sábado, 29 de setembro de 2018

SOLIDARIEDADE

A MORAL DO ATENTADO A JAIR BOLSONARO
João Joaquim 

Será que podemos classificar o povo brasileiro de hospitaleiro, cordato, generoso e receptivo? Não, definitivamente não. Ao menos quando se revisita a nossa história. E nem precisa. Basta que se leia as estatísticas da violência em dois cenários. Trânsito e conflitos pessoais. Somando mortes no trânsito e homicídios são cerca de 120 mil vítimas por ano. São estatísticas de países em conflagração bélica. Síria como exemplo.
Para dar mais foro de veracidade, um pouco de história ajuda no convencimento da tese de que o Brasil não é só paz e amor. A guerra de Canudos (BA), do líder messiânico Antônio Conselheiro;  a guerra do contestado (PR, SC). Mais recentemente, os massacres de Carandiru (SP) e o de Eldorado dos Carajás (PA). São mostras de que a sociedade brasileira, a cultura e índole do brasileiro são permeadas de muita violência. Então a tese de violência na cultura e na índole do brasileiro, ganha muita consistência só pelas estatísticas desses dois cenários, crimes dolosos contra a vida e a letalidade dos motoristas de nossos trânsitos urbano e rodoviário. Que se registre, muitos dos crimes de trânsito são dolosos e não culposos.  Álcool e drogas entre os ingredientes desses delitos.
Mas nem tudo está perdido. Isto porque parcela de nossa gente, das diversas classes sociais, têm no coração e nos sentimentos espontaneidade de generosidade, de gentileza e amor ao outro. Ainda dentro de nossa sociedade, muitas pessoas quando estimuladas, ou mesmo de forma  passiva mostram seus sentimentos de gentileza e filantropia.
Quando se fala nesses sentimentos que distinguem os humanos de outros animais vem-me à lembrança o  grande historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). Ele escreveu a obra Raizes do Brasil. Nesse livro, o autor faz uma análise da cultura do povo brasileiro, da influência portuguesa em nossa formação. Mais que um ensaio a obra é um tratado de Sociologia e Historiografia do Brasil. A 1º edição do livro se deu em 1936 e foi traduzida para outros idiomas. Foi então que Sérgio Buarque desenvolveu a expressão “homem cordial”, uma tradução ou enfoque sociológico.
A expressão original é creditada ao poeta santista Ribeiro Couto (1898-1963), com influência ou endosso do embaixador e poeta mexicano Alfonso Reyes (1889-1959), que atuou e viveu na cidade de Santos. Eles foram contemporâneos e com vasta produção literária.
Essas sucintas notas introdutórias tiveram por objetivo trazer um episódio de grave violência que foi o atentado ao deputado federal e candidato a presidente da república, Jair Bolsonaro. Como noticiado e repicado por aqui e alhures, o candidato (eleições gerais 2018), fazia uma passeata comicial em Juiz de Fora MG, quando sofreu uma facada no abdome com graves lesões vasculares e digestivas. Foi prontamente socorrido, passou por cirurgia reparadora e a recuperação se aparenta de  bom prognóstico.
No concernente ao ato de violência (tentativa de homicídio) não remanesce dúvidas de que trata-se de ato inominável a que o agressor responderá criminalmente com base na lei de segurança nacional. Em resumo, um atentado contra alguém motivado por ideologia política. Esta é a previsão legal, nessa redação. 
A legislação prevê pena de muito rigor. É muito arrazoada e plausível tal previsão, porque é um atentado contra a liberdade de expressão e contra a democracia.
Como não se deve dar tudo por perdido, podemos tirar do rumoroso e condenável fato algumas lições. Desse ato criminoso podemos extrair algumas lições para a nossa sociedade.  
Tinha razão o escritor citado, Sérgio Buarque. Imediatamente  ao atentado todos os adversários de Bolsonaro se manifestaram em solidariedade, desejando pronta recuperação ao deputado. Mais que isto, esses mesmos concorrentes à cadeira presidencial suspenderam suas atividades de campanha eleitoral e se irmanaram numa corrente de energia positiva em favor da vítima. Corações cordiais, quanta surpresa!
A segunda grande mensagem vem da classe médica, à qual se orgulha de pertencer esse humilde e noviço escriba. Aliás , formada na Universidade Federal da mesma cidade onde se deu o atentado. Juiz de Fora MG.
Falando do socorro em si;  tudo confluiu para o sucesso no atendimento. Assim, a proximidade da vítima até a santa casa de Juiz de Fora (1,3 km), a rapidez no transporte e pronto socorro. Foram esses três fatores determinantes na sua sobrevivência. Em aditamento a esses fatores, a qualificação da equipe anestésico-cirúrgica. Houvesse uma demora de mais 10 ou 20 minutos, o risco de morte seria elevadíssimo.
O que se tira deste, como ao certo, de outros atentados e tragédias é a existência e mobilidade da fraternidade, da hospitalidade e amor ao próximo de muitos compatrícios, de muitas pessoas e profissionais abnegados, como o foram os médicos, cirurgiões e intensivistas .
É incontroverso que a maldade, a violência e intolerância subsistem na mente e na alma de muitas pessoas, por razoes psicopáticas ou sociopáticas. E outros casos e episódios  até por motivos ideológicos.
De outro lado muitos são os indivíduos que cultivam a generosidade pela generosidade.
“Apesar de tudo eu creio na bondade humana” -  Anne Frank. E esse grupo de pessoas nos estimulam e nos exemplificam em sermos bons e generosos. Em praticar a bondade, a generosidade e a Ética, por elas mesmas, sem outros motivos excitatórios.  Setembro/2018.

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