sexta-feira, 31 de agosto de 2018

AS TIs DO BEM


SANTAS E GUARDIÃS TECNOLOGIAS  DA ÉTICA E DA JUSTIÇA

João Joaquim 


Nos albores desse século XXI, vivemos uma atmosfera de muita tecnologia. Fala-se  muito de relações sociais e corporativas, têm-se muitas repetições do verbete ética, mas, a rigor muitas transgressões éticas e morais. Justamente ofensas a ela, A Ética. Em termos simples, poderíamos defini-la  como a boa arte da convivência humana. Ela tem um valor tão grande que ganhou outros títulos. Deontologia, código profissional, códigos de conduta, normas de trabalho. Ganhou até no português, um anglicismo muito repetido, como tudo importado, compliance.
As organizações, empresas, bancos; muitas entidades referem-se ao vocábulo com muito gosto e modismo.”Compliance”. A Ética, pode não ser muito praticada, mas, “compliance” é repetida a exaustão.
O cometimento de infrações éticas de nossa era digital se tornou mais ostensivo justamente por causa das tecnologias da informação. Não é que as pessoas se tornaram mais contra a ética (antiéticas). A questão é que as diferentes ilicitudes passaram a ser registradas, gravadas e denunciadas.
Em todos os cenários da vida os expedientes e atitudes de encontro a Ética se tornaram rotineiras e exibidas por diversos aparelhos de mídia e de vigilância. Nos tempos pré câmaras de vídeos, pré celular, pré internet, muitos atos ilícitos e delitivos ficavam impunes porque não se tinham prova material e eletrônica. Foi-se esse tempo. Quer prova mais robusta da perpetração de um crime do que a gravação das cenas desse crime? São imagens definitivas e valem mais que os relatos de todas as testemunhas do fato.
Ocorrem-me aqui dois fatos criminosos e de graves infrações éticas, cujos registros digitais desmontam qualquer defesa ou argumento em contrário, muito ruim para os infratores e advogados de defesa. São provas robustas e de clareza meridiana.
O primeiro fato se deu no interior do Paraná, quando uma jovem despencou do 4º andar do prédio onde morava. Enfim  ,suicidou ou foi assassinada, eis a questão inicial . O marido, suspeito do assassinato, e respectivos parentes afirmavam categoricamente que o sujeito não faria tal atrocidade, enfim, que era bom mocinho e da paz.
Ato contínuo, em poucos dias a polícia obteve as gravações da chegada do casal ao prédio. O que se registra é uma sessão de torturas, agressões e espancamento;  e supostamente o lançamento da vítima pela janela do prédio. Em conclusão , tem-se ali a comprovação de um criminoso e feminicida da pior estirpe. Não há provas mais contundentes e robustas para que esse sanguinário cumpra a pena que a ele será cominada (aplicada).
Um outro caso de graves injúrias éticas e mesmo crime se deu no âmbito da saúde pública RJ. Um filho, com a mãe em estado emergencial, chega a um hospital para ser socorrida. Iniciou-se a peregrinação do filho cuidador no momento de fazer a ficha de atendimento. E a paciente se contorcendo de dor e falta de ar na cadeira de rodas, a espera de socorro.
A mãe já pré agônica e o filho em pânico pedindo a presença de um médico. No desespero, o filho vai até ao interior da enfermaria à procura dos médicos de plantão. De uma primeira plantonista naquele hospital, o filho obteve a resposta de que só atenderia a paciente (mãe) quando de posse da ficha vinda da recepção .  Ao avistar uma segunda plantonista, esta estava sentada e ocupada, conferindo as mensagens de redes sociais em seu smartphone. Uma ocupação incompatível naquele cenário de trabalho.
Ou seja, aqui houve várias transgressões aos princípios éticos e humanitários porque em um contexto de urgência, primeiro socorre o doente para depois saber seu RG, nome, se tem plano de saúde ou SUS. Constitui um dever elementar de qualquer médico e hospital (público ou privado) prestar socorro a quem corre risco  de morte.
O desfecho triste e lamentável desse segundo caso é que a senhora veio a falecer. Tudo convergindo para um exemplo típico de omissão de socorro. As cenas dessas infrações e crime foram gravadas pelo celular do próprio filho. Ou seja, uma santa tecnologia para punição desses graves erros médicos. São as tecnologias da informação a serviço do cidadania, da justiça e da Ética.
O que se pode concluir com o aqui descrito, concernente, ao conceito de ética e tecnologias da informação é que mudaram também o sentido de privacidade, confidencialidade e intimidade. O conjunto das tecnologias da informação, em nossos tempos digitais, representa “o grande irmão do bem” (big brother). Assim o imaginou George orwel no seu livro Big Brother. “O grande irmão zela por ti” ou o grande irmão está te observando” (Big Brother is watching you). Uma semelhança ao que pretendia Josef Stalin.  Claro , que aqui um descrição de tirania, de controle total das atos do cidadão, de desrespeito ao ser humano.
Enfim, como conclusão, todos os objetivos das mídias como um celular, câmaras, smartphone e gravações públicas vieram para o bem das pessoas de bem e para o mal das pessoas do mal. Se o indivíduo tem a vocação para a prática do que é lícito, justo e ético, que diferença lhe fará ser todos os seus atos e atitudes gravadas em vídeos e áudios públicos ou privados? Nenhuma, porque ele pratica um ato de aceitação universal, bem visto e aceito por todos.
Agora, os malvados, os trambiqueiros, os infratores e corruptos de toda ordem devem sim, estar incomodados e preocupados com os seus atos porque tudo pode estar sendo registrado em câmaras vigilantes como  o celular de alguém. Em nome da justiça, do cidadão de bem , da Ética;  vivam as  santas tecnologias da informação e das gravações.    Agosto/2018.  

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