sábado, 29 de setembro de 2018

ÉTICA E MORAL

MORAL E HONESTIDADE DEVEM SER ENSINADAS E EXERCITADAS POR PAIS E EDUCADORES
João Joaquim  

Conforme ensinou Aristóteles a ética é uma virtude que deve ser ensinada. A criança nasce com ausência de ética. Ela, portanto, é não ética  ou aética; isto quer dizer que o ser humano nasce completamente analfabeto, inclusive em relação aos fundamentos e noções de moral e de honestidade. São princípios, regras de convivência que devem ser ensinados, treinados e com práticas repetidas  pelos pais aos filhos.
As escolas terão também um papel fundamental nesses quesitos. Boas maneiras e bons costumes (ética e moral) são também de responsabilidade dos professores. Constituem conhecimentos técnicos, mas sempre contínuo treinamento. Toda criança e educando necessitam de limites, de regras e disciplina nas relações sociais.
A título de recordação, para diferenciação,  o que é ética?  O conjunto de  princípios teóricos. Moral  seria a prática destes princípios. Exemplo: o código de trânsito é um princípio ético. A violação das regras de trânsito (prática) se torna um comportamento imoral e antiético .
Foi pensando em moral e ética que lembrou-me outra virtude. De todos conhecida, mas pouco praticada, a gentileza. Muitos outros termos e verbetes são também conhecidos. Da gentileza  são irmãos univitelinos. Cortesia, educação, respeito, cordialidade, urbanidade. A gentileza, um predicado que torna a todos nós mais humanos, anda muito escassa nos mais variados ambientes sociais. Sejam esses espaços a família, as ruas, os condomínios, as sessões de trabalho, os cenários corporativos.
O comportamento de civilidade (gentileza) deve ter como modelo as próprias relações familiares. A ética e a moral, que,  às vezes, se confundem e se fundem com a gentileza devem começar nas relações de pais e filhos, marido e mulher, entre os irmãos, entre patrões e empregados. É muito natural que haja uma hierarquia em qualquer organização social. A família é um modelo universal desse grupo.
Ainda perdura no Brasil, mas não o único país, uma atitude com caráter escravagista entre patrão e empregados, entre um administrador, um gestor público ou privado e o funcionário subalterno. Há recorrentes denúncias até mesmo de graves casos de assédios, moral e sexual. São graves, gravíssimas questões de ofensas aos direitos e à dignidade da pessoa. Não importa o gênero .
Muitas são as palavras de simples locução mas, altamente nobres e dignificantes nos contatos e relações interpessoais. Neste sentido pouco custa a cada pessoa dirigir-se a outrem com um bom dia, por favor, por gentileza. Muitos são os chefes e gerentes dessa e outra empresa, organização, que se comportam como um macho alfa de outro mundo animal. Não é incomum muitos desses líderes agirem como pequenos tiranos em suas funções.
As expressões por favor, peço ou solicito tal coisa, tal obséquio,  são trocadas por faça-me isto ou aquilo de forma imperativa e desrespeitosa com colegas e subalternos, considerados por esses líderes,  de função ou trabalho inferior. O mínimo que deve prevalecer em qualquer espaço de convivência é ao menos um pouco, uma diminuta ética, a tão  conhecida etiqueta.
A gentileza na convivência humana traz-me à memória um personagem brasileiro. Ele foi uma espécie de andarilho, popularmente conhecido por profeta gentileza. José Datrino (1917-1996) sentiu-se transformado em 1961, numa autentica conversão, e se explica por que .
Em dezembro desse ano ocorreu um incêndio no Gran Circus NorteAmericano, localizado em Niteroí RJ. Foram 500 mortos e mais de 800 feridos. Um aspecto trágico é que a maioria das vítimas era de crianças.
Datrino sentiu-se tocado como por uma força mística. Ele desfez-se inclusive de alguns bens materiais para ajudar vítimas e parentes dos mortos. Um desses bens, um caminhão com que trabalhava. Ele sofreu, ao jeito do apóstolo Paulo (Paulo de Tarso) uma espécie de transformação . De uma vida de simples trabalhador a um pregador. Daí o epíteto justo de profeta gentileza.
Passada  a fase mais aguda da tragédia, quando ele consolou e reanimou tantas pessoas, José Datrino se tornou um mensageiro da gentileza, do amor e da paz. Um de seus bordões era gentileza gera gentileza. Muitas foram as pinturas e frases por ele inscritas e esculpidas em obras de infraestrutura na cidade do Rio de Janeiro.
Ele sofreu muita discriminação e perseguição na época. Após sua morte, em 1996, muitos de seus painéis foram pichados e destruídos. Ainda que tardiamente, o seu legado foi reconhecido e muitas de suas obras foram recuperadas como monumentos culturais, trabalho reconhecido  pela prefeitura do Rio de Janeiro.
O cantor Gonzaguinha o homenageou com uma linda canção que diz: “feito louco/pelas ruas/com sua fé/gentileza/o profeta/e as palavras/calmamente/semeando/amor/à vida/ aos humanos.
Enfim, tendo em conta as relações humanas de nossos tempos digitais, bom e útil seria saber ou conhecer (ser) um pouco mais as pregações e lições de vida do profeta gentileza. Falta mesmo muita gentileza em nossos tempos.  Mas, nem tudo está perdido, devemos sempre acreditar no ser humano.   Setembro/2018. 

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