ÉTICA E MORAL
MORAL E HONESTIDADE DEVEM SER ENSINADAS E EXERCITADAS
POR PAIS E EDUCADORES
João
Joaquim
Conforme ensinou Aristóteles a ética
é uma virtude que deve ser ensinada. A criança nasce com ausência de ética.
Ela, portanto, é não ética ou aética;
isto quer dizer que o ser humano nasce completamente analfabeto, inclusive em
relação aos fundamentos e noções de moral e de honestidade. São princípios,
regras de convivência que devem ser ensinados, treinados e com práticas repetidas pelos pais aos filhos.
As escolas terão também um papel
fundamental nesses quesitos. Boas maneiras e bons costumes (ética e moral) são
também de responsabilidade dos professores. Constituem conhecimentos técnicos,
mas sempre contínuo treinamento. Toda criança e educando necessitam de limites,
de regras e disciplina nas relações sociais.
A título de recordação, para
diferenciação, o que é ética? O conjunto de princípios teóricos. Moral seria a prática destes princípios. Exemplo: o
código de trânsito é um princípio ético. A violação das regras de trânsito
(prática) se torna um comportamento imoral e antiético .
Foi pensando em moral e ética que
lembrou-me outra virtude. De todos conhecida, mas pouco praticada, a gentileza.
Muitos outros termos e verbetes são também conhecidos. Da gentileza são irmãos univitelinos. Cortesia, educação,
respeito, cordialidade, urbanidade. A gentileza, um predicado que torna a todos
nós mais humanos, anda muito escassa nos mais variados ambientes sociais. Sejam
esses espaços a família, as ruas, os condomínios, as sessões de trabalho, os
cenários corporativos.
O comportamento de civilidade
(gentileza) deve ter como modelo as próprias relações familiares. A ética e a
moral, que, às vezes, se confundem e se
fundem com a gentileza devem começar nas relações de pais e filhos, marido e
mulher, entre os irmãos, entre patrões e empregados. É muito natural que haja
uma hierarquia em qualquer organização social. A família é um modelo universal
desse grupo.
Ainda perdura no Brasil, mas não o
único país, uma atitude com caráter escravagista entre patrão e empregados,
entre um administrador, um gestor público ou privado e o funcionário
subalterno. Há recorrentes denúncias até mesmo de graves casos de assédios,
moral e sexual. São graves, gravíssimas questões de ofensas aos direitos e à
dignidade da pessoa. Não importa o gênero .
Muitas são as palavras de simples
locução mas, altamente nobres e dignificantes nos contatos e relações
interpessoais. Neste sentido pouco custa a cada pessoa dirigir-se a outrem com
um bom dia, por favor, por gentileza. Muitos são os chefes e gerentes dessa e
outra empresa, organização, que se comportam como um macho alfa de outro mundo
animal. Não é incomum muitos desses líderes agirem como pequenos tiranos em
suas funções.
As expressões por favor, peço ou
solicito tal coisa, tal obséquio, são
trocadas por faça-me isto ou aquilo de forma imperativa e desrespeitosa com
colegas e subalternos, considerados por esses líderes, de função ou trabalho inferior. O mínimo que
deve prevalecer em qualquer espaço de convivência é ao menos um pouco, uma
diminuta ética, a tão conhecida
etiqueta.
A gentileza na convivência humana
traz-me à memória um personagem brasileiro. Ele foi uma espécie de andarilho,
popularmente conhecido por profeta gentileza. José Datrino (1917-1996)
sentiu-se transformado em 1961, numa autentica conversão, e se explica por que
.
Em dezembro desse ano ocorreu um
incêndio no Gran Circus NorteAmericano, localizado em Niteroí RJ. Foram 500
mortos e mais de 800 feridos. Um aspecto trágico é que a maioria das vítimas
era de crianças.
Datrino sentiu-se tocado como por uma
força mística. Ele desfez-se inclusive de alguns bens materiais para ajudar
vítimas e parentes dos mortos. Um desses bens, um caminhão com que trabalhava.
Ele sofreu, ao jeito do apóstolo Paulo (Paulo de Tarso) uma espécie de transformação
. De uma vida de simples trabalhador a um pregador. Daí o epíteto justo de
profeta gentileza.
Passada a fase mais aguda da tragédia, quando ele
consolou e reanimou tantas pessoas, José Datrino se tornou um mensageiro da
gentileza, do amor e da paz. Um de seus bordões era gentileza gera gentileza.
Muitas foram as pinturas e frases por ele inscritas e esculpidas em obras de
infraestrutura na cidade do Rio de Janeiro.
Ele sofreu muita discriminação e
perseguição na época. Após sua morte, em 1996, muitos de seus painéis foram
pichados e destruídos. Ainda que tardiamente, o seu legado foi reconhecido e
muitas de suas obras foram recuperadas como monumentos culturais, trabalho
reconhecido pela prefeitura do Rio de
Janeiro.
O cantor Gonzaguinha o homenageou com
uma linda canção que diz: “feito louco/pelas ruas/com sua fé/gentileza/o
profeta/e as palavras/calmamente/semeando/amor/à vida/ aos humanos.
Enfim, tendo em conta as relações
humanas de nossos tempos digitais, bom e útil seria saber ou conhecer (ser) um
pouco mais as pregações e lições de vida do profeta gentileza. Falta mesmo
muita gentileza em nossos tempos. Mas,
nem tudo está perdido, devemos sempre acreditar no ser humano. Setembro/2018.