sábado, 29 de setembro de 2018

MENTIRAS E ELEIÇÕES

AS MENTIRAS E FABULAÇÕES DE NOSSAS ELEIÇÕES
João Joaquim  

Conta-se que a época de maior mentira per capita é a época de eleições. As pessoas por  um modo e costume geral já mentem naturalmente. Agora a classe política suplanta aquilo que se pode chamar número tolerável de mentiras. A mentira só se torna perigosa e nefasta em duas situações, feita sob juramento ou em promessas de campanha eleitoral. Fora desses dois cenários trata-se de questão de foro íntimo, de sentimento  e ética pessoal.
O perjúrio ou juramento falso deveria ter também uma previsão religiosa, deveria ser um pecado capital. Porque previsto como crime já consta do código penal. Imagine só, o indivíduo de forma pública, e solenemente, mentir ante uma autoridade judicial. Trata-se de um caráter muito volúvel, é ser muito cínico, de cenho regateiro e deslavado, a ponto de merecer algumas demãos de óleo de peroba. Ou seja vai ser cara-de-pau lá no Amazonas, onde ainda se extrai o popular lubrificante das perobeiras.
Uma outra reprovável mentira é justamente aquela verbalizada por candidatos a cargos eletivos. Trata-se, eu diria, até de uma forma escarninha de dirigir-se aos eleitores.
Na seara da Política, as encenações falsas,  além de mentira se revela em um expediente ardiloso, subterrânea e embusteiro de enganar as pessoas de boa fé. Eu, particularmente, aprecio ouvir as plataformas de mentiras de muitos candidatos, que de candura não têm nada. Pelo que se deduz das alocuções, dos discursos, das entrevistas, o tamanho das potocas e das lorotas é diretamente proporcional ao cargo. Quanto mais elevada a hierarquia, mais bem elaborada vai ser a mentira.
Todavia, nessa estratégia, de mais nobre a função, mais convincente a falsidade, há candidatos que se denunciam e caem em contradição. Existem  alguns que são tão deslavados em mentir que tentam emendar ou justificar sua impostura. Como aquele sujeito que em comício no interior disse para a plateia que se eleito construiria uma ponte em tal lugarejo. A quem um gaiato na escuta retorquiu. Mas, como se ali não se tem nem rio? E o impostor e cascateiro responde, não há de que, a gente traz um rio para a região.
Eu gostaria de assistir a muitos políticos, sendo submetidos a um polígrafo, o famoso detector de mentiras. Há também as tomografias ou ressonâncias funcionais.
E nem precisa de tais exames imagéticos para dar um flagra e desmascarar qualquer mentiroso ou embusteiro. Tudo pode ser deduzido através das reações e movimentos corporais. O sujeito quando mente vai apresentar um série de sinais, de trejeitos, de mímicas, de contornos corporais que denunciam sua falsidade.
Nesse sentido temos um aumento da pulsação, da pressão arterial, de movimentos de pernas e braços, de coçaduras de parte do corpo, de contrações labiais e palpebrais, entre outros indicativos compatíveis com uma fala mentirosa.
É assim que funciona o polígrafo, detector de mentiras. São sinais indiretos com uma grande chance de acerto. A tomografia ou ressonância funcional se fundamento no consumo de O2 cerebral, na troca de impulsos sinápticos fora do padrão fisiológico. Numa contextualização histórica e filosófica trago ao texto dois pensamentos distintos sobre a mentira, a conduta, a postura ética das pessoas.
Na antiga Grécia existiu a corrente filosófica dos sofistas. Eles foram especialistas na arte do convencimento. Foram contemporâneos de Sócrates.
Há críticos mais isentos que afirmam que eles foram também os próceres e protagonistas na arte da mentira. Eles praticavam a linguagem da retórica, do belo discurso, da lábia. Segundo outros estudiosos eles são também considerados os primeiros advogados. Eles ensinavam a criar teses e argumentos paralelos aos fatos reais que chegavam a convencer aos mais sagazes juízes e jurados. Os sofistas mais famosos da época foram Protágoras e Górgias. “ O homem é a medida de todas as coisas, das coisas enquanto são e das que não são enquanto não são  “ – Protágoras .
Dos sofistas vem o termo sofisma, mentira. Quando se fala em conduta humana e ética se torna simbólico lembrar do grande filósofo Immanuel Kant. Ele estabeleceu dois imperativos para as relações humanas, o categórico e o hipotético. No imperativo categórico se aconselha a que cada pessoa tenha um comportamento de aceitação universal. Em outras palavras, uma atitude, um gesto, uma conduta só é virtuosa e benfazeja quando resulta em um bem para qualquer pessoa, em qualquer parte do planeta. Ao contrário, no imperativo hipotético a ética se torna subjetiva, particular. Nem tudo que é bom para  mim é bom para todos. Nem tudo que é bom para a abelha é bom para a colmeia.
Assim posta, esta singela resenha sobre a mentira, se torna fácil e dedutível com qual corrente filosófica que os políticos brasileiros se alinham. Tem a dos sofistas , mentirosos e de Kant na Ética Universal.  Setembro/2018.   

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