terça-feira, 30 de outubro de 2018

Iluminismo mental..


FALTA UM NOVO ILUMINISMO MENTAL E DE CRÍTICA  
 João Joaquim  

O iluminismo ou filosofia das luzes foi um movimento de pensadores , surgido no final do século XVIII,  que tinha por objetivo a confiança no progresso e na razão. Foi como que um desafio às crenças e verdades da época, com justificativa apenas na fé e crédito em  quem as pronunciasse. Nesse sentido a igreja (não importa a seita) tinha uma enorme participação. Essa revolução foi como um incentivo à liberdade do pensamento, de expressão e da razão. O propósito era buscar a verdade por métodos racionais e científicos. Um filósofo que não participou, mas, influenciou o Iluminismo foi René Descartes, com o seu Discurso de Método. Um tratado de como conduzir um trabalho científico. 
Foram Iluministas :   Montesquieu (1689-1755)  Voltaire (1694-1778) Diderot (1713-1784)   D’Alembert (1717-1783) Rousseau (1712-1778) John Locke (1632-1704)   Adam Smith (1723-1790).  Foram protagonistas dessa corrente de pensamentos. Montesquieu escreveu a obra o Espírito das Leis -“ O Espírito das Leis deve sobrepor à letra das leis”.
Passados mais de dois séculos dessa revolta das luzes (século das luzes) várias perguntas poderiam ser levantadas. Em que ajudou ao ser humano aquela mudança de mentalidade? Aquela energia de pensamentos?
As respostas são óbvias e cristalinas no sentido de clareza das pessoas em relação aos valores e “verdades” que eram uma obrigação e imposição aos cidadãos. Basta lembrar da concepção dos tempos da Inquisição ( Santo Ofício) , época de  Galileu Galilei. A crença da época era por exemplo  sobre a terra como centro do universo( geocentrismo). Então fica evidente o quão salutar e construtivo para a humanidade foram aqueles rebelados e revoltosos pensadores. Muito progresso, muitas descobertas, inúmeras invenções advieram com o  iluminismo Francês de Montesquieu e companheiros de mesmos ideais.
Esse mérito e todos os louvores tiveram e têm aquelas brilhantes mentes e inteligências, que despertaram contra as verdades impostas pela igreja católica. Verdades que se transformaram em mentiras, porque não tinham fundamentação racional e cientifica. Era o lema da época crer para ver. Quando o científico seria ver para crer( base do racionalismo cartesiano  ) .
Em que pese todo o avanço científico, ainda reina um rebanho de gente que parece viver na era medieval. Essa afirmativa é muito severa, muito incisiva, mas é bom que o seja porque se revela em uma constatação, em uma verdade e fato muito presentes em nossa sociedade.
Pode-se cravar sem receio de errar que nos últimos 50 anos (meio século) evoluímos (a humanidade) mais do que os últimos 1000 anos anteriores. Tal evolução, que fique bem claro, no tocante aos saltos e progresso das ciências e das tecnologias. Todo s os braços científicos, descobertas e invenções foram possíveis como nunca antes na história da humanidade. São contribuições por exemplo da física, da química, da astronomia e da medicina.
Assim também ocorreram com os variados ramos da tecnologia. Uma evolução que já prenunciava  o próprio Aristóteles. Do grego tecnologia, téchné, tratado sobre a arte( de que tratou este filósofo).
Foi dito e aqui se rediz que foram tantos avanços e progressos das ciências e das tecnologias. Apesar de tanta evolução fica a sensação de que há uma turma entre os humanos, cuja mentalidade, cuja inteligência e cuja concepção se encontram nos tempos pré iluministas.
Para não ficar apenas na retórica e na teórica, tomemos alguns comportamentos useiros e vezeiros de segmentos de nossa sociedade. A crença e convicção em magia. O mundo mágico. Quantas não as pessoas que acreditam em elfos, em duendes, em donaides, em assombração, em vozes do além e tantos outros seres abstratos? Quantas não são as pessoas que acreditam em benzedura  (ação de benzer), em superstição, em numerologia, em folhas de arruda, em sementes de romã, em pé de coelho, em sopas de lentilha?
Quantas não são as que creem em oferendas para iemanjá, em roupas brancas como símbolo de pureza ou amarelas como atração de dinheiro, sejam essas cerimônias em aniversários pessoais ou passagem de Natal e Ano-Novo?   Muitos são os que acreditam em ufos, em óvnis, em discos voadores, em ETs,  em mães-do-ouro?
E para concluir. Aqui vão outros dados e cultura de nossos tempos . Tornou-se como  que um lugar-comum, é muito cediço e encontradiço em nossos tempos as opções de curas e terapias propostas. Parece até um feitiço, as tais terapias alternativas desses  tempos da hipermodernidade, de nossa tão massiva e ubíqua era digital. Há cura para tudo quanto se fala em medicina alternativa.
E vejam todos os que leem e escutam sobre tais tratamentos. Começa-se pelo pomposo nome medicina ou terapia alternativa. Tais terapias, não importam os meios empregados, lembram os livros de autoajuda. Eles servem como autoajuda para enriquecer os autores. Esses autores e editores vão muito bem, obrigado.
E para os que leem esse texto, sejam crédulos ou “ateus” nessas alternâncias de cura. Muitos dos usuários e consumidores desses tratamentos medievais, porque não têm comprovação científica, são pessoas muitos bem escoladas e “cultas”. É certo que um enorme rebanho desses clientes têm um baixo ou mínimo senso crítico. Outros tantos são analfabetos funcionais ou de esforço mental mínimo para se informar ou estudar sobre o assunto.
E durmam todos com esse barulho, muitos desses praticantes e prescritores de terapias alternativas são médicos e outros profissionais de saúde. E acreditem, o próprio SUS, tem uma lista das chamadas terapias alternativas. Trata-se na essência do mais puro e refinado charlatanismo, cujos profissionais são diplomados e têm a chancela dos órgãos e conselhos de classe, Federal e Regionais.
Entre essas alternativas de terapias Têm-se  os florais, a bromoterapia, a ozonioterapia, a iridologia, a apiterapia, a imposição de mãos, a bioenergética, entre outras.
Ou seja, a exemplo dos textos de autoajuda é muita embromoterapia e enganoterapia. Em Medicina, bem que poderiam ser tipificadas, como falsidade ideológica. E seus praticantes os falsários da saúde, os mercadores e piratas da saúde . Eles sobrevivem porque a fiscalização, os conselhos de Ética, seguem na mesma toada das leis gerais e do código penal. Muita tolerância, baixa autoestima e leniência. Ai que preguiça !
Está na hora e em tempo de um NOVO ILUMINISMO CIENTÍFICO. De mais luzes e crítica na mente das pessoas que ainda praticam e acreditam nessas bobagens, nesse rol de besteiras. Faltam outros Montesquieu, outros Descartes e Kant, dos tempos digitais.    Outubro/2018.


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