A FAMÍLIA FAZ O CIDADÃO
DAS FAMÍLIAS VÊM OS CIDADÃOS BEM OU
MAL EDUCADOS
João Joaquim
Vivemos uma época de muitas
dificuldades nas relações sociais . Dificuldades e degradações em todos os
âmbitos da vida. A família é a célula mater da sociedade. E ela é justamente a
origem, a gênese, o nascedouro de tantas deformações, transgressões e subversão
de valores.
“A família como célula mater da sociedade”. O crédito deste
princípio é de Ruy Barbosa, jurisconsulto e senador baiano, falecido em 1923.
Uma das maiores inteligências que este país já teve. Foi um dos mais notáveis
tribunos do fim do império e primeira república.
Para sorte dele(Ruy), talvez, foi
derrotado 2 vezes em eleições a
presidente da república. O que ele tão aguerridamente denunciava naquela época
se repete hoje, na mesma natureza, e em escala bem maior por aumento da
população de governantes e políticos em
atividade. A maldita e malsinada corrupção.
A família deve ser levada em
consideração como se fosse uma miniatura, uma maquete, um microcosmo da nação,
do país, na natureza estamental, moral e social de um povo em suas relações
diversas, seja com as pessoas, com os
segmentos da sociedade civil, pública ou privada.
É bem conhecida a gênese das ciências
econômicas. A economia teve como origem a administração de uma casa, a família,
o lar. O verbete vem do grego oikos, casa, domicílio. A dona de casa, ainda
majoritariamente, é considerada a mãe da economia; inspirada nela foi sistematizada como ciência
nos dias de hoje. Se tornou um sistema tecnocientífico dos mais relevantes na
organização estatal (administração política);
como também de qualquer empresa, a exemplo dos ramos financeiro e
bancário.
Ora, tendo em comento as questões das
relações humanas, as relações e interações pessoais, a família adquire o papel
e influência das mais importantes na construção, na formação da sociedade como
um todo. Nessa fundamental participação a educação dos filhos, das crianças,
dos jovens terá uma influência protagonista e modelo na constituição no sentido
de nação, de nacionalidade, de pátria como
organização em todos os seus quesitos de moralidade, civilidade,
cidadania e comportamento ético (de etos, costume, uso de um povo, de uma comunidade).
Tem-se como um consenso, uma anuência
entre os estudiosos e cientistas da natureza das relações sociais que a família
molda o indivíduo . Os expedientes, as características e hábitos de uma
sociedade, de um povo e de uma nação constituem o corolário (reflexos) da
qualificação educacional que os filhos recebem sob a tutela, supervisão e
orientação no seio familiar. Daí o sentido da família como célula mater da
sociedade.
Nesse sentido busquemos um exemplo
lapidar de um grande humanista e pensador. Aristóteles (384-322 a.C). Ele foi o
maior representante das ciências e filosofia ocidental. Ele pode ser
considerado o prócere e protagonista na formação ética e moral do indivíduo.
Para ele toda criança é aética e amoral. Em outros termos, ela nasce
absolutamente analfabeta e ignorante em qualquer rudimento ou nação de moral e
de ética. É como se ela nascesse inimputável a qualquer deslize ou transgressões
desses princípios. Portanto, ética não é congênita e deve ser ensinada,
treinada e praticada( palavras de Aristóteles ) .
As relações de esquisitice, de
inversão de valores, de quebra de hierarquia entre pessoas têm vicejado dentro
das próprias famílias, dos lares; degradações
que se reproduzem nas escolas e se espraiam por toda a sociedade.
Vamos assim repicar o comportamento nas relações filhos/pais. Tem
sido disseminada uma cultura de um novo modelo educacional. Tendência ou
diretriz defendida pela nova geração de pais, pelos próprios filhos, pelos
direitos dos pais na relação com as escolas, nos moldes e cláusulas do código
do consumidor e com a chancela do instituto dos Direitos Humanos.
Existem novas diretrizes na educação
da criança. São postulados e métodos de uma nova psicopedagogia. Entre esses
princípios estão o de não reprovar o aluno. Ainda que a criança não alcance o
mínimo de aprendizagem ela deve passar de série. Nenhum limite constrangedor,
coercitivo ou punitivo pode ser aplicado ao filho, ao aluno. Para tanto existe
uma lei de título curioso, lei das palmadas. O pai que infringir alguma
palmada, chinelada ou cintada à criança, se denunciado por esta pode ser
processado e ser penalizado pela justiça. Imagine essa realidade e lei vigentes,
o pai pode ser punido se corrigir mais severamente um filho transgressor e
rebelde.
Com isto, já em conclusão, ao que
sugerem as degradações e subversões das relações sociais é que muito desse
cenário disruptivo da ética e dos costumes
sugere ter como origem a educação
familiar, da educação de berço. Ou mais
precisamente da falta dessa educação de nossas crianças e adolescentes. São os
filhos sem regras e sem limites.
Pelas tendências que temos, cada vez mais as
famílias têm produzido uma geração de indivíduos idiotas, imbecis, malcriados,
palermas e tolos. Ao assistirmos muitas das crianças , adolescentes e jovens
plugados em suas mídias sociais , em seus aparelhos de games, tablets e
smartphones, ficam eles a nos lembrar zumbis , que vagam pelas casas, ambientes
sociais e ruas, sem sequer se comunicar olhando nos rostos e olhos dos outros.
Muitos já adquiriram até o biótipo do corcunda de Notre Dame.
Mas, ainda tem salvação; felizes
e benditos os pais, as famílias que gestam( de gestação mesmo) os filhos, mas que os educam no senso o mais amplo que o termo traduz. Educar não é
só engravidar como outra fêmea qualquer. Criação de filhos não se faz como de
outros animais, aos quais se dá ração e abrigo. Mais relevante do que criar é o
continuo e rigoroso processo de educar, instruir, dar boa escola, boas regras
de convivência com o meio social onde estiver inserido o indivíduo. Então com tal expediente , sim, as famílias
estarão criando e formando cidadãos
educados, trabalhadores e construtivos. Para o bem da própria pessoa, para as
próprias famílias e para o mundo .
Setembro /2018.