terça-feira, 30 de outubro de 2018

Minhas origens


MNHAS REFERÊNCIAS
João Joaquim  

Já me fizeram uma pergunta e aqui vai a ampliação da resposta. Quais as minhas referências de vida? E aqui eu poderia abrir uma grande chave porque referências de vida se supõem múltiplas possibilidades. Mas, simplifiquemo-las em referências sociais, morais, éticas, culturais, religiosas, ecológicas, lúdicas, esportivas, etc.
Sem assemelhar a  uma resenha técnica ou científica mas a um apanhado prático e compreensível, eu início pela minha família. Sou oriundo de uma família humilde. Meus pais eram semianalfabetos. Ser analfabeto absoluto ou funcional não significa ser de inteligência parva ou tacanha, porque esta constitui um traço genético.
Todos nascemos com o mesmo potencial inteligível. O que distingue o cabedal ,o potencial técnico, cientifico e cultural de cada um é a oportunidade que o meio social vai lhe proporcional e os esforços que o sujeito vai despender para assimilar essas oportunidades oferecidas.
Meio social aqui incluem o patrimônio cultural da própria família, o acesso a escolas de boa qualidade, os atributos dos segmentos sociais com os quais se dá  a interação social do indivíduo, etc. Na maioria da sociedade, as pessoas são frutos do meio onde vive. “  O homem é o homem e suas circunstâncias “ Ortega Y  Gasset.
Assim iniciou-se minha primeira influência social. De minha família, herdei os preceitos mais primitivos de honestidade de não roubar, de me capacitar e buscar prover o sustento sem depender de outras pessoas, de praticar o bem independentemente de perguntar para quem, entre outros valores éticos e morais. Meus pais incutiram em minha cabeça o princípio que pode ser assim resumido: o melhor e maior patrimônio que um pai ou uma família pode legar ao filho é o patrimônio da cultura e do conhecimento. Enfim, é o ensinamento de que o saber é poder. Essa preleção e legado ficaram impregnados em minha memória, sobretudo por minha saudosa mãe, Sra. Ercília de Paula Neves, que não mediu esforços para me dedicar aos estudos, desde o nível fundamental.
Outro legado que ainda trago de família se refere à cultura da Bíblia. Dos ensinamentos contidos nas escrituras sagradas. E aqui abro uma outra chave de explicação. Todas as mensagens contidas na Bíblia encerram em códigos e cláusulas de ética e moral. Esta avaliação se dá independentemente do valor religioso do indivíduo, abrange inclusive ateus e agnósticos. Todos os postulados bíblicos  significam diretrizes para uma vida digna e de boa convivência para qualquer sociedade, não importa a ideologia e crenças. Na mínima das hipóteses tem-se ali a maior das inspirações que pode produzir o engenho criativo da mente humana. E para os que creem  são frutos de chispas e iluminação de Deus.
Paralelo ao lado místico e convicção na existência e imanência de Deus, eu sempre tive a Bíblia como a melhor expressão literária e poética.
Os evangelhos (boas novas) representam-me não apenas um guia de bem-aventurança  em uma conotação de religiosidade, mas a par dessa verdade em feitos poéticos e épicos. Em especial  para os que têm uma vivência harmoniosa com o planeta e sua flora e fauna. Daí então eu concluir e ter os escritos sagrados como minha fonte de beleza, de uma estética, e de  ética sem outras iguais.  A Estética e a Ética do Amor e da Generosidade. 
Assim fui singrando minha trajetória de vida e fazendo meus referenciais sócias, éticos e culturais. Toda minha formação escolar se deu em instituições públicas. E todas elas me deram um bom suporte de aprendizado. Na parte a mim devida, reafirmo que a minha tarefa foi das mais árduas e desafiantes, tendo em conta o baixo poder aquisitivo e econômico da família adicionado aos escassos recursos tecnológicos e de informação da época de estudante secundarista e universitário, anos de 1970. Formei-me em medicina em 1981, na universidade federal de Juiz de Fora - UFJF MG. Trago sempre minha pequena Iapu MG, e minha Ipatinga MG, nas minhas melhores reminiscências de infância.
Muitos foram em termos de cultura, os homens e autores de cultura que marcaram e marcam meu gosto, minha admiração e referências. Na literatura por exemplo. Tenho uma enorme atração e afeição por Machado de Assis, João Guimarães Rosa, Lima Barreto, dos quais sou  um eterno leitor. Na poesia aprecio imensamente as criações de Olavo Bilac, Castro Alves, Álvares de Azevedo e Augusto dos Anjos. Aqui só para citar alguns gostos e preferências.
De música clássica cito Chopin, Bach, Mozart e Beethoven. De MPB Milton nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Morais e Chico Buarque.
De ativistas humanos e políticos sempre nutri muita admiração por Malcolm X, Patrice Lumumba, Mahatma Gandhi e Martin Luther King.
De homens estadistas e políticos eu citaria Nelson Mandela (África do Sul), Konrad Adenauer  (Alemanha), Juscelino Kubitscheck (Brasil).
Enfim, estes homens, muitos já falecidos, assim como algumas mulheres como Ana Neri, Olga Benário e Zilda Arns, foram e continuam sendo meus pontos de apoio em cultura, moralidade, dignidade e dedicação em prol de uma sociedade e um mundo melhores. São figuras públicas tão importantes e construtivas que não deveriam ter morrido porque fazem muita falta. Hoje vivemos tempos tão sombrios e incertos que não sabemos quem são nossos referenciais. O que se tem de certo é muita incerteza e muitas dúvidas quanto aos destinos de nosso País. Se pudesse, quem me dera , bem que gostaria de  ter a companhia de homens de outra era. Outubro /2018.   


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