oprimir o outro homem, representante da mesma espécie.
É o olhar sobre o outro como se esse outro e ao mesmo tempo o da mesma espécie
como diferente, desigual; e aqui vem o nó desse sentimento, uma reação de inferiorização
de um integrante e membro da mesma tribo global, a tribo dos humanos,
representantes do homo sapiens sapiens. Esse indivíduo deixa provas
consistentes de sua existência, conforme o atestam os estudos de arqueologia,
paleontologia e antropologia e exame macro e necroscópico.
Enfim, o
racismo tem suas raízes, sua gênese na primitiva rivalidade do próprio homem
contra outros humanos. Dando um salto na trajetória evolutiva da espécie
humana. Analisemos então o homem já civilizado. Homem esse já munido de
ferramentas, capaz da exploração da
terra, o cultivo do solo, a agricultura, a produção de bens para a
subsistência, o extrativismo mineral, o acúmulo e comércio de bens agrícolas.
Para
tanto o que fez o homem contra o próprio homem? O escravizou. Quem
majoritariamente foram escravizados? Os povos do continente africano. A África foi a bola primeira e da
vez por ser um continente atrasado, pobre e primitivo no processo evolucionista
e civilizatório. A questão poderia ter se dado ao contrário, se uma Ásia, uma
América, uma Europa tivessem a infelicidade e destino do atraso,
subdesenvolvimento.
E pior que isto: a escravidão e racismo ali já
eram praticadas primitivamente por chefes tribais. Um fenômeno e um sistema que
informalmente ocorrem até hoje com a displicência, conivência e participação de muitos chefes de Estado. Para tanto basta
revisitar a História recente e atual de muitas nações africanas.
Na
verdade o racismo, a discriminação, o preconceito contra o negro ou
afrodescendente nascem dentro da própria evolução e civilização humana, na sua
intestina e instintiva reação de rivalidade em emulação com os mesmos
integrantes da mesma espécie. Nessa natureza e corrente de reação, de
comportamento há uma obra muito pertinente e atemporal, a magnifica obra de
Thomas Hobbes, O Leviatã, que fala justamente da luta de classes, do homem como
lobo do próprio homem.
Daí,
afirma Hobbes, a necessidade da criação do Estado para impor regras, limites, leis e
punição aos infratores das normas e legislação do Estado. Faz muito, faz todo
sentido o código penal cominar a injúria racial, o racismo como crime
inafiançável. Como de resto a toda injúria e preconceito contra a opção sexual,
ao indígena, ao estrangeiro, ao pobre, ao deficiente físico, ao analfabeto, ao
obeso e qualquer pessoa fora dos padrões considerados como bons ou melhores pela sociedade . Sociedade esta instigada,
movida pelo sistema capitalista, consumista irracional e exploradora do outro.
O mais
intrigante e esdrúxulo é observar, constatar que a questão do racismo ocorre
dentro dos próprios grupos étnicos . Quantos não sãos os indivíduos
afrodescendentes , ditos famosos, ricos,
bem sucedidos, midiáticos( jogadores bem pagos , artistas de cinema, etc) que
raramente se casam com mulheres negras ? Basta ler a biografia e comportamento
desses tais. Ou seria mera coincidência
? Fica essa primeira impressão de preconceito ou rejeição da própria cor da
pele.
O que se pode registrar e consignar é que o racismo,
a discriminação , o preconceito , nos dias de hoje, se tornaram um
comportamento abominável, intolerável, inaceitável . Quem assim o procede está
expressando nada mais do que sua idiotia e imbecilidade . Neste sentido faz
muito bem e oportuno cada nação classificar o racismo ou intolerância étnica
como um crime repudiável e inafiançável
. Julho/2018