O GOSTO pelo Mal
O FASCÍNIO DA MENTE HUMANA PELA MALDADE
João Joaquim
Eternas e irrespondíveis perguntas
ecoam pelos quatro cantos do universo (supondo que o infinito seja quadrado).
As perguntas que não calam entre tantas sem respostas são: por que a mente
humana tem tanta atração pelo feio ,
pela deformação e pelo mal?
Por que a infelicidade alheia nos
desperta mais interesse do que a felicidade? Entre o feio e o belo por que
contemplar com mais atenção a feiura? Assim enunciadas, não tratam essas
assertivas e afirmações de casuais e despropositadas frases e citações. Muitos
têm sido os cientistas de ciências de humanidades que debruçam sobre tais
questões e não acham respostas convincentes. O que se tem de concreto é essa
certeza, a mente humana se caracteriza por essa preferência, tudo aquilo fora
da norma, do convencional, do padrão, do ético, do bom, do belo; tudo desperta
mais vivacidade, mais apelo, mais atenção e interesse das pessoas. O exemplos
abundam no cotidiano das pessoas.
Trata-se pois de questão e inerência
do cérebro humano. Uma das explicações de nossas eternas dúvidas está na
anatomia, na fisiologia e nobreza que é o nosso tecido cerebral, de longe o
órgão mais incompreendido e mais enigmático. E tal incógnita inicia pela sua
própria anatomia e por que tão hermeticamente protegido por uma espessa
carapaça óssea que é o crânio.
No trato fisiológico e orgânico
o cérebro mostra-se também impar e extremamente diferenciado. Na parte vascular
se destaca por duas singularidades. A primeira é relativa a sua vascularização
e autorregulação circulatória. Isto é, ele tem um mecanismo para manter
constante sua pressão sanguínea.
A segunda particularidade é que tem
extrema exigência nutricional e de oxigenação. Ele não tolera mais do que 3 ou
5 minutos de falta de glicose ou oxigênio. Com uma anóxia (falta de O2)
ou hipoglicemia de 3 minutos já é suficiente para entrar em coma ou morte celular.
Uma dessas duas condições ou deixa sequela permanente ou a morte do indivíduo.
No tocante à função é a fisiologia
abstrata a que mais sempre despertou interesse e causa curiosidade científica
aos pesquisadores. Como exemplos citam-se o pensamento lógico e abstrato, o
mecanismo dos sonhos, de como se dão os diversos sentimentos de ódio, de amor,
de antipatia, de empatia, de solidariedade, de vingança, entre tantos outros
inerentes ao ser humano, dotado que é de uma inteligência diferenciada , de
racionalidade e emoção.
Quando se fala por exemplo no
mecanismo do sonho, é inescapável não se reportar ao psicanalista Sigmund
Freud. Poucos foram os seus sucessores que dele discordaram e discordam
na formação da personalidade (ego, id, superego) e de como se dá o sonho.
Como por ele referido o sonho se passa no subconsciente; e essa função é flagrada pelo nosso
consciente, por isso nossas lembranças do sonhos ser transitórias . Para Freud
os sonhos representam os conflitos que as pessoas têm no dia a dia. Tais vivências
são reproduzidas na fase do sono profundo (REM). De outra parte os sonhos são
representações de desejos não realizados na vida normal das pessoas. Não é sem
razão que popularmente (no vulgo) sonho significa um feito ou empreendimento
impossível de se alcançar, de difícil concretização.
Tornando ao tema principal do por que
da mente humana preferir o feio ao belo, o mal ao bem, a infelicidade à
felicidade. Como, o porquê e os motivos
dessa inclinação e preferência ainda são e continuarão incompreendidos. O que
se tem certeza é que elas são inerentes a mente humana.
Para dar mais foro e consistência
dessa singularidade do cérebro, mente e consciência humana basta que tomemos
alguns exemplos casuísticos no cotidiano das pessoas. Assim imaginemos algumas
cenas. Numa caminhada simples de rua, deparamos uma primeira praça com algum
músico tocando uma música clássica. Algumas poucas pessoas talvez estejam ali
estáticas assistindo aquela melodia. Ato contínuo, em uma segunda praça com uma
dançarina seminua, numa coreografia e meneios de sensualidade e erotismo. Que
atrações despertará esse cenário ?
Certamente essa segunda apresentação
estará apinhada de pessoas em êxtase e vivamente atentas a esse espetáculo
erótico cenográfico. De mesmo efeito e interesse são as preferências pelas
informações jornalísticas. Notadamente quando se têm os recursos audiovisuais,
sejam nas redes de televisão ou as mídias digitais do facebook, youTube,
whatsApp. Grandes são os apelos e interesse que despertam essa forma de
comunicação.
Assim sobrevivem, prosperam e lucram
os programas policiais ao vivo, a sangue e a cores das redes de televisão do
Brasil e do mundo. Assim fazem sucesso e têm muita visão e audiência os reality
shows (fazenda da TV Record, BBB Rede Globo). Toda essa audiência e
lucros auferidos dos patrocinadores se dão justamente na exploração dessa
fragilidade e preferência das pessoas. Da mente, da cultura e gosto de grande
parcela das pessoas. É a relação lucro/benefício desses fornecedores e
consumidores.
Afinal, continuará essa pergunta,
reverberando pelos mares, pelos campos, pelos ares. Aos quatro cantos do
Planeta. Por que a preferência da mente humanas por coisas tão vis, tão sujas,
e imorais ? Agosto / 2108